Carla (AKA Cagm)
Banidos
Sermos pais é talvez a missão mais difícil com que nos deparamos ao longo da vida. E em muitos momentos, muitos procurarão incansavelmente o botão "pause" que lhes permita voltar à realidade (anterior) durante uns momentos.
Neste âmbito, há muitos pais que optam por fazer férias sem filhos; outros dividem as férias em duas partes (uma com e outra sem filhos); e há outros ainda que consideram isto absurdo e inaceitável – uns porque se preocupam que isto não seja socialmente aceitável, outros porque estão tão habituados aos filhos que não se imaginam a estar sem eles, outros porque acham que escolheram ter filhos e têm que fazer tudo juntos.
A Thomson realizou um inquérito em que um terço dos casais entrevistados afirmaram que não passavam tanto tempo a dois como gostariam - e 46% destes afirmaram que gostaria de ter umas férias extra só para adultos. O que mais procurariam numas férias desse tipo seria paz e sossego, bem como boa comida, passeios relaxantes à beira-mar e passar o tempo apenas a conversarem os dois – essencialmente os pequenos prazeres que todos nós tínhamos antes de sermos pais.
Sobre a questão de se é socialmente aceitável fazer umas férias sem os filhos, 78% das pessoas entrevistadas disseram acreditar que não teriam de enfrentar a desaprovação dos outros, mas metade dos pais disseram que se sentiriam culpados em férias sem os filhos.
As vantagens de fazer uma pausa sem levar os miúdos? Mais de metade dos pais entrevistados (55%) acredita que iria reforçar a sua relação conjugal. E um terço (34%) afirma que isso ajudá-los-ia a serem melhores pais durante o resto do ano.
Quanto à forma como as crianças afectam as nossas férias, mais de um terço (35%) dos entrevistados disseram que filhos podem afectar o nosso divertimento “por vezes” ou 'significativamente'.
Pois, se mais tarde ou mais cedo, também os nossos filhos acabarão por passar férias sem nós, porque não podemos nós fazer o mesmo, tendo com quem os deixar em segurança e com todo o amor? Aliás, os psicólogos defendem que estas pequenas “férias” entre pais/filhos, tornam as crianças mais independentes, fortalece a relação que têm com os avós (normalmente as pessoas com quem ficam) e renova a nossa paciência para o ano seguinte. Depois de muitos anos a viver em exclusivo para os filhos, muitos casais divorciam-se assim que os filhos saem de casa. É o chamado síndrome do "ninho vazio". Nesta altura, o casal tem de voltar a reencontrar-se e, por vezes, percebem que já não têm muitas coisas em comum.
As férias a dois não só são possíveis como aconselháveis. E devem ser encaradas como uma excelente oportunidade para se voltarem a conhecer ou, até mesmo, para reafirmarem o seu amor, numa segunda lua-de-mel. Muito especialistas encaram as férias a dois como o primeiro passo para fomentar e/ou recuperar relações. Planeiem em conjunto umas férias românticas, com bastantes actividades de lazer em conjunto e momentos de carinho. Jantares, passeios, visitas, actividades ao ar livre, piqueniques, entre muitas outras hipóteses, vão com certeza ajudar a estimular a relação que durante todo o ano ficou para segundo plano.
Infelizmente vivemos numa sociedade em que o protótipo de boa mãe é aquela que abdica de tudo pelos filhos, a que não se imagina a dar um passo sem eles. Só que isso não faz bem a ninguém, nem aos filhos nem aos pais…A relação entre os pais também precisa de ser construída e alimentada, e isso é também muito positivo para as crianças. O casal é a base da família, já existia antes dos filhos nascerem e vai continuar quando os filhos ganharem asas e “voarem”! Como tal, há que manter esta relação e alimentá-la com estes pequenos momentos.
Quanto mais vida nós, pais, tivermos para além dos filhos, quanto mais existirmos como pessoas autónomas que amam os filhos mas que têm uma vida para lá deles (jantar a dois de vez em quando, saídas à noite com os amigos de vez em quando, uns dias fora sem os filhos, de quando em vez), quanto mais o fizermos, ao longo dos anos, menos nos custará o momento em que eles nos vão tratar como débeis mentais, em que vão enfrentar-nos com respostas tortas e portas batidas com estrépito, em que vão fugir de casa, chegar bêbados ou pior, em que a última coisa que vão querer é estar connosco. Vai doer menos se tivermos amigos com quem continuarmos a sair, vai custar menos se tivermos um grande amor com quem saibamos falar sem ser de filhos, vai ser bom saber viver sem eles porque, nessa altura, eles não vão querer viver ao pé de nós. Vão querer distância. E nós, os pais, estaremos mais preparados para esse abandono se tivermos continuado sempre a ter uma vida, para lá deles.
