Novidades

[Report] Hong Kong, Guangzhou e Macau - Jan 2019

Mel C

Membro Conhecido
Bem, vamos lá a despachar isto antes que a memória leve tudo!:D

Esta foi mais uma das minhas viagens sozinha, e a minha primeira viagem de longo curso! O principal destino era Hong Kong, e dado que ia estar por perto aproveitei para dar um saltinho a Guangzhou. Apesar de o meu avô materno já ter nascido em Moçambique os meus bisavós e restante família eram da zona de Cantão (Guangzhou), não de Guangzhou mas de uma aldeola rural que já ninguém sabe qual é (podiam ser de qualquer parte do mundo, mas tinham de ser logo da China menos turística...). Sinceramente nunca liguei muito às minhas raízes chinesas e nem sequer gostava da ideia de ser parcialmente chinesa, até ter vindo trabalhar para a empresa onde estou e que tem um escritório em Singapura, e eu passei um ano a trabalhar remotamente com os colegas de lá, e surgiu assim o fascínio pela cultura asiática, e o interesse em conhecer melhor esta região.

O meu chefe, um americano de Atlanta, viveu em Hong Kong até 2014 e tem uma filha adoptada em Guangzhou, e, para além de me ter dado imensas dicas, no Natal recebi dele um envelope com Hong Kong Dolars (HKD), Yuans (RMB) e um Octopus Card (que já não funcionava:p) Também me deu o contacto de uma amiga dele em Hong Kong caso precisasse de alguma coisa, mas felizmente correu tudo bem.

A dois meses da viagem rasguei o músculo da perna, e estava a ver a minha viagem por um fio. Felizmente estava a recuperar depressa e o médico e a fisioterapeuta concordaram que podia ir. Ufa!

Alguns apontamentos antes de começar...sobre Hong Kong:

- O que é bonito em Hong Kong são as contradições e as coisas que não combinam: os arranha céus com as montanhas verdes em pano de fundo, o Four Season a uns passos das Chungking Mansions, as Louis Vuitton e Chanel da vida ao lado das lojinhas chinesas manhosas! Hong Kong é uma cidade que não sabe se é nova se é velha, se é moderna se é antiquada, se é organizada se é um caos!
- Contrariamente ao que eu pensava nem toda a gente fala inglês; na realidade há imensa gente que não fala inglês!
- Os transportes funcionam muito bem, e o Octopus Card equivale ao nosso Viva Viagem, é um cartão recarregável que dá para usar nos transportes todos. Está tudo muito bem sinalizado e em inglês.
- Tal como acontece na China o pessoal dos serviços (hóteis, lojas, restaurantes...) é bastante rude segundo os padrões europeus. Não nos cumprimentam às vezes nem mesmo quando nós os cumprimentamos primeiro, nunca sorriem, deixam-nos na caixa à espera enquanto conversam com os colegas, põem a mesa a atirar as coisas para a nossa frente, dão nos o troco atirando as moedas pro balcão...eu saí desta viagem com uma opinião muito favorável dos chineses, mas não do pessoal dos serviços! Às tantas a minha raiva era tanta e como eles não ligavam também era rude de volta, revirei tanto os olhinhos a tanto chinês em tanta loja que devo ter visto o meu próprio cérebro!
- Alojamento em Hong Kong é um caso complexo, há imensa oferta barata mas de baixa qualidade. Muito do alojamento barato fica nas Chungkin Mansions, mas entre dealers à porta dos quartos, elevadores avariados e entradas pela escada de incêndio nada se safava. Eu preferi pagar mais, e ficar em sítios com muitas e boas reviews.

Sobre a China: Só estive numa parte pequena da China, que é considerada mais tradicional. Inicialmente achei os chineses muito rudes e pouco amigos de ajudar. Depois percebi que eu é que não tinha a abordagem certa. Não podemos falar inglês com eles porque não percebem e ficam atrapalhados e a modos que fogem. Temos de mostrar uma foto do que queremos ou usar um tradutor; assim eles tentam ajudar. E, se não conseguem ajudar, chamam outra pessoa que talvez possa ajudar e se essa pessoa não souber ajudar chama outra pessoa até estarem à frente de uns 3 chineses que não percebem nada de inglês mas que querem ajudar! Para ajudar à festa em Guangzhou tudo é mais longe do que parece e as indicações da net estão todas parcialmente erradas ou incompletas. Por causa da barreira da língua o embate inicial foi difícil, muito difícil. Mas os chineses partiram o meu coração, e remendaram-no logo a seguir.

Passando ao report: esta viagem começou no dia 8 de Janeiro. Voei para Hong Kong com a Lufthansa, com escala em Munique. O avião para Hong Kong era o A380, escolhi o horário de propósito para voar neste avião, sem encarecer a viagem. Adorei o avião, super silencioso e nem se sente a aceleração! Aterrei em Hong Kong por volta das 16h do dia 9 de Janeiro, e apanhei o autocarro A21 até ao meu hotel. Para as primeiras noites fiquei no Lee Garden Guesthouse na Cameron Road uma rua transversal à Nathan Road, a principal rua da ilha de Kowloon; paguei 75€ por duas noites se não estou em erro. As funcionárias do hotel eram super simpáticas e havia água fresca, microondas e água quente para os hóspedes. O quarto era pequeno mas muito limpo.

A surpresa foi a casa de banho. Ora atentem neste chuveiro...se virem com atenção, não há base para o chuveiro, a base é toda a casa de banho! Vendo pelo lado positivo não há o problema de molhar o chão...molhava sempre, e se não fechasse a porta molhava o quarto também!!
IMG_0004.JPG


Depois de fazer check in e andar por ali fui procurar o sítio onde se via o Symphony of Lights, o espectáculo de luzes feito pelos edifícios da zona de Victoria Harbour, na ilha de Hong Kong. Não sabia bem qual o melhor sítio mas vi uma pequena multidão a caminhar em direção ao mar e resolvi segui-los - touché! Fui dar a um sítio no Tsim Sha Tsui Promenade onde já estavam várias pessoas sentadas numa escada, assumi que estivam à espera do espectáculo e não me enganei! O meu chefe dizia que o espectáculo é foleiro mas eu adorei e só tive pena de não ter visto mais vezes!
Colagem sem título.jpg

O passeio está ligado à Avenue of Stars, que tem estátuas de várias personagens ligadas ao cinema, só que uma grande parte da Avenue of Stars está em obras, daí aquela "barreira" amarela à frente. Talvez seja por isso também que o espectáculo não tinha som (nos vídeos do Youtube tinha som).

O dia seguinte foi inteiramente dedicado às atracções turísticas "cliché". Tinha comprado no Klook os bilhetes para ir ao Ngong Ping Cable Car e o Victoria Peak Sky Pass; o Klook é uma espécie de Groupon para a Ásia tem descontos para várias atrações em vários países asiáticos. As reviews no Trustpilot são péssimas, mas no Tripadvisor encontrava outras opiniões. Um dos meus colegas de Singapura dizia que ele e os amigos dele já tinham usado o Klook várias vezes sem problemas por isso resolvi arriscar, paguei tudo com Paypal e correu bem. Para além dos bilhetes para o teleférico e Victoria Peak também comprei o ferry Macau - Hong Kong, poupei cerca de 10€ no total.

O Ngong Ping Cable Car é o teleférico que nos leva até ao Tin Tan Budha ou Big Budha, uma das principais atrações na ilha de Lantau. Eu tenho medo de alturas, e estava um bocado nervosa no teleférico, mas as vistas são muito bonitas.
IMG_0016.JPG

IMG_0023.JPG

IMG_0027.JPG


O teleférico demora cerca de 25 minutos mas na minha cabeça passou-se uma hora...no final vamos dar à Ngong Ping Village, não passa de uma vila turística com lojas e restaurantes para turistas. Antes de subir até ao Budha fui ao Mosteiro de Po Lin.
IMG_0033.JPG

IMG_0032.JPG


Depois disso, subida até ao Budha...
IMG_0035.JPG


E as vistas lá em cima
IMG_0037.JPG

IMG_0038.JPG


Apesar de ter visto várias fotos do Budha nunca reparei que tinha uma suástica no peito. Mas já sabia que antes de ser um símbolo nazi, a suástica era um símbolo budista.
IMG_0040.JPG

IMG_0041.JPG


Depois disto desci até ao Wisdom Path. Uma espécie de "estacas" de madeira com versos do Sutra do Coração, um dos principais Sutras budistas, dispostas em forma de 8 (símbolo do infinito).
IMG_0047.JPG


A seguir desci novamente no teleférico e apanhei em Tung Chung o MTR (metro) até à ilha de Hong Kong para ir a Victoria Peak. Em Tung Chung é onde fica o Citygate Outlets um dos principais outlets de Hong Kong. Tem lojas de várias marcas ocidentais (Michael Kors, Adidas, Coach, etc) mas os descontos não compensam é tudo mais caro que na Europa.

