martinsjoao
Membro Conhecido
Decidi criar este tópico, porque apesar de todos os contratempos e falhas na planificação, estes podem ajudar a quem pretende planear uma viagem a este, fantástico, local.
As datas foram de 1 a 3 de Dezembro com o objetivo de aproveitar o feriado. Viagem de casal com um bebé de 14 meses e mais dois amigos.
Começo por aquilo que mais me marcou na viagem: Nunca uma planificação me saiu tão ao lado, como a desta viagem. Para lá de eu próprio não ter cumprido os horários matinais de saída, também os timings estiveram out.
Os alfinetes indicam locais de grande interesse (ou passagem para outro) que eu pretenderia visitar:
A viagem a este ponto de Espanha estava a ser sucessivamente adiada. Em meados de Novembro um amigo meu disse-me que ia passear por lá para aproveitar os feriados de Dezembro e mostrou-me a Ruta del Cares (para se fazer noutra ocasião). No seguimento desta pesquisa comecei a delinear o que haveria para ver, mais especificamente, naquela região. Foi o click para que o meu entusiasmo pela zona se transformasse em visita efetiva, também para aproveitar os feriados. Para além disso, os meus pais tinham estado na zona no início de Outubro e também regressaram maravilhados.
Confesso que tinha uma planificação extremamente otimista para os três dias, tendo em conta os muitos km's que se teria que fazer, as poucas horas de luz de dia nesta altura do ano e ainda a possível (muita) chuva (ignorando eu - e mal, como vamos ver à frente - a possibilidade de neve). Mas, prevendo alguns imprevistos, já tinha ponderado um trajeto para o primeiro dia com passagem "ao lado" dos Picos, ou seja, iria fazer visitas às cidades de León e Gijón e pernoitaria em Cangas de Onís, ficando o segundo dia para circular pelos Picos. Neste mesmo dia ainda tinha intenção de passar por Cudillero, aparentemente, um paraíso na costa norte de Espanha, mas esta já era uma segunda possibilidade.
Este seria o meu percurso previsto, que dava uma estimativa de 9h de estrada até ao destino final... pensando eu que ainda tiraria tempo ao indicado quer pelo Via Michelin, quer pelo Google Maps, quer pelo GPS...
O meu percurso é feito pela A24 a partir de Castro Daire, uma vez que eu saí de Arouca).
Aqui começou a minha má planificação. Por mais 40 ou 50€ era preferível ter saído na noite anterior e ir dormir a caminho... tudo o que andasse nesse dia, poupava no dia seguinte! Mas, infelizmente, não foi essa a minha opção.
Logo no primeiro dia falhei a hora de saída, isto tem o efeito agravado por nos deslocarmos para Espanha e "perdermos" uma hora com a alteração de do fuso horário. A previsão inicial seria chegar antes do almoço a León e passear um pouco pela cidade; Acabamos por almoçar tarde e ainda a cerca de 45min de León. O atraso estaria controlado e a ida a Cudillero estava fora de hipótese e, eventualmente, não pararíamos em Gijón.
León
Catedral de León
Palácio de Los Guzmanes
Arco de la Cárcel
Basílica de San Isidoro
Casa Botines - uma das 3 obras de Gaudi fora da Catalunha
A bonita catedral, já com um sol ganhar uma cor bonita
A entrada na cidade foi mais demorada do que eu esperaria e a saída idem. Pelo que decidimos fazer alterações ao nosso plano: estava sol em León, nesta altura; as montanhas estavam sem qualquer sinal de nevoeiro, não havia previsão de neve para onde íamos, ou seja, poderíamos seguir a viagem pelo interior, passando em alguns pontos que estavam sinalizados previamente e que estavam previstos para o segundo dia.
A alteração resultaria em qualquer coisa assim:
Riaño era um dos locais que mais me entusiasmava, sobretudo pela fotografia. Pelo que passar ali era obrigatório para mim.
