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Membro Conhecido
Bem, este report é longo, mas como verifiquei que há pouca informação no forum sobre as Seychelles, achei que o destino merecia um report com uma atenção especial ao detalhe. Cá vai.
Datas: 2ª semana da Páscoa - 22 a 31 de Março de 2013 (uma das semanas mais caras do ano)
Roteiro avião: Lisboa > Dubai (cerca de 8h e meia) e Dubai > Mahe (cerca de 4h e meia)
Roteiro Ferry: Mahe > Praslin (1h) e Praslin > La Digue (15m)
Companhia aérea: Emirates
Pessoas: 2 adultos e 1 criança de 6 anos
Preço: Vôos: 2700 EUR (época alta) . Alojamento 1400 EUR.
Alojamento Praslin: Villa Bananier
Alojamento La Digue: Moonlight Beach Villa
Noites: 4 noites em Praslin em APA (alojamento e pequeno almoço) e 4 noites em La Digue em meia pensão.
Marcação: Marquei por conta própria. Os vôos marquei através da Emirates e o alojamento através de um site espetacular que encontrei e que foi realmente a chave da viagem: SeyVillas. Trata-se de um pequeno portal de aluguer de casas, guest houses e pequenos hotéis nas Seychelles e que tem ofertas para as várias ilhas, incluindo pacotes já pré-definidos de "Island hopping". Pode-se usar um pacote já definido ou fazer o nosso próprio itinerário, coisa que eu acabei por fazer, já que só podia voar em datas muito específicas e tinha objectivos muito específicos também sobre o tempo que queria ficar em cada local e em que local. O site tinha já muitas reviews e bastante detalhadas, com mensagens muito pessoais e extensas descrições de cariz muito próximo entre os clientes e os donos das guest houses. Comecei então a escolher o itinerário (detalhes mais abaixo). Depois da escolha estar feita, telefonei para o contacto no site só para ter alguma segurança adicional, tendo falado com uma senhora que tinha um vasto conhecimento quer das Seychelles, quer das inúmeras guest houses do site. Aconselhou-me em inúmeros aspectos como por exemplo os melhores horários para os transfers do ferry, em que locais dava jeito ter transfer, outros onde não faria tanto sentido, etc. Foi impecável. Ajudou-me também a perceber se as escolhas que eu tinha feito das guest houses eram em praias que tivessem snorkelling e/ou se o mar era adequado para crianças, se haviam restaurantes por perto, etc.
Posto isto, fiz a reserva que tem que ser paga por inteiro no momento da reserva. Recebi logo os detalhes da reserva. Fiz uma transferência internacional com IBAN, que foi confirmada por eles passado mais ou menos uns 4 dias. Enviaram então a confirmação definitiva da reserva. O processo correu lindamente, sem problema algum.
As Seychelles têm cerca de 150 ilhas, das quais 42 são graníticas e as restantes são coralinas. Regra geral, as ilhas graníticas são as mais populadas e mais próximas, sendo que as coralinas estão normalmente mais afastadas de Mahé, a ilha maior onde se encontra capital Victoria. Por ordem descrescente de tamanho, temos depois Praslin, Silhouette, La Digue, Curieuse, Felicité e por aí adiante.
Praslin é assim a 2ª maior ilha, havendo depois várias outras ilhas mais pequenas onde há também guest houses, ou resorts (menos comum). Um dos meus principais objectivos quando comecei a planear a viagem era ficar em alojamentos mais pessoais e de cariz local, envolvidos na vida local e que ficassem na proximidade de locais naturais/praias ao nível do que vemos nas fotografias das Seychelles.
"Aperitivo" de Anse Source D'Argent (La Digue)
La Digue
Quando se juntam estes ingredientes, um nome vem logo ao de cima nas Seychelles: uma pequena preciosidade chamada La Digue. A maioria das fotos que se vêem das Seychelles com os belíssimos blocos de granito diretamente na praia são tiradas num parque natural em La Digue, numa sucessão de pequenas baias mágicas. Ademais, quando verifiquei que em La Digue, praticamente só é permitido andar de bicicleta e que tinha um ritmo de vida muito particular, a escolha tornou-se num “no-brainer” Para mais detalhes sobre La Digue, falamos mais à frente
Praslin
Sendo La Digue o objectivo principal, faltava escolher a outra ilha, que tenderia a ser naturalmente Mahe (onde se aterra). No entanto, apesar de Mahe ter inúmeros locais de interesse, foi descartada pelo seu tamanho, por ser a ilha mais “internacional”, mais povoada, mais turistica, com mais transito, mais resorts, etc. Assim, virei-me para Praslin, com o seu parque natural e belas praias, como por exemplo a famosa Anse Lazio, frequentemente mencionada nas subjetivas e utópicas eleições da “melhor praia do mundo”.
Apesar de serem um nome comum nos círculos de viagens, as Seychelles não são um destino de massas. Por norma, não há muitos grandes resorts. É certo que as Seychelles acabam por ser conhecidas como um destino caro (área onde até me surpreendeu) mas pelo que pude perceber, a questão central pareceu-me ter a ver com a política de turismo seguida pelo Governo, que tenta manter um equilíbrio entre economia e alguma sustentabilidade, o que é raro nos dias que correm. Praticamente todos os lugares espetaculares estão cheios de grandes resorts, atulhados de europeus, americanos e asiáticos. Posso dizer que os locais por onde andamos são a antítese deste cenário.
Para variar um pouco dos outros reports, vou fazer este por ordem cronológica, para que se possa perceber a dinâmica do dia a dia, entrando depois nos vários pontos de interesse como a comida local, as praias, as pessoas, etc.
Dia 1
Como já tínhamos constatado o ano passado aquando da viagem às Maldivas, a qualidade do vôo de longo curso da Emirates é bastante boa. O avião é óptimo, com imensas opções de entretenimento, onde se destaca a qualidade e diversidade da oferta de filmes. Na altura, o Django estava nos cinemas e fazia igualmente parte da lista dos filmes disponíveis. Alguns dos filmes para crianças tinham áudio em várias línguas, incluindo Português de Portugal. As crianças têm direito a um pequeno necessaire com uma série de coisas para se entreterem (livro de colorir, lápis, uma revista e também um peluche da coleção da Emirates). O catering também foi acima da média, quer o de adulto, quer o de criança. A chegada ao Dubai aconteceu por volta das 4 da manhã e o vôo para as Seychelles era por volta das 9.
Saída do Dubai
Saída a horas para e aterrámos em Mahe umas 5/6 horas depois. A chegada a Mahe ainda providenciou vistas bastante bonitas de Mahe e de outras ilhas circundantes. Mahe tem umas encostas montanhosas perto do aeroporto, totalmente cobertas de um verde luxuriante, que contraste com o verde azulado do mar cristalino. A pista do aeroporto começa mesmo ao pé do mar, o que contribui igualmente para nos colocar água na boa à chegada.
Curieuse Island vista do ar
A aterrar em Mahe
Passados os procedimentos logísticos do costume e a habitual sensação de bafo à chegada, fizemos o transfer para o ferry em cerca de 20 minutos. Apanhamos logo uma boa quantidade de transito, o que nos fez pensar que a decisão de não ficar em Mahe teria sido acertada, para o que pretendíamos. Esperámos cerca de 1h pelo próximo ferry. Os ferrys são catamarãs bastante confortáveis e modernos, com algumas parecenças por exemplo com os que ligam Lisboa ao Montijo.
Ferry Mahe > Praslin
Chegada a Praslin
Apanhamos o barco e uma hora depois estávamos em Praslin, a caminho do nosso alojamento. Eu escolhi o que se revelou um alojamento de uma optima relação qualidade/preço numa das praias mais bonitas de Praslin (Anse Volbert). A Vila Bananier fica na segunda linha de praia desta praia (cerca de 200m a andar) e é gerida por pela dona Anne, uma senhora de cerca de 50 anos, juntamente com o marido e filhos (já adultos), todos nativos da Seychelles.
