JJPPMM
Membro Conhecido
28 de Outubro de 2014
“ O SONHO ÍMPOSSÌVEL “
“ Quem persegue os seus sonhos de certeza que um dia os conquista “
Não gostaria de chamar a este texto um “ report “ ,pois na realidade não é um simples relatório de uma simples viagem , será sim um texto onde tentarei descrever o concretizar do SONHO DE UMA VIDA , o sonho sempre perseguido de um dia poder visitar a Cidade Perdida dos Incas de MACHU PICCHU
Após uma noite de má disposição constante , afinal o “ SOROCHE “ existe mesmo , eis que o nosso despertador indica 5 h da madrugada de Cusco , ou seja , hora para levantar e preparar a saída para visitar esse lugar mítico que certamente fará parte do sonho de qualquer viajante visitar.
A noite mal dormida , os vómitos e as dores de cabeça , não deixavam o corpo reagir e nem mesmo um longo e apetecível duche de água quente fez com que essa desesperante sensação desaparecesse.
Ao contrário da descoberta de Machu Picchu em 1911 ,portanto já bastante tardia em comparação com outros locais arqueológicos, nós descobrimos o fascínio da cidade desde muito cedo na nossa vida de viajantes . Sempre que se falava de viagens de sonho , de locais a visitar , o nome final era sempre MACHU PICCHU.
Foi a paixão por este lugar que não conhecíamos , foi o perseguir do nosso sonho , que nos deu a força que necessitávamos para pela manhã obrigar o corpo a levantar e mesmo de moral em baixo fazer a viagem que nos separava do nosso objetivo.
E foi assim que pelas 6.00 hrs fomos a custo até à entrada do hotel e esperar pela carrinha do guia que nos levaria numa viagem de meia hora ate Poroy , pequena vila acima de Cusco e de onde partem os comboios para Águas Calientes , a base de quem visita MACHU PICCHU.
Esperava por nós uma estrada de curvas e contracurvas , de piso em muito mau estado e de um trânsito intenso já mesmo áquela hora da manhã que desafiava as forças corporais e mentais a suportar um aumento da indisposição já que iriamos subir dos já fatídicos 3400 de Cusco para os 3579 m de Poroy. As duas rápidas paragens que forçámos a guia a fazer não foram suficientes para aliviar a grande e porque não dizer grave indisposição que tínhamos.
A guia temia não chegar a tempo à estação de Poroy e assim perder o combóio e só dizia que quando chegássemos a Águas Calientes tudo melhorava . Grande apoio nos dava afinal estávamos a 3h de caminho J
E assim 20 m antes da hora programada para a saída do combóio já estávamos em Poroy desesperadamente indispostos. Nem vontade houve para uma pequena foto à estação ou ao combóio tal era o mau estar de ambos. Naquele momento a minha única preocupação era tentar animar a minha mulher e dar-lhe um pouco mais de força para que pudesse aguentar a viagem.
Felizmente que eu sabia que á chegada a Águas Calientes todos estes sintomas iriam desaparecer , afinal íamos passar dos 3.579 m de Poroy para os 2.040 m de Águas Calientes.
O combóio é o meio mais popular para se chegar a Machu Picchu. O serviço é operado pela Peru Rail (www.perurail.com) e pela Inca Rail (www.incarail.com). Cada empresa oferece três opções de combóio todos os dias entre Cusco e Aguas Calientes, com diferentes categorias e preços.
A Peru Rail é a empresa mais utilizada que oferece três tipos de serviço: o Backpacker, destinados aos mochileiros que procuram passagens mais económicas, o Vistadome que tem janelas panorâmicas e partes de vidro no tecto , e o Hiram Bingham, para quem prefere um passeio mais luxuoso que inclui refeições a bordo, transporte até a cidadela de Machu Picchu, acompanhamento de guia e um chá da tarde no Machu Picchu Sanctuary Lodge .
Á chegada a Águas Calientes aguardava por nós a nossa guia e um casal de americanos que faria a visita connosco. A guia quando olhou para a minha mulher percebeu logo o que se passava e seguimos de imediato a uma farmácia para comprar e tomar uns comprimidos específicos para o “Soroche “, as famosas” SOROCHE PILLS “.
Ao contrário de Portugal, estes comprimidos podem ser comprados em unidades pois trata-se de um medicamento que só serve para estes casos mais “agudos “. E foi com a esperança renovada de rápidas melhoras que nos dirigimos para o pequeno autocarro que nos levaria até à entrada da “ Cidade Perdida “.
Não tardou muito a encher , condição para que saia , e pouco depois iniciou a pequena viagem de 25 m por uma estreita estrada de terra batida até a uma ponte onde existia um letreiro que indicava “ Perímetro oficial do Parque Nacional da Montanha de Machu Picchu “.
