Cláudio Pereira
Membro Conhecido
China...
País que sempre me despertou interesse, pelos mais variados aspectos. Sociedade, cultura, clima, paisagens, língua, gastronomia, arquitectura dos palácios/pagodes/casas entre outros. O que iria encontrar ?
O que se vê em fotos e videos e o que se ouve contar, seria mesmo assim ou apenas boatos ou excepções à regra ?
Eram muitas dúvidas que quis ir confirmar e conhecer o mais que pudesse, dentro das minhas possibilidades.
Fui com a minha mulher no mês passado, após muitos dias a pesquisar e a organizar tudo à nossa conta e risco e posso-vos já adiantar que valeu bem a pena.
Como o titulo diz, não fomos à muralha, e não fomos porque, embora seja um ícone conhecido mundialmente, não tem de ser necessariamente do interesse de todos. Para nós, quando olhamos para as fotos da muralha, bem ou mal, vemos...pedras empilhadas pelo homem. Desculpem a rudeza da afirmação e a falta de tacto, mas para nós, ir tão longe para nos enfiarmos dentro de um museu a ver quadros ou ver pedras empilhadas pelo homem não tem muita diferença. No máximo, o interesse seria ver as montanhas atravessadas pela muralha, mas optámos por ver outras montanhas até porque ficavam mais "em caminho" e essas sim, são conhecidas por serem montanhas da China.
Sobre o clima
Se lembrarmos que é um dos maiores países do mundo, com quase tanta área quanto a Europa toda(sim, dei-me ao trabalho de ir ver a área), podemos concluir que se trata de um país com um clima diferenciado nas várias regiões.
Em Shanghai a temperatura é um pouco mais quente do que cá. Em Pequim deverá ser mais fresco(penso eu, que não fui lá) porque é bem mais a norte. Em Guilin(sul interior) é um clima tropical, bem mais quente do que cá e muito mais húmido, de colar a roupa ao corpo.
Não conseguimos perceber por que razão uma névoa persistente cobre todas as regiões que visitámos. Não nos parece que seja da poluição, porque andámos pelo interior do país e era exactamente igual. Posso mesmo dizer que sobrevoámos a China em toda a sua latitude e todo o país estava coberto por uma névoa, sem conseguirmos ver o solo. Só a pouco tempo de pousarmos é que avistámos o solo !
O sol raramente aparece porque não consegue penetrar aquela névoa.
Sobre a língua e a comunicação
A China não é um país preparado para ser visitado por alguém que não é chinês. Foi o país que visitei onde tive mais dificuldade em comunicar(ainda não visitei nenhum país africano). Pensava que nas grandes cidades seria fácil falar inglês, mas mesmo aí é raríssimo encontrar alguém que saiba. Quando vamos para o interior do país, a tarefa torna-se ainda mais difícil, quase impossível, só mesmo por gestos.
Levámos um tablet e um tradutor inglês -> chinês simplificado. Depois, para os chineses responderem ao que quiséssemos perguntar, respondiam através de um tradutor chinês simplificado -> inglês e tivemos de instalar um software para um teclado em chinês que também dava para desenharem os caracteres chineses e identificava o que estavam a escrever.
Nos vários hotéis onde estivemos, apenas num hostel, um rapaz novo falava bem inglês. Nos outros hotéis, nem uma palavra ! É dificil encontrar um hotel onde se possa pagar com cartão Visa, tínhamos de andar sempre com dinheiro.
Sobre os comportamentos...
Confirmei o que esperava encontrar no que diz respeito à empregabilidade daquele povo. Se há uma tarefa para fazer, quantos mais, melhor, para terminar depressa. Substituir lâmpadas de um placard publicitário com 4 metros, 4 pessoas, uma por metro. Empregados de balcão numa qualquer loja, podem estar 3 ou 4, haja clientela ou não. Ali não há "racionalização" de recursos humanos. Não se ajusta o nº de pessoas à quantidade de tarefas que é necessário fazer, que por cá é...o mínimo. A prioridade lá é que todos estejam empregados, e como bem sabem, são muitos...
Respeito pelo parceiro, não muito. Na entrada do metro, há que entrar primeiro e depois deixar sair os que já lá estão dentro, correcto ? Não ? É assim que lá funciona. Nas horas de ponta, é deixar "o corpo ir" embalado pela multidão. Sim, porque não vale a pena lutar contra a corrente.
Por onde andámos não vimos nenhum português, e ocidentais podemos quase contar pelos dedos das mãos. Sim, é mesmo verdade ! Querem saber o quão é assim ? A minha mulher é loira, de olhos azuis...ficavam a olhar para ela com ar de espantados e alguns pediram mesmo para tirar fotos com ela. Eramos uma "ET's" na China...há que tirar fotos com ET's
A sociedade...
Fiquei com a ideia que a China é um misto de país de terceiro mundo com modernidade.
Não há carros de gama baixa, só média ou alta. Em algumas cidades, há muitas scooters(antes eram bicicletas), todas eléctricas. Por outro lado, vemos restaurantes que mais se assemelham a oficinas de automóveis, pela cor, pelo "óleo" no chão e nas paredes, pelo aspecto em geral.