Villa Bananier
Vivem na casa ao lado da moradia que alugam para turismo e que tem cerca de 7 ou 8 quartos. O quarto “superior” que nós alugamos era um quarto muito bom, ao nível de qualquer bom hotel de 4 estrelas nas Caraíbas. Ar condicionado, ventoinha no tecto, decoração agradável, água quente sem falhar, secador, toalhas, limpo, tudo ok. “Qualquer coisa, é só pedirem” dizia sempre a senhora simpaticamente. Literalmente, era só ir à sala da casa dela (estava sempre tudo aberto) e pedir algo. Num dos dias fiz um pequeno golpe no joelho e ela arranjou-me betadine, algo que nos havíamos esquecido.
Nosso quarto em Vila Bananier
O pequeno almoço era simples e básico, mas apesar de termos um mini mercado próximo e podermos comprar o que quiséssemos, nunca sentimos necessidade de comprar algo mais. Havia café com leite, sumo, fruta, cereais e pão às fatias. A moradia tinha uma cozinha grande onde era servido o pequeno almoço e onde se podia cozinhar, caso se quisesse. Estava também disponível um frigorífico grande na cozinha e que naturalmente era utilizado de forma partilhada pelos vários quartos. Se fosse pedido com antecedência, a senhor cozinhava tanto almoço como jantar, ou podíamos cozinhar nós próprios, já que havia uma cozinha totalmente equipada para cozinhar.
Fim de tarde/noite em Anse Volbert
Embora fosse já tarde (cerca das 20:00) fomos ver a praia, como não podia deixar de ser. Ao percorrer os 200m que nos separavam da praia, pudemos constatar que apesar de se tratar de um local muito belo e onde se vêem turistas com frequência, ainda assim há infraestruturas muito básicas ou inexistentes. Vê-se por exemplo na qualidade do piso em alguns caminhos, ou em algumas estradas acompanhadas por umas valas que servem para levar as águas residuais das casas locais. Nada que não estivéssemos à espera, mas também nada que seja terceiro mundista. Nota-se que as coisas se fazem devagar. Por outro lado, se quiséssemos luxo, iriamos para um 5 estrelas no Dubai para ser aparicados e estarmos longe das pessoas e da cultura local. O que procurávamos era precisamente o oposto: gozar as belezas naturais e descansar, estando próximos da cultura local.
Chegados à praia, já depois do pôr do sol, nem a ausência de luz conseguia ofuscar a beleza natural da baía.
Tirar os chinelos depois de mais de 20 horas a viajar e caminhar lentamente para dentro de água sentindo a textura fina da areia e a água a lavar-nos lentamente a fadiga dos ossos foi altamente revigorante, como se tivesse encontrado um copo de sangria fresquinha no meio do deserto do Saara. A temperatura da água é mais quente que na República, mais ao nível da Jamaica ou mesmo Maldivas, tipo 28/29 graus provavelmente),
Já dentro de água, parando para olhar à volta, tínhamos o primeiro encontro com a beleza singular da baia de Anse Volbert, envolta em vegetação luxuriante, com pequenos montes verdejantes a elevarem-se sobre a praia e duas pequenas ilhas a escassos 100 metros da praia.
Respira-se então fundo e constata-se com grande satisfação: agora sim, chegamos
Comida
À volta de Anse Volbert (também conhecida como Cote D’Or beach), como na maioria das praias em ambas as ilhas onde fomos, havia sempre pelo menos 1 ou 2 restaurantes, pelo que nunca tivemos problemas em encontrar bons locais para comer. Na zona de Anse Volbert num raio de 400/500m, há uns 4/5 bons restaurantes, maioritariamente comida local (crioula, como lhe chamam lá, derivado às influências africanas das Seychelles) e também algumas opções internacionais como um restaurante italiano que pertencia a um dos poucos hotéis das redondezas (muito mais pequeno que os tradicionais hotéis que conhecemos nos sítios tropicais).
A caminho de um dos restaurantes
Escolhemos sempre que possível restaurantes de cozinha predominantemente local, desde que houvessem boas opções também para a filhota. Nunca tivemos problemas com a comida para ela, até porque essa foi uma excelente surpresa para nós: a qualidade da comida local. A influência crioula juntamente com os ingredientes disponíveis localmente (peixe, marisco) criou uma cozinha muito rica, saborosa e ainda assim simples. Um belo peixe local grelhado com um molho rico e spicy a-la Africa, juntamente um arroz crioulo: delicioso. E eu que nem sou tradicionalmente grande apreciador de peixe. Neste fim de dia, jantamos num bar/restaurante extremamente agradável mesmo em cima da praia, ansiosos por uns belos mergulhos no dia seguinte e pela perspectiva de ... dolce fare niente
Restaurante/Bar na praia de Anse Volbert
Dia 2
Após um pequeno almoço simples mas satisfatório (até porque queremos ir para dentro de água rapidamente sem nos sentirmos enfartados), toca a despachar e lá vamos nós trabalhar. Mais ou menos Belo dia de sol para começar, uns 30 graus e os pássaros e toda a bicheza a fazer os barulhos matinais, enquanto caminhamos para a praia.
Chegados à praia, o impacto da beleza da praia foi naturalmente mais notório que no dia anterior. O sol matinal enchia de luz todos os recantos que ontem estavam já ocultos. Lembrando-me da senhora que nos alugou a casa e da sua família, o primeiro pensamento que me veio à cabeça foi: “Deve ser bem porreiro viver mesmo ao lado de tudo disto. Acordar todos os dias de manhã, poder andar 3 minutos, inspirar o ar fresco matinal contemplando uma praia belíssima, dar um mergulho e depois voltar a casa para tomar o pequeno almoço. E então se não têm um centro comercial aqui ao pé, ou se não têm uma PS3 ou um carro cada um? Talvez ganhem pouco, mas ganham o suficiente para viverem confortavelmente à dimensão dos custos que têm para viver aqui. Num sitio destes, não precisam de muito mais.
Panoramica de Anse Volbert
Reflito por vezes sobre a forma como vivemos as nossas vidas de uma forma demasiado materialista e pouco focada nas coisas que nos fazem felizes e, apesar de não ser um idealista (considero-me um realista positivo digamos assim), gosto de aproveitar as experiências de viagem para sempre que me parece adequado, ajustar a minha realidade ou a minha atitude perante certas coisas, numa óptica de viver melhor e de perceber exatamente aquilo que é importante para nos fazer felizes.
Ahem, pois bem, de volta à terra , deixemos as fotos falar um pouco por si mesmas, em vez de estar para aqui a balbuciar.
Panoramica de Anse Volbert
Panorâmica de Anse Volbert
Levamos as nossas toalhas e toca a trabalhar para o bronze. Apesar de até haver uma parte da praia onde é possível alugar umas cadeirinhas, a vasta maioria das praias não tem cadeirinhas na praia, estando a mesma desimpedida para ser utilizada como bem entendermos.
Ou melhor, no meu caso, sendo eu o brinquedo favorito da minha filha na praia, toca a trabalhar para castelos de areia, fazer buracos, bombas dentro de água e afins
A meio da manhã fui investigar o snorkelling na praia, sabendo de antemão que esta praia não era um dos locais mais privilegiados para isso, ao contrário de outras que eu já tinha investigado de antemão e “agendado” para lá ir. Ainda assim, o facto de ter visto uma pequena raia a saltar fora de água a meio da manhã (nunca tinha visto, mais tarde li na wikipedia o porque de isso poder acontecer), fez-me crer que poderia ser interessante. Ainda deu para ver alguns peixinhos do lado esquerdo da baía, mas eu sabia que o prato principal de snorkelling seria servido noutros locais.
Emplastro aos saltos em Anse Volbert
Nas imediações desta praia, descobrimos entretanto um pequeno viveiro das famosas tartarugas gigantes. Tinhamos já planeado visitar uma pequena ilha onde há um santuário dedicado a estes impressionantes animais, mas foi bom ter um pequena amostra, mesmo à porta de “casa”. Mas deixamos as fotos para mais à frente, na ilha onde estas tartarugas vivem em abundância.