A partir daqui a ansiedade e a emoção começaram a aumentar e por algumas vezes olhámos um para o outro como a dizer “estamos a concretizar o sonho de uma vida “.
A estrada que leva ao topo é um caminho de terra batida , ligeiramente molhada para não levantar muito pó e a sua largura máxima não permite o cruzamento de 2 autocarros . Sempre que isso acontece e (é bastante frequente pois o trânsito do sobe e desce é intenso ) um deles reduz muito a velocidade e encosta á direita ( o que sobe ) para permitir a passagem do outro.
Esta não é uma viagem isenta de riscos pois não há muito tempo o ocorreu uma derrocada numa curva a meio do percurso , que ainda hoje é visível , e por sorte na altura nenhum destes pequenos autocarros ia a passar naquele local.
O termino da subida é mesmo junto á entrada da “Cidade Perdida “ e mesmo em frente ao único hotel que ali existe.
Machu Picchu é Património da Humanidade, nomeado pela UNESCO em 1983 e em 2007, foi eleita com uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno.
A fila para a entrada não é grande nem demorada. A entrada está fixada a um máximo de 2500 visitantes por dia . Olho em volta e procuro algo que me possa guiar em direcção á “ Cidade Perdida “ ,mas nada , nada vejo , parece que ela , a cidade , se mantém escondida de mim e de todos .
As pedras polidas pelos milhares de visitantes que acorrem a este lugar , mostravam sem sombra de dúvida o caminho que levava até à entrada da cidade perdida. Em passo lento pois a inclinação assim obriga lá seguimos este trilho de escadas rodeadas por uma vegetação grandiosa . Foi com muita dificuldade que consegui retraír o impulso de deixar os outros para trás e correr feito louco por aquelas escadas até ao topo.
Já no topo , aguardámos um pouco pela guia que vinha mais atrás e aproveitámos para apreciar as montanhas rochosas que nos envolviam. Picos altos e escarpados davam a entender o porquê dos Incas terem construído a cidade nesta zona.
Nesse momento a guia pediu que ficássemos juntos pois no final dessa pequena recta veríamos uma paisagem muito especial. E assim foi, uns passos à frente e após uma ligeira curva, os nossos olhos encontraram-se com uma das mais belas paisagens que alguma vez tínhamos observado, a “ Cidade Perdida de Machu Picchu” . Ali à nossa frente , calma e serena, estava a imagem que durante tantos anos nos habituámos a ver nas revistas , na televisão e nos livros de história , mas com a diferença que desta vez era real , estava ali quase a tocar-nos e a encher-nos o coração e a alma.
Não foi só a imagem que me encheu os olhos, foram também as muitas lágrimas de emoção , de alegria e de satisfação pois o meu sonho ,o nosso sonho tinha-se transformado em realidade.
UM POUCO DE HISTÓRIA
A 2.438m de altitude , a cidade de Machu Picchu está situada no alto de uma montanha cercada por outras e circundada pelo Rio Urubamba. As montanhas Machu Picchu e Huayna Picchu são parte de uma grande formação rochosa conhecida como “ Batolito de Vilcabamba” na Cordilheira Central dos Andes Peruanos.
A superfície edificada tem aproximadamente 530 m de comprimento , 200 m de largura e 172 edificios na área urbana.
Apesar de ter sido construída por volta de 1400 , Machu Picchu esteve incógnita até 1911 , altura em que o Professor americano HIRAN BINGHAM encontrou a cidade a que chamou “ LOST CITY “ .
Dos 135 esqueletos encontrados , mais de 100 eram mulheres . Muitos arqueólogos especulam que este local era um Templo ou Santuário para Sumos Sacerdotes e que as mulheres seriam as “ VIRGENS DO SOL “.
Uma pesquisa mais recente convence muitos que o local foi construído como residência para o Imperador Inca Pachacuti que terá governado entre 1438 e 1471.
Um dos aspectos intrigantes da história de Machu Picchu é o facto de ter sido relativamente pequeno o período de utilização da cidade. O complexo foi construído no auge do Império Inca mas foi utilizado só durante cerca de 100 anos , cerca da época da conquista espanhola do Perú.
Outro facto histórico interessante e que possivelmente salvou muitos detalhes e objectos de valor histórico foi o facto de os conquistadores espanhóis nunca a terem encontrado a cidade.
Ao longo de séculos este lugar sagrado permaneceu em segredo ,sendo possivelmente conhecido só pelos habitantes locais.
