Cheguei ontem da nossa viagem e correu quase tudo conforme previsto, apenas com 1 percalço, que me lembre
Se fizerem questão das fotos, posso colocar, mas já estão aqui tantas fotos de relatórios que realmente não vejo necessidade. Vou apenas colocar as fotos dos montes Tatras logo que puder.
Durante os 14 dias de viagem, apenas apanhámos sol em 2 dias, de resto esteve sempre a chover e em alguns sitios o frio apertava ! Este verão está a ser muito instável, mas no centro da Europa a chuva cai mais intensamente no verão, enquanto no inverno dá lugar ao frio e à neve. As nuvens estão sempre presentes e muito raramente os raios de sol conseguem atravessar o céu muito nublado.
1º ao 4º dia (Viena): Cidade muito bonita, monumental. A rede de transportes é boa, utilizámos o metro e o eléctrico. No metro não há torniquetes e a entrada não é controlada. A entrada para o autocarro ou o eléctrico pode ser feita por qualquer das portas e tudo se baseia na confiança e boa fé de quem utiliza os transportes. Tudo na Áustria é caro, desde comida a transportes. Na minha opinião, a arquitectura das casas austriacas é muito semelhante à alemã, a organização não é tão boa ! Para dar um exemplo, estava à espera que os palácios e jardins da tão conhecida Belvedere fossem ao estilo de Versalhes, mas fiquei muito desiludido com o que vi. Os palácios têm pouco que ver e o jardim, só de nome porque flores praticamente não tinha ! Na parte inferior do Belvedere existem uma área com sebes, não eram aparados há semanas, parecia mato !
5º dia (Viena >(autocarro)> Bratislava >(carro)> Cracóvia): Este dia foi gasto neste percurso. Do centro de Viena para o aeroporto de Bratislava fomos de autocarro, por 7,70€, demora 2h. Em Bratislava levantámos o carro(Skoda Fabia 5 lugares). Estávamos à espera de fazer 400 kms até Cracóvia, mas pelo que lemos na net sobre as estradas na Polónia, já esperávamos que poderia acontecer algo inesperado e aconteceu...As estradas na Polónia não estão em tão mau estado como pensávamos. Auto-estradas é inexistente, ou quase, e muitas estradas nacionais estão cheias de remendos. Numa das estradas nacionais, que à medida que iamos avançando ia estreitando deparámos com um sinal no meio da estrada de proibição de circular ! Logo ao lado do sinal, existia outra estrada que tinha outro sinal, mas este de estrada sem saída ! Ou seja, andámos 15 kms até encontrar um cruzamento, uma das estradas não se podia circular e a outra era sem saída...se colocassem o sinal de estrada sem saída no cruzamento 15 kms antes, escusávamos de ter feito 30(15+15) a mais. Resultado, tivemos de voltar para trás e apanhar outra estrada que dava uma volta maior, o que atrasou a nossa chegada. Em vez dos 400, fizemos 460 kms. Nada de muuuuito grave...
Os condutores na Polónia são realmente como dizem, parece que tiraram a carta a semana passada...azelhices por todo o lado.
6º ao 8º dia (Cracóvia) : A Polónia está a ter um desenvolvimento mais acelerado do que a maioria dos países na UE, muitas estradas estão em construção e é notório o investimento em maquinaria. Nas várias estradas em construção ou remodelação era muito frequente ver grupos de trabalhadores nas obras em que apenas 1 estava a trabalhar e os outros a olhar para ele. Desengane-se aquele que pensa que só o portuga é que se encosta, vi muitos de braços cruzados.
Cracóvia é uma cidade muito bonita com a zona histórica muito concentrada. Gostei muito do ambiente de Cracóvia, algo parecida com Praga, mas não tão "romântica". Basicamente a cidade vê-se em pouco tempo, embora grande, o centro é rodeado por um jardim estreito com menos de 100m. A praça central é lindíssima e merece todo o destaque que lhe é dado. Os preços das refeições são mais baixo do que em Portugal, mas a comida é como é costume encontrar no norte da Europa, fritos, molhos...peixe ou saladas, nem vê-los...Para terem uma noção dos preços, almoçámos várias vezes por cerca de 4 euros. Jantámos 2 vezes num hipermercado que estava aberto 24h/dia. A refeição que tinha poucos pratos à escolha custava 5 zloty (1,20 eur) e incluía o prato e a bebida.
Visitámos também os campo de concentração de Auschwitz e Birkenau numa tarde. É indescritível o ambiente daqueles espaços onde mataram centenas de milhares de pessoas. O amontoado de objectos pertencentes a quem passou por lá é enorme e os locais onde mataram-nos é assombroso.