O pôr do sol foi belo e pachorrento, como se impõe, seguido de um jantar no restaurante italiano de um resort que há a uns 200m de onde ficamos. Não sendo um restaurante de comida local (os que se vieram a tornar os nossos favoritos, a comida aqui era mediana e o preço razoável, tendo em conta o local (mesmo em cima da praia). A média era uns 14 EUR por pessoa.
Ainda deu tempo para ir beber um cocktail no bar que fica em cima da praia antes de fechar um primeiro dia em grande. Os preços dos cocktails variavam entre os 6 e 12 EUR, dependendo do que se pedisse.
Restaurante / bar "Cafe D'es Arts"
Regressados à “nossa” Vila para descansar, mais uma chance para treinar o meu francês, apesar de haver na maioria dos locais um entendimento pelo menos básico de inglês: pedimos à dona Anne que nos arranjasse um carro de aluguer para o dia seguinte, com o intuito de darmos uma volta pela ilha, mas acima de tudo com o objectivo de visitarmos a famosíssima Anse Lazio, sempre referenciada e frequentemente ganhadora nas sempre subjectivas mas frequentes eleições de “melhores praias do mundo”. Rapidamente a senhora tratou de tudo para que no dia seguinte tivéssemos o carro à porta.
Dia 3
Conforme combinado, tínhamos o carro à nossa espera no dia seguinte. Por uns 40 EUR, um pequeno Seat (mas de 5 portas) e mudanças automáticas. Tudo bem. Só que o maior desafio vinha a seguir: eles conduzem à esquerda e o carro tem o volante à direita. Foi uma experiência engraçada e enriquecedora, embora nos primeiros cruzamentos, tivesse sempre que olhar duas vezes para me orientar de onde era suposto virem os carros. É esquisito, mas naturalmente adaptamo-nos. Também ajudou o facto de praticamente não haver transito nas estradas, tirando um ou outro carro de aluguer de outro turista e um ou outro carro local.
Disse-nos a dona da Vila Bananier que para chegar a Anse Lazio era só entrar na estrada, virar à direita e ir sempre em frente. Eu sabia que ficava ainda a uns 10 kms, e perguntei “então e é só isso? Não há viradas?” E disse ela: “Bem, isto nesta zona basicamente é só esta estrada. Se virar à esquerda, vai para a zona do ferry e o centro da vila, se for para a direita, segue para a parte Norte da ilha onde estão essas praias. Não tem que enganar”.
E assim foi. Depois de uns cruzamentos hesitantes e alguns soluços nas subidas, ainda causados pela habituação às mudanças automáticas, fomos chegando próximo de Anse Lazio. Cerca de 15 minutos bastaram, passando já por cenários de beleza singular.
Anse Lazio
Chegados à praia, o primeiro impacto foi um pouco de arrepiar os pelos dos braços. Com o sol da manhã a fazer brilhar o mar cristalino, a visão era digna de ser a última que alguém vê antes de deixar este mundo. Uma beleza singular, de uma baía verdadeiramente única, ladeada por grandes formações graníticas, únicas das Seychelles. Uma vez mais, deixarei as fotos falar por si mesmas, ainda que como é hábito nestas situações, consigam apenas captar uma pequena fracção da beleza do local.
Trabalho árduo
Sendo uma praia que não tem nenhum hotel nem na praia, nem nas imediações, uma coisa que me chamou a atenção foi o rectangulo de boias que estava mais ou menos no meio de praia, algo invulgar nas Seychelles ou em qualquer praia que não tenha hotel, como estas. Na altura não consegui saber o porquê, mas vim a saber depois que foi lá colocado uma vez que precisamente no ano passado (2012), e pela primeira vez em 80 anos nas Seychelles, tinham havido 2 ataques de tubarões, precisamente nesta praia, pelo que a zona agora delimitada pelas bóias tinha sido criada como zona de segurança para nadar.
Esse ataque foi levado a cabo num tipo de freak accident, já que foi causado por um único tubarão branco, que não é sequer espécie que seja nativa ou habitual nas Seychelles (daí em 80 anos não ter havido nenhum outro incidente do tipo). Muitas das praias das Seychelles é protegida por um recife de coral que impede e entrada de animais de maior porte nas baías. No entanto, a beleza de Anse Lazio provém também de uma excepção a essa regra: não tem recife a proteger a mesma (embora tenha zonas de snorkelling muito boas) e estende-se gradualmente a perder de vista, com água cristalina, chegando em alguns casos, a permitir visibilidade debaixo de água entre os 30 e 50m. Deveras impressionante.
Anse Lazio
Quer eu, quer muito boa gente que ali andava, e quer também a minha filha, andamos fora da zona das boias a fazer snorkelling alegremente pela baía. Tendo em conta os detalhes sobre o ataque do ano anterior, provavelmente faria o mesmo hoje. Talvez reduzisse o tempo que a minha filha lá andou, mas no essencial, esse tipo de freak attack pode acontecer em qualquer lugar onde andemos a fazer snorkelling em águas quentes e com muitos peixes. No fundo, num local destes com estas características e a histórial que tem, é um euro milhões, só que ao contrário.
Adiante, a temperatura da água era excelente (deveria rondar os 28/29 graus), já que praticamente não se sentia aquele pequeno choque térmico quando se entrava na água. Era entrar e pronto
Anse Lazio
O snorkelling era bastante bom, particularmente do lado direito e mais ou menos a meio da encosta. Aqui ficam algumas colagens de fotos do snorkelling, que incluem não só fotos de Anse Lazio, mas também de alguns dos outros locais (ler mais adiante).
Não só é uma praia excepcionalmente bonita, como também é extensa e ao mesmo tempo, tem uma impressionante quantidade de sombra natural, providenciada pelas inúmeras árvores que se debruçam sobre a finíssima areia branca, como que a abraçando aqueles que descobrem este lugar maravilhoso. Uma vez mais, seria de esperar ver muito mais gente, mesmo a meio da manhã, quando o pequeno “parque” de estacionamento já se encontra cheio, mas a praia continua praticamente vazia, o que permite continuar a gozar a sensação de tranquilidade propiciada pelo som das pequenas ondas que quebram preguiçosamente na praia.
Anse Lazio
Nesta praia, há um único restaurante (caro) onde ainda assim decidimos almoçar, para gozarmos devidamente o tempo neste local. Chegar a Anse Lazio e não fazer um devido dia de praia seria um crime. Depois de um bom almoço de peixe do dia e um pouco de lagosta (que custou os olhos da cara, mas já seria esperado, no único restaurante de uma das praias mais faladas do país).
Pensámos ir ao parque nacional que se encontrava a uns 15 kms para ver os coqueiros que dão o famoso e único “coco du mer”, que essencialmente é um coco enorme que parecem dois cocos juntos espalmados ... em boa verdade, alguns lembram mesmo é um rabo (não há outra maneira de o descrever ) ou o coco mais "feminino" lembra outras partes anatómicas ...
Coco du Mer
Optámos pela abordagem mais tranquila e de descanso, já que nos pareceu que seria um bocado ver um ou dois coqueiros, ver um coco grande, tirar a foto e vir embora. Preferimos aproveitar um pouco mais de Anse Lazio e depois dar uma volta para ver algumas das outras praias da ilha a meio da tarde. Foi o que fizemos.
Panoramica sobre uma das baías de Praslin
Passámos por outras belas praias, polvilhadas aqui e ali por um ou outro casal de turistas deitados na areia ou crianças a brincar no mar, só que depois de dedicar o tempo que Anse Lazio merecia, não parámos em mais nenhuma delas, a não ser para tirar algumas fotos.
Atenção que nem tudo é um mar de rosas: vimos também praias que não eram nada atraentes e que inclusivamente tinham casas de aluguer em frente às mesmas. Portanto, tal como em todos os países, também há armadilhas (vulgo "tourist trap"), portanto escolham bem e investiguem bem antes de escolher.
Regressámos à “nossa” bela Anse Volbert, ainda a tempo de dar uma bela banhoca no mar quentinho e calmo, apreciando os reflexos no mar da projecção da luz do pôr do sol.
Anse Volbert
Descobrimos entretanto uma geladaria italiana, gerida por italianos numa pequena lojinha à beira da estrada. Um pequeno tesouro num local improvável, já que são poucos os negócios “internacionais” nesta zona com um “feel” ainda pouco turístico (o que é bom), subsistindo ainda muita atividade tradicional e local, principalmente ao fim da tarde, onde o pessoal se junta para falar, comer umas frutas, beber um copo, etc.
Chegados ao quarto, volto a recorrer à simpatia da dona Anne para nos ajudar a ir à ilha das tartarugas gigantes (Ille Curieuse, sabendo de antemão que também tem uma praia bom uma beleza singular (Anse St. Jose), e encontra-se também próxima de um parque marinho aquático na ilha, óptimo para fazer um pouco de snorkelling. Após fazer um esforço para entender o meu francês enferrujado, a dona Anne propõe que um dos seus filhos nos leve onde quisermos, no barco dele (operador de pequenos tours), ficando exclusivamente por nossa conta, por metade do preço que se vê nas pequenas lojas de tours. Óptima opção!
Mais um belo jantar de peixe do dia e estamos prontos para o dia seguinte.
Jantar em Anse Volbert
Dia 4
Conforme combinado, o simpático, competente e acima de tudo muito porreiro filho da d.Marie acompanhou-nos logo de manhã até à nossa praia, onde entramos num pequeno barco a motor que nos levaria à Ille Curieuse. Vemos pela primeira vez a “nossa” Anse Volbert desde o mar, ampliando a nossa admiração por este pequenino pedaço de mundo.
Passados 15 minutos, chegamos à Ille Curieuse, onde se encontram as tartarugas gigantes a viver em habitat “aberto” digamos assim. A título de curiosidade, no Séc. XIX, a ilha foi usada como colónia de leprosos, que continuou em funcionamento até 1965. Hoje é simplesmente um pequeno paraíso para as tartarugas e também para os poucos humanos que a visitam.
Pagamos uma pequena taxa de acesso no centro de informação do “parque”, que mais não é que uma pequena casinha. O resto é essencialmente floresta por onde passeiam preguiçosamente estes impressionantes animais, arrastando as suas enormes carapaças vagarosamente. Paramos para apreciar algumas pequenas placas informativas sobre como diferenciar machos e fêmeas, do que se alimentam, qual o tamanho quando nascem, etc. Informação básica, mas que cobre o essencial dos factos mais interessantes sobre as tartarugas gigantes e o seu ciclo de vida.
Tartaruga gigante (Ille Curieuse)
Após tirar passar bocado a admirar a beleza dos animais e do local, bem como a tirar as fotos da praxe, decidimos fazer um trek pela floresta até uma praia que nos dizem ser simplesmente excepcional. Combinamos irem-nos buscar com o barco a essa praia passadas umas 3 horas. Eram apenas umas 10 da manhã, mas já se fazia sentir um calor desgraçado. Perguntamos naquele tom positivo (e um pouco suplicante) à nossa filhota se estava capaz de fazer uma caminhada de 30 a 40 minutos. Após receber um hesitante, mas encorajador “hmm...err...s..sim” (ah valente!), pomo-nos a caminho pelo meio da floresta, um misto de mangais e outras árvores nativas, muitas delas providenciando momentos de alívio do sol tórrido, com belas sombras no meio do caminho. Ao fim de 20 minutos e de algumas subidas um pouco íngremes, temos as primeiras perguntas do estilo “are we there yet?” da nossa filhota. Corajosamente, dou-lhe uma ajuda e lembro-lhe o prémio que se encontra cada vez mais próximo (entenda-se umas belas bombas para dentro de um mar glorioso e refrescantemente quentinho). Continuamos com o espírito e determinação em alta, em direta proporção com o calor que nos faz escorrer o suor pela face, apesar das muitas sombras e ritmo relativamente calmo que levamos.
Por fim, começamos a vislumbrar uma mancha azul transparente através das árvores, o que nos provoca de imediato um aumento no ritmo e imediato lapso de memória, que apaga o esforço e algum cansaço que já se fazia sentir em virtude do calor tórrido e elevada humidade.
A velocidade com que as mochilas foram ter ao chão e com que nos encontramos dentro de água só tem paralelo nos filmes do Speedy Gonzalez. Nem tivemos tempo para reparar que havia ali mais uns poucos italianos mais atrás, a beber uns copos.
Anse St.Jose
Valeu a pena e faria novamente o caminho de seguida, se a tal fosse obrigado para dar um mergulho que fosse nesta praia. Chamada de Anse Saint Jose, esta praia “selvagem” é dotada de uma beleza singular que pessoalmente me cativou de imediato, ganhando um lugar especial no meu imaginário, apesar das muitas e maravilhosas praias isoladas que já tive oportunidade de conhecer. Como noutros sítios do globo, trata-se de um pequeno cantinho de areia açucarada banhado por um mar simplesmente lindíssimo e cristalino. A envolvência é um ambiente totalmente natural e verdejante, que confere um certo ambiente Robinson Crusoe ao local. A alguma distância, diretamente em frente vemos as encostas igualmente verdejantes de outra ilha, e um pouco mais ao longe, consegue-se avistar um pouco da ilha de Praslin.
Anse St. Jose (Ile Curieuse)
A minha mente foca-se por um momento na realidade, lembrando-me que temos um tempo demasiado limitado para estar neste local. Amanhã vamos para La Digue, algo que antecipo com grande ansiedade, uma vez que tem dos locais e praias mais bonitos das Seychelles. No entanto, este não fica nada atrás. Pelo contrário, provavelmente está lá no topo, com qualquer outra das melhores praias das Seychelles. Uma vez que não estaremos em Praslin novamente nesta viagem, não teremos oportunidade para voltar tão cedo a este local, caso contrário passaríamos certamente o dia inteiro lá. Enfim, forço-me a abandonar esse torpor e centro-me em aproveitar a praia. Para vocês, ficam algumas fotos, fotos essas que me farão olhar para o vazio nostalgicamente cada vez que eu as rever no futuro.
Anse St. Jose (Ile Curieuse)
Anse St. Jose (Ile Curieuse)
Pouco antes de irmos embora, pedimos ao único outro casal que encontramos na praia para nos tirar uma foto aos três. A minha filha pergunta-me “papá, porque está a senhor toda vestida dentro de água e com um véu na cabeça?”, ao que lhe explico que no país dela (seria tunisina ou argelina, pelo que percebi), é tradição e acreditam que as senhoras se devem vestir e apresentar assim em publico”. “Ah, ok”. A senhora tirou-nos muito amavelmente a foto ao mesmo tempo que nos sorria e agradecemos com um sincero “merci beaucoup”.
Cerca das 13:00, o barco vem-nos buscar à praia e seguimos para o próximo passo no itinerário que eu havia definido e solicitado.
Seguimos para fazer um pouco de snorkelling ao largo de uma pequena ilha chamada St. Pierre Island, em frente a Anse Volbert.
Snorkelling (Ile St.Pierre)
Ponho o colete à volta da minha filhota, verificamos o equipamento, verifico a bateria da máquina e lá vamos nós os 2 para dentro de água de mão dada (a mãe não quis e ficou a fazer a reportagem a partir do barco). A zona tem um snorkelling interessante e mereceu a pena os cerca de 45 minutos que aí passamos.
Striped Surgeon fish
Ile St.Pierre
Regressamos a Anse Volbert à procura de um sítio para almoçar. Antes de nos despedirmos do filho da dona Anne, agradecemos o serviço impecável, damos uma boa gorjeta muito merecida, com um até logo.
Pizzeria/restaurante italiano do Berjaya Praslin
Depois de um almoço agradável numa pizzeria, regado com um número anormal de cocktails, decidimos passar o resto da tarde de forma mais calminha, relaxando na parte oposta da Anse Volbert. Experimentamos ao jantar o belíssimo La Pirogue, onde voltamos a apostar nos pratos de peixe local, que novamente nos impressionaram e nos fizeram sentir que o dinheiro havia sido bem empregue.
