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[Report] Transiberiano 2019 (Parte 3)

PaulaCoelho

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ROTA TRANSIBERIANA 2019
MONGÓLIA



* A minha aventura transiberiana incluiu seis dias na Mongólia e este relato dá continuidade a: [Report] - Transiberiano 2019 e [Report] - Transiberiano 2019 (Parte 2) :)
Na Mongólia fizemos um tour de cinco dias com o nosso hostel: 5 days Central Mongolia & Terelj National Park - Travel to Mongolia, escolhendo a acomodação e veiculo mais económicos tanto pelo preço como pela experiência mais ao estilo da vida nómada local. Uns dias antes avisaram que havia um interessado em partilhar o tour, pelo que cada um pagou cerca de 350€ (inclui transporte, guia, condutor, estadias, saco-cama, refeições e actividades). Quem alugar veículo penso que será boa ideia ir prevenido de comida, saco-cama e combustível extra pois grande parte do tempo andamos por caminhos no meio de nada e que o meu mapa offline dizia serem desconhecidos.
Existem alguns itens que considero imprescindíveis quando se visita a Mongólia: gel desinfectante, toalhitas húmidas/papel higiénico + sacos de lixo até encontrarmos um caixote, lanterna de cabeça para evitar a bosta à noite, toalha microfibras para um possível duche. Opcionais: power-bank e lençol-saco para colocar no interior do saco-cama fornecido.


* A entrada na Mongólia deu-se depois de quase duas horas na fronteira russa e com direito a mais duas horas paradas para revista na estação de comboio de Sukhbaatar onde verificaram o passaporte e as cabines e pediram a uma pessoa de cada cabine para permanecer enquanto espreitavam as malas e passavam o scanner pelo compartimento… a revista foi pacífica apenas questionando sobre as bolsas de medicação SOS. Apareceram também uns mongóis com tugriks para quem quisesse trocar os rublos, mas o câmbio era mau e ainda voltaríamos a Moscovo para gastar o excedente. Quando o comboio iniciou a marcha ainda deu para dormir umas boas horas!

* Chegamos a Ulan-Bator cerca das 7h e seguimos para o hostel para duche e pequeno-almoço e descobrimos que iríamos partilhar o tour com outro simpático tuga! Conhecemos o guia Badral e o motorista e seguimos na fantástica e velhota carrinha russa UAZ! Li que estas carrinhas são comuns por lá, seja para tours, ambulância, polícia e também que é habitual avariarem ou atolarem pelo caminho, pelo que íamos preparadas para não cumprir o tour… e também para uns dias sem duche e com WC em casota de madeira e sem rede/net. Antes de iniciar o tour paramos no Banco para trocar 15€ para o último dia na cidade.



DIA 1 – Ulan-Bator e Parque Nacional Gorkhi-Terelj

* Em UB visitamos dois locais fora do centro: o Museu Templo Bogd Khan, dedicado ao líder espiritual dos budistas da Mongólia e primeiro e último imperador do país após a independência da dinastia Qing em 1911 e o Memorial Zaisan no topo de uma colina com excelente vista para a cidade. Após subir 300 degraus chega-se ao monumento construído pela Rússia em honra os soldados russos e mongóis que faleceram na Segunda Guerra Mundial, um anel com azulejos coloridos que ilustram diversos factos históricos entre os dois países.

* Deixamos a capital e passado algum tempo tivemos a avaria nº1, aparentemente simples pois após 15 minutos seguimos a caminho do restaurante… onde não chegamos pois passada uma hora tivemos a avaria nº2, aparentemente mais difícil de resolver. Fomos de táxi almoçar na vila próxima enquanto resolviam o problema!

* À tarde fomos ao Complexo Gengis Khan em Tsonjin Boldog, onde visitamos o museu e subimos à cabeça do cavalo da enorme estátua de 40 metros dedicada ao fundador e primeiro Grande Khan do Império Mongol e um dos mais famosos conquistadores da história. Entramos pelo Parque Nacional Terelj para visitar a Turtle Rock e o Templo de Meditação Aryapala, situado numa encosta em cuja subida se passa pela “ponte que leva além da sabedoria” feita de madeira e por 144 placas com ensinamentos budistas.
 
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PaulaCoelho

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* Continuamos pelo parque, passando por vários acampamentos, muitos animais e dois riachos até ao nosso acampamento de 5 Gers no meio de nada. Procurei a tal casinha de madeira mas não a avistei e quando perguntamos a resposta foi um “everywhere” de braços abertos e sorriso no rosto… parece que hoje tínhamos direito a uma enorme WC com opção de virar o rabiosque para a montanha ou para o rio!
A família anfitriã recebeu-nos com uns fritos típicos acompanhados de uma espécie de manteiga de iaque meio enjoativa que eles também juntam ao chá, mais tarde o guia que também faz de cozinheiro fez massa para o jantar e estivemos entretidos a jogar às cartas à luz da lâmpada a bateria. Ficamos os 3 tugas num Ger simples com lavatório e lareira… de dia dá para andar de roupa leve mas à noite arrefece muito e antes das 5h da manhã o anfitrião apareceu lá para acender a lenha.