A antiga cidade fortificada dos Incas foi erguida em blocos de rochas que pesam mais de 50 toneladas e parecem que foram esculpidas pela natureza. Os seus jardins em diferentes níveis são ligados entre si por mais de três mil degraus. Estima-se que a cidade foi habitada por cerca de 10.000 pessoas, mas não se sabe ao certo se Machu Picchu era uma fortaleza, palácio ou uma cidade.
Era um complexo que abarcava múltiplos aspectos sócio económicos , militares , religiosos , arquitectónicos e administrativos seguindo sempre o modelo inca de organização espacial. A área total compreende mais de 5 km2 encaixados na selva o que dificultava e ainda dificulta o acesso á cidade.
Machu Picchu tinha cerca de 200 casas , além de praças , palácios e observatórios astronómicos.
VISITA
Após uma clara e longa narração da história da cidade , a guia encaminhou-nos até à “ Porta da Cidade” . Muito pequena para uma cidade como aquela, muito estreita para uma cidade que movimentava muita gente , mas bastante evoluída para a época pois estava equipada comum sistema de fecho interno , ainda hoje visível.
Desde a “ Porta da Cidade “ e olhando para cima via-se claramente não só a “ zona agrícola “ com os seus fantásticos socalcos mas também a “Casa do Guarda “ que na altura servia de controlo de entrada a todos aqueles que pretendiam visitar a e que chegavam até ela através do hoje famoso “ Caminho Inca “.
CASA DO GUARDA
Embora seja uma cidade em ruinas , ninguém ficará indiferente às muitas pedras cinzentas, que contam a história de uma cidade construída no topo de uma montanha.
São pedras que falam de um passado distante, são pedras que contam a história de uma civilização única , mas também são pedras que nos mostram a vivência , o sofrimento , a dor e o sacrifício de um povo que um dia decidiu moldar essas mesmas pedras para construir a sua cidade.
Fácilmente entendemos que não terá sido uma tarefa fácil pois mesmo para aquele tempo já se denotava uma refinada arquitectura onde a precisão e o detalhe eram uma presença constante na construção da cidade.
Descendo em direcção à Praça Central começou a ser bastante visível a organização Inca da época .
Machu Picchu está dividia em duas grandes zonas :
A zona agrícola formada por conjuntos de terraços de cultivo .
A zona urbana onde viviam os seus habitantes e onde se desenvolviam as principais actividades civis e religiosas.
Estas duas zonas estão separadas por um muro de 400 m , um fosso e uma escadaria , elementos que correm paralelos pela face leste da montanha.
ZONA AGRÍCOLA
Os terraços de cultivo de Machu Picchu aparecem como grandes escadarias construídas sobre a ladeira. São estruturas formadas por um muro de pedra e preenchidas com diferentes capas de material (pedras grandes, pedras menores, cascalho, argila e terra de cultivo) que facilitam a drenagem, evitando que a água crie poças (leve-se em conta a grande pluviosidade da região) e desmorone sua estrutura. Este tipo de construção permitiu que se cultivasse neles até a primeira década do século XX. Outros terraços de menor largura encontram-se na parte baixa de Machu Picchu, ao redor de toda a cidade. A sua função não era agrícola, mas sim servir como muros de contenção.
ZONA URBANA
A zona urbana foi dividida pelos arqueólogos em grupos de edifícios denominados por números entre 1 e 18. Ainda está em vigência o esquema proposto por Chavez Ballón em 1961 que divide a zona urbana em “setor hanan” (alto) e “setor hurin” (baixo) conforme a tradicional bipartição da sociedade e da hierarquia andina. O eixo físico dessa divisão é uma praça comprida, construída sobre terraços em diferentes níveis, de acordo com o declive da montanha.
O segundo eixo da cidade em importância forma uma cruz com o anterior, atravessando praticamente toda a largura das ruínas de leste a oeste. Consiste de dois elementos: uma larga e comprida escadaria que faz a vez de “rua principal” e um conjunto de elaboradas fontes de água que corre paralelo a ela.
È nesta zona que se concentram os principais atracções da “ Cidade Perdida “ .
TEMPLO DO SOL
Segundo as investigações mais recentes , a localização exacta do templo foi pensada de forma a estar à maior altitude possível para assim ficar mais perto do Céu e do Sol.
É a única construção semicircular de Machu Picchu, o Templo do Sol está sobre uma rocha maciça e dele fazem parte as famosas três janelas trapezoidais, cuja abertura recebe a luz do sol que é direcionada até a pedra central do templo no solstício de inverno. É também chamado de “Torreón” fica integrado ao complexo que inclui a principal fonte de água, as três paredes de culto ao vento e o templo dedicado à Pachamama (mãe terra). O seu desenho aproveita a estrutura natural da rocha sobre a qual foi erigido. Abaixo existe uma espécie de gruta que, acreditam os estudiosos, servia de mausoléu para alguns dos líderes do povo inca. A múmia de Pachacútec, considerado o maior soberano inca, teria ali estado até ser removida para destino ainda hoje desconhecido, um dos enigmas que os arqueólogos tentam desvendar.