A caminho de Riãno começamos a ter neve na berma da estrada, mas nada que nos preocupasse. Por outro lado ia caindo neve, mas nada de alarmante! À medida que nos aproximávamos de Riaño a neve aumentou bastante, não só no que caía, como também na que já tinha na estrada; Nesta altura o combustível não era muito e teríamos que abastecer em Riaño. Ao chegarmos à vila, 19:15, as bombas ainda estavam (felizmente) abertas e abastecemos. Aqui começou o primeiro alerta, já senti dificuldade para arrancar com o carro. Um motorista que estava lá ajudou e perguntou para onde íamos: quando disse Cangas ele respondeu: "Sem correntes? Estão fo*****"! Mas estão sempre a passar limpa-neves, arrisquem". Mais valia ter-nos dito para nem se quer tentarmos. Pelo que decidimos arriscar.
À medida que andamos o cenário só piorava: a neve não parava; os limpa-neve passavam e 1 minuto depois a estrada estava igual; não sabíamos quanto tempo mais poderia demorar aquela viagem. Possivelmente a +-12-15km de Riaño e numa zona onde não era notória a passagem de limpa-neves optamos por voltar atrás; Nesta altura verificamos que havia uma estrada que ligava a Oviedo e que, aparentemente, nos afastaria das montanhas. Mas tudo isto já feito apenas com base em GPS/Google Maps e à luz da noite.
Assim tentamos... o cenário era mágico, mas começava a imperar uma certa ansiedade de nos vermos livres daquilo.
+-30km depois do tal corte para Oviedo, o carro simplesmente não foi mais. Ficámos atascados. Agora à distância, ainda bem que aconteceu ali. Depois de termos ficado em silêncio no carro o inevitável: "e agora?". Tentamos tirar o carro, mas vimos que ia ser tarefa impossível. Nos minutos seguintes apareceu um reboque (que vinha já de uma batida) e parou junto a nós. Disse-nos que para a frente era impossível e que onde estávamos conseguíamos dar a volta. Para nem tentarmos avançar e para o seguirmos. Aquela ajuda caiu do céu e fez-nos tomar a decisão de voltar a León para apanhar a auto-estrada. Só que isso iria implicar fazer mais de 100kms, grande parte deles debaixo de neve. Liguei para o Hotel onde tinha alojamento marcado (já havia ligado a informar que ia chegar tarde, pois o check-in era apenas até às 20h) e foram impecáveis, cancelaram a noite sem qualquer custo (Hotel Rural El Caséron). No entanto e com o avançar da hora teríamos que decidir onde ficar essa noite: o senhor do reboque tinha sugerido Cistierna, mas essa hipótese não agradou pelo facto de não me afastar totalmente da neve e por não ser "nem carne nem peixe". Pelo que regressar a León para aproximar da auto-estrada me pareceria mais vantajoso. Rápida pesquisa e reparo que os alojamentos disponíveis em León fugiam um pouco ao que pretendíamos gastar. Sem pensar muito optamos por seguir até Oviedo, onde havia hotel Ibis, o que sem margem para grandes procuras nos deixaria descansados para a dormida, enquanto nos teríamos que desenrascar daquela neve. Quando disse que ainda bem que paramos ali foi porque caso não tivéssemos parado, íamos cruzar com o reboque em andamento e de certeza que iríamos ficar presos algures mais à frente e sabe-se lá quando passaria alguma coisa por ali.
Antes de Riaño (no corte onde voltamos atrás para seguir para Oviedo) o senhor do reboque ainda disse que poderíamos tentar seguir até Cangas. O tempo acalmara (apesar de, para nós, ainda nevar abundantemente) e os limpa-neve têm maior frequência naquela estrada. Mas o hotel em Cangas já estava cancelado e o de Oviedo marcado, já só queríamos ver a neve pelas costas.
Incrível como no regresso a neve já se prolongava até bem mais longe do que na ida... e de Riaño até Cistierna fomos sempre com (bastante) neve na estrada (são quase 40km).
Depois de Cistierna foi regressar a León e apanhar a auto-estrada até Oviedo... claro está, antes de Oviedo, apanhámos imensa neve.
No rescaldo desta aventura ficam os "postais" lindíssimos que vimos. Com imensa pena não os conseguimos aproveitar, pela vontade em sair dali. Mas o que vimos, dificilmente voltaremos a ver.
Aldeias cobertas de neve, com as casinhas em pedra, com fumo a sair pela chaminé, sem se ver vivalma, cenários que pareciam saídos dos desenhos animados da nossa infância, casas isoladas com lareira acesa e cores de natal... recordamos e aproveitamos agora o que vimos, porque na altura não conseguimos usufruir. Gostaria muito de, com condições, voltar a passar com aqueles cenários... Porque as duas ou três fotos que tenho (de telemóvel) estão todas desfocadas
As datas foram de 1 a 3 de Dezembro com o objetivo de aproveitar o feriado. Viagem de casal com um bebé de 14 meses e mais dois amigos.