INFORMAÇÃO GERAL
Datas: 2ª semana da Páscoa - 22 a 31 de Março de 2013 (uma das semanas mais caras do ano)
Roteiro avião: Lisboa > Dubai (cerca de 8h e meia) e Dubai > Mahe (cerca de 4h e meia)
Roteiro Ferry: Mahe > Praslin (1h) e Praslin > La Digue (15m)
Companhia aérea: Emirates
Pessoas: 2 adultos e 1 criança de 6 anos
Preço: Vôos: 2700 EUR (época alta) . Alojamento 1400 EUR.
Alojamento Praslin: Villa Bananier
Alojamento La Digue: Moonlight Beach Villa
Noites: 4 noites em Praslin em APA (alojamento e pequeno almoço) e 4 noites em La Digue em meia pensão.
Marcação: Marquei por conta própria. Os vôos marquei através da Emirates e o alojamento através de um site espetacular que encontrei e que foi realmente a chave da viagem: SeyVillas. Trata-se de um pequeno portal de aluguer de casas, guest houses e pequenos hotéis nas Seychelles e que tem ofertas para as várias ilhas, incluindo pacotes já pré-definidos de "Island hopping". Pode-se usar um pacote já definido ou fazer o nosso próprio itinerário, coisa que eu acabei por fazer, já que só podia voar em datas muito específicas e tinha objectivos muito específicos também sobre o tempo que queria ficar em cada local e em que local. O site tinha já muitas reviews e bastante detalhadas, com mensagens muito pessoais e extensas descrições de cariz muito próximo entre os clientes e os donos das guest houses. Comecei então a escolher o itinerário (detalhes mais abaixo). Depois da escolha estar feita, telefonei para o contacto no site só para ter alguma segurança adicional, tendo falado com uma senhora que tinha um vasto conhecimento quer das Seychelles, quer das inúmeras guest houses do site. Aconselhou-me em inúmeros aspectos como por exemplo os melhores horários para os transfers do ferry, em que locais dava jeito ter transfer, outros onde não faria tanto sentido, etc. Foi impecável. Ajudou-me também a perceber se as escolhas que eu tinha feito das guest houses eram em praias que tivessem snorkelling e/ou se o mar era adequado para crianças, se haviam restaurantes por perto, etc.
Posto isto, fiz a reserva que tem que ser paga por inteiro no momento da reserva. Recebi logo os detalhes da reserva. Fiz uma transferência internacional com IBAN, que foi confirmada por eles passado mais ou menos uns 4 dias. Enviaram então a confirmação definitiva da reserva. O processo correu lindamente, sem problema algum.
As Seychelles têm cerca de 150 ilhas, das quais 42 são graníticas e as restantes são coralinas. Regra geral, as ilhas graníticas são as mais populadas e mais próximas, sendo que as coralinas estão normalmente mais afastadas de Mahé, a ilha maior onde se encontra capital Victoria. Por ordem descrescente de tamanho, temos depois Praslin, Silhouette, La Digue, Curieuse, Felicité e por aí adiante.
Praslin é assim a 2ª maior ilha, havendo depois várias outras ilhas mais pequenas onde há também guest houses, ou resorts (menos comum). Um dos meus principais objectivos quando comecei a planear a viagem era ficar em alojamentos mais pessoais e de cariz local, envolvidos na vida local e que ficassem na proximidade de locais naturais/praias ao nível do que vemos nas fotografias das Seychelles.
"Aperitivo" de Anse Source D'Argent (La Digue)
La Digue
Quando se juntam estes ingredientes, um nome vem logo ao de cima nas Seychelles: uma pequena preciosidade chamada La Digue. A maioria das fotos que se vêem das Seychelles com os belíssimos blocos de granito diretamente na praia são tiradas num parque natural em La Digue, numa sucessão de pequenas baias mágicas. Ademais, quando verifiquei que em La Digue, praticamente só é permitido andar de bicicleta e que tinha um ritmo de vida muito particular, a escolha tornou-se num “no-brainer” Para mais detalhes sobre La Digue, falamos mais à frente
Praslin
Sendo La Digue o objectivo principal, faltava escolher a outra ilha, que tenderia a ser naturalmente Mahe (onde se aterra). No entanto, apesar de Mahe ter inúmeros locais de interesse, foi descartada pelo seu tamanho, por ser a ilha mais “internacional”, mais povoada, mais turistica, com mais transito, mais resorts, etc. Assim, virei-me para Praslin, com o seu parque natural e belas praias, como por exemplo a famosa Anse Lazio, frequentemente mencionada nas subjetivas e utópicas eleições da “melhor praia do mundo”.
Apesar de serem um nome comum nos círculos de viagens, as Seychelles não são um destino de massas. Por norma, não há muitos grandes resorts. É certo que as Seychelles acabam por ser conhecidas como um destino caro (área onde até me surpreendeu) mas pelo que pude perceber, a questão central pareceu-me ter a ver com a política de turismo seguida pelo Governo, que tenta manter um equilíbrio entre economia e alguma sustentabilidade, o que é raro nos dias que correm. Praticamente todos os lugares espetaculares estão cheios de grandes resorts, atulhados de europeus, americanos e asiáticos. Posso dizer que os locais por onde andamos são a antítese deste cenário.
Para variar um pouco dos outros reports, vou fazer este por ordem cronológica, para que se possa perceber a dinâmica do dia a dia, entrando depois nos vários pontos de interesse como a comida local, as praias, as pessoas, etc.
Dia 1
Como já tínhamos constatado o ano passado aquando da viagem às Maldivas, a qualidade do vôo de longo curso da Emirates é bastante boa. O avião é óptimo, com imensas opções de entretenimento, onde se destaca a qualidade e diversidade da oferta de filmes. Na altura, o Django estava nos cinemas e fazia igualmente parte da lista dos filmes disponíveis. Alguns dos filmes para crianças tinham áudio em várias línguas, incluindo Português de Portugal. As crianças têm direito a um pequeno necessaire com uma série de coisas para se entreterem (livro de colorir, lápis, uma revista e também um peluche da coleção da Emirates). O catering também foi acima da média, quer o de adulto, quer o de criança. A chegada ao Dubai aconteceu por volta das 4 da manhã e o vôo para as Seychelles era por volta das 9.
Saída do Dubai
Saída a horas para e aterrámos em Mahe umas 5/6 horas depois. A chegada a Mahe ainda providenciou vistas bastante bonitas de Mahe e de outras ilhas circundantes. Mahe tem umas encostas montanhosas perto do aeroporto, totalmente cobertas de um verde luxuriante, que contraste com o verde azulado do mar cristalino. A pista do aeroporto começa mesmo ao pé do mar, o que contribui igualmente para nos colocar água na boa à chegada.
Curieuse Island vista do ar
A aterrar em Mahe
Passados os procedimentos logísticos do costume e a habitual sensação de bafo à chegada, fizemos o transfer para o ferry em cerca de 20 minutos. Apanhamos logo uma boa quantidade de transito, o que nos fez pensar que a decisão de não ficar em Mahe teria sido acertada, para o que pretendíamos. Esperámos cerca de 1h pelo próximo ferry. Os ferrys são catamarãs bastante confortáveis e modernos, com algumas parecenças por exemplo com os que ligam Lisboa ao Montijo.
Ferry Mahe > Praslin
Chegada a Praslin
Apanhamos o barco e uma hora depois estávamos em Praslin, a caminho do nosso alojamento. Eu escolhi o que se revelou um alojamento de uma optima relação qualidade/preço numa das praias mais bonitas de Praslin (Anse Volbert). A Vila Bananier fica na segunda linha de praia desta praia (cerca de 200m a andar) e é gerida por pela dona Anne, uma senhora de cerca de 50 anos, juntamente com o marido e filhos (já adultos), todos nativos da Seychelles.