Cheguei a Victoria depois de almoço mas como a ideia era ir ao Sky428 apreciar as luzes dos edifícios de Victoria Harbour, era cedo de mais, então aproveitei para visitar o Hong Kong Park que era mesmo ao lado.
IMG_0051.JPG


Andei por ali um bocado a fazer tempo e depois fui para o Peak Tram. O Peak Tram é o eléctrico que nos leva até Victoria Peak, e é a maneira mais rápida de lá chegar. A viagem no Tram é engraçada mas é uma experiência sociológica aterrorizante. Como tram é pequeno e é imensa gente para entrar é tudo ao empurrão para chegar lá dentro, um horror! É daquelas coisas para se fazer uma vez na vida e não repetir nunca mais.
Colagem sem título (1).jpg

Cheguei a Victoria Peak, que é o ponto mais alto na ilha de Hong Kong. A principal atração aqui é o Sky428, o topo de um mini centro comercial. É aí que se tiram aquelas fotos de Hong Kong que toda a gente conhece, com os edifícios de Victoria Harbour iluminados à noite. Na realidade Victoria Peak tem mais para ver e há outros sítios onde temos vistas bonitas sobre a cidade. Eu comecei por ir ao Lion's Pavilion, que é um miradouro que também tem vista para Victoria Harbour só que fica uns metros abaixo do Sky428, e é gratuito.
IMG_0059.JPG


Para terem ideia da diferença de altura, aqui em cima está o Sky428 e em baixo onde estão mais pessoas é o Lion's Pavillion.
IMG_0089.JPG


Para queimar tempo andei a explorar a zona à volta. Há vários trilhos que partem ou passam em Victoria Peak incluindo o trilho de Hong Kong, um trilho de 50kms que quase atravessa a ilha. É muito agradável passear nestes trilhos pois ficamos longe da confusão de Victoria Peak, no meio da natureza, e com vistas fabulosas para a ilha. Eu fui primeiro procurar o jardim de Victoria Peak, que infelizmente não encontrei (já estava farta de andar sempre a subir e não encontrava nada, desisti), e depois fiz um pouco do trilho de Lugard Road. As fotos abaixo são as vistas do trilho de Lugard Road.
IMG_0080.JPG

Colagem sem título (2).jpg


Aqui reparei pela primeira vez que os andaimes deles são feitos de bambu, segundo me explicaram por causa dos tufões, o bambu é mais resistente exactamente por ter alguma flexibilidade.
IMG_0078.JPG


Como podem ver há vistas muito bonitas e a natureza felizmente é gratuita, é uma boa opção para quem não quiser pagar para subir ao Sky428. Eu já tinha o bilhete comprado e por isso lá fui. Queria esperar que anoitecesse para tirar fotos com os edifícios iluminados, que acendem as luzes das 18h às 00h. Acabei por ver o anoitecer no topo do Sky428, e ainda tirei algumas fotos antes do pôr do Sol.
 
Última edição:

Mel C

Membro Conhecido
IMG_0096.JPG

IMG_0099.JPG

IMG_0101.JPG

Foi esta a última foto do dia. Não estava com paciência para estar ali à espera que escurecesse mais, até porque um dos meus colegas de Singapura estava em Hong Kong e tínhamos combinado ir jantar com um colega de lá, o Ivan (não é o nome verdadeiro dele mas os colegas da Ásia adoptam nomes ocidentais para ser mais fácil comunicar connosco). O restaurante era na zona velha da ilha de Hong Kong, um restaurante tipicamente chinês. Mais uma vez a experiência da restauração em Hong Kong é diferente do que estamos habituados. Para dividir pelos três pedimos um prato de bolinhos de caranguejo e um prato de ganso, veio uma travessa com uma montanha de fatias de ganso, só que por baixo das fatias de ganso estava tofu! Só nos deram guardanapos quando pedimos e ainda acima os guardanapos eram uma caixa de lenços de assoar; o Ivan tinha o seu próprio lenço que usava para limpar a boca e depois guardava no bolso. Segundo ele o tofu, os guardanapos, é tudo normal.

Perguntei-lhe se as pessoas de Hong Kong se sentem chinesas ou ocidentais. Segundo ele as pessoas mais velhas são chineses que vieram da Mainland e sentem-se chineses. Mas os jovens não se sentem chineses. E as pessoas de meia-idade, como ele, estão realmente "no meio".

Depois do jantar e como íamos todos para a ilha de Kowloon fomos chamar um táxi. Entramos num táxi vazio e o Ivan diz ao taxista aonde queremos ir, uma grande conversa, que resultou connosco a sair do táxi porque o homem não queria ir para Kowloon. Tentámos mais dois táxis e nenhum queria ir para Kowloon, os taxistas não querem sair da ilha de Hong Kong para não perderem os clientes dali. Segundo o Ivan isto é ilegal, os taxistas são obrigados a levar os clientes a qualquer sítio. Ele contou que uma vez um taxista não queria levá-lo de Hong Kong a Kowloon e ele levou o homem até uma esquadra de polícia e o taxista foi multado e pagou a multa e ainda assim recusou-se a levá-lo! Quanto a essa noite, nós os três fomos no MTR.

Dia 11 de Janeiro era dia de partir para Guangzhou de comboio. Fui até à estação de West Kowloon. Antes de entrar no comboio passei por alguns quatro postos de controlo e ainda fui revistada pela Alfândega (não percebi porquê, não perguntaram pelo telemóvel nem pela máquina, só fizeram uma pesquisa de pólvora no saquinho dos produtos de banho). À hora a que fui não consegui apanhar o bullet train apanhei antes um comboio que parava em Shenzhen (onde são feitos os iphones) e outras cidades. Pelas janelas ia vendo umas cidades enormes sem grande piada e imensas obras por todo o lado.
Colagem sem título (3).jpg


Cheguei a Guangzhou, e percebi logo que tinha subestimado o nível de dificuldade do sítio. A estação de Guangzhou South é gigantesca e cheia de gente por todo o lado. Consegui encontrar facilmente o metro, mas não as máquinas para tirar os bilhetes. Havia várias placas a dizer "tickets" todas a apontarem para sítios diferentes e nenhuma ia dar a lado algum! Tentei perguntar a umas quantas pessoas onde se comprava os bilhetes mas assim que começava a falar inglês a malta a modos que fugia. Nem a senhora do balcão de apoio ao Turismo conseguia falar inglês. Andei uns bons 20 minutos a arrastar a minha mala de um lado para o outro na estação completamente desesperada à procura das máquinas de bilhetes. Às tantas lá as descobri, meio escondidas por detrás de uma parede. Pus as moedas e quando deitei a mão ao sítio onde saiam o troco e os bilhetes, não encontrei bilhete nenhum! Totalmente frustrada já estava a achar que tinha sido roubada na China! Olhando para as moedas que tinha na carteira percebi que o bilhete era uma espécie de moeda de plástico!
IMG_0550.jpeg


Mistério resolvido, vamos para o metro! De notar que na China em qualquer paragem de metro antes de entrarmos temos de passar as nossas malas num scan como nos aeroportos. O metro estava bastante bem sinalizado e tudo traduzido em inglês. Só que o metro de Guangzhou foi das piores experiências da minha vida. A abarrotar pelas costuras, só gente e mais gente a entrar em cada estação, Guangzhou tem 14 milhões de pessoas e eu achei que estavam todas ali no metro. Demorei uns bons 40 mins a chegar até à zona do hotel e quando respirei ar puro nem queria acreditar. O termo "ar puro" é um pouco optimista, o céu estava cinzento, achei que era nevoeiro mas segundo o que diziam na net era smog, basicamente poluição.

Quanto ao hotel, fiquei no Guangzhou Hc Inn, paguei 55€ por 3 noites. Mais um choque, ninguém no check in falava inglês. Tentei perguntar à mulher quando podia fazer check out e ela não conseguia dizer, e sinceramente nem se esforçava. O meu quarto era enorme, mas tinha um cheiro estranho (parecia que alguém tinha lavado tudo com detergente de chulé!), buracos e riscos de lápis nas paredes, pasta de dentes no azulejo da casa de banho. Eu estava completamente frustrada e exausta. O primeiro embate com a China foi duríssimo. O desespero de não conseguir encontrar as bilheteiras do metro e ninguém ajudar, ninguém tentar sequer perceber o que eu dizia, a antipatia das senhoras do hotel, aquele quarto decadente, enfim. Foi um bocado difícil acalmar-me e ganhar forças para sair para a rua.