DIA 2 – Dunas de Elsen Tasarkhai e Karakorum

* Pela manhã quando fui ao WC “everywhere” já o motorista que também serve de mecânico, andava a fazer revisão à carrinha e talvez por isso não tenhamos avariado neste dia! Seguimos por caminhos de terra e alcatroados atravessando as estepes e parando nas dunas de Elsen Tasarkhai, também apelidadas de Mini Gobi, para um passeio de camelo e num restaurante de estrada.

* Ao final do dia chegamos à cidade de Karakorum, antiga capital da Mongólia no Séc. XIII a 360km de UB, onde visitamos o Museu da Cidade e o Mercado. O Ger (com duche externo) ficava perto do principal ponto turístico, o Mosteiro Erdene Zuu e depois do jantar na Guesthouse tivemos a oportunidade de assistir ao tradicional canto gutural mongol.





DIA 3 – Vale de Orkhon

* Visitamos o Mosteiro Erdene Zuu (Cem Tesouros), complexo com vários templos fundado em 1586, sendo o primeiro mosteiro budista da Mongólia.
O Mosteiro esteve algum tempo ao abandono e foi encerrado até reabrir como museu e desde 1990 voltou a ter actividade religiosa.

 
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PaulaCoelho

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* Seguimos ao longo do Rio Orkhon pelas estepes até à Reserva Natural do Vale de Orkhon, parando pelo caminho para fotos e caminhada enquanto o guia-cozinheiro fez o almoço picnic. Ao longo do caminho especialmente no topo de colinas é habitual existirem Ovoos, uns altares de pedra decorados com lenços, predominando o tom azul forte, relacionado ao xamanismo mongol… e pelo segundo dia conseguimos chegar ao destino sem avarias 😎

* O Ger de hoje situava-se perto da Cascata de Ulaan Tsugalan, não tinha duche mas tinha WC em barraquinha de madeira com fossa. Antes do jantar aproveitamos para descer à cascata pelo meio das rochas, subir à colina perto para apreciar a vista e fazer um passeio a cavalo pela área. O jantar foi Khorkhog, um churrasco à nómada mongol: numa espécie de cataplana colocam camadas de carne, legumes e pedras quentes e fica a cozinhar em cima da lareira.
 

PaulaCoelho

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DIA 4 – Lago Ugii

* De manhã seguimos caminho, almoçamos uns pastéis típicos numa terreola mas chegar ao lago não foi tarefa nada fácil pois chegou a tão esperada avaria nº3!
Enquanto andaram de volta do motor que fica entre os bancos dianteiros nós andamos a fotografar.


* De tarde começou a chover e com a chuva chegou a avaria nº4! Esta foi difícil de resolver e passado uma hora acabamos rebocados para uma aldeia próxima onde passada outra hora lá solucionaram o problema… e nós pacientemente caminhamos na zona e jogamos às cartas.

* O Lago Ugii localiza-se na Província de Arkhangai, é um dos maiores do país com 26 km quadrados de área, cerca de metade tem uma profundidade de 3-6 metros e existem vários acampamentos de Ger à volta (o de hoje tinha Wc e duche num edifício perto). É local de migração de aves e é possível fazer passeios de barco na época alta.





DIA 5 – Parque Nacional Khustain Nuruu

* Após um passeio à beira-lago seguimos em direcção ao Parque Hustai e com duas avarias ontem apostamos que hoje estaríamos seguros mas ainda antes do almoço a avaria nº5 aconteceu, felizmente algo de resolução rápida!

* O parque Hustai é reconhecido pela UNESCO como reserva da Biosfera, situa-se na província de Tov, tem uma área de 506 quilómetros quadrados, é atravessado pelo rio Tuul e nele podemos encontrar entre outros animais muitas marmotas, veados e aquela que é considerada a única espécie de cavalos verdadeiramente selvagens, os Tahki ou Przewalski. Além do avistamento de aves e cavalos, existem trilhos de caminhada pelas montanhas e estepes, passeios de cavalo e camelo, visita a famílias locais, alojamento em Ger e museu.
No edifício principal vimos uma exposição e um filme sobre a reintrodução dos cavalos Tahki no seu habitat natural.


* Regressamos a UB e fomos jantar com o nosso companheiro de viagem que seguiria de manhã para a China enquanto nós regressaríamos à Rússia.
 