Alguns depoimentos e citações:
“Ir de férias para a praia com crianças pequenas é tudo menos ir de férias. Aliás, está mais próximo de trabalhos forçados infligidos por crime de sangue violento e punido com prisão perpétua do que de férias.
A odisseia começa muito antes do momento da partida. O momento de fazer as malas é o primeiro grande teste aos nossos nervos. Isto porque eles, os miúdos, insistem em «ajudar» a fazer as malas. (…) Passado que está este primeiro obstáculo, deparamo-nos com a tarefa titânica de meter no mínimo de malas possível tudo aquilo que eles vão usar.(…) Conte que vai precisar de, pelo menos, duas mudas por dia – e isto se eles se portarem bem, o que, convenhamos, nunca acontece. Depois das roupas, segue-se mais um sem número de bens chamados essenciais. Os brinquedos especiais sem os quais eles não dormem. Os baldes, baldinhos, forminhas e pás fundamentais para horas de grande diversão. (…) Concluídas estas tarefas, chega o momento da viagem, também conhecido por verdadeiro martírio. Seja de carro ou de avião, eles vão ficar impossíveis de aturar e exclamar a cada cinco minutos desde que saíram de casa: - Falta muito? E agora? Agora ainda falta muito? Tenho chichi! E quando é que chegamos? Falta muito? Tenho chichi! Falta muito?
Tudo isto seria suportável se, chegados ao destino de férias, entrássemos de facto de férias. Mas não, não entramos. Os miúdos continuam a não dormir a noite toda mas, mesmo assim, a acordar ainda mal o Sol nasceu a dizer: Tenho fome! E também chichi!
No entanto há que reconhece, nem tudo é mau. Não quero ser acusada de derrotista e de só ver o lado negro das coisas. Nada disso. Há coisas boas, como por exemplo isto: como acordamos de madrugada, somos os primeiros a chegar à praia e a conseguir lugar para ao carro como deve ser. Até podemos escolher e tudo, é uma alegria. Ir do carro ao areal é outra aventura. Temos de carregar com os miúdos e carregar com tudo o que os miúdos nos obrigam a levar. (…) A primeira coisa a fazer assim que largamos as tralhas no chão à balda (…) untá-los de protector solar. Outro drama! Não só o creme é uma pasta gorda difícil de espalhar como eles saltitam como se fossem uma aranha perneta a dançar break-dance por cima de um chão em chamas.
No fim de tudo isto, chega finalmente o nosso momento de paz. Deitamo-nos na areia, viramos cinco minutos de um lado, cinco minutos do outro e ala que se faz tarde. Está na hora de começar a guardar as tralhas e voltar para casa. Toda a gente sabe que a partir de meio da manhã o sol faz mal aos nossos pequeninos. A viagem de regresso até ao carro é ainda pior do que a da chegada. Eles estão cansados e recusam-se a dar um passo que seja no areal e nós temos de alombar com eles às costas.
É assim todos os dias. Não é de admirar, portanto, que a meio das férias os pais comecem a ter delírios e miragens com as reuniões intermináveis no emprego e os gritos do chefe.
Eu pelo menos começo a ansiar por esse paraíso ao fim do segundo dia de férias.”
Maria José Areias, mulher de Ricardo Araújo Pereira, mãe de 2 filhas – citação de “Ó mãeee!!!”
“Mais uma vez fomos deixar os filhos com os avós para mais uma semana de férias. As nossas em conjunto aproximam-se a passos largos mas ainda faltam duas semanitas. Estou ansioso e desejoso que cheguem porque preciso de descansar e de passar uns dias em família.
Na primeira semana que os deixamos com a avó foi uma semana de desbunda. todos os dias tivemos um programa, fosse jantar fora fosse ir ao cinema ou ver um espectáculo. Na segunda semana já não nos apeteceu fazer isso e esta semana também não. Andamos tão cansados que só nos apetece ir para casa e gozar umas horas de silêncio e paz. Sem fazer jantar, comendo qualquer coisa que haja no frigorífico e depois ficar a ler um livro ou ver um filme.