A rua do meu hotel
IMG_0106.JPG


Tinha decidido que ia ver a Torre de Tv de Cantão. Pouco depois de ter saído já estava mais "leve" outra vez, fascinada a olhar para tudo! Passou por mim um chinês com uma t-shirt rosa choque que não parava de olhar para mim boquiaberto, apesar de ir de bicicleta o homem nem olhava pra frente, eu só me ria!:D

Aqui em baixo a Torre de Tv de Cantão, uma das maiores torres de tv do mundo. Na China os arranha-céus costumam ter nomes masculinos por serem altos e imponentes mas este edifício, por ter formato ampulheta, tem o nome de uma geisha famosa.
IMG_0107.JPG


Dá para subir lá acima onde há vistas fabulosas sobre toda a cidade de Guangzhou - se não estiver nevoeiro/smog. Eu era para ter ido mas não apanhei um único dia com sol. Neste dia andei a passear na zona da torre no passeio junto ao rio Pérola, e a apreciar e os edifícios do financial center que ficam do outro lado do rio.
IMG_0108.JPG

IMG_0115.JPG

Colagem sem título (4).jpg

Ainda passeei mais um pouco por ali, fui dar a um jardinzinho onde havia umas senhoras chinesas a dançar - uma das coisas interessantes na China é que as pessoas fazem muito tai-chi e danças na rua. Também descobri uma pagoda que gostava de ter visitado - o Templo das Six Banyan Trees, mas infelizmente estava fechado, e pelo estado do portão devia estar fechado há muito tempo.
Colagem sem título (5).jpg

Depois do passeio foi hora de ir jantar. Não estava com cabeça para mais choque cultural, então fui a um sítio que me pareceu fácil - o McDonalds. No McDonalds também ninguém falava inglês e tive de pedir o que queria apontando para um cartão com imagens dos menus. Ao meu lado estava um rapaz da África do Sul a fazer o mesmo. Surpreendida por finalmente encontrar um ocidental por ali meti conversa com ele. Queria muito falar com alguém, principalmente alguém que não fosse chinês e que me explicasse como se navega este mundo em que ninguém nos percebe e ninguém tenta sequer entender-nos. Descobri que ele estava pior do que eu, a viver em Guangzhou há 10 meses e ainda sem perceber nada de cantonês! Continuava sem ir aos restaurantes locais pois não entendia nada dos menus. Mas falou-me num sítio ali perto onde havia alguns restaurantes ocidentais, e eu tomei nota do sítio para lá ir.

Neste dia não me aventurei mais e voltei ao hotel. Tinha sido um dia de grandes emoções, a maioria negativas. Fiquei a reflectir em tudo o que tinha vido e vivido naquele dia. Impressionou-me muito a homogeneidade do povo chinês. Na Europa há pessoas de todos os tipos e feitios, pele mais clara ou mais escura, cabelo de cor diferente, olhos de cores diferentes, diferentes tipos de corpo. Os chineses eram todos muito parecidos, olhos e cabelos sempre da mesma cor, narizes e olhos com os mesmos traços. Assim se percebe que é um povo fechado, que nunca se misturou. Até agora não estava impressionada com o povo chinês. Mas o dia seguinte traria uma surpresa.

Tinha decidido que no dia seguinte iria à Montanha Xiqiao, um vulcão extinto que é hoje um parque natural onde há uma estátua de um Budha gigante. Direções apontadas no caderninho lá segui para a rua. Xiqiao fica fora da cidade de Guangzhou, fui de metro até ao terminal onde apanharia o autocarro. Tinha escrito no caderno o número do autocarro (251) que dizia na net que vai até à montanha, e no telemóvel um screenshot da Wikipedia onde aparecia o Budha característico do parque e o nome do parque em cantonês. Chegada ao terminal fui a uma bilheteira, mostrei à senhora o número 251 e o screenshot da montanha e no caderno desenhei um ponto de interrogação, ela chamou outra colega, mostrou-lhe o meu caderno e o meu telemóvel, e a segunda senhora fez que sim com a cabeça e apontou para o lado. Lá fui eu na direcção que ela tinha apontada, cheguei a um sítio onde havia seguranças e umas portas de entrada, parecia-me promissor. Mais de perto via os chineses a passarem o cartão de identificação num leitor de chip, "Oh meu Deus queres ver que o autocarro é só para os locais???" Mesmo assim pus me na fila e quando cheguei ao segurança mostrei o número 251 que tinha rabiscado no caderno, ele apontou para o lado também.

Indo mais para o lado fui dar a um local onde havia várias camionetas a chegarem entre as quais a número 251, fui a correr para o autocarro! Entrei e mostrei ao motorista o screenshot do parque, ele pareceu meio confuso mas acabou por acenar que sim. Tinha lido na net que o preço da viagem seriam 40RMB então dei uma nota de 100RMB ao motorista. Só que o motorista fez um ar de horrorizado! Procurei na carteira, tinha duas notas de 20RMB, estendi-lhe essas notas, mais uma vez um ar de horror! Dentro do autocarro só havia mais outro chinês que estava a rir se com aquilo tudo. O motorista fez sinal para eu me sentar, e eu percebi que ele me ia deixar ir no autocarro de borla, mas não me estava a sentir confortável com isso e continuei a pensar em maneiras de pagar. Reparei que o autocarro tinha uma espécie de leitor de cartões, cheguei ao pé do motorista com o meu cartão Revolut na mão, ele com um ar muito satisfeito acenou que sim, só que o Revolut não funcionou, lá fui novamente sentar-me sem pagar. Entretanto estava a reparar e no autocarro havia um autocolante com o número 4 e o que parecia ser o símbolo do Yuan, será que o autocarro final custa 4RMB?? Tirei 4RMB da carteira e fui novamente ao motorista, ele satisfeito acenou que sim, lá paguei o autocarro :D

A viagem de autocarro foi uma aventura e assim continuou. O autocarro estava sempre a parar e só entravam e saíam chineses, estávamos a passar por Foshan (a cidade a seguir a Guangzhou), pelas janelas só via umas cidades muito cinzentas e sem interesse nenhum. Deu para reparar que os chineses conduzem mal, e via várias pessoas a andarem de scooter mas sem capacete, inclusivamente vão famílias inteiras numa scooter todos sem capacete incluindo as crianças! Não me esqueço duma senhora que ia numa scooter com duas crianças pequenas literalmente amarradas a ela, uma atrás e outra à frente, e as crianças para além de meio suspensas no ar iam sem capacete! E amortecedor para o autocarro?? Autocarro com amortecedor é coisa de ocidental! Houve uma parte da estrada que devia estar tão esburacada que nós íamos lá dentro aos saltos, parecia o Lada Niva do meu pai quando íamos ao Alentejo!
Colagem sem título (6).jpg

Também reparei que o motorista nunca mexia no telemóvel quando estava ao volante, quando parávamos num sinal vermelho ele saía do lugar e ficava de pé ao lado do volante a mexer no telemóvel. Depois percebi porquê, o autocarro tem câmaras de videovigilância e uma das câmaras está em frente à porta do autocarro e totalmente apontada ao motorista.

Tinha lido na net que o percurso de autocarro seria 1 hora, mas às tantas já estava no autocarro há mais de uma hora, sem chegar a lado nenhum. As indicações das paragens estavam todas em cantonês, eu ia atenta à estrada a tentar perceber quando estaria perto mas era difícil, estava farta de estar ali fechada e já a duvidar se chegaria ao meu destino ou não. Entretanto o autocarro parou, o motorista pôs se de pé no autocarro e começou a falar com os passageiros, claro que em cantonês, e eu sem perceber nada, aquela viagem de autocarro já estava a ser aventura demais para mim. Depois percebi que ele estava a pedir às pessoas para me ajudarem a chegar ao meu destino. Às tantas ajudar-me tornou-se uma tarefa colectiva. Os chineses mais perto de mim começaram a falar entre eles, até uma criança estava a tentar ajudar, eu tentei dizer o nome do sítio onde queria ir, dei o meu telemóvel com o screenshot a uma rapariga mais nova, ela continuou a falar com os outros passageiros e o motorista, a conclusão a que chegaram foi que o motorista me iria avisar quando fosse a minha paragem.

