Roller, obviamente que concordo contigo que a experiência pessoal é importante e que se o médico que nos faz a consulta do viajante tiver alguma, melhor. No entanto, felizmente a medicina é bem mais do que isso. São doenças (a malária, dengue e hepatite A) já conhecidas há bastante tempo, cujos mosquitos, protozoários e vírus foram já extensivamente estudados, assim como os seus ciclos de vida e respectivos tratamentos. Assim, os médicos estudam com base em factos científicos que se foram consolidando ao longo do tempo, com estudos feitos por clínicos, biólogos, etc. Não atiram a primeira coisa que lhes vem à cabeça só "porque sim". Claro que há médicos mais medrosos, assim como os há mais abandalhados. Eu pessoalmente não confiaria num médico que me dissesse para não fazer nada assim como não confiaria num que dissesse para fazer todas as vacinas do mundo. E ainda assim prefiro um médico que nunca tenha saído da europa (ou mesmo de casa) e que tenha estudado decentemente as doenças em questão e a sua prevalência em determinado país do que o médico que foi lá e que, porque não fez e não lhe aconteceu nada, recomenda que os outros façam o mesmo.
O facto de eu, tu ou qualquer outro que já foi para essas bandas não ter tido qualquer problema mesmo quando se descuidou em determinados aspectos não significa que o risco não exista, até porque morrem anualmente milhares de pessoas com malária. Da mesma forma, o facto de tu teres sentido efeitos laterais com a medicação não quer dizer que a maior parte das pessoas os vá sentir. E o mesmo se aplica à vacina da hepatite e por aí fora.
Há também quem viaje meses pela Ásia sem fazer uma vacina ou profilaxia que seja, muitos deles sem qualquer problema. Há também quem os tenha.
Extrapolarmos da nossa experiência pessoal para a população em geral - sem atendermos ao que nos dizem os estudos epidemiológicos - é no mínimo desinformação. Será o mesmo que eu dizer que fumar não faz mal porque eu fumo e nunca tive problemas e que até conheço quem tenha fumado toda a vida nunca tenha tido. Posso ainda acrescentar que alguns que nunca fumaram morreram com cancro do pulmão. No entanto, é um facto inegável que na população geral fumar aumenta o risco de cancro, DPOC, enfisema, etc. Seria também como dizer que conduzir etilizado não tem qualquer problema porque já o fiz e não me aconteceu nada e que até conheço quem o faça regularmente sem problemas. Mais uma vez, podia acrescentar que até conheço quem nunca o tenha feito e já tenha tido vários acidentes, que alguns até morreram, etc.
O mesmo se aplica aos seguros. Eu já viagem com e sem seguros, felizmente nunca precisei deles. Mas se tivesse algum problema naquela zona (Camboja) seguramente ia querer ser levado para a Tailândia o mais depressa possível.
Posto isto, termino dizendo que se deve tomar uma decisão informada - porque somos todos crescidos e devemos ser capazes de decidir o que queremos fazer e os riscos que estamos dispostos a correr ou não. E acho que a nmbb já tem dados suficientes para o fazer, agora a escolha é dela. Pessoalmente eu também não fazia - como já disse - profilaxia da Malária, tendo em conta o reduzido tempo que vai estar no Camboja e a zona para onde vai. É uma questão de ponderar riscos/benefícios. Quanto à vacina da Hepatite A, não é tão importante e de facto já a deveria ter feito se quisesse estar mais protegida do vírus nessa altura. Se a fizer, também não é propriamente cara e já fica para uma próxima, desde que faça o reforço daqui a 6 meses.