Este tipo de coisas sabe bem, mas ao final de oito anos com filhos sentimos a falta deles. As nossas vidas estão formatadas em função deles, dos horários deles, das necessidades deles e quando temos tempo livre já nem sabemos o que fazer. Salvo as devidas distâncias julgo que esta situação se assemelhará a alguém que esteve preso durante uma série de tempo e que de repente se vê livre. Nem sabe o que fazer pois o mundo à sua volta é diferente daquele a que ele estava habituado."
“E o meu coração de mãe já está todo cheio de saudades e apertos e melancolias.
Eu sei que depois passa. Eu sei que depois é maravilhoso, andar de mão dada com o meu homem, sem pressa, sem interrupções, sem mais nada a não ser nós os dois e o tanto que gostamos um do outro. Eu sei que são poucos dias e que quando voltarmos vamos estar mais apaixonados e eles vão ficar deliciados a ver como os pais são uns beijoqueiros e é sempre divertido ver como gozam com a nossa felicidade reforçada. Eu sei que eles um dia crescem, vão às suas vidinhas, e é essencial que nós os dois saibamos existir sem eles, para lá deles, porque a vida não se limita aos nossos filhos, a vida também somos nós, como indivíduos e como casal. “
“Uma semana inteira sem banhos nem jantares nem birras nem choros... já precisávamos! Mas foi também sem os beijinhos lambuzados de boa noite, as histórias antes de adormecer, os miminhos de manhã, os sorrisos, as conversas hilariantes no carro e as brincadeiras no jardim ao entardecer. Senti muita falta dos meus piolhos nesta semana de férias, mas gozei muito o pai deles, e voltei com mais paciência, mais brincadeiras, mais vontade de ter tempo e mais sorrisos. Fazer férias dos filhos é bom para sentirmos como eles nos fazem falta. E para recordarmos que estar a dois é muito bom, mas estar a quatro (ou a cinco ou seis...) é muito melhor!”
“São tão poucas as oportunidades que temos de estar a sós com eles (maridos) sem os filhos... Eu costumo dizer que gosto de "dividir" as minhas férias. A maior parte em família, é bom estarmos todos juntos em ambientes fora da rotina. E outro período bem mais pequeno e menos vezes ao ano, só com o meu marido. Faz falta partilhar esses momentos a dois.”
Neste âmbito, há muitos pais que optam por fazer férias sem filhos; outros dividem as férias em duas partes (uma com e outra sem filhos); e há outros ainda que consideram isto absurdo e inaceitável – uns porque se preocupam que isto não seja socialmente aceitável, outros porque estão tão habituados aos filhos que não se imaginam a estar sem eles, outros porque acham que escolheram ter filhos e têm que fazer tudo juntos.
A Thomson realizou um inquérito em que um terço dos casais entrevistados afirmaram que não passavam tanto tempo a dois como gostariam - e 46% destes afirmaram que gostaria de ter umas férias extra só para adultos. O que mais procurariam numas férias desse tipo seria paz e sossego, bem como boa comida, passeios relaxantes à beira-mar e passar o tempo apenas a conversarem os dois – essencialmente os pequenos prazeres que todos nós tínhamos antes de sermos pais.
Sobre a questão de se é socialmente aceitável fazer umas férias sem os filhos, 78% das pessoas entrevistadas disseram acreditar que não teriam de enfrentar a desaprovação dos outros, mas metade dos pais disseram que se sentiriam culpados em férias sem os filhos.
As vantagens de fazer uma pausa sem levar os miúdos? Mais de metade dos pais entrevistados (55%) acredita que iria reforçar a sua relação conjugal. E um terço (34%) afirma que isso ajudá-los-ia a serem melhores pais durante o resto do ano.
Quanto à forma como as crianças afectam as nossas férias, mais de um terço (35%) dos entrevistados disseram que filhos podem afectar o nosso divertimento “por vezes” ou 'significativamente'.
Pois, se mais tarde ou mais cedo, também os nossos filhos acabarão por passar férias sem nós, porque não podemos nós fazer o mesmo, tendo com quem os deixar em segurança e com todo o amor? Aliás, os psicólogos defendem que estas pequenas “férias” entre pais/filhos, tornam as crianças mais independentes, fortalece a relação que têm com os avós (normalmente as pessoas com quem ficam) e renova a nossa paciência para o ano seguinte. Depois de muitos anos a viver em exclusivo para os filhos, muitos casais divorciam-se assim que os filhos saem de casa. É o chamado síndrome do "ninho vazio". Nesta altura, o casal tem de voltar a reencontrar-se e, por vezes, percebem que já não têm muitas coisas em comum.