ROCHA SAGRADA
A sua silhueta imita a montanha “Apu Yanatin” que se encontra por detrás dela .
È atribuído a esta pedra propriedades energéticas pelo que é muito natural ver visitantes agarrados a ela para se carregarem de energia positiva
É junto á “ Rocha Sagrada “ que está a entrada para subir a montanha “ Huayna Picchu “.
TEMPLO DAS TRÊS JANELAS
Este templo a leste da praça principal é conhecido pelas três janelas que adornam um terreno rectangular. A construção está integrada no Templo Principal e foi construído com enormes blocos de pedra talhados e encaixados na perfeição. As janelas representariam os três níveis em que os incas dividiam o mundo: HANAN PACHA - o céu (vida espiritual), KAY PACHA - a terra (vida mundana) e o UJU PACHA - o subterrâneo (vida interior).
PEDREIRA
Este complexo fica na parte alta numa área replecta de rochas graníticas de diversas formas e tamanhas parcialmente trabalhadas, pois Machu Picchu seguia em transformação e construção quando foi abandonada. Neste ponto a guia mostrou-nos as técnicas utilizadas para cortar, esculpir e polir as pedras sobrepostas sem uso de argamassa, uma marca registrada da engenhosa arquitetura inca.
ZONA INDUSTRIAL
Este setor foi aparentemente um lugar industrial, pois possuem dois morteiros circulares, ambos sobre o mesmo diâmetro e esculpidas em rochas no chão, de acordo com alguns historiadores eram morteiros usados para moer vários elementos, tecelagem ou olaria no setor industrial.
TEMPLO PRINCIPAL
Localizado ao norte da Praça Sagrada, este templo foi construído em forma de wayrana, isto é, retangular, mas só com três paredes de 11 metros de comprimento e 8 de largura. O templo possui sete nichos em parede central trapezoidal e cinco em cada parede lateral. Uma pedra esculpida serviu como altar sob a parede principal.
ACLLAHUASI
Acllahuasi é o conjunto residencial que abrigava as "acllas" ("escolhidas", em quéchua). As mulheres escolhidas pelo inca, também chamadas de Virgens do Sol desempenhavam atividades específicas para a nobreza, além disso, cuidavam das cerimônias sagradas e algumas eram sacrificadas. Neste conjunto existem dois utensílios de formato côncavo feitos em pedra no solo que serviam para a elaboração de alimentos.
INTIHUATANA
Intihuatana é o relógio solar ou “lugar onde se amarra o sol”, na língua quéchua. Está situado no ponto mais alto de Machu Picchu. A peça está alinhada com os pontos cardeais e era utilizada para registrar a passagem do tempo. Todos os dias centenas de turistas estendem as mãos por cima do monólito, que não pode ser tocado, para captar a suposta energia do monumento de pedra semelhante a um obelisco em miniatura.
HUAYNA PICCHU
Huayna Picchu ou Wayna Pikchu (em quíchua: “jovem montanha”) é uma montanha que forma parte oriental do maciço de Salcantay, em torno da qual o rio Urubamba segue o seu curso. É a montanha icônica das fotos de Machu Picchu. O pico de Huayna Picchu está situado a 2.720 metros acima do nível do mar.
Mas a “ Cidade Perdida “ vale não só pelas atracções que mencionei , mas vale essencialmente por pormenores que embora presentes não são muitas vezes considerados.
Trabalhadores metódicos , estudiosos dos céus e das estrelas tornaram-se numa civilização única e cativante. A qualidade e complexidade da sua construção está visível em muitos lugares da cidade como por exemplo num simples muro de pedra onde nem uma folha de papel cabe entre os seus blocos.
Mas não pensem que os visitantes serão os únicos a apreciar a beleza deste lugar. Em toda a extensão do sitio arqueológico é fácil dar de caras com estes doceis animais que por ali passeiam calma e tranquilamente. São já por ali conhecidos e não pagam entrada . Alguns deixam-se fotografar enquanto outros não nos dão muita importância e seguem com actividades bem mais interessantes que pousar para uma câmara fotográfica.
A visita faz-se num ritmo lento e constante pois embora altitude não seja grande o cansaço instala-se com facilidade nos visitantes pois é um constante sobe e desce de escadas, rampas e pedras.
Aos poucos a “ Cidade Perdida “ vai-se revelando aos seus visitantes . Muitas são as zonas em que as casas embora em ruínas deixam com clareza imaginar como eram no passado. Em muitas é inclusivamente possível ainda reconhecer divisões como os quartos e casas de banho onde já nesse tempo havia água corrente proveniente das fontes situadas no alto da cidade.