Villa Bananier
Vivem na casa ao lado da moradia que alugam para turismo e que tem cerca de 7 ou 8 quartos. O quarto “superior” que nós alugamos era um quarto muito bom, ao nível de qualquer bom hotel de 4 estrelas nas Caraíbas. Ar condicionado, ventoinha no tecto, decoração agradável, água quente sem falhar, secador, toalhas, limpo, tudo ok. “Qualquer coisa, é só pedirem” dizia sempre a senhora simpaticamente. Literalmente, era só ir à sala da casa dela (estava sempre tudo aberto) e pedir algo. Num dos dias fiz um pequeno golpe no joelho e ela arranjou-me betadine, algo que nos havíamos esquecido.
Nosso quarto em Vila Bananier
O pequeno almoço era simples e básico, mas apesar de termos um mini mercado próximo e podermos comprar o que quiséssemos, nunca sentimos necessidade de comprar algo mais. Havia café com leite, sumo, fruta, cereais e pão às fatias. A moradia tinha uma cozinha grande onde era servido o pequeno almoço e onde se podia cozinhar, caso se quisesse. Estava também disponível um frigorífico grande na cozinha e que naturalmente era utilizado de forma partilhada pelos vários quartos. Se fosse pedido com antecedência, a senhor cozinhava tanto almoço como jantar, ou podíamos cozinhar nós próprios, já que havia uma cozinha totalmente equipada para cozinhar.
Fim de tarde/noite em Anse Volbert
Embora fosse já tarde (cerca das 20:00) fomos ver a praia, como não podia deixar de ser. Ao percorrer os 200m que nos separavam da praia, pudemos constatar que apesar de se tratar de um local muito belo e onde se vêem turistas com frequência, ainda assim há infraestruturas muito básicas ou inexistentes. Vê-se por exemplo na qualidade do piso em alguns caminhos, ou em algumas estradas acompanhadas por umas valas que servem para levar as águas residuais das casas locais. Nada que não estivéssemos à espera, mas também nada que seja terceiro mundista. Nota-se que as coisas se fazem devagar. Por outro lado, se quiséssemos luxo, iriamos para um 5 estrelas no Dubai para ser aparicados e estarmos longe das pessoas e da cultura local. O que procurávamos era precisamente o oposto: gozar as belezas naturais e descansar, estando próximos da cultura local.
Chegados à praia, já depois do pôr do sol, nem a ausência de luz conseguia ofuscar a beleza natural da baía.
Tirar os chinelos depois de mais de 20 horas a viajar e caminhar lentamente para dentro de água sentindo a textura fina da areia e a água a lavar-nos lentamente a fadiga dos ossos foi altamente revigorante, como se tivesse encontrado um copo de sangria fresquinha no meio do deserto do Saara. A temperatura da água é mais quente que na República, mais ao nível da Jamaica ou mesmo Maldivas, tipo 28/29 graus provavelmente),
Já dentro de água, parando para olhar à volta, tínhamos o primeiro encontro com a beleza singular da baia de Anse Volbert, envolta em vegetação luxuriante, com pequenos montes verdejantes a elevarem-se sobre a praia e duas pequenas ilhas a escassos 100 metros da praia.
Respira-se então fundo e constata-se com grande satisfação: agora sim, chegamos
Comida
À volta de Anse Volbert (também conhecida como Cote D’Or beach), como na maioria das praias em ambas as ilhas onde fomos, havia sempre pelo menos 1 ou 2 restaurantes, pelo que nunca tivemos problemas em encontrar bons locais para comer. Na zona de Anse Volbert num raio de 400/500m, há uns 4/5 bons restaurantes, maioritariamente comida local (crioula, como lhe chamam lá, derivado às influências africanas das Seychelles) e também algumas opções internacionais como um restaurante italiano que pertencia a um dos poucos hotéis das redondezas (muito mais pequeno que os tradicionais hotéis que conhecemos nos sítios tropicais).
A caminho de um dos restaurantes
Escolhemos sempre que possível restaurantes de cozinha predominantemente local, desde que houvessem boas opções também para a filhota. Nunca tivemos problemas com a comida para ela, até porque essa foi uma excelente surpresa para nós: a qualidade da comida local. A influência crioula juntamente com os ingredientes disponíveis localmente (peixe, marisco) criou uma cozinha muito rica, saborosa e ainda assim simples. Um belo peixe local grelhado com um molho rico e spicy a-la Africa, juntamente um arroz crioulo: delicioso. E eu que nem sou tradicionalmente grande apreciador de peixe. Neste fim de dia, jantamos num bar/restaurante extremamente agradável mesmo em cima da praia, ansiosos por uns belos mergulhos no dia seguinte e pela perspectiva de ... dolce fare niente
Restaurante/Bar na praia de Anse Volbert
Dia 2
Após um pequeno almoço simples mas satisfatório (até porque queremos ir para dentro de água rapidamente sem nos sentirmos enfartados), toca a despachar e lá vamos nós trabalhar. Mais ou menos Belo dia de sol para começar, uns 30 graus e os pássaros e toda a bicheza a fazer os barulhos matinais, enquanto caminhamos para a praia.
Chegados à praia, o impacto da beleza da praia foi naturalmente mais notório que no dia anterior. O sol matinal enchia de luz todos os recantos que ontem estavam já ocultos. Lembrando-me da senhora que nos alugou a casa e da sua família, o primeiro pensamento que me veio à cabeça foi: “Deve ser bem porreiro viver mesmo ao lado de tudo disto. Acordar todos os dias de manhã, poder andar 3 minutos, inspirar o ar fresco matinal contemplando uma praia belíssima, dar um mergulho e depois voltar a casa para tomar o pequeno almoço. E então se não têm um centro comercial aqui ao pé, ou se não têm uma PS3 ou um carro cada um? Talvez ganhem pouco, mas ganham o suficiente para viverem confortavelmente à dimensão dos custos que têm para viver aqui. Num sitio destes, não precisam de muito mais.
Panoramica de Anse Volbert
Reflito por vezes sobre a forma como vivemos as nossas vidas de uma forma demasiado materialista e pouco focada nas coisas que nos fazem felizes e, apesar de não ser um idealista (considero-me um realista positivo digamos assim), gosto de aproveitar as experiências de viagem para sempre que me parece adequado, ajustar a minha realidade ou a minha atitude perante certas coisas, numa óptica de viver melhor e de perceber exatamente aquilo que é importante para nos fazer felizes.
Ahem, pois bem, de volta à terra , deixemos as fotos falar um pouco por si mesmas, em vez de estar para aqui a balbuciar.
Panoramica de Anse Volbert
Panorâmica de Anse Volbert
Levamos as nossas toalhas e toca a trabalhar para o bronze. Apesar de até haver uma parte da praia onde é possível alugar umas cadeirinhas, a vasta maioria das praias não tem cadeirinhas na praia, estando a mesma desimpedida para ser utilizada como bem entendermos.
Ou melhor, no meu caso, sendo eu o brinquedo favorito da minha filha na praia, toca a trabalhar para castelos de areia, fazer buracos, bombas dentro de água e afins
A meio da manhã fui investigar o snorkelling na praia, sabendo de antemão que esta praia não era um dos locais mais privilegiados para isso, ao contrário de outras que eu já tinha investigado de antemão e “agendado” para lá ir. Ainda assim, o facto de ter visto uma pequena raia a saltar fora de água a meio da manhã (nunca tinha visto, mais tarde li na wikipedia o porque de isso poder acontecer), fez-me crer que poderia ser interessante. Ainda deu para ver alguns peixinhos do lado esquerdo da baía, mas eu sabia que o prato principal de snorkelling seria servido noutros locais.
Emplastro aos saltos em Anse Volbert
Nas imediações desta praia, descobrimos entretanto um pequeno viveiro das famosas tartarugas gigantes. Tinhamos já planeado visitar uma pequena ilha onde há um santuário dedicado a estes impressionantes animais, mas foi bom ter um pequena amostra, mesmo à porta de “casa”. Mas deixamos as fotos para mais à frente, na ilha onde estas tartarugas vivem em abundância.