Fica emocionada com aquela demonstração de preocupação comigo, depois de um dia em que chorei de frustração, hoje apetecia-me chorar de emoção. Continuei a viagem agora mais consolada, reconciliada com os chineses :) Fiquei no autocarro até à última paragem e quando parámos eu ia a sair mas o motorista fez-me sinal para continuar sentada. Tudo bem, resolvi continuar a confiar nele. Quando se levantou fez sinal para eu ir com ele e lá fui. E qual não foi o espanto quando ele me levou mesmo até à entrada do parque :)
Colagem sem título (7).jpg

Estava de coração cheio com tudo o que tinha vivido nesse dia. Depois de comprar o bilhete para o parque, começou a segunda aventura. A principal atração da Montanha Xiqiao é o Budha gigante sentado em flores de lótus, só que o parque tem várias entrada, e a entrada onde eu queria estar tinha uma avenida enorme que ia dar a direito ao Budha, era só andar sempre em frente. Só que em vez dessa entrada eu entrei por um sítio lateral, onde para chegar ao Budha tinha de subir a montanha. A primeira parte do percurso era na estrada, havia uns autocarros que andavam ali a passear os turistas e que passavam nessa estrada, ainda pensei ir no autocarro mas depois decidi que não, se estava ali era para andar a pé! Péssima escolha...é que para subir até ao Budha, é mesmo sempre a subir, e por caminhos de mato que não lembram a ninguém...pelo menos as vistas eram bonitas...
IMG_0137.JPG

Colagem sem título (8).jpg

Depois da estrada o caminho era literalmente por dentro da floresta
IMG_0141.JPG


Ainda encontrei uma espécie de pequena aldeia dentro da floresta...como o caminho tinha algumas partes em que bifurcava, tinha de ir pedindo indicações às pessoas que encontrava. Mostrava a foto do Budha e elas apontavam o caminho. Até umas senhoras de idade que estavam a vender fruta numas barraquinhas, perceberam que eu estava perdida e chamaram-me, mostrei a foto do Budha e elas apontaram para onde era. E um rapaz chinês a quem tinha pedido ajuda veio a correr atrás de mim quando percebeu que me tinha indicado o caminho errado:) Aqui mais uma vez só via chineses nada de ocidentais, e em grande parte do caminho estava eu sozinha no meio da floresta.
IMG_0143.JPG

IMG_0144.JPG


Este parque é gigantesco, andei para aí duas horas até chegar ao Budha, sempre a subir, em caminhos de estrada, de terra batida, de degraus em pedra....por fim cheguei.
IMG_0148.JPG


Para chegar até ao Budha era preciso subir escadas, e eu estava morta, já de pernas doridas...mas é claro que não tinha andado aquilo tudo para chegar ali e não subir até ao Budha...então vamos lá.
IMG_0150.JPG
 
Última edição:

Mel C

Membro Conhecido
IMG_0151.JPG


Já lá em cima:) Se o nevoeiro o permitisse ali atrás viam-se as cidades de Xiqiao e Foshan.
IMG_0153.JPG


Pormenores do Budha e dos espaços à volta
IMG_0160.JPG

IMG_0157.JPG

IMG_0163.JPG

IMG_0165.JPG


Depois de subir, era hora de descer. A sair dali enganei-me no caminho, segui por caminho de estrada, mas não me lembrava nada de ter subido por uma estrada. Lembrei-me que tinha subido uns degraus, lá encontrei uma escadaria no meio da floresta, mas olhava para baixo e não me lembrava nada daqueles degraus, que eram de betão e muito certinhos, achava que tinha subido por uns degraus irregulares...lá voltei para atrás. A zona ao pé do Budha é uma espécie de rotunda de onde partem os autocarros e onde há uns seguranças, lembrava-me do nome da porta por onde tinha entrado e tentei perguntar como ia lá dar mas a comunicação não estava a fluir, às tantas vejo uma senhora desaparecer por detrás de uma tabuleta amarela e lembrei-me quando acabei de subir a escada tinha visto aquela tabuleta! Corri para o sítio e lá estavam os degraus em pedra de que eu me lembrava! Lá fiz o caminho todo para trás até à entrada do parque, pelo meio da floresta.
IMG_0168.JPG
IMG_0169.JPG


Entretanto descobri que em vez da estrada que eu subi havia um atalho por dentro da floresta, pela Escada dos Cem Degraus, que é exactamente aquilo que o nome indica...eu ia a descer e por isso muito tranquila mas só me cruzava com pessoas que vinham a subir com uma cara de sofrimento que nem vos conto! Para verem como são os degraus...
IMG_0174.JPG


No final ainda fui dar a um pequeno lago.
IMG_0175.JPG
IMG_0176.JPG


É preciso dizer que este parque gigantesco, tem uma série de templos, lagos e cavernas que eu não vi, é tão grande que até tem um hotel lá dentro, acho que nem dois dias chegariam para explorar o parque como deve ser. Mas o parque é muito giro, e é muito bonito andar no meio da natureza, gostava de ter tido mais tempo para me perder aqui mas o caminho de regresso a Guangzhou ainda era longo.

Depois desta aventura regressei a Guangzhou, mais uma vez duas horas no autocarro, mais uma vez paisagens sem grande interesse, mais uma vez o autocarro aos saltos...a única diferença foi que desta vez vi uma barata bébe dentro do autocarro...:eek: verdade seja dita que os autocarros apesar de até terem umas modernices têm um ar bastante velho...

Já em Guangzhou resolvi ir a Beijing Road, estava convencida que era a zona dos mercados, mas é só uma zona comercial gigante com imensas lojas ocidentais...não me agradou, então resolvi regressar à zona da torre de TV para a fotografar iluminada.
IMG_0179.JPG


A torre iluminada é qualquer coisa...:) é a primeira coisa que vemos quando saímos do metro, só se via as pessoas com um ar maravilhado e os "Ohhhs" e "Ahhhs" de surpresa.
IMG_0180.JPG


Colagem sem título (10).jpg

E os efeitos de luz...

À semelhança do que acontece em Hong Kong, os edifícios do Financial district são iluminados à noite.
IMG_0182.JPG

IMG_0184.JPG

IMG_0186.JPG


Resolvi ir até Zhujiang New Town o sítio de que o rapaz da África do Sul tinha falado. Para minha surpresa, esse sítio era do outro lado do rio, no meio dos edifícios iluminados!
IMG_0193.JPG

IMG_0208.JPG


E via-se a torre do outro lado!
IMG_0203.JPG


Depois disto fui jantar num dos vários shoppings que haviam nesta zona (deviam ser uns 3 ou 4), não descobri os restaurantes de comida ocidental de que o rapaz falou mas encontrei um shopping onde os restaurantes tinham o menu traduzido! Entusiasmei-me e pensei que isso significava que os funcionários também falavam inglês, mas rapidamente me passou a fantasia.
 
Última edição:

Mel C

Membro Conhecido
No dia seguinte tinha planeado ir até a Baiyun Mountain, um parque pago num dos subúrbios de Guangzhou. Apontei as direções no caderninho e lá segui. Depois de sair do metro dizia que tinha de andar 10 minutos a pé até ao parque, só que eu saí do metro e estava no meio de um descampado manhoso onde não via quase ninguém, atrás de mim uma estrada enorme e prédios por todo o lado. Andei um pouco pelo descampado mas aquilo não me parecia bem, resolvi seguir pela estrada, estavam por ali taxistas e uns tipos de mota e começaram a meter-se comigo, não se via mais ninguém na rua, não estava a gostar nada daquilo. Andei um bocado pela estrada sem ver ninguém até que aparece uma senhora chinesa com um ar muito perdido e com um grande sorriso desata a falar comigo em chinês a perguntar onde fica não sei o quê!:eek: A sério que fui confundida com uma chinesa??

Resolvi voltar ao metro e sair numa estação chamada Baiyun Park, que muito convenientemente não fica ao pé de parque nenhum! Saindo do metro vi umas indicações para um tal Yunxi Ecological Park e resolvi espreitar o que era. Descobri que esse parque faz parte da Baiyun Mountain, só que é uma parte gratuita e mais pequena do parque. Pelo caminho do parque passei pelo Guangzhou Gymnasium onde havia uma corrida e uma dezena de chinesas a treinarem uma coreografia!:)
IMG_0212.JPG


O parque era pequeno mas muito agradável!
IMG_0214.JPG

Colagem sem título (11).jpg

Chineses a praticarem tai chi :)
IMG_0218.JPG


Este foi o dia dos parques! Saindo daqui decidi ir ao Parque Yuexi, cuja principal atração é uma estátua com cinco carneiros. Reza a lenda que uma grande fome se abateu sobre Guangzhou, surgiram cinco cavaleiros montados em cinco carneiros que traziam taças de arroz, prometendo que a população nunca mais passaria fome. Os cavaleiros cumpriram a sua promessa e partiram mas os carneiros ficaram, transformados em pedra. Este parque já estava todo enfeitado com decorações para o ano novo chinês, o ano do Porco, que este ano acontece a 5 de Fevereiro.
IMG_0226.JPG

Colagem sem título (12).jpg

Para não variar este parque era um labirinto e para encontrar a estátua foi a derradeira luta entre a mulher e os carneiros. Eu subi um monte (sim é só montes neste sítio!), desci o monte, dei à volta ao parque, subi o monte outra vez e finalmente lá acertei com o caminho! Antes de chegar à estátua ainda vi uns senhores a jogarem "futebol" com uma pena de badminton e a fazerem autênticas acrobacias com aquilo!:eek:
IMG_0243.JPG


Finalmente o raio dos carneiros!!
IMG_0245.JPG
IMG_0246.JPG


Depois disto fui até Haizhu Square, a zona de compras mais tradicional. Estava à espera de mercados com banquinhas mas eram tudo shoppings gigantes atrás de shoppings gigantes cheios de lojas chinesas, havia um shopping com três pisos só com sapatarias, uma loucura! Tinha lido que aqui se regateavam as coisas mas não vi ninguém a regatear nada, sinceramente pareceu-me um sítio mais direcionado a compras por atacado, mas ainda deu para comprar uns souvenirs.

À noite regressei a Zhujiang New Town, para ver os edifícios iluminados pela última vez. Foi esta a minha última noite na China. É preciso confessar que não foi um destino fácil, a China faz-nos sentir bipolares. Num minuto odiamos o mundo todo porque não conseguimos encontrar a entrada do metro e ninguém nos ajuda, no minuto a seguir vemos qualquer coisa linda e fantástica e achamos que o mundo é um lugar maravilhoso onde vale a pena viver. As pessoas da China primeiro desiludiram, depois surpreenderam-me. Aqueles comportamentos que já tinha ouvido falar que eles têm e que nós consideramos rudes - arrotar, mastigar muito alto, comer de boca aberta - fiquei surpreendida por tê-los visto muito menos do que esperava, e sinceramente já estava habituada, porque o meu avô já fazia tudo isso (foi preciso já não ter avô e ir à China para perceber que ele não era mal educado, era só chinês). E achei os chineses muito alegres, de uma alegria meio inocente. Vêem-se muitos grupos de amigos a conversarem alegremente na rua, casais fofinhos, pessoas a fazerem desporto, famílias com crianças, imensas crianças pequenas. É triste pensar que aquelas pessoas alegres e descontraídas vivem num estado de alta supervisão em que podem ser presas ou assassinadas por dizerem ou fazerem algo de que o Partida não goste.

Estou muito habituada a viajar sozinha, e vivo sozinha, passo imenso sozinha e é tudo bom, mas na China, pela primeira vez, senti-me sozinha. Ali não podia falar com ninguém, mesmo que quisesse. E passar três dias sem ver a luz do Sol também não tinha ajudado à moral. Por tudo isto estava aliviada por regressar a Hong Kong no dia seguinte.

A minha última refeição na China - custou nem 2€:
IMG_0589.jpeg


No dia seguinte lá parti para Hong Kong. No metro tive mais uma vez de passar as minhas coisas no scan, ao ver-me com um trolley gigante o segurança pegou logo nele e pô-lo no tapete; do outro lado, o outro segurança pegou no trolley e pô-lo no chão por mim. Um rapaz pegou no meu trolley e pô-lo dentro do metro, tudo sem eu pedir nada. É por isto tudo que guardo boas recordações dos chineses, e que os acho muito mais amigáveis e bondosos do que muita gente pensa. Já na estação, mais uma vez perdi o bullet train mas este comboio também chegava aos 300km/hora! Desta vez fiquei no hostel Hopp Inn on Mody na Mody Road, mais uma das ruas transversais à Nathan Road, paguei 57€ por três noites.

Depois de deixar as malas fui até às Central Mid-Level Escalators, as maiores escadas rolantes de rua, parte das escadas estão em reparação e tem de se subir a pé.
IMG_0263.JPG
IMG_0266.JPG


As vistas de Hong Kong...aqui em baixo o din din, o elétrico deles
IMG_0262.JPG

IMG_0267.JPG

IMG_0268.JPG


De seguida fui ao Man Mo Temple, um templo pequenino na Hollywood Road, a rua dos antiquários.
IMG_0271.JPG

Colagem sem título (14).jpg

Os antiquários
IMG_0276.JPG


E uma rua com várias bancas a venderem quinquilharias...acho que eles tentavam que aquilo passasse por antiguidades, mas como todas as bancas vendiam as mesmas coisas dava pra topar que vinha era tudo da mesma fábrica na China.
IMG_0278.JPG


Depois andei um pouco por Causeway Bay, uma zona com várias lojas. Fiz o caminho a pé até ao Central Government Complex, um complexo de edifícios administrativos do governo que tem uma arquitectura particular. Pelo caminho, alguém tinha feito um templo debaixo de uma ponte...
IMG_0282.JPG
 
Última edição:

Mel C

Membro Conhecido
Na esperança de que este chocolate do ano novo Chinês me traga sorte e prosperidade...e não uns kilinhos a mais...:D
IMG_0606.jpeg


O Central Government Complex, que é o edifício que parece uma ponte
IMG_0288.JPG


IMG_0295.JPG


Os outros edifícios do centro financeiro
IMG_0290.JPG


Colagem sem título (15).jpg

IMG_0301.JPG


E as vistas para Tsim Sha Tsui (em Kowloon)
IMG_0302.JPG


Depois disto fui ao Ladie's Market, para terminar as compras. Aqui sim é preciso regatear tudo, eu regateava e só comprava se aceitassem o meu preço. Practicamente todas as barraquinhas vendem a mesma coisa por isso se não conseguirem negócio com um vendedor é só procurar outra barraquinha! Aqui também se vendem imensas falsificações (malas Prada, Chanel, etc) , a maioria bastante bem conseguidas!
IMG_0306.JPG


No dia seguinte tinha planeado fazer o Dragon's Back Trail. Hong Kong tem imensa natureza e imensos trilhos para caminhadas, o Dragon's Back é o mais popular, diz que até foi considerado o melhor trilho na Ásia pela revista TIME. É um trilho de 8,5kms na ilha de Hong Kong, que termina na Big Wave, a praia dos surfistas. O trilho é bastante fácil e pelo caminho há vistas lindíssimas.

Na net aconselhavam apanhar um autocarro até ao início do trilho, eu pensei "qual quê se é para andar é para andar!", só que não consegui encontrar o início do trilho! Saí do metro e fui dar a um mercado de frescos, ainda dei por lá uma voltinha, muito agradável andar por ali e sentir o cheiro dos produtos frescos:)
IMG_0309.JPG


Depois de andar um pouco totalmente perdida desisti, e então percebi porque aconselham ir de autocarro até ao início do trilho, é que para chegar lá andei meia hora de autocarro sempre a subir a pique!

A primeira parte do trilho são escadas e mais escadas, quase meia hora a subir escadas sem parar :eek:
Colagem sem título (16).jpg

As vistas! Como dá para ver estava imenso nevoeiro e muita humidade, conseguia ver o vento a levar as gotinhas de água!
IMG_0311.JPG


O trilho foi mesmo muito giro e agradável. Passei muito tempo sozinha no meio da natureza, de vez em quando lá apareciam outras pessoas mas estive quase sempre sozinha por ali. Devido à humidade o chão estava meio escorregadio e como o caminho tem imensas pedras e raízes pelo chão eu fartei-me de escorregar, felizmente só caí uma vez (e quando caí, é claro que tinha audiência!) E achei que o trilho não era apropriado para crianças mas passou por mim um casal indiano com duas, o pai levava uma criança pequena pela mão e a mãe para além de ter um bébe no marsúpio ainda ia a carregar um carrinho de passeio! :eek: Aqui em baixo as vistas para Shek O
IMG_0316.JPG


Colagem sem título (17).jpg

Este ponto aqui em baixo era supostamente o ponto mais alto do trilho, onde devia haver vistas fantásticas, para minha tristeza não se via era nada...
IMG_0323.JPG


Lá continuei o trilho...
Colagem sem título (18).jpg

A partir daqui era a parte final do trilho, mais perto de Big Wave. Nesta parte havia uma escadaria com uns degraus em pedra, parecia fácil, mas foi aqui que escorreguei, e fiquei sentada no chão...à minha frente um casal chinês ficou a olhar mas eu levantei-me muito rápido e segui caminho!
IMG_0333.JPG

Colagem sem título (19).jpg

Achei esta última parte do trilho muito chata, sempre a andar sem parar no meio da floresta, só se via floresta e mais nada, mas depois de mais de uma horinha lá cheguei a Big Wave, que não era big e neste dia também não tinha waves...
IMG_0342.JPG


IMG_0345.JPG


E assim terminou a caminhada!:) Uma manhã muito bem passada mas se soubesse o que hoje sei teria ido num dia com menos nevoeiro!

Depois disto apanhei o autocarro de volta ao metro. Não apanhei o autocarro "normal" mas um autocarro estilo carrinha pão de forma que se chama "Public Light Bus" e só tem 16 lugares. O autocarro não tem botão para carregar, quando querem sair as pessoas berram e o motorista pára, e aqui só se pagava o autocarro antes de sairmos; o valor estava escrito num papel colado ao vidro. Aqui o autocarro já depois de sair no metro
IMG_0348.JPG


À tarde fui para o Templo dos 10,000 Budhas, assim chamado por ter mais de 10,000 estatuetas de Budhas. A entrada para o templo faz-se por um caminho onde de um lado e de outro há estatuetas douradas de Budhas, todos os Budhas são diferentes! Achei alguns dos Budhas meio assustadores...E como ainda não tinha andado o suficiente o caminho até ao templo é numa subida íngreme onde há 431 degraus!! o_O Não os contei, mas para as minhas pernas pareceram 10,000!!!!
 
Última edição:

Mel C

Membro Conhecido
IMG_0354.JPG


Colagem sem título (20).jpg

Para verem o que se sobe, o templo é lá em cima...
IMG_0356.JPG


IMG_0364.JPG


Já no complexo do templo
IMG_0371.JPG

Colagem sem título (21).jpg

Colagem sem título (22).jpg

Dentro do templo, onde dizem que estão as 10,000 estátuas de Budhas, todas elas diferentes.
IMG_0385.JPG


E esta pagoda é a que aparece em algumas notas de 100HKD
IMG_0376.JPG


Ao lado havia outros templos mais pequeninos para explorar.
IMG_0387.JPG

Colagem sem título (23).jpg

Por último, as pás que os senhores usavam para varrer a rua...:D Vi várias pás destas, pareciam todas feitas de latas de tinta ou de latas de gasolina...

IMG_0397.JPG


Depois disto, e como eu não me canso de passeios, mais um passeio...:D Desta vez à Kowloon Walled Village City Park! A Kowloon Walled Village era um guetto dentro de Kowloon, uma zona onde viviam milhares de pessoas em prédios tão altos e tão chegados uns aos outros que em algumas ruas o Sol não brilhava, uma área totalmente dominada por gangs, traficantes de droga e prostitutas! A zona foi toda demolida e é hoje um parque onde ainda se conservam alguns dos elementos da vila original, nomeadamente parte do portão de entrada. Caminhando pelo parque é difícil imaginar que viviam ali milhares de pessoas, aquilo é mesmo pequeno...

Para chegar lá apanhei o metro e depois disso novamente um public light bus...só que desta vez as paragens do autocarro não estavam marcadas, felizmente eu tinha o Citymapper que mesmo offline acompanhava o percurso do autocarro e me dizia onde estava; para sair as pessoas gritavam quando queriam e o autocarro parava. Uma senhora saiu e percebi a motorista perguntar em cantonês se mais alguém queria sair, a minha paragem estava perto por isso disse para onde queria ir e ela parou lá ao pé.
Colagem sem título (24).jpg

E depois disto acabaram-se finalmente os passeios :D

O dia seguinte foi o dia de visitar Macau. Há dois barcos que fazem a travessia Macau - Hong Kong, o Cotai (mais lento), e o Turbojet, eu já tinha comprado pela Klook os bilhetes para o Turbojet. O Turbojet é um barco a jacto fabricado pela Boeing - é o Boeing 929 :) Não consegui tirar foto aos barcos na ida mas fica a foto que tirei no regresso.
IMG_0638.jpeg


À ida para Macau estava mau tempo, muito frio e chuva, e o mar muito picado. O barco ia aos saltos, a sensação era igual ao que se sente no avião quando se passa os poços de ar, não foi fácil...mas finalmente lá cheguei a Macau.

Não tinha nada planeado, só queria mesmo deambular por ali. Para andar nos transportes públicos tive de levantar patacas, em Macau aceitam HKD mas não fazem o câmbio dão o troco por igual, ou seja, perdemos dinheiro. Apanhei o autocarro até às Ruínas de São Paulo e lá fui eu.

É muito giro em Macau ver que está tudo escrito em português, até as paragens do autocarro são anunciadas em português e cantonês, no entanto a maioria da população não fala português. Também achei piada às lojas terem parte do nome em português :D

Colagem sem título (25).jpg


Quanto às ruínas, já tinha visto muitas fotos na net e não me impressionaram, ao vivo até achei alguma piada.
IMG_0438.JPG
IMG_0439.JPG


Depois visitei a Fortaleza do Monte ali ao lado.
IMG_0446.JPG

Colagem sem título (26).jpg
 

Anexos

Mel C

Membro Conhecido
De seguida Largo do Senado
IMG_0449.JPG
IMG_0450.JPG


Confesso que até aqui não estava a achar grande piada a Macau. Tinha tudo para ser encantador se não fosse a quantidade de gente que havia por todo o lado. Não era um cheio de gente como em Hong Kong, em que dá para irmos andando, era um cheio de gente que mal se podia andar. Resolvi apanhar o autocarro até à Taipa para ver se ali se estava melhor.

A Taipa agradou-me logo. Muito pequena mas muito mais tranquila. Tinha planeado sair na última paragem do autocarro, mas estava a ver umas ruas que me agradavam e saí na Escola Luso-Chinesa de Macau.

IMG_0451.JPG


IMG_0456.JPG


IMG_0457.JPG


A Taipa fica colada a Cotai, a zona dos casinos. Resolvi ir espreitar os casinos, aquilo é um escandâlo!!!:eek: Hóteis gigantescos com casinos gigantescos, tudo cheio de brilhos e dourados e rocócós, e carpetes fofinhas, e um centro comercial gigante que tem ligação aos casinos...nunca vi nada assim!!

Colagem sem título (27).jpg

Colagem sem título (28).jpg

IMG_0465.JPG


Já tinha ouvido dizer que em Macau ainda há algum carinho pelos portugueses, quando entrei no casino tive de mostrar o passaporte ao segurança, que fez um grande sorriso quando o abriu. Depois tive de voltar a passar no casino para ir embora, novamente o segurança pediu-me o passaporte, abriu-o e virou-se para mim com um grande sorriso "From Portugal?!":D

Gostei da Taipa mas achei pequenino, ainda visitei o Museu da Taipa e de Coloane mas depois disso e de mais umas voltinhas já não sabia bem o que fazer. Apanhei o autocarro de regresso ao Largo do Senado mas as multidões de gente tornaram o passeio desagradável, tinha planeado ficar em Macau até mais tarde para ver os casinos iluminados e jantar no Solmar, o restaurante da família duma colega minha, com o desagrado e o frio acabei por decidir ir embora. Gostava de ter gostado mais de Macau, tem tudo para ser um local encantador ainda que sem muita coisa para ver, com menos gente de certeza que teria gostado mais do passeio. No aeroporto de Zurique antes de embarcar para Hong Kong estive imenso tempo à conversa com um casal de portugueses que viviam em Macau, a senhora queria muito mudar-se para Hong Kong mas a emigração era complicada, só me dizia "Em Macau não se passa nada...", tive de lhe dar razão.

Mais algumas fotos de Macau

IMG_0474.JPG


Colagem sem título (29).jpg

E achei piada a estes dois, a Portugália e A Tasca do Luís, na Taipa:D Viam-se imenso restaurantes de comida portuguesa mas achei caros e pelas fotos alguns pratos pareciam-me uma cozinha de fusão esquisita...
IMG_0477.JPG

Dia seguinte, 17 de Janeiro, foi o meu último dia em Hong Kong. Estava a custar dizer adeus a esta cidade tão eclética, onde há coisas tão contraditórias e tão bonitas. Como o voo era às 00h30 ainda tive o dia inteiro para passear. E despedi-me em grande: a caminhar a Nathan Road inteira, e a passear em Tsim Sha Tsui, o primeiro sítio onde estive quando cheguei.

Comecei por ir ao Flower Market, que é espectacular. Um mercardo de flores enorme, atravessa grande parte da Prince Edward Street e ainda vira!!:eek: Aqui há de tudo para quem gosta de jardinagem, flores e plantas das mais variadas espécies, adubos, vasos e adereços, tudo com imensa variedade. Eu bem que gostava que houvesse uma coisa destas onde eu moro (e gostava de não ser daquelas pessoas que matam as plantas todas:oops:...)
Colagem sem título (30).jpg


A seguir a isto havia algo ainda melhor: o Birds Garden:) É o sítio onde os chineses levam os seus pássaros para passearem e conviverem uns com os outros. Isto porque os chineses acreditam que se os pássaros não saírem à rua deixarão de cantar. Para além dos pássaros em passeio também há lojas que vendem pássaros, gaiolas de madeira bonitas, e comida para pássaros, incluindo insectos vivos!
Colagem sem título (31).jpg

Estava na Prince Edward Street, que fica quase no final da Nathan Road, do lado norte. Como o hostel onde tinha a minha mala ficava no início da Nathan Road, decidi fazer a rua a pé. É preciso dizer que a Nathan Road é uma rua muito particular. É uma meca de lojas e centros comerciais, deve ter centenas de lojas e uma dezena de shoppings, desde shoppings com lojas ocidentais caras estilo Prada e Louis Vuitton, a shoppings de lojas chinesas. Há uma série de lojas que se repetem ad eternum: Mannings (saúde/beleza), Sasa (cosmética), Watsons (drogaria), Fortress (electrónica). Há lojas destas umas a seguir às outras e umas em frente às outras, e também há uma série de lojas chique e às vezes os chineses até fazem fila à porta! Aqui ficam algumas fotos da Nathan Road.
Colagem sem título (32).jpg
 
Última edição:

Mel C

Membro Conhecido
Fui andando por ali (a rua tem quase 4kms segundo a Wikipedia), observando as lojas, o trânsito, as pessoas. A senhora de Macau tinha-me dito que em Hong Kong há muitos carros topo de gama e eu realmente durante a estadia vi uns quantos Porsches e Ferraris (vi um Ferrari amarelo!!), e dois Tesla. A meio caminho almocei, e depois fui espreitar o Kowloon Park, é um parque pequeno, sentei-me um bocado a descansar ao sol. Mais chinesas a treinarem coreografias na rua...
Colagem sem título (33).jpg


Também há por ali uma mesquita onde só entram muçulmanos.
IMG_0529.JPG


Depois fui dar ao Garden of Stars - é estilo o Avenue of Stars mas em jardim.
Colagem sem título (34).jpg

E apreciar as vistas
IMG_0514.JPG

IMG_0515.JPG


E como a Avenue of Stars estava fechada, a única foto possível do Bruce Lee...
IMG_0518.JPG


Para o lado do Star Ferry...não cheguei a andar no Star Ferry, o meu colega de Hong Kong dizia que é mais lento que o metro, só é giro pela travessia, mas como já tinha andado no ferry HK - Macau achei que não valia a pena.
IMG_0524.JPG


IMG_0521.JPG


A Torre do Relógio, a única peça que resta da estação de comboios Kowloon - Cantão

IMG_0526.JPG


Acabei o passeio e a viagem no Tsim Sha Tsui Promenade. Sei que Hong Kong é visto como um sítio de escalas, a maior parte das pessoas passa por lá a caminho de outros destinos na Ásia, mas a verdade é que Hong Kong tem imenso para ver, acho que era capaz de passar lá uma semana inteira só a fazer caminhadas! Para quem gosta de compras, também tem muito com que se entreter!

Para acabar, as maravilhosas traduções chinesas...
Colagem sem título (35).jpg


E uma última foto, não de Hong Kong mas do metro de Guangzhou :D
IMG_0579.jpeg
 

ploferreira

Administrador
Staff
Olá @Mel C

Que grade viagem, isso é que é coragem para fazer uma viagem destas sozinha, gostei muito do que vi, sem dúvida uma realidade muito diferente da nossa!

O que eu me ri com essa casa de banho he he he :D
 

Ricardo_7

Membro Conhecido
Olá Mel,
Obrigado pela fabulosa partilha! :D

Ir sozinha para um local destes, ainda se torna mais aventureiro :) Obrigado por nos fazeres viajar contigo! Apesar de não estar na minha lista de prioridades, gostei bastante do que aqui vi e li :)

É caso para dizer, que venha a próxima ;)
 

rum

Membro Conhecido
Tanta matéria e da boa para ler. Passei por Guangzhou, Hong Kong e Macau. De facto são realidades muito diferentes das nossas, mesmo em Macau. A China é imensa e tudo é feito a essa escala é grande, e o facto de ser grande e eles serem muitos nós os ocidentais para eles somos indiferentes. É um facto, que ninguém fala inglês e se queremos comunicar com alguém terá de ser com adolescentes. Mas nos hotéis não tive qualquer dificuldade de comunicação. Mesmo nos restaurantes traziam sempre uma ementa com fotografias. Curiosamente, não andei de metro em Guangzhou mas andei em Pequim e em Shangai, além da dificil comunicação com eles, e para comprar bilhetes tinha um mapa do metro no smartphone fazia zoom à foto e apontava a estação para onde queira ir.

O meu primeiro impacto com a China também foi numa estação de comboios e é de facto tudo gigantesco... fiz os percursos todos em comboio de alta velocidade e fiquei espantado com a organização, com a segurança, com o conforto dos comboios e claro está com as estações de comboios que parecem verdadeiros aeroportos. Também tive alguma desorientação quando cheguei à China porque queria levantar os bilhetes de comboio que já tinha comprado para as viagens seguintes mas ao contrário de ti só encontrava máquinas de venda automática. Também achei exagerado o facto de em todas as estações de metro existirem os scanners para a bagagem mas depois de entrar no ritmo já era tudo feito com normalidade.

Por fim algo que também relatas as construções... fiz alguns milhares de km de comboio e pude ver a quantidade de betão que estavam a construir... impressionante. E claro a poluição, aquela gente não sabe que o céu é azul... em Pequim então... é tudo cinzento...

Hong Kong, uma verdadeira torre de Babel e verdadeiramente multi cultural. Há de facto muita gente que não fala inglês e achei estranho mas nada que se compare com a China. Também passei pelo "aperto" e demora para subir ao Victoria Peak... impressionante a quantidade de gente.

E seguindo na dificuldade de comunicação, a cereja no topo do bolo é Macau... onde tudo está em Português, o nome dos estabelecimentos comerciais, as ruas, os transportes públicos, a carteira de taxista profissional pendurada no tablier do táxi, as ambulâncias a com a inscrição ambulância os carros de bombeiros e as fardas dos bombeiros a dizerem bombeiros... e ninguém fala Português... mesmo no controlo de passaportes, onde todos os editais afixados todas as informações serem em Português olhar para o meu passaporte com se estivessem a olhar para o passaporte de alguém que viesse de outro planeta.

Outra coisa que achei impressionante em Macau, foi a quantidade de pessoas... muita gente por todo o lado. E achei interessante o transporte gratuito por conta dos casinos desde o ferry para cada um dos casinos sem a obrigatoriedade de entrar no casino.

Não sei se viste o meu report, está na minha assinatura, também é (digo eu) interessante de se ler.
 

Mel C

Membro Conhecido
Olá @Leonorb, @ploferreira e @Ricardo_7 muito obrigada!!:D

@ploferreira segundo o meu colega de Hong Kong aquelas casas de banho não são raras, por isso se algum dia fores a Hong Kong, é escolher bem o hotel!!!:D

@rum já tinha lido o report do Transiberiano sim, muito bom mesmo! Foi lá que vi pela primeira vez os senhores que jogam futebol com as penas de badminton, tive sorte de assistir a um "jogo" desses também!:D E Shamian island, era para ter ido mas depois passou-me completamente!

A China realmente, é mesmo um mundo à parte...sinceramente a viagem a Guangzhou não foi divertida nem relaxante, houve momentos maravilhosos, mas é duro, o choque cultural é imenso. E tal como dizes a escala é enorme, tudo é longe, tudo demora imenso tempo, anda-se imenso...é preciso ir com o mindset certo, que é ver tudo como uma aventura, porque nunca sabemos quando vai aparecer a próxima dificuldade, tarefas que parecem simples assumem uma complexidade dantesca (sair do metro e andar 10mins...mas em que direção???? Comprar os bilhetes...mas onde???)!