As montanhas que circundam a cidade são imponentes e austeras , permitindo apreciar imagens de rara beleza.
È ao caminhar por estreitas ruelas , por entre altos muros de pedras colossais , que nos damos conta da nossa insignificância quando comparada com a história deste e outros lugares.
São lugares que permitem que o nosso pensamento percorra séculos de história criando a ou as cenas que mais nos apetecem imaginar , são lugares que permitem o pensamento fugir ao quotidiano e imaginar ser um dos habitantes desta cidade mágica, são lugares de comunhão com um passado que embora desconhecido nos permite imaginar o inimaginável.
È fácil percorrer os caminhos de Machu Picchu , é reconfortante olhar ao nosso redor e ver as pedras que contam histórias , é fascinante sentir o cheiro da erva verde que cobre todo a cidade e é acolhedor ouvir os pássaros num chilrear constante na busca de comida que abunda a esta altitude.
Em cada curva ou em cada descida do percurso a paisagem e os motivos mudam pois o que não era visível num patamar superior agora revela-se aos olhos de cada um. Também as histórias de cada lugar vão mudando permitindo assim que cada personagem qua anteriormente possamos ter criado no nosso espírito possa também ela se renovar.
É o constante movimento dos visitantes , são as pedras que emitem uma energia especial , são os relatos de estudos astronómicos , são as virgens que imaginamos passear pela Praça Central, são os fascinantes picos das montanhas ao redor e é a imponente Wayna Picchu que ali permanece recordando a cada um de nós que está ali a guardar a “ Cidade “ , que faz com que o tempo passe demasiado depressa e que mesmo no primeiro segundo que passamos neste lugar comecemos logo a sentir “ SAUDADES”.
Foi quase no final de um trilho estreito, de onde se podia observar toda a cidade que a guia nos pediu que ficássemos por ali um pouco pois pretendia dizer-nos algumas palavras .
Este trilho conduz uns metros mais á frente à saída da cidade e era o ponto onde pela cultura inca todos os visitantes da cidade deveriam decidir o que fazer quanto ao seu futuro. A guia mencionou as suas perguntas
“ Se voltas à cidade , segue o teu caminho e não olhes para trás “
“ Se não voltas olha para ela uma última vez e parte em paz “
Pedimos uns minutos e ficámos por ali absorvendo aquela beleza única e inconfundível , ficámos por ali a imaginar o inimaginável , ficámos por ali a desejar que o nosso olhar pudesse guardar todas aquelas imagens , sons e cores . De repente , fomos como que acordados do nosso sonho por uma voz que nos dizia “ Está na hora de ir “. E a magia daqueles curtos minutos, esfumou-se num abrir e fechar de olhos. Tinhamos voltado à realidade
Olhámos todo o recinto por uma última vez , virámos as costas á cidade e agradecemos a DEUS a oportunidade que nos deu de um dia termos visitado “ A CIDADE INCA DE MACHU PICCHU “.
Ao passar a porta da cidade olhámos um para o outro e sorrimos com aquele sorriso único e fascinante de quem terminou de concretizar o sonho de uma vida …… o nosso “SONHO IMPOSSIVEL “ agora tornado realidade .
Fechámos a porta da cidade , mas abrimos a porta das lembranças , dos sentidos e da felicidade que só aqueles que visitam este lugar maravilhoso podem algum dia experimentar.
Para sempre ficará gravado na nossa memória esta imagem fascinante de uma cidade perdida no topo de uma montanha , onde um dia uma civilização teve a capacidade de ultrapassar todas as dificuldades e de também eles concretizarem o seu sonho de construírem a sua cidade.
E quando por volta das 16.30 hrs o comboio se colocou em marcha em direcção a Cusco ,para trás ficou um dia de emoções fortes , para trás ficou este lugar especial e mágico onde as pedras contam uma história , onde o tempo pára e onde a paisagem arrebata a visão e os sentimentos deixando na memória de cada um de nós uma marca para toda a vida.
Afinal a vida é feita de simples sonhos .
Acreditem que os sonhos impossíveis também se conquistam , nós conquistámos o nosso.
ATÉ SEMPRE ……….. MACCHU PICHU
Obrigado por terem chegado ao final
Abraço a todos
João Paulo
“ O SONHO ÍMPOSSÌVEL “
“ Quem persegue os seus sonhos de certeza que um dia os conquista “
Não gostaria de chamar a este texto um “ report “ ,pois na realidade não é um simples relatório de uma simples viagem , será sim um texto onde tentarei descrever o concretizar do SONHO DE UMA VIDA , o sonho sempre perseguido de um dia poder visitar a Cidade Perdida dos Incas de MACHU PICCHU
Após uma noite de má disposição constante , afinal o “ SOROCHE “ existe mesmo , eis que o nosso despertador indica 5 h da madrugada de Cusco , ou seja , hora para levantar e preparar a saída para visitar esse lugar mítico que certamente fará parte do sonho de qualquer viajante visitar.