Começo por aquilo que mais me marcou na viagem: Nunca uma planificação me saiu tão ao lado, como a desta viagem. Para lá de eu próprio não ter cumprido os horários matinais de saída, também os timings estiveram out.
Os alfinetes indicam locais de grande interesse (ou passagem para outro) que eu pretenderia visitar:
A viagem a este ponto de Espanha estava a ser sucessivamente adiada. Em meados de Novembro um amigo meu disse-me que ia passear por lá para aproveitar os feriados de Dezembro e mostrou-me a Ruta del Cares (para se fazer noutra ocasião). No seguimento desta pesquisa comecei a delinear o que haveria para ver, mais especificamente, naquela região. Foi o click para que o meu entusiasmo pela zona se transformasse em visita efetiva, também para aproveitar os feriados. Para além disso, os meus pais tinham estado na zona no início de Outubro e também regressaram maravilhados.
Confesso que tinha uma planificação extremamente otimista para os três dias, tendo em conta os muitos km's que se teria que fazer, as poucas horas de luz de dia nesta altura do ano e ainda a possível (muita) chuva (ignorando eu - e mal, como vamos ver à frente - a possibilidade de neve). Mas, prevendo alguns imprevistos, já tinha ponderado um trajeto para o primeiro dia com passagem "ao lado" dos Picos, ou seja, iria fazer visitas às cidades de León e Gijón e pernoitaria em Cangas de Onís, ficando o segundo dia para circular pelos Picos. Neste mesmo dia ainda tinha intenção de passar por Cudillero, aparentemente, um paraíso na costa norte de Espanha, mas esta já era uma segunda possibilidade.
Este seria o meu percurso previsto, que dava uma estimativa de 9h de estrada até ao destino final... pensando eu que ainda tiraria tempo ao indicado quer pelo Via Michelin, quer pelo Google Maps, quer pelo GPS...
O meu percurso é feito pela A24 a partir de Castro Daire, uma vez que eu saí de Arouca).
Aqui começou a minha má planificação. Por mais 40 ou 50€ era preferível ter saído na noite anterior e ir dormir a caminho... tudo o que andasse nesse dia, poupava no dia seguinte! Mas, infelizmente, não foi essa a minha opção.
Logo no primeiro dia falhei a hora de saída, isto tem o efeito agravado por nos deslocarmos para Espanha e "perdermos" uma hora com a alteração de do fuso horário. A previsão inicial seria chegar antes do almoço a León e passear um pouco pela cidade; Acabamos por almoçar tarde e ainda a cerca de 45min de León. O atraso estaria controlado e a ida a Cudillero estava fora de hipótese e, eventualmente, não pararíamos em Gijón.
León
Catedral de León
Palácio de Los Guzmanes
Arco de la Cárcel
Basílica de San Isidoro
Casa Botines - uma das 3 obras de Gaudi fora da Catalunha
A bonita catedral, já com um sol ganhar uma cor bonita
A entrada na cidade foi mais demorada do que eu esperaria e a saída idem. Pelo que decidimos fazer alterações ao nosso plano: estava sol em León, nesta altura; as montanhas estavam sem qualquer sinal de nevoeiro, não havia previsão de neve para onde íamos, ou seja, poderíamos seguir a viagem pelo interior, passando em alguns pontos que estavam sinalizados previamente e que estavam previstos para o segundo dia.
A alteração resultaria em qualquer coisa assim:
Riaño era um dos locais que mais me entusiasmava, sobretudo pela fotografia. Pelo que passar ali era obrigatório para mim.
A caminho de Riãno começamos a ter neve na berma da estrada, mas nada que nos preocupasse. Por outro lado ia caindo neve, mas nada de alarmante! À medida que nos aproximávamos de Riaño a neve aumentou bastante, não só no que caía, como também na que já tinha na estrada; Nesta altura o combustível não era muito e teríamos que abastecer em Riaño. Ao chegarmos à vila, 19:15, as bombas ainda estavam (felizmente) abertas e abastecemos. Aqui começou o primeiro alerta, já senti dificuldade para arrancar com o carro. Um motorista que estava lá ajudou e perguntou para onde íamos: quando disse Cangas ele respondeu: "Sem correntes? Estão fo*****"! Mas estão sempre a passar limpa-neves, arrisquem". Mais valia ter-nos dito para nem se quer tentarmos. Pelo que decidimos arriscar.
À medida que andamos o cenário só piorava: a neve não parava; os limpa-neve passavam e 1 minuto depois a estrada estava igual; não sabíamos quanto tempo mais poderia demorar aquela viagem. Possivelmente a +-12-15km de Riaño e numa zona onde não era notória a passagem de limpa-neves optamos por voltar atrás; Nesta altura verificamos que havia uma estrada que ligava a Oviedo e que, aparentemente, nos afastaria das montanhas. Mas tudo isto já feito apenas com base em GPS/Google Maps e à luz da noite.
Assim tentamos... o cenário era mágico, mas começava a imperar uma certa ansiedade de nos vermos livres daquilo.
+-30km depois do tal corte para Oviedo, o carro simplesmente não foi mais. Ficámos atascados. Agora à distância, ainda bem que aconteceu ali. Depois de termos ficado em silêncio no carro o inevitável: "e agora?". Tentamos tirar o carro, mas vimos que ia ser tarefa impossível. Nos minutos seguintes apareceu um reboque (que vinha já de uma batida) e parou junto a nós. Disse-nos que para a frente era impossível e que onde estávamos conseguíamos dar a volta. Para nem tentarmos avançar e para o seguirmos. Aquela ajuda caiu do céu e fez-nos tomar a decisão de voltar a León para apanhar a auto-estrada. Só que isso iria implicar fazer mais de 100kms, grande parte deles debaixo de neve. Liguei para o Hotel onde tinha alojamento marcado (já havia ligado a informar que ia chegar tarde, pois o check-in era apenas até às 20h) e foram impecáveis, cancelaram a noite sem qualquer custo (Hotel Rural El Caséron). No entanto e com o avançar da hora teríamos que decidir onde ficar essa noite: o senhor do reboque tinha sugerido Cistierna, mas essa hipótese não agradou pelo facto de não me afastar totalmente da neve e por não ser "nem carne nem peixe". Pelo que regressar a León para aproximar da auto-estrada me pareceria mais vantajoso. Rápida pesquisa e reparo que os alojamentos disponíveis em León fugiam um pouco ao que pretendíamos gastar. Sem pensar muito optamos por seguir até Oviedo, onde havia hotel Ibis, o que sem margem para grandes procuras nos deixaria descansados para a dormida, enquanto nos teríamos que desenrascar daquela neve. Quando disse que ainda bem que paramos ali foi porque caso não tivéssemos parado, íamos cruzar com o reboque em andamento e de certeza que iríamos ficar presos algures mais à frente e sabe-se lá quando passaria alguma coisa por ali.
Antes de Riaño (no corte onde voltamos atrás para seguir para Oviedo) o senhor do reboque ainda disse que poderíamos tentar seguir até Cangas. O tempo acalmara (apesar de, para nós, ainda nevar abundantemente) e os limpa-neve têm maior frequência naquela estrada. Mas o hotel em Cangas já estava cancelado e o de Oviedo marcado, já só queríamos ver a neve pelas costas.
Incrível como no regresso a neve já se prolongava até bem mais longe do que na ida... e de Riaño até Cistierna fomos sempre com (bastante) neve na estrada (são quase 40km).
Depois de Cistierna foi regressar a León e apanhar a auto-estrada até Oviedo... claro está, antes de Oviedo, apanhámos imensa neve.
No rescaldo desta aventura ficam os "postais" lindíssimos que vimos. Com imensa pena não os conseguimos aproveitar, pela vontade em sair dali. Mas o que vimos, dificilmente voltaremos a ver.
Aldeias cobertas de neve, com as casinhas em pedra, com fumo a sair pela chaminé, sem se ver vivalma, cenários que pareciam saídos dos desenhos animados da nossa infância, casas isoladas com lareira acesa e cores de natal... recordamos e aproveitamos agora o que vimos, porque na altura não conseguimos usufruir. Gostaria muito de, com condições, voltar a passar com aqueles cenários... Porque as duas ou três fotos que tenho (de telemóvel) estão todas desfocadas
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