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PaulaCoelho

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DIA 6 – Ulan-Bator

No nosso último dia na Mongólia aproveitamos para conhecer a cidade a pé e pelo caminho ainda andamos à deriva numa espécie de bairro de lata calminho.
Os principais pontos turísticos além do Templo Bodg Khan e do Memorial Zaisan já visitados são:

* Mosteiro de Gadantegchinlen ("Grande Lugar de Alegria Completa"), um dos mais importantes no país e onde por volta das 8h30 assistimos no pátio central e no Templo Ochidara à celebração religiosa dos monges, que actualmente são mais de 150 em residência. Uma das principais atracções é o Templo Midjid Janraisig onde podemos admirar a estátua de 26m e as paredes cobertas com centenas de pequenas estátuas douradas do Buda da Longevidade (entrada paga 4000 tugrik + 7000 para tirar fotos).
* Praça Sukhbaatar: praça principal onde se situa o edifício do Parlamento e outros ao redor como teatros, museus, bolsa, estátuas. Quando visitamos estava a decorrer o EU Day Mongolia que celebra as relações diplomáticas entre o país e a União Europeia com várias tendas a promover vários países europeus e um palco com música.
* Museu Nacional da Mongólia: inclui exposições desde os tempos pré-históricos, através do Império Mongol até os dias atuais, incluindo armas e vestes de época. Vale a pena uma visita e o bilhete é cerca de 8000 tugrik.
* Mosteiro Choijin Lama: segundo li é um dos mais antigos e notáveis, actualmente transformado em museu mas só conseguimos ver através do gradeamento pois estava fechado e com um ar pouco cuidado.
* Centro Cultural e Recreativo da Mongólia: uma espécie de feira popular, com lago e barcos a remos, carroceis, baloiços, restaurante, locais para festas.
* A última visita foi ao Hard Rock Café a uma bela caminhada de distância pois fica para lá do rio, no Centro Comercial Naran. Mais à frente fica o Mercado Naran Tuul que não visitamos por falta de tempo pois o dia estava a terminar e era hora de ir buscar a mochila e apanhar o autocarro nocturno de regresso à Rússia.



* E assim termina a minha passagem pela Mongólia… estes dias foram enriquecedores e permitiram experienciar um pouco uma realidade tão diferente da nossa, a vida nómada, com muitos quilómetros a atravessar estepes e terras inférteis para cultivo e povoadas por mais gado e cavalos que pessoas.
A comida não impressiona mas não passamos fome, come-se mais carne, enlatados e pickles e muitos bens são importados mas na capital existe diversidade.
Quanto ao tour, o saldo foi muito positivo pelas paisagens bonitas e relaxantes, conseguimos chegar diariamente ao destino e deu para tomar banhoca dia sim dia não e a carrinha com as suas avarias e o som musical do limpa pára-brisas deixou umas certas saudades!
😇😊
* Fazer parte da mítica rota do transiberiano era um sonho antigo e não está de parte a hipótese de um regresso para completar a parte russa até Vladivostok pois foi e será uma bela aventura! Espero com os reports despertar a vontade em alguns de vós. 😁
 
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rum

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Que belo presente de Natal, mas um bom report. Obrigado @PaulaCoelho.
Eu quando fiz o Transiberiano, no plano inicial tinha previsto qualquer coisa para a Mongólia. Com o avançar do tempo e com um calendário apertado, com a incerteza do que seria enfrentar a Mongólia em fevereiro, e devido ao facto de nos meses de inverno só existir um comboio semanal para Pequim, não foi possível conseguir mais do que dois dias em UL. Ao ler o report fiquei com vontade de regressar para fazer o que não foi possível na altura.
 

PaulaCoelho

Membro Conhecido
Obrigada @rum :)

A Mongólia em Fevereiro deve ser duma arca frigorífico pois se em Maio, apesar do sol durante o dia, a noite era um gelo!
Também não me importava de ter tido mais uns dias para ir ao Grande Gobi pois a viagem até lá é longa mas numa viagem comprida como esta é sempre difícil escolher onde parar e quanto tempo ficar em cada destino pois o tempo e dinheiro não esticam. Inicialmente ia fazer só Rússia mas com a Mongólia ali ao lado não consegui resistir!
 

rum

Membro Conhecido
De facto estar ali ao "lado" da Mongólia e não ir lá seria uma oportunidade de de ouro desperdiçada. E é um país que precisa de algum tempo para ser visitado, as deslocações às vezes são a passo d caracol. Quanto ao frio, apanhei na Mongólia -29. Qualquer arca frigorifica é mais quente... mas é curioso que pelo facto do tempo ser seco até se tolera bem e foi fácil, para mim, suportar aquelas temperaturas. No Baikal apanhei -15 e por ser muito mais húmido custou muito mais.
 

PaulaCoelho

Membro Conhecido
Essas temperaturas negativas assustam um cadinho... -29 é muito frioooooooo!
Adoraria regressar ao Baikal de inverno e fazer o passeio de trenó que fizeste. O frio não agrada mas deve ser o máximo 😁
 
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