A noite mal dormida , os vómitos e as dores de cabeça , não deixavam o corpo reagir e nem mesmo um longo e apetecível duche de água quente fez com que essa desesperante sensação desaparecesse.
Ao contrário da descoberta de Machu Picchu em 1911 ,portanto já bastante tardia em comparação com outros locais arqueológicos, nós descobrimos o fascínio da cidade desde muito cedo na nossa vida de viajantes . Sempre que se falava de viagens de sonho , de locais a visitar , o nome final era sempre MACHU PICCHU.
Foi a paixão por este lugar que não conhecíamos , foi o perseguir do nosso sonho , que nos deu a força que necessitávamos para pela manhã obrigar o corpo a levantar e mesmo de moral em baixo fazer a viagem que nos separava do nosso objetivo.
E foi assim que pelas 6.00 hrs fomos a custo até à entrada do hotel e esperar pela carrinha do guia que nos levaria numa viagem de meia hora ate Poroy , pequena vila acima de Cusco e de onde partem os comboios para Águas Calientes , a base de quem visita MACHU PICCHU.
Esperava por nós uma estrada de curvas e contracurvas , de piso em muito mau estado e de um trânsito intenso já mesmo áquela hora da manhã que desafiava as forças corporais e mentais a suportar um aumento da indisposição já que iriamos subir dos já fatídicos 3400 de Cusco para os 3579 m de Poroy. As duas rápidas paragens que forçámos a guia a fazer não foram suficientes para aliviar a grande e porque não dizer grave indisposição que tínhamos.
A guia temia não chegar a tempo à estação de Poroy e assim perder o combóio e só dizia que quando chegássemos a Águas Calientes tudo melhorava . Grande apoio nos dava afinal estávamos a 3h de caminho J
E assim 20 m antes da hora programada para a saída do combóio já estávamos em Poroy desesperadamente indispostos. Nem vontade houve para uma pequena foto à estação ou ao combóio tal era o mau estar de ambos. Naquele momento a minha única preocupação era tentar animar a minha mulher e dar-lhe um pouco mais de força para que pudesse aguentar a viagem.
Felizmente que eu sabia que á chegada a Águas Calientes todos estes sintomas iriam desaparecer , afinal íamos passar dos 3.579 m de Poroy para os 2.040 m de Águas Calientes.
O combóio é o meio mais popular para se chegar a Machu Picchu. O serviço é operado pela Peru Rail (www.perurail.com) e pela Inca Rail (www.incarail.com). Cada empresa oferece três opções de combóio todos os dias entre Cusco e Aguas Calientes, com diferentes categorias e preços.
A Peru Rail é a empresa mais utilizada que oferece três tipos de serviço: o Backpacker, destinados aos mochileiros que procuram passagens mais económicas, o Vistadome que tem janelas panorâmicas e partes de vidro no tecto , e o Hiram Bingham, para quem prefere um passeio mais luxuoso que inclui refeições a bordo, transporte até a cidadela de Machu Picchu, acompanhamento de guia e um chá da tarde no Machu Picchu Sanctuary Lodge .
Á chegada a Águas Calientes aguardava por nós a nossa guia e um casal de americanos que faria a visita connosco. A guia quando olhou para a minha mulher percebeu logo o que se passava e seguimos de imediato a uma farmácia para comprar e tomar uns comprimidos específicos para o “Soroche “, as famosas” SOROCHE PILLS “.
Ao contrário de Portugal, estes comprimidos podem ser comprados em unidades pois trata-se de um medicamento que só serve para estes casos mais “agudos “. E foi com a esperança renovada de rápidas melhoras que nos dirigimos para o pequeno autocarro que nos levaria até à entrada da “ Cidade Perdida “.
Não tardou muito a encher , condição para que saia , e pouco depois iniciou a pequena viagem de 25 m por uma estreita estrada de terra batida até a uma ponte onde existia um letreiro que indicava “ Perímetro oficial do Parque Nacional da Montanha de Machu Picchu “.
A partir daqui a ansiedade e a emoção começaram a aumentar e por algumas vezes olhámos um para o outro como a dizer “estamos a concretizar o sonho de uma vida “.
A estrada que leva ao topo é um caminho de terra batida , ligeiramente molhada para não levantar muito pó e a sua largura máxima não permite o cruzamento de 2 autocarros . Sempre que isso acontece e (é bastante frequente pois o trânsito do sobe e desce é intenso ) um deles reduz muito a velocidade e encosta á direita ( o que sobe ) para permitir a passagem do outro.