O pôr do sol foi belo e pachorrento, como se impõe, seguido de um jantar no restaurante italiano de um resort que há a uns 200m de onde ficamos. Não sendo um restaurante de comida local (os que se vieram a tornar os nossos favoritos, a comida aqui era mediana e o preço razoável, tendo em conta o local (mesmo em cima da praia). A média era uns 14 EUR por pessoa.
Ainda deu tempo para ir beber um cocktail no bar que fica em cima da praia antes de fechar um primeiro dia em grande. Os preços dos cocktails variavam entre os 6 e 12 EUR, dependendo do que se pedisse.
Restaurante / bar "Cafe D'es Arts"
Regressados à “nossa” Vila para descansar, mais uma chance para treinar o meu francês, apesar de haver na maioria dos locais um entendimento pelo menos básico de inglês: pedimos à dona Anne que nos arranjasse um carro de aluguer para o dia seguinte, com o intuito de darmos uma volta pela ilha, mas acima de tudo com o objectivo de visitarmos a famosíssima Anse Lazio, sempre referenciada e frequentemente ganhadora nas sempre subjectivas mas frequentes eleições de “melhores praias do mundo”. Rapidamente a senhora tratou de tudo para que no dia seguinte tivéssemos o carro à porta.
Dia 3
Conforme combinado, tínhamos o carro à nossa espera no dia seguinte. Por uns 40 EUR, um pequeno Seat (mas de 5 portas) e mudanças automáticas. Tudo bem. Só que o maior desafio vinha a seguir: eles conduzem à esquerda e o carro tem o volante à direita. Foi uma experiência engraçada e enriquecedora, embora nos primeiros cruzamentos, tivesse sempre que olhar duas vezes para me orientar de onde era suposto virem os carros. É esquisito, mas naturalmente adaptamo-nos. Também ajudou o facto de praticamente não haver transito nas estradas, tirando um ou outro carro de aluguer de outro turista e um ou outro carro local.
Disse-nos a dona da Vila Bananier que para chegar a Anse Lazio era só entrar na estrada, virar à direita e ir sempre em frente. Eu sabia que ficava ainda a uns 10 kms, e perguntei “então e é só isso? Não há viradas?” E disse ela: “Bem, isto nesta zona basicamente é só esta estrada. Se virar à esquerda, vai para a zona do ferry e o centro da vila, se for para a direita, segue para a parte Norte da ilha onde estão essas praias. Não tem que enganar”.
E assim foi. Depois de uns cruzamentos hesitantes e alguns soluços nas subidas, ainda causados pela habituação às mudanças automáticas, fomos chegando próximo de Anse Lazio. Cerca de 15 minutos bastaram, passando já por cenários de beleza singular.
Anse Lazio
Chegados à praia, o primeiro impacto foi um pouco de arrepiar os pelos dos braços. Com o sol da manhã a fazer brilhar o mar cristalino, a visão era digna de ser a última que alguém vê antes de deixar este mundo. Uma beleza singular, de uma baía verdadeiramente única, ladeada por grandes formações graníticas, únicas das Seychelles. Uma vez mais, deixarei as fotos falar por si mesmas, ainda que como é hábito nestas situações, consigam apenas captar uma pequena fracção da beleza do local.
Trabalho árduo
Sendo uma praia que não tem nenhum hotel nem na praia, nem nas imediações, uma coisa que me chamou a atenção foi o rectangulo de boias que estava mais ou menos no meio de praia, algo invulgar nas Seychelles ou em qualquer praia que não tenha hotel, como estas. Na altura não consegui saber o porquê, mas vim a saber depois que foi lá colocado uma vez que precisamente no ano passado (2012), e pela primeira vez em 80 anos nas Seychelles, tinham havido 2 ataques de tubarões, precisamente nesta praia, pelo que a zona agora delimitada pelas bóias tinha sido criada como zona de segurança para nadar.
Esse ataque foi levado a cabo num tipo de freak accident, já que foi causado por um único tubarão branco, que não é sequer espécie que seja nativa ou habitual nas Seychelles (daí em 80 anos não ter havido nenhum outro incidente do tipo). Muitas das praias das Seychelles é protegida por um recife de coral que impede e entrada de animais de maior porte nas baías. No entanto, a beleza de Anse Lazio provém também de uma excepção a essa regra: não tem recife a proteger a mesma (embora tenha zonas de snorkelling muito boas) e estende-se gradualmente a perder de vista, com água cristalina, chegando em alguns casos, a permitir visibilidade debaixo de água entre os 30 e 50m. Deveras impressionante.
Anse Lazio
Quer eu, quer muito boa gente que ali andava, e quer também a minha filha, andamos fora da zona das boias a fazer snorkelling alegremente pela baía. Tendo em conta os detalhes sobre o ataque do ano anterior, provavelmente faria o mesmo hoje. Talvez reduzisse o tempo que a minha filha lá andou, mas no essencial, esse tipo de freak attack pode acontecer em qualquer lugar onde andemos a fazer snorkelling em águas quentes e com muitos peixes. No fundo, num local destes com estas características e a histórial que tem, é um euro milhões, só que ao contrário.
Adiante, a temperatura da água era excelente (deveria rondar os 28/29 graus), já que praticamente não se sentia aquele pequeno choque térmico quando se entrava na água. Era entrar e pronto
Anse Lazio
O snorkelling era bastante bom, particularmente do lado direito e mais ou menos a meio da encosta. Aqui ficam algumas colagens de fotos do snorkelling, que incluem não só fotos de Anse Lazio, mas também de alguns dos outros locais (ler mais adiante).
Não só é uma praia excepcionalmente bonita, como também é extensa e ao mesmo tempo, tem uma impressionante quantidade de sombra natural, providenciada pelas inúmeras árvores que se debruçam sobre a finíssima areia branca, como que a abraçando aqueles que descobrem este lugar maravilhoso. Uma vez mais, seria de esperar ver muito mais gente, mesmo a meio da manhã, quando o pequeno “parque” de estacionamento já se encontra cheio, mas a praia continua praticamente vazia, o que permite continuar a gozar a sensação de tranquilidade propiciada pelo som das pequenas ondas que quebram preguiçosamente na praia.
Anse Lazio
Nesta praia, há um único restaurante (caro) onde ainda assim decidimos almoçar, para gozarmos devidamente o tempo neste local. Chegar a Anse Lazio e não fazer um devido dia de praia seria um crime. Depois de um bom almoço de peixe do dia e um pouco de lagosta (que custou os olhos da cara, mas já seria esperado, no único restaurante de uma das praias mais faladas do país).
Pensámos ir ao parque nacional que se encontrava a uns 15 kms para ver os coqueiros que dão o famoso e único “coco du mer”, que essencialmente é um coco enorme que parecem dois cocos juntos espalmados ... em boa verdade, alguns lembram mesmo é um rabo (não há outra maneira de o descrever ) ou o coco mais "feminino" lembra outras partes anatómicas ...
Coco du Mer
Optámos pela abordagem mais tranquila e de descanso, já que nos pareceu que seria um bocado ver um ou dois coqueiros, ver um coco grande, tirar a foto e vir embora. Preferimos aproveitar um pouco mais de Anse Lazio e depois dar uma volta para ver algumas das outras praias da ilha a meio da tarde. Foi o que fizemos.
Panoramica sobre uma das baías de Praslin
Passámos por outras belas praias, polvilhadas aqui e ali por um ou outro casal de turistas deitados na areia ou crianças a brincar no mar, só que depois de dedicar o tempo que Anse Lazio merecia, não parámos em mais nenhuma delas, a não ser para tirar algumas fotos.
Atenção que nem tudo é um mar de rosas: vimos também praias que não eram nada atraentes e que inclusivamente tinham casas de aluguer em frente às mesmas. Portanto, tal como em todos os países, também há armadilhas (vulgo "tourist trap"), portanto escolham bem e investiguem bem antes de escolher.
Regressámos à “nossa” bela Anse Volbert, ainda a tempo de dar uma bela banhoca no mar quentinho e calmo, apreciando os reflexos no mar da projecção da luz do pôr do sol.