As férias a dois não só são possíveis como aconselháveis. E devem ser encaradas como uma excelente oportunidade para se voltarem a conhecer ou, até mesmo, para reafirmarem o seu amor, numa segunda lua-de-mel. Muito especialistas encaram as férias a dois como o primeiro passo para fomentar e/ou recuperar relações. Planeiem em conjunto umas férias românticas, com bastantes actividades de lazer em conjunto e momentos de carinho. Jantares, passeios, visitas, actividades ao ar livre, piqueniques, entre muitas outras hipóteses, vão com certeza ajudar a estimular a relação que durante todo o ano ficou para segundo plano.
Infelizmente vivemos numa sociedade em que o protótipo de boa mãe é aquela que abdica de tudo pelos filhos, a que não se imagina a dar um passo sem eles. Só que isso não faz bem a ninguém, nem aos filhos nem aos pais…A relação entre os pais também precisa de ser construída e alimentada, e isso é também muito positivo para as crianças. O casal é a base da família, já existia antes dos filhos nascerem e vai continuar quando os filhos ganharem asas e “voarem”! Como tal, há que manter esta relação e alimentá-la com estes pequenos momentos.
Quanto mais vida nós, pais, tivermos para além dos filhos, quanto mais existirmos como pessoas autónomas que amam os filhos mas que têm uma vida para lá deles (jantar a dois de vez em quando, saídas à noite com os amigos de vez em quando, uns dias fora sem os filhos, de quando em vez), quanto mais o fizermos, ao longo dos anos, menos nos custará o momento em que eles nos vão tratar como débeis mentais, em que vão enfrentar-nos com respostas tortas e portas batidas com estrépito, em que vão fugir de casa, chegar bêbados ou pior, em que a última coisa que vão querer é estar connosco. Vai doer menos se tivermos amigos com quem continuarmos a sair, vai custar menos se tivermos um grande amor com quem saibamos falar sem ser de filhos, vai ser bom saber viver sem eles porque, nessa altura, eles não vão querer viver ao pé de nós. Vão querer distância. E nós, os pais, estaremos mais preparados para esse abandono se tivermos continuado sempre a ter uma vida, para lá deles.
Alguns depoimentos e citações:
“Ir de férias para a praia com crianças pequenas é tudo menos ir de férias. Aliás, está mais próximo de trabalhos forçados infligidos por crime de sangue violento e punido com prisão perpétua do que de férias.
A odisseia começa muito antes do momento da partida. O momento de fazer as malas é o primeiro grande teste aos nossos nervos. Isto porque eles, os miúdos, insistem em «ajudar» a fazer as malas. (…) Passado que está este primeiro obstáculo, deparamo-nos com a tarefa titânica de meter no mínimo de malas possível tudo aquilo que eles vão usar.(…) Conte que vai precisar de, pelo menos, duas mudas por dia – e isto se eles se portarem bem, o que, convenhamos, nunca acontece. Depois das roupas, segue-se mais um sem número de bens chamados essenciais. Os brinquedos especiais sem os quais eles não dormem. Os baldes, baldinhos, forminhas e pás fundamentais para horas de grande diversão. (…) Concluídas estas tarefas, chega o momento da viagem, também conhecido por verdadeiro martírio. Seja de carro ou de avião, eles vão ficar impossíveis de aturar e exclamar a cada cinco minutos desde que saíram de casa: - Falta muito? E agora? Agora ainda falta muito? Tenho chichi! E quando é que chegamos? Falta muito? Tenho chichi! Falta muito?
Tudo isto seria suportável se, chegados ao destino de férias, entrássemos de facto de férias. Mas não, não entramos. Os miúdos continuam a não dormir a noite toda mas, mesmo assim, a acordar ainda mal o Sol nasceu a dizer: Tenho fome! E também chichi!