Esta não é uma viagem isenta de riscos pois não há muito tempo o ocorreu uma derrocada numa curva a meio do percurso , que ainda hoje é visível , e por sorte na altura nenhum destes pequenos autocarros ia a passar naquele local.
O termino da subida é mesmo junto á entrada da “Cidade Perdida “ e mesmo em frente ao único hotel que ali existe.
Machu Picchu é Património da Humanidade, nomeado pela UNESCO em 1983 e em 2007, foi eleita com uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno.
A fila para a entrada não é grande nem demorada. A entrada está fixada a um máximo de 2500 visitantes por dia . Olho em volta e procuro algo que me possa guiar em direcção á “ Cidade Perdida “ ,mas nada , nada vejo , parece que ela , a cidade , se mantém escondida de mim e de todos .
As pedras polidas pelos milhares de visitantes que acorrem a este lugar , mostravam sem sombra de dúvida o caminho que levava até à entrada da cidade perdida. Em passo lento pois a inclinação assim obriga lá seguimos este trilho de escadas rodeadas por uma vegetação grandiosa . Foi com muita dificuldade que consegui retraír o impulso de deixar os outros para trás e correr feito louco por aquelas escadas até ao topo.
Já no topo , aguardámos um pouco pela guia que vinha mais atrás e aproveitámos para apreciar as montanhas rochosas que nos envolviam. Picos altos e escarpados davam a entender o porquê dos Incas terem construído a cidade nesta zona.
Nesse momento a guia pediu que ficássemos juntos pois no final dessa pequena recta veríamos uma paisagem muito especial. E assim foi, uns passos à frente e após uma ligeira curva, os nossos olhos encontraram-se com uma das mais belas paisagens que alguma vez tínhamos observado, a “ Cidade Perdida de Machu Picchu” . Ali à nossa frente , calma e serena, estava a imagem que durante tantos anos nos habituámos a ver nas revistas , na televisão e nos livros de história , mas com a diferença que desta vez era real , estava ali quase a tocar-nos e a encher-nos o coração e a alma.
Não foi só a imagem que me encheu os olhos, foram também as muitas lágrimas de emoção , de alegria e de satisfação pois o meu sonho ,o nosso sonho tinha-se transformado em realidade.
UM POUCO DE HISTÓRIA
A 2.438m de altitude , a cidade de Machu Picchu está situada no alto de uma montanha cercada por outras e circundada pelo Rio Urubamba. As montanhas Machu Picchu e Huayna Picchu são parte de uma grande formação rochosa conhecida como “ Batolito de Vilcabamba” na Cordilheira Central dos Andes Peruanos.
A superfície edificada tem aproximadamente 530 m de comprimento , 200 m de largura e 172 edificios na área urbana.
Apesar de ter sido construída por volta de 1400 , Machu Picchu esteve incógnita até 1911 , altura em que o Professor americano HIRAN BINGHAM encontrou a cidade a que chamou “ LOST CITY “ .
Dos 135 esqueletos encontrados , mais de 100 eram mulheres . Muitos arqueólogos especulam que este local era um Templo ou Santuário para Sumos Sacerdotes e que as mulheres seriam as “ VIRGENS DO SOL “.
Uma pesquisa mais recente convence muitos que o local foi construído como residência para o Imperador Inca Pachacuti que terá governado entre 1438 e 1471.
Um dos aspectos intrigantes da história de Machu Picchu é o facto de ter sido relativamente pequeno o período de utilização da cidade. O complexo foi construído no auge do Império Inca mas foi utilizado só durante cerca de 100 anos , cerca da época da conquista espanhola do Perú.
Outro facto histórico interessante e que possivelmente salvou muitos detalhes e objectos de valor histórico foi o facto de os conquistadores espanhóis nunca a terem encontrado a cidade.
Ao longo de séculos este lugar sagrado permaneceu em segredo ,sendo possivelmente conhecido só pelos habitantes locais.
A antiga cidade fortificada dos Incas foi erguida em blocos de rochas que pesam mais de 50 toneladas e parecem que foram esculpidas pela natureza. Os seus jardins em diferentes níveis são ligados entre si por mais de três mil degraus. Estima-se que a cidade foi habitada por cerca de 10.000 pessoas, mas não se sabe ao certo se Machu Picchu era uma fortaleza, palácio ou uma cidade.
Era um complexo que abarcava múltiplos aspectos sócio económicos , militares , religiosos , arquitectónicos e administrativos seguindo sempre o modelo inca de organização espacial. A área total compreende mais de 5 km2 encaixados na selva o que dificultava e ainda dificulta o acesso á cidade.
Machu Picchu tinha cerca de 200 casas , além de praças , palácios e observatórios astronómicos.
VISITA
Após uma clara e longa narração da história da cidade , a guia encaminhou-nos até à “ Porta da Cidade” . Muito pequena para uma cidade como aquela, muito estreita para uma cidade que movimentava muita gente , mas bastante evoluída para a época pois estava equipada comum sistema de fecho interno , ainda hoje visível.
Desde a “ Porta da Cidade “ e olhando para cima via-se claramente não só a “ zona agrícola “ com os seus fantásticos socalcos mas também a “Casa do Guarda “ que na altura servia de controlo de entrada a todos aqueles que pretendiam visitar a e que chegavam até ela através do hoje famoso “ Caminho Inca “.
CASA DO GUARDA
Embora seja uma cidade em ruinas , ninguém ficará indiferente às muitas pedras cinzentas, que contam a história de uma cidade construída no topo de uma montanha.
São pedras que falam de um passado distante, são pedras que contam a história de uma civilização única , mas também são pedras que nos mostram a vivência , o sofrimento , a dor e o sacrifício de um povo que um dia decidiu moldar essas mesmas pedras para construir a sua cidade.
Fácilmente entendemos que não terá sido uma tarefa fácil pois mesmo para aquele tempo já se denotava uma refinada arquitectura onde a precisão e o detalhe eram uma presença constante na construção da cidade.
Descendo em direcção à Praça Central começou a ser bastante visível a organização Inca da época .
Machu Picchu está dividia em duas grandes zonas :
A zona agrícola formada por conjuntos de terraços de cultivo .
A zona urbana onde viviam os seus habitantes e onde se desenvolviam as principais actividades civis e religiosas.
Estas duas zonas estão separadas por um muro de 400 m , um fosso e uma escadaria , elementos que correm paralelos pela face leste da montanha.
ZONA AGRÍCOLA
Os terraços de cultivo de Machu Picchu aparecem como grandes escadarias construídas sobre a ladeira. São estruturas formadas por um muro de pedra e preenchidas com diferentes capas de material (pedras grandes, pedras menores, cascalho, argila e terra de cultivo) que facilitam a drenagem, evitando que a água crie poças (leve-se em conta a grande pluviosidade da região) e desmorone sua estrutura. Este tipo de construção permitiu que se cultivasse neles até a primeira década do século XX. Outros terraços de menor largura encontram-se na parte baixa de Machu Picchu, ao redor de toda a cidade. A sua função não era agrícola, mas sim servir como muros de contenção.
ZONA URBANA
A zona urbana foi dividida pelos arqueólogos em grupos de edifícios denominados por números entre 1 e 18. Ainda está em vigência o esquema proposto por Chavez Ballón em 1961 que divide a zona urbana em “setor hanan” (alto) e “setor hurin” (baixo) conforme a tradicional bipartição da sociedade e da hierarquia andina. O eixo físico dessa divisão é uma praça comprida, construída sobre terraços em diferentes níveis, de acordo com o declive da montanha.
O segundo eixo da cidade em importância forma uma cruz com o anterior, atravessando praticamente toda a largura das ruínas de leste a oeste. Consiste de dois elementos: uma larga e comprida escadaria que faz a vez de “rua principal” e um conjunto de elaboradas fontes de água que corre paralelo a ela.
È nesta zona que se concentram os principais atracções da “ Cidade Perdida “ .
TEMPLO DO SOL
Segundo as investigações mais recentes , a localização exacta do templo foi pensada de forma a estar à maior altitude possível para assim ficar mais perto do Céu e do Sol.
É a única construção semicircular de Machu Picchu, o Templo do Sol está sobre uma rocha maciça e dele fazem parte as famosas três janelas trapezoidais, cuja abertura recebe a luz do sol que é direcionada até a pedra central do templo no solstício de inverno. É também chamado de “Torreón” fica integrado ao complexo que inclui a principal fonte de água, as três paredes de culto ao vento e o templo dedicado à Pachamama (mãe terra). O seu desenho aproveita a estrutura natural da rocha sobre a qual foi erigido. Abaixo existe uma espécie de gruta que, acreditam os estudiosos, servia de mausoléu para alguns dos líderes do povo inca. A múmia de Pachacútec, considerado o maior soberano inca, teria ali estado até ser removida para destino ainda hoje desconhecido, um dos enigmas que os arqueólogos tentam desvendar.
ROCHA SAGRADA
A sua silhueta imita a montanha “Apu Yanatin” que se encontra por detrás dela .
È atribuído a esta pedra propriedades energéticas pelo que é muito natural ver visitantes agarrados a ela para se carregarem de energia positiva
É junto á “