Anse Volbert
Descobrimos entretanto uma geladaria italiana, gerida por italianos numa pequena lojinha à beira da estrada. Um pequeno tesouro num local improvável, já que são poucos os negócios “internacionais” nesta zona com um “feel” ainda pouco turístico (o que é bom), subsistindo ainda muita atividade tradicional e local, principalmente ao fim da tarde, onde o pessoal se junta para falar, comer umas frutas, beber um copo, etc.
Chegados ao quarto, volto a recorrer à simpatia da dona Anne para nos ajudar a ir à ilha das tartarugas gigantes (Ille Curieuse, sabendo de antemão que também tem uma praia bom uma beleza singular (Anse St. Jose), e encontra-se também próxima de um parque marinho aquático na ilha, óptimo para fazer um pouco de snorkelling. Após fazer um esforço para entender o meu francês enferrujado, a dona Anne propõe que um dos seus filhos nos leve onde quisermos, no barco dele (operador de pequenos tours), ficando exclusivamente por nossa conta, por metade do preço que se vê nas pequenas lojas de tours. Óptima opção!
Mais um belo jantar de peixe do dia e estamos prontos para o dia seguinte.
Jantar em Anse Volbert
Dia 4
Conforme combinado, o simpático, competente e acima de tudo muito porreiro filho da d.Marie acompanhou-nos logo de manhã até à nossa praia, onde entramos num pequeno barco a motor que nos levaria à Ille Curieuse. Vemos pela primeira vez a “nossa” Anse Volbert desde o mar, ampliando a nossa admiração por este pequenino pedaço de mundo.
Passados 15 minutos, chegamos à Ille Curieuse, onde se encontram as tartarugas gigantes a viver em habitat “aberto” digamos assim. A título de curiosidade, no Séc. XIX, a ilha foi usada como colónia de leprosos, que continuou em funcionamento até 1965. Hoje é simplesmente um pequeno paraíso para as tartarugas e também para os poucos humanos que a visitam.
Pagamos uma pequena taxa de acesso no centro de informação do “parque”, que mais não é que uma pequena casinha. O resto é essencialmente floresta por onde passeiam preguiçosamente estes impressionantes animais, arrastando as suas enormes carapaças vagarosamente. Paramos para apreciar algumas pequenas placas informativas sobre como diferenciar machos e fêmeas, do que se alimentam, qual o tamanho quando nascem, etc. Informação básica, mas que cobre o essencial dos factos mais interessantes sobre as tartarugas gigantes e o seu ciclo de vida.
Tartaruga gigante (Ille Curieuse)
Após tirar passar bocado a admirar a beleza dos animais e do local, bem como a tirar as fotos da praxe, decidimos fazer um trek pela floresta até uma praia que nos dizem ser simplesmente excepcional. Combinamos irem-nos buscar com o barco a essa praia passadas umas 3 horas. Eram apenas umas 10 da manhã, mas já se fazia sentir um calor desgraçado. Perguntamos naquele tom positivo (e um pouco suplicante) à nossa filhota se estava capaz de fazer uma caminhada de 30 a 40 minutos. Após receber um hesitante, mas encorajador “hmm...err...s..sim” (ah valente!), pomo-nos a caminho pelo meio da floresta, um misto de mangais e outras árvores nativas, muitas delas providenciando momentos de alívio do sol tórrido, com belas sombras no meio do caminho. Ao fim de 20 minutos e de algumas subidas um pouco íngremes, temos as primeiras perguntas do estilo “are we there yet?” da nossa filhota. Corajosamente, dou-lhe uma ajuda e lembro-lhe o prémio que se encontra cada vez mais próximo (entenda-se umas belas bombas para dentro de um mar glorioso e refrescantemente quentinho). Continuamos com o espírito e determinação em alta, em direta proporção com o calor que nos faz escorrer o suor pela face, apesar das muitas sombras e ritmo relativamente calmo que levamos.
Por fim, começamos a vislumbrar uma mancha azul transparente através das árvores, o que nos provoca de imediato um aumento no ritmo e imediato lapso de memória, que apaga o esforço e algum cansaço que já se fazia sentir em virtude do calor tórrido e elevada humidade.
A velocidade com que as mochilas foram ter ao chão e com que nos encontramos dentro de água só tem paralelo nos filmes do Speedy Gonzalez. Nem tivemos tempo para reparar que havia ali mais uns poucos italianos mais atrás, a beber uns copos.
Anse St.Jose
Valeu a pena e faria novamente o caminho de seguida, se a tal fosse obrigado para dar um mergulho que fosse nesta praia. Chamada de Anse Saint Jose, esta praia “selvagem” é dotada de uma beleza singular que pessoalmente me cativou de imediato, ganhando um lugar especial no meu imaginário, apesar das muitas e maravilhosas praias isoladas que já tive oportunidade de conhecer. Como noutros sítios do globo, trata-se de um pequeno cantinho de areia açucarada banhado por um mar simplesmente lindíssimo e cristalino. A envolvência é um ambiente totalmente natural e verdejante, que confere um certo ambiente Robinson Crusoe ao local. A alguma distância, diretamente em frente vemos as encostas igualmente verdejantes de outra ilha, e um pouco mais ao longe, consegue-se avistar um pouco da ilha de Praslin.
Anse St. Jose (Ile Curieuse)
A minha mente foca-se por um momento na realidade, lembrando-me que temos um tempo demasiado limitado para estar neste local. Amanhã vamos para La Digue, algo que antecipo com grande ansiedade, uma vez que tem dos locais e praias mais bonitos das Seychelles. No entanto, este não fica nada atrás. Pelo contrário, provavelmente está lá no topo, com qualquer outra das melhores praias das Seychelles. Uma vez que não estaremos em Praslin novamente nesta viagem, não teremos oportunidade para voltar tão cedo a este local, caso contrário passaríamos certamente o dia inteiro lá. Enfim, forço-me a abandonar esse torpor e centro-me em aproveitar a praia. Para vocês, ficam algumas fotos, fotos essas que me farão olhar para o vazio nostalgicamente cada vez que eu as rever no futuro.
Anse St. Jose (Ile Curieuse)
Anse St. Jose (Ile Curieuse)
Pouco antes de irmos embora, pedimos ao único outro casal que encontramos na praia para nos tirar uma foto aos três. A minha filha pergunta-me “papá, porque está a senhor toda vestida dentro de água e com um véu na cabeça?”, ao que lhe explico que no país dela (seria tunisina ou argelina, pelo que percebi), é tradição e acreditam que as senhoras se devem vestir e apresentar assim em publico”. “Ah, ok”. A senhora tirou-nos muito amavelmente a foto ao mesmo tempo que nos sorria e agradecemos com um sincero “merci beaucoup”.
Cerca das 13:00, o barco vem-nos buscar à praia e seguimos para o próximo passo no itinerário que eu havia definido e solicitado.
Seguimos para fazer um pouco de snorkelling ao largo de uma pequena ilha chamada St. Pierre Island, em frente a Anse Volbert.
Snorkelling (Ile St.Pierre)
Ponho o colete à volta da minha filhota, verificamos o equipamento, verifico a bateria da máquina e lá vamos nós os 2 para dentro de água de mão dada (a mãe não quis e ficou a fazer a reportagem a partir do barco). A zona tem um snorkelling interessante e mereceu a pena os cerca de 45 minutos que aí passamos.
Striped Surgeon fish
Ile St.Pierre
Regressamos a Anse Volbert à procura de um sítio para almoçar. Antes de nos despedirmos do filho da dona Anne, agradecemos o serviço impecável, damos uma boa gorjeta muito merecida, com um até logo.
Pizzeria/restaurante italiano do Berjaya Praslin
Depois de um almoço agradável numa pizzeria, regado com um número anormal de cocktails, decidimos passar o resto da tarde de forma mais calminha, relaxando na parte oposta da Anse Volbert. Experimentamos ao jantar o belíssimo La Pirogue, onde voltamos a apostar nos pratos de peixe local, que novamente nos impressionaram e nos fizeram sentir que o dinheiro havia sido bem empregue.