No entanto há que reconhece, nem tudo é mau. Não quero ser acusada de derrotista e de só ver o lado negro das coisas. Nada disso. Há coisas boas, como por exemplo isto: como acordamos de madrugada, somos os primeiros a chegar à praia e a conseguir lugar para ao carro como deve ser. Até podemos escolher e tudo, é uma alegria. Ir do carro ao areal é outra aventura. Temos de carregar com os miúdos e carregar com tudo o que os miúdos nos obrigam a levar. (…) A primeira coisa a fazer assim que largamos as tralhas no chão à balda (…) untá-los de protector solar. Outro drama! Não só o creme é uma pasta gorda difícil de espalhar como eles saltitam como se fossem uma aranha perneta a dançar break-dance por cima de um chão em chamas.
No fim de tudo isto, chega finalmente o nosso momento de paz. Deitamo-nos na areia, viramos cinco minutos de um lado, cinco minutos do outro e ala que se faz tarde. Está na hora de começar a guardar as tralhas e voltar para casa. Toda a gente sabe que a partir de meio da manhã o sol faz mal aos nossos pequeninos. A viagem de regresso até ao carro é ainda pior do que a da chegada. Eles estão cansados e recusam-se a dar um passo que seja no areal e nós temos de alombar com eles às costas.
É assim todos os dias. Não é de admirar, portanto, que a meio das férias os pais comecem a ter delírios e miragens com as reuniões intermináveis no emprego e os gritos do chefe.
Eu pelo menos começo a ansiar por esse paraíso ao fim do segundo dia de férias.”
Maria José Areias, mulher de Ricardo Araújo Pereira, mãe de 2 filhas – citação de “Ó mãeee!!!”
“Mais uma vez fomos deixar os filhos com os avós para mais uma semana de férias. As nossas em conjunto aproximam-se a passos largos mas ainda faltam duas semanitas. Estou ansioso e desejoso que cheguem porque preciso de descansar e de passar uns dias em família.
Na primeira semana que os deixamos com a avó foi uma semana de desbunda. todos os dias tivemos um programa, fosse jantar fora fosse ir ao cinema ou ver um espectáculo. Na segunda semana já não nos apeteceu fazer isso e esta semana também não. Andamos tão cansados que só nos apetece ir para casa e gozar umas horas de silêncio e paz. Sem fazer jantar, comendo qualquer coisa que haja no frigorífico e depois ficar a ler um livro ou ver um filme.
Este tipo de coisas sabe bem, mas ao final de oito anos com filhos sentimos a falta deles. As nossas vidas estão formatadas em função deles, dos horários deles, das necessidades deles e quando temos tempo livre já nem sabemos o que fazer. Salvo as devidas distâncias julgo que esta situação se assemelhará a alguém que esteve preso durante uma série de tempo e que de repente se vê livre. Nem sabe o que fazer pois o mundo à sua volta é diferente daquele a que ele estava habituado."
“E o meu coração de mãe já está todo cheio de saudades e apertos e melancolias.
Eu sei que depois passa. Eu sei que depois é maravilhoso, andar de mão dada com o meu homem, sem pressa, sem interrupções, sem mais nada a não ser nós os dois e o tanto que gostamos um do outro. Eu sei que são poucos dias e que quando voltarmos vamos estar mais apaixonados e eles vão ficar deliciados a ver como os pais são uns beijoqueiros e é sempre divertido ver como gozam com a nossa felicidade reforçada. Eu sei que eles um dia crescem, vão às suas vidinhas, e é essencial que nós os dois saibamos existir sem eles, para lá deles, porque a vida não se limita aos nossos filhos, a vida também somos nós, como indivíduos e como casal. “
“Uma semana inteira sem banhos nem jantares nem birras nem choros... já precisávamos! Mas foi também sem os beijinhos lambuzados de boa noite, as histórias antes de adormecer, os miminhos de manhã, os sorrisos, as conversas hilariantes no carro e as brincadeiras no jardim ao entardecer. Senti muita falta dos meus piolhos nesta semana de férias, mas gozei muito o pai deles, e voltei com mais paciência, mais brincadeiras, mais vontade de ter tempo e mais sorrisos. Fazer férias dos filhos é bom para sentirmos como eles nos fazem falta. E para recordarmos que estar a dois é muito bom, mas estar a quatro (ou a cinco ou seis...) é muito melhor!”
“São tão poucas as oportunidades que temos de estar a sós com eles (maridos) sem os filhos... Eu costumo dizer que gosto de "dividir" as minhas férias. A maior parte em família, é bom estarmos todos juntos em ambientes fora da rotina. E outro período bem mais pequeno e menos vezes ao ano, só com o meu marido. Faz falta partilhar esses momentos a dois.”