As minhas de sal também foram visitadas e ficámos maravilhados com o surpreendente tamanho do labirinto de túneis e as esculturas de sal ali realizados por alguns trabalhadores da mina. Vou apenas realçar um aspecto para verem o quão mágico e impressionante é o local, a sala com as paredes esculpidas, as esculturas trabalhadas e os enormes candeeiros com pedras de sal puro, foram feitas por apenas 3 mineiros durante 70 anos. Os 3 mineiros não eram escultores, mas tinham jeito para trabalhar a pedra de sal e durante 70 anos trabalharam ali em baixo, um de cada vez !
9º e 10º dia (Cracóvia -> Montes Tatras -> Budapeste) : No 9º dia, de manhã, visitámos a cidade do ski na Polónia, Zakopane. Os últimos 7 a 8 kms foram feitos em quase 1 hora ! Era uma bicha que andava 1 metro de 5 em 5 minutos ! Desesperámos e decidimos cortar por outra estrada. Foi remédio santo, saimos da estrada principal que ia dar ao centro e acabou logo a fila
Zakopane é uma local muito turistico e lindissimo, a rua principal é apenas pedestre e estava apinhada de gente, mesmo a chover. Os riachos são muitos, as árvores altas e tudo à nossa volta é verde.
Depois de almoço circunscrevemos os altos Tatras pelo lado oriental até chegar ao nosso local de dormida. Chegados à pensão, descarregámos as coisas e pedimos informações à dona da casa(muito prestável) que nos indicou o que poderíamos visitar. Visitámos o lago Štrbské Pleso com ligeiro nevoeiro ao final da tarde, que lhe deu um ambiente especial e suscitou-nos a curiosidade para conhecermos mais dos altos Tatras.
No 10º dia acordámos com a chuva a cair fortemente e o céu completamente tapado ! O pico mais alto das montanhas,Lomnický štít, ficou adiado para outra oportunidade que não sei se virá...Com o tempo de chuva, resolvemos visitar a cascata Starý Smokovec, acessivel por eléctrico a partir de Starý Smokovec. Depois de descermos do eléctrico a chuva começou a parar e lá seguimos o percurso a pé de 20 min por caminhos de pedras até à cascata. Chegados lá, deparámos com uma vista espectacular da cascata e da enorme quantidade de água que ali passava. Valeu a pena a visita, sem dúvida !
Com o tempo a melhorar ligeiramente, seguimos para o teleférico em Tatranská Lomnica. Comprámos o bilhete de teleférico até ao último ponto intermédio, dado que o pico estava coberto de nuvens e nevoeiro denso e também porque o preço era uma exorbitância. Pagámos 15 eur, se quisessemos ir até ao pico, teriamos de pagar mais 24 eur, ao todo 39 eur por pessoa !!!!! Nunca vi preços assim, posso dizer que já percorri distâncias grandes de teleférico(Áutria por exemplo) e paguei 20€...
Não ficámos nada arrependidos por ter ido apenas ao ponto intermédio, nesse ponto estava um lago de águas cristalinas e muito frias, rodeado por pinheiros que cá em Portugal só vemos no natal e são artificiais.
Ainda tinhamos de fazer a viagem de 300 kms até Budapeste e revolvemos por-nos ao caminho. Quando entrámos na Hungria reconhecemos imediatamente que estávamos noutro país diferente. Da Eslováquia para a Hungria há a passagem de um país com invernos severos, habitações com telhados em V muito inclinados para a neve escorregar, para um país de telhados pouco inclinados e casas muito idênticas às nossas. As diferenças não se ficavam por aqui, as feições das pessoas e a cor da pele é diferente. O cabelo loiro, o rosto branquinho e os olhos claros deram lugar à pele de cor cigana, aos olhos ora claros ora escuros e ao cabelo também ele escuro. As gentes da Hungria são uma miscelânea de povos do norte com a origem do povo cigano da Roménia. Percorremos Kms e Kms de estrada por localidades onde as únicas casas encontravam-se apenas à beira da estrada e as pessoas andavam de bicicleta. Havia vivendas térreas muito parecidas com as nossas, dos anos 80 a outras em muito mau estado. As pessoas olhavam para quem passava de carro com ar desconfiado e a sensação de sermos observados estava presente.
11º ao 13º dia (Budapeste) : Budapeste foi uma surpresa para mim em vários aspectos. Foi a cidade mais bonita que visitei, depois de Praga e Paris(esta está noutro patamar) Budapeste é monumental, é antiga, tem o seu encanto. Tinha feito um apanhado muito pobre sobre o que ver na cidade e só me debrucei sobre o roteiro a tomar na véspera. Assustei-me com a quantidade de coisas a ver em Budapeste e tentei cingir-me ao que considerávamos mais importante/interessante ver. Os transportes são velhos, muuuuito velhos ! Desde o comboio ao autocarro, tudo tem mais de 40 anos. O metro é o mais antigo da Europa(não sei se do mundo) e foi inaugurado ainda no séc. XIX. A rede tem apenas 3 linhas e a linha mais antiga tem estações com 1/3 do tamanho de uma estação moderna. Para terem uma noção, os metros que circulam nessas linhas, têm 3 carruagens que são metade do comprimento das nossas. As estações são antiquíssimas e pretendem conservá-las assim. Se pensam que tudo equivale a um menor custo para as pessoas, desenganem-se. Os preços dos transportes são idênticos à Áustria ! Para terem uma noção, o bilhete simples custa cerca de 1,20€ e dá apenas para 1 linha. Se tiverem o "azar" de ter de mudar de linha, têm de pagar 2 bilhetes. Ou seja, se andarem 2 estações, 1 estação numa linha e depois mudarem e depois andarem outra estação, pagam o dobro do que uma pessoa que percorrer uma linha inteira !
E agora a parte "melhor" e mais surpreendente, talvez o motivo que justifica os preços exorbitantes dos transportes, existem pelos menos 4 revisores em cada estação de metro. As estações da linha mais antiga, onde temos de atravessar a estrada para apanhar o metro para a direcção oposta, tem 2 portas e em cada porta tem 2 revisores. Fazendo umas continhas rápidas, 41 estações(total) x 4 revisores(mínimo) = 164 + revisores dentro dos próprios metros, em comboios, eléctricos(há muitos e são identificados apenas por braçadeiras)...são mais de 300 !
Outro aspecto menos positivo são os WCs. Não há NENHUM WC que não tenhamos de pagar. Há WCs que parecem autenticas bancas de venda. Tens dinheiro, fazes as necessidades, não tens, fazes nas calças. E, claro está, em cada WC tem uma pessoa a cobrar, ou seja, só em revisõres e cobradores de WCs são mais que "as mães".
Outro episódio elucidativo da "ciganagem" que podemos encontrar por lá, quando fui abastecer o carro. Cheguei a uma bomba de gasolina(normalissima, grande e com várias bombas) que tinha um gasolineiro. Diálogo entre o gasolineiro e eu(já traduzido de inglês para português
):
eu: pode encher, sff.
gas.: qual o combustivel ?
eu: SC 95
gas.: não, meta antes v-power, é melhor, limpa o motor.
eu: sim, pode ser melhor mas é mais cara. meta SC 95, sff.
gas.: a diferença de preço é muito pouco, vou meter v-power, ok ?
eu: deixe ver qual a diferença, hum...cerca de 10 centimos de €/litro. Nem pensar, meta SC 95, sff.
gas.: mas a outra é melhor, vai notar a diferença, vou meter, ok ?
eu: NÃO ! META SC 95, SOU EU QUE DECIDO !
Se o olhar fulminasse, eu teria ficado chamuscado logo ali, com o olhar daquele tipo de pele escura...
Devem estar a pensar, mas então, com estes aspectos em relação aos transportes e à atitude que têm, ainda gostei da cidade ? Gostei muito da beleza da cidade e não pela maneira como a cidade e o próprio país funcionam. Não sou pessoa de falar de gastronomia porque não é coisa que dê grande importância, mas na nossa opinião, a comida húngara foi da menos má dos países(Áustria, Polónia, Eslováquia, Hungria) que visitámos. Na minha opinião, acho que, nos países onde a temperatura é mais amena ou quente é onde encontramos a melhor comida e mais saudável. Já agora, adorei a pastelaria hungara !
E foi assim, passaram-se mais umas férias a conhecer novos sitios, novas gentes
Desculpem o testamento, as fotos dos altos Tatras coloco-as depois, não fica esquecido.
Gastos(aproximado) por pessoa:
- Voo ida e volta (Lisboa Viena): 200€
- Hoteis 14 noites: 270€
- Aluguer carro 9 dias: 240€ (é o preço total e não por pessoa)
- Comida: 200€
- Combustivel: 30€
- Transportes, visitas e lembranças: 100€
Total gastos por pessoa = 860€