As refeições rondam os 3€/pessoa e pode ir até 6€(se formos "roubados").
Não desgostei da gastronomia(acho bem pior a inglesa, alemã, etc., com muitos molhos e fritos). Essencialmente comem uma sopa que pode ser bastante substancial, por exemplo, com esparguete ou um prato e separadamente uma tigela com arroz.
Não têm absolutamente pão nenhum, não há pastelarias(a não ser nas grandes cidades, e têm bolos de origem estrangeira).
Não têm leite e seus derivados. Minto, num supermercado, têm um frigorífico pequeno onde têm bebidas frescas e também podem encontrar leite e iogurtes(2 ou 3). Nunca vi queijo, fiambre, etc.
Regateia-se muito cada coisa que compramos, mas depende das zonas da China.
Sobre serem muito tagarelas, falarem muito alto em grupo, pela nossa experiência, pareceu-nos apenas boato. Fomos a zonas turísticas(para os chineses) e vimos grupos com guia e o guia trazia um rádio para ampliar a sua voz para o grupo ouvir bem, nada de "gritarias", tudo normal.
Sobre a percepção que temos cá de que os chineses trabalham muito(as lojas estão abertas até tarde, sábados, domingos e feriados), não é bem assim.
A questão é, cá temos essa percepção porque os chineses que vieram para cá, vieram para abrir uma loja(maioritariamente), ao contrário de africanos, países de leste, etc. E os chineses que abrem lojas são os que já tinham algumas posses na China e abriram cá o seu negócio para terem mais lucro, logo, quanto mais trabalharem(mais tempo tiveram a loja aberta), mais lucro têm.
O mesmo não se aplica a quem não tem loja. Os 95% dos chineses que não têm um negócio/loja, pareceu-me(não tive oportunidade de falar com nenhum porque, como disse, a comunicação é quase impossível) que têm uma vida laboral como a nossa, ou mesmo, menos stressante.
Os gastos por pessoa:
Voo Lisboa Shanghai: 650€
Voo interno Hangzhou > Guilin; Guilin > Shanghai: 250€
Hotel (8 noites) em quarto duplo: 120€ / 2 pessoas = 60€
Comboio pago pela internet: 38€
Visitas pagas com VISA: 12€
Dinheiro levantado(refeições, transportes, lembranças): 240€
Total: 1250€
As fotos e o itinerário:
Chegámos a Shanghai às 6 da manhã e pouco tinhamos dormido. Seguimos logo para Suzhou, uma cidade perto de Shanghai, onde estão jardins tipicos chineses.
País que sempre me despertou interesse, pelos mais variados aspectos. Sociedade, cultura, clima, paisagens, língua, gastronomia, arquitectura dos palácios/pagodes/casas entre outros. O que iria encontrar ?
O que se vê em fotos e videos e o que se ouve contar, seria mesmo assim ou apenas boatos ou excepções à regra ?
Eram muitas dúvidas que quis ir confirmar e conhecer o mais que pudesse, dentro das minhas possibilidades.
Fui com a minha mulher no mês passado, após muitos dias a pesquisar e a organizar tudo à nossa conta e risco e posso-vos já adiantar que valeu bem a pena.
Como o titulo diz, não fomos à muralha, e não fomos porque, embora seja um ícone conhecido mundialmente, não tem de ser necessariamente do interesse de todos. Para nós, quando olhamos para as fotos da muralha, bem ou mal, vemos...pedras empilhadas pelo homem. Desculpem a rudeza da afirmação e a falta de tacto, mas para nós, ir tão longe para nos enfiarmos dentro de um museu a ver quadros ou ver pedras empilhadas pelo homem não tem muita diferença. No máximo, o interesse seria ver as montanhas atravessadas pela muralha, mas optámos por ver outras montanhas até porque ficavam mais "em caminho" e essas sim, são conhecidas por serem montanhas da China.
Sobre o clima
Se lembrarmos que é um dos maiores países do mundo, com quase tanta área quanto a Europa toda(sim, dei-me ao trabalho de ir ver a área), podemos concluir que se trata de um país com um clima diferenciado nas várias regiões.
Em Shanghai a temperatura é um pouco mais quente do que cá. Em Pequim deverá ser mais fresco(penso eu, que não fui lá) porque é bem mais a norte. Em Guilin(sul interior) é um clima tropical, bem mais quente do que cá e muito mais húmido, de colar a roupa ao corpo.
Não conseguimos perceber por que razão uma névoa persistente cobre todas as regiões que visitámos. Não nos parece que seja da poluição, porque andámos pelo interior do país e era exactamente igual. Posso mesmo dizer que sobrevoámos a China em toda a sua latitude e todo o país estava coberto por uma névoa, sem conseguirmos ver o solo. Só a pouco tempo de pousarmos é que avistámos o solo !
O sol raramente aparece porque não consegue penetrar aquela névoa.
Sobre a língua e a comunicação
A China não é um país preparado para ser visitado por alguém que não é chinês. Foi o país que visitei onde tive mais dificuldade em comunicar(ainda não visitei nenhum país africano). Pensava que nas grandes cidades seria fácil falar inglês, mas mesmo aí é raríssimo encontrar alguém que saiba. Quando vamos para o interior do país, a tarefa torna-se ainda mais difícil, quase impossível, só mesmo por gestos.
Levámos um tablet e um tradutor inglês -> chinês simplificado. Depois, para os chineses responderem ao que quiséssemos perguntar, respondiam através de um tradutor chinês simplificado -> inglês e tivemos de instalar um software para um teclado em chinês que também dava para desenharem os caracteres chineses e identificava o que estavam a escrever.
Nos vários hotéis onde estivemos, apenas num hostel, um rapaz novo falava bem inglês. Nos outros hotéis, nem uma palavra ! É dificil encontrar um hotel onde se possa pagar com cartão Visa, tínhamos de andar sempre com dinheiro.
Sobre os comportamentos...
Confirmei o que esperava encontrar no que diz respeito à empregabilidade daquele povo. Se há uma tarefa para fazer, quantos mais, melhor, para terminar depressa. Substituir lâmpadas de um placard publicitário com 4 metros, 4 pessoas, uma por metro. Empregados de balcão numa qualquer loja, podem estar 3 ou 4, haja clientela ou não. Ali não há "racionalização" de recursos humanos. Não se ajusta o nº de pessoas à quantidade de tarefas que é necessário fazer, que por cá é...o mínimo. A prioridade lá é que todos estejam empregados, e como bem sabem, são muitos...
Respeito pelo parceiro, não muito. Na entrada do metro, há que entrar primeiro e depois deixar sair os que já lá estão dentro, correcto ? Não ? É assim que lá funciona. Nas horas de ponta, é deixar "o corpo ir" embalado pela multidão. Sim, porque não vale a pena lutar contra a corrente.
Por onde andámos não vimos nenhum português, e ocidentais podemos quase contar pelos dedos das mãos. Sim, é mesmo verdade ! Querem saber o quão é assim ? A minha mulher é loira, de olhos azuis...ficavam a olhar para ela com ar de espantados e alguns pediram mesmo para tirar fotos com ela. Eramos uma "ET's" na China...há que tirar fotos com ET's
A sociedade...
Fiquei com a ideia que a China é um misto de país de terceiro mundo com modernidade.
Não há carros de gama baixa, só média ou alta. Em algumas cidades, há muitas scooters(antes eram bicicletas), todas eléctricas. Por outro lado, vemos restaurantes que mais se assemelham a oficinas de automóveis, pela cor, pelo "óleo" no chão e nas paredes, pelo aspecto em geral.
As refeições rondam os 3€/pessoa e pode ir até 6€(se formos "roubados").
Não desgostei da gastronomia(acho bem pior a inglesa, alemã, etc., com muitos molhos e fritos). Essencialmente comem uma sopa que pode ser bastante substancial, por exemplo, com esparguete ou um prato e separadamente uma tigela com arroz.
Não têm absolutamente pão nenhum, não há pastelarias(a não ser nas grandes cidades, e têm bolos de origem estrangeira).
Não têm leite e seus derivados. Minto, num supermercado, têm um frigorífico pequeno onde têm bebidas frescas e também podem encontrar leite e iogurtes(2 ou 3). Nunca vi queijo, fiambre, etc.
Regateia-se muito cada coisa que compramos, mas depende das zonas da China.
Sobre serem muito tagarelas, falarem muito alto em grupo, pela nossa experiência, pareceu-nos apenas boato. Fomos a zonas turísticas(para os chineses) e vimos grupos com guia e o guia trazia um rádio para ampliar a sua voz para o grupo ouvir bem, nada de "gritarias", tudo normal.
Sobre a percepção que temos cá de que os chineses trabalham muito(as lojas estão abertas até tarde, sábados, domingos e feriados), não é bem assim.
A questão é, cá temos essa percepção porque os chineses que vieram para cá, vieram para abrir uma loja(maioritariamente), ao contrário de africanos, países de leste, etc. E os chineses que abrem lojas são os que já tinham algumas posses na China e abriram cá o seu negócio para terem mais lucro, logo, quanto mais trabalharem(mais tempo tiveram a loja aberta), mais lucro têm.
O mesmo não se aplica a quem não tem loja. Os 95% dos chineses que não têm um negócio/loja, pareceu-me(não tive oportunidade de falar com nenhum porque, como disse, a comunicação é quase impossível) que têm uma vida laboral como a nossa, ou mesmo, menos stressante.
Os gastos por pessoa:
Voo Lisboa Shanghai: 650€
Voo interno Hangzhou > Guilin; Guilin > Shanghai: 250€
Hotel (8 noites) em quarto duplo: 120€ / 2 pessoas = 60€
Comboio pago pela internet: 38€
Visitas pagas com VISA: 12€
Dinheiro levantado(refeições, transportes, lembranças): 240€
Total: 1250€
As fotos e o itinerário:
Chegámos a Shanghai às 6 da manhã e pouco tinhamos dormido. Seguimos logo para Suzhou, uma cidade perto de Shanghai, onde estão jardins tipicos chineses.
Última edição por um moderador: