Karmen
Membro
São Tomé e Príncipe é um destino cada vez mais procurado e há ainda pouca informação disponível por isso a razão do meu report é falar sobre a minha experiência e ajudar a esclarecer as dúvidas que possam surgir para a tomada de decisão.
Receio que seja um report extenso mas há tanta coisa para dizer sobre São Tomé e Príncipe que é-me difícil resumir. Oportunamente colocarei o report sobre São Tomé, para já mostro apenas Príncipe.
A escolha
Inicialmente a ideia de visitarmos São Tomé e Príncipe surgiu de um desafio entre amigas e muito por causa dos relatos da fotógrafa Isabel Saldanha que mostra e descreve STP de uma forma irresistível. Uma vez que íamos 3 casais, e sem os filhos, queriamo-nos aventurar e aproveitar ao máximo o momento. Começámos a explorar alguma informação disponível e a entrar em contacto com desconhecidos que já lá tinham estado recentemente. À medida que íamos pesquisando íamos ficando cada vez mais apaixonados e com a certeza que queriamos ir.
São Tomé e Príncipe como destino de férias não é propriamente um destino de praia. Não é comparável à ilha do Sal nem tão pouco às Caraíbas. É muito mais do que isto, é uma viagem para explorar, descobrir, contemplar e reflectir, muito. Ir com expectativas baixas e coração aberto para recebermos toda aquela energia da terra e da natureza que é exuberante. E respeito! Respeitar as pessoas, a sua simplicidade, a sua generosidade, respeitar quem nos acolhe.
Preparação da viagem
São Tomé e Príncipe é um destino que pode ser organizado pessoalmente sem a ajuda de agências. Nós pedimos 3 ou 4 orçamentos a agências mas no fundo nós é que organizámos toda a viagem, desde a escolha dos hoteis, dos voos e dos passeios : 3 dias em Príncipe no Bom Bom Resort e 4 dias em São Tomé no Omali Lodge. A companhia escolhida foi a STPAirways porque como queriamos seguir logo para Príncipe era a única que nos permitia a ligação no mesmo dia. Os voos são ao sábado às 00:05, ou seja, temos de estar no aeroporto ainda na sexta-feira e chega por voltas das 06h30 da manhã. Não há fuso horário relativamente a Portugal. O voo para Príncipe é às 09h00. Ainda sobre as companhias, existe a possibilidade também da TAP mas o voo não é directo, faz escala em Acra (Gana) para abastecimento e não se pode sair do avião. Para ir pela TAP e seguir para Príncipe terá sempre de se ficar uma noite em São Tomé. De São Tomé para Príncipe além da STPAirways também há a possibilidade da Africa’s Connection.
Uma questão muito importante e a não esquecer é o peso da bagagem! Quem quiser seguir para Príncipe o limite de bagagem são 15Kg rigorosamente pesados. A viagem é feita numa avioneta a baixa altitude, e por questões de segurança o peso é limitado. A minha opinião pessoal é que este peso é mais do que suficiente, no meu caso levámos 15Kg para os dois e posso dizer que não usámos a roupa toda . Os outros 15Kg foi de material para doação, que mais à frente já vou falar.
Passeios e tours
Quanto aos passeios em São Tomé há a possibilidade de alugar jipes, ainda explorámos a ideia mas não avançámos. Não tem nada a ver com insegurança, nada disso, é um país super pacífico e seguro mas devemos ter bem a noção que estamos em África (para quem já esteve em Cabo Verde volto a dizer não é comparável), África na sua essência, pura. As estradas são poucas e em más condições comparativamente às nossas, a manutenção dos carros também não será a melhor. Mas cruzámo-nos com muito jipes alugados. Houve até uma situação bastante engraçada dum casal estrangeiro que o jipe parou de repente no meio da estrada, nós parámos para perceber o que se estava a passar e de repente começa a aparecer pessoal de todos os lados a querer ajudar. No meio daquele burburinho há um sr, que pede para abrir o capot do jipe começa a mexer aqui e ali, entretanto diz para ligar a ignição e o jipe começa a trabalhar. Vai-se embora e pronto!
Contactámos o Cau por ser o guia mais conceituado de São Tomé e organizámos 3 passeios. Aconselho vivamente. É uma pessoa que quase nos transporta para outra dimensão, que nos ensina muito sobre o país e a cultura, a fauna e a floresta, fala sobre as pessoas e as suas origens, sobre os sítios por onde passámos e visitámos. Fizémos a rota norte, a rota sul e a rota centro e pudemos ajustar conforme íamos andando. Pagámos (sempre) em euros.
Em Príncipe é bem diferente, começa agora a haver alguma oferta mas nós acabámos por fazer os passeios através do hotel.
Vacinação e Profilaxia
Em relação às vacinas e profilaxia da malária... confesso que foi um tema que me deu água pela barba desde logo porque não é obrigatório qualquer tipo de vacinação. Li tudo o que havia para ler, artigos científicos, sites específicos para viajantes como o Centers for Disease Control and Prevention ou o United Nations Development Programme, pessoas que tinham lá estado recentemente, farmacêuticos, enfermeiros, médicos e por fim ainda fui à consulta do viajante. Atenção, esta decisão tem de ser responsável e é muito pessoal. Não quero nem pretendo influenciar ninguém com a minha experiência. Aliás nós fomos 3 casais e eu e o meu marido fomos os únicos que não fizemos qualquer vacina nem a profilaxia da malária, os outros amigos fizeram e todos respeitaram a decisão de cada um. A nossa decisão foi consciente. Ainda assim levámos repelente (vários tipos creme, spray, pulseiras), pomada para picadas, anti-histamínico, paracetamol, etc.
Doações
Sobre as doações também há que reflectir. Não temos que obrigatoriamente levar algo. A ideia de que temos de levar qualquer coisinha para dar quando vamos para países mais pobres pode ser uma ideia egoísta, no sentido de inconscientemente nos sentirmos superior a alguém. O acto de dar tem de ser despojado de qualquer sentimento egoico. Mas a ajuda é bem vinda. Nós levámos muito material para doar mas tentámos perceber quais as reais necessidades e de que forma o iriamos fazer. A tendência é levarmos roupa. A roupa que já não precisamos e que até aproveitamos para fazer uma limpeza às gavetas. Em São Tomé e Príncipe não precisam assim tanto de roupa até porque está calor e quanto menos roupa melhor Levámos essencialmente material escolar, medicamentos, bolas (foram despejadas e pedimos no hotel para encher), nenucos loiros (tenho uma recordação tão boa sobre este nenuco), óculos de sol e também roupa de criança, alguma a estrear, material para pesca. Todo o material foi entregue em Príncipe nas Irmãs, na cidade, para que fosse distribuído de forma justa. Não levar doces!
Chegada
Apesar da agência nos ter alertado para atrasos, o voo saíu de Lisboa na hora prevista e ainda deu para dormir um bocadinho. À chegada a São Tomé sente-se logo o calor e a humidade, estamos no Equador! Recolhemos as malas e saímos do aeroporto, (sim porque fecha as portas ) e voltámos a entrar para fazer o check-in para Príncipe. A viagem demora cerca de 40 minutos e não dá para dormir. O barulho das hélices entram pela cabeça dentro e não deixam pregar olho até que começamos a avistar a ilha e aí não queremos mesmo adormecer. Aquela vista é maravilhosa e parece que estamos a viver um sonho.
O Bom Bom resort não é a opção mais barata mas vale cada cêntimo pago! Em 2017 estavam a recuperar, já numa fase final, a Roça Sundy e decorria a construção do Praia Sundy. Neste momento já estão em pleno funcionamento. Ainda assim há outras opções de alojamento mais económicas e não há-de ser por isso que não se vai a Príncipe.
Para se perceber bem o resort, os bangalows ficam na ilha de Príncipe ...
... e o restaurante é que fica do lado de lá, no ilhéu Bom Bom por isso temos a pesada tarefa de percorrermos esta passadeira várias vezes ao dia, é uma chatice!
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Receio que seja um report extenso mas há tanta coisa para dizer sobre São Tomé e Príncipe que é-me difícil resumir. Oportunamente colocarei o report sobre São Tomé, para já mostro apenas Príncipe.
A escolha
Inicialmente a ideia de visitarmos São Tomé e Príncipe surgiu de um desafio entre amigas e muito por causa dos relatos da fotógrafa Isabel Saldanha que mostra e descreve STP de uma forma irresistível. Uma vez que íamos 3 casais, e sem os filhos, queriamo-nos aventurar e aproveitar ao máximo o momento. Começámos a explorar alguma informação disponível e a entrar em contacto com desconhecidos que já lá tinham estado recentemente. À medida que íamos pesquisando íamos ficando cada vez mais apaixonados e com a certeza que queriamos ir.
São Tomé e Príncipe como destino de férias não é propriamente um destino de praia. Não é comparável à ilha do Sal nem tão pouco às Caraíbas. É muito mais do que isto, é uma viagem para explorar, descobrir, contemplar e reflectir, muito. Ir com expectativas baixas e coração aberto para recebermos toda aquela energia da terra e da natureza que é exuberante. E respeito! Respeitar as pessoas, a sua simplicidade, a sua generosidade, respeitar quem nos acolhe.
Preparação da viagem
São Tomé e Príncipe é um destino que pode ser organizado pessoalmente sem a ajuda de agências. Nós pedimos 3 ou 4 orçamentos a agências mas no fundo nós é que organizámos toda a viagem, desde a escolha dos hoteis, dos voos e dos passeios : 3 dias em Príncipe no Bom Bom Resort e 4 dias em São Tomé no Omali Lodge. A companhia escolhida foi a STPAirways porque como queriamos seguir logo para Príncipe era a única que nos permitia a ligação no mesmo dia. Os voos são ao sábado às 00:05, ou seja, temos de estar no aeroporto ainda na sexta-feira e chega por voltas das 06h30 da manhã. Não há fuso horário relativamente a Portugal. O voo para Príncipe é às 09h00. Ainda sobre as companhias, existe a possibilidade também da TAP mas o voo não é directo, faz escala em Acra (Gana) para abastecimento e não se pode sair do avião. Para ir pela TAP e seguir para Príncipe terá sempre de se ficar uma noite em São Tomé. De São Tomé para Príncipe além da STPAirways também há a possibilidade da Africa’s Connection.
Uma questão muito importante e a não esquecer é o peso da bagagem! Quem quiser seguir para Príncipe o limite de bagagem são 15Kg rigorosamente pesados. A viagem é feita numa avioneta a baixa altitude, e por questões de segurança o peso é limitado. A minha opinião pessoal é que este peso é mais do que suficiente, no meu caso levámos 15Kg para os dois e posso dizer que não usámos a roupa toda . Os outros 15Kg foi de material para doação, que mais à frente já vou falar.
Passeios e tours
Quanto aos passeios em São Tomé há a possibilidade de alugar jipes, ainda explorámos a ideia mas não avançámos. Não tem nada a ver com insegurança, nada disso, é um país super pacífico e seguro mas devemos ter bem a noção que estamos em África (para quem já esteve em Cabo Verde volto a dizer não é comparável), África na sua essência, pura. As estradas são poucas e em más condições comparativamente às nossas, a manutenção dos carros também não será a melhor. Mas cruzámo-nos com muito jipes alugados. Houve até uma situação bastante engraçada dum casal estrangeiro que o jipe parou de repente no meio da estrada, nós parámos para perceber o que se estava a passar e de repente começa a aparecer pessoal de todos os lados a querer ajudar. No meio daquele burburinho há um sr, que pede para abrir o capot do jipe começa a mexer aqui e ali, entretanto diz para ligar a ignição e o jipe começa a trabalhar. Vai-se embora e pronto!
Contactámos o Cau por ser o guia mais conceituado de São Tomé e organizámos 3 passeios. Aconselho vivamente. É uma pessoa que quase nos transporta para outra dimensão, que nos ensina muito sobre o país e a cultura, a fauna e a floresta, fala sobre as pessoas e as suas origens, sobre os sítios por onde passámos e visitámos. Fizémos a rota norte, a rota sul e a rota centro e pudemos ajustar conforme íamos andando. Pagámos (sempre) em euros.
Em Príncipe é bem diferente, começa agora a haver alguma oferta mas nós acabámos por fazer os passeios através do hotel.
Vacinação e Profilaxia
Em relação às vacinas e profilaxia da malária... confesso que foi um tema que me deu água pela barba desde logo porque não é obrigatório qualquer tipo de vacinação. Li tudo o que havia para ler, artigos científicos, sites específicos para viajantes como o Centers for Disease Control and Prevention ou o United Nations Development Programme, pessoas que tinham lá estado recentemente, farmacêuticos, enfermeiros, médicos e por fim ainda fui à consulta do viajante. Atenção, esta decisão tem de ser responsável e é muito pessoal. Não quero nem pretendo influenciar ninguém com a minha experiência. Aliás nós fomos 3 casais e eu e o meu marido fomos os únicos que não fizemos qualquer vacina nem a profilaxia da malária, os outros amigos fizeram e todos respeitaram a decisão de cada um. A nossa decisão foi consciente. Ainda assim levámos repelente (vários tipos creme, spray, pulseiras), pomada para picadas, anti-histamínico, paracetamol, etc.
Doações
Sobre as doações também há que reflectir. Não temos que obrigatoriamente levar algo. A ideia de que temos de levar qualquer coisinha para dar quando vamos para países mais pobres pode ser uma ideia egoísta, no sentido de inconscientemente nos sentirmos superior a alguém. O acto de dar tem de ser despojado de qualquer sentimento egoico. Mas a ajuda é bem vinda. Nós levámos muito material para doar mas tentámos perceber quais as reais necessidades e de que forma o iriamos fazer. A tendência é levarmos roupa. A roupa que já não precisamos e que até aproveitamos para fazer uma limpeza às gavetas. Em São Tomé e Príncipe não precisam assim tanto de roupa até porque está calor e quanto menos roupa melhor Levámos essencialmente material escolar, medicamentos, bolas (foram despejadas e pedimos no hotel para encher), nenucos loiros (tenho uma recordação tão boa sobre este nenuco), óculos de sol e também roupa de criança, alguma a estrear, material para pesca. Todo o material foi entregue em Príncipe nas Irmãs, na cidade, para que fosse distribuído de forma justa. Não levar doces!
Chegada
Apesar da agência nos ter alertado para atrasos, o voo saíu de Lisboa na hora prevista e ainda deu para dormir um bocadinho. À chegada a São Tomé sente-se logo o calor e a humidade, estamos no Equador! Recolhemos as malas e saímos do aeroporto, (sim porque fecha as portas ) e voltámos a entrar para fazer o check-in para Príncipe. A viagem demora cerca de 40 minutos e não dá para dormir. O barulho das hélices entram pela cabeça dentro e não deixam pregar olho até que começamos a avistar a ilha e aí não queremos mesmo adormecer. Aquela vista é maravilhosa e parece que estamos a viver um sonho.
Para se perceber bem o resort, os bangalows ficam na ilha de Príncipe ...
... e o restaurante é que fica do lado de lá, no ilhéu Bom Bom por isso temos a pesada tarefa de percorrermos esta passadeira várias vezes ao dia, é uma chatice!
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As praias do Bom Bom
Anexos
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