Gostava imenso de voltar a China, é uma país com uma histórica e uma cultura riquíssimas, mas sozinha não sei se volto a ir, as dificuldades ultrapassam-se mas o problema foi a sensação de solidão, de não ter ninguém com quem falar, nem aquela coisa da conversa de circumstância com os empregados das lojas/restaurantes, nada...ainda para mais o ano passado a China bloqueou uma série de VPNs, hoje em dia acho que só as pagas funcionam, eu por 3 dias não quis pagar então andei sem Facebook, sem Instagram, sem email, sem nada...felizmente o Slack da empresa funcionou (por agora...) e como tenho amigos no trabalho ainda falei com eles, sempre com o delay do fuso horário...juntando isso à falta de sol (eu não gosto de calor mas adoro sol), houve ali alturas em que estava mesmo a bater mal!

Não sei como é no resto da China mas o metro de Guangzhou foi mesmo muito simples de navegar, e as máquinas automáticas podiam ser mudadas para inglês, eu com tanta prática no último tirei o bilhete com a máquina em cantonês e tudo :D e de tanta viagem de metro e autocarro sei dizer "próxima paragem" em cantonês (totalmente inútil, mas adiante...)

Quanto a Macau, nós nunca "impusemos" o português em Macau, daí que a maioria da população não fala, acho que quem fala português em Macau é uma minoria rica...e os chineses não adoravam os portugueses (os portugueses ficavam com todos os cargos bem pagos, ganhavam mais que os chineses, tinham regalias que os chineses não tinham) e a motivação para aprender não deve ter sido muita! Deve é ser estranhíssimo para a população viver num país onde tudo é escrito numa língua que não lhes diz nada!

HK e Macau são sítios fáceis agora a China, é preciso ir lá para perceber a complexidade daquilo...acredito que a China ainda vai mudar muito daqui a uns anos, a China tem se aberto mais ao mundo e há cada vez mais jovens chineses a viajarem, e a perceberem que há maneiras diferentes de viver, e hão de questionar qual é a vida que querem ter. Fico mesmo triste de pensar naquelas pessoas tão alegres e no contexto em que vivem, acho que temos muito a aprender com a alegria deles e o valor que dão à família. Mas acho que o melhor que trouxe da China foi mesmo a apreciação pela liberdade que nós no ocidente temos, e que não troco por nada no mundo!
 

PaulaCoelho

Membro Conhecido
Mas que grande aventura! :D Adorei!!

Hong Kong e Macau também estava nos meus planos quando visitei a China mas depois percebi que a China é quase um continente e que não teria tempo, mas hei-de lá ir!
Sem dúvida que é um país de contradições e acho que não senti tanto esse choque de que falas pois ia no espírito certo: totalmente preparada para me perder todos os dias, para não apanhar o comboio ou bus certo, para não perceber nada de nada, para apontar ao calhas para a ementa e comer o que me dessem sem questionar muito e etc :p... também ia preparada com algumas imagens do que queria ver e uns nomes escritos em chinês e isso foi uma grande ajuda pois aquela malta tentava ajudar mas não falam um pingo de inglês!
O Maps.me também foi muito útil e quase nunca me falhou pelos sítios onde andei (menos bem nas montanhas em Zhangjiajie).

Quando fui à China reservei hostels pois a probabilidade de apanhar jovens que falem inglês é maior, mas na realidade falam é chinglês mas tentaram sempre ajudar.
Quanto às WC, apanhei sempre dessas e foi então que percebi porque alguns locais tinham chinelos de praia para usarmos... agora até acho que foi um luxo pois no Irão algumas casas tradicionais têm esses chuveiros mas não há sanita ocidental e sim aquele buraco no chão :eek:

Foi pena todo esse nevoeiro que apanhaste! Lucky me que em Maio apanhei baixos índices de poluição e deu para ver um céu azul.
Os chineses têm uma maluqueira qualquer com montanhas, alturas e degraus... maluqueira essa que adorei e espero qualquer dia voltar a desfrutar :D
Só ou acompanhada espero que voltes à China pois a Mainland é linda e tem muito para explorar. :)
 

yara

Membro Conhecido
Obrigada pela partilha, @Mel C :)
Gostei de reviver a minha viagem a Hong Kong e Macau, mas confesso que não tenho saudades e não é sitio que tencione voltar.
Fui, gostei mas não tenciono voltar.
Macau é como dizes, foi o sitio onde estive onde vi "mais cabeças" (sinónimo de mais gente).
Uma pessoa olha para as Ruínas de S. Paulo e só vê gente, gente, gente.
Na altura achei o ponto de paragem ideal para ir para as Filipinas, estive 2 dias em Hong Kong e 2 dias em Macau e acho que foram suficientes, deu para ver os pontos principais.

Confesso que o resto da China pode ser muito interessante mas não me desperta curiosidade...:confused:
 

PauloNev

Moderador Honorário
Staff
Muito obrigado pela partilha.
Uma viagem bem interessante e cheia de peripécias.
Belas fotos a ilustrar, e que deixam a vontade de também ir conhecer muitos desses locais.
Boas viagens ;)
 

Antonia.M.S.

Membro Conhecido
@Mel C que viagem! Que aventura!! Gostei muito de ler tudo o que partilhou connosco ( e das fotos também), foi uma experiência fantástica que decerto vai guardar num “lugar” especial.
Confesso que a China é um destino que me atrai, mais as zonas rurais, a natureza, do que propriamente as grandes urbes, e gostaria muito de ainda ter essa possibilidade. Não viajo sozinha, mas não teria problemas ou dificuldades em o fazer, mas para a China pensaria duas vezes...;):oops: É o choque cultural, a língua, o tipo de sociedade...
Obrigada por partilhar connosco a sua aventura. Adorei!:D;)
 

Mel C

Membro Conhecido
@yara e @PauloNev muito obrigada pelas palavras!

@PaulaCoelho o maps.me tentei usar mas ou eu não atinava com aquilo ou aquilo não atinava comigo, não foi grande ajuda! Tradutor Pleco, acho que estava em mandarim porque tentei usar mas o pessoal ficava com um ar baralhado. E também adorei as montanhas e a natureza, quer na China quer em Hong Kong. Hong Kong vale bem a pena, adorava regressar para mais umas caminhadas e conhecer as ilhas mais pequenas e selvagens, a maior parte das pessoas não tem noção de como Hong Kong tem natureza por todo o lado...era capaz de voltar e passar uma semana só em caminhadas!

De certeza que irei voltar à China até porque o Tibete é a minha viagem de sonho (é complexo, mas é exequível!), estava a planear fazê-lo mais para o final do ano mas não me sinto com vontade de voltar tão cedo...acho que vou activar novamente o plano Irão!

@Antonia.M.S. muito obrigada pelas palavras! Não deixe de ir à China, não é um destino fácil mas vale bem a pena, e permite-nos perceber como há realidades tão diferentes das nossas, é um choque cultural mas é isso o que nos faz crescer. Quanto à China rural, mesmo à saída de Macau existe Zhuhai, uma zona da China onde é fácil chegar à parte rural. Quem me falou do lugar foi o casal de Macau que conheci em Munique, segundo eles Zhuhai tem um mercado muito bom incluindo um mercado de pérolas muito giro, mas muitas das pessoas que lá estão são chineses do campo. Se tivesse sabido disto mais cedo teria encaixado Zhuhai depois de Guangzhou, acabei por não conseguir, mas fiquei com curiosidade. E acredite que as dificuldades se ultrapassam, no fundo a maioria das pessoas são boas pessoas e surpreendemo-nos com o que são capazes de fazer por nós quando precisamos de ajuda!
 

ALTF4

Membro Conhecido
Mas que grande aventura... nunca sentiu a falta de uma companhia para partilhar todos estes momentos e vivências?? Tenho muita vontade de um dia fazer uma viagem me, my self and i, só os 3, mas faz-me um pouco de confusão... ou eu é que faço a confusão.. :)
 

Cristina Sousa

Membro Conhecido
O que eu já me ri com tantas peripécias, contadas de uma forma leve e divertida. :D
As dificuldades também nos fazem superar e mostrar o melhor de nós. E tu conseguiste reverter e ver o que de bom as experiências te proporcionaram.
Não sendo uma viagem de sonho para mim, reconheço que deve ser uma grande experiência e todo um mundo novo a descobrir. O oriente será mesmo muito diferente, quer ao nível cultural, pessoal, quer mesmo de impacto visual. Quem sabe um dia não vou dar uma espreitadela?:cool:
Obrigada pela partilha, está um relato impressionante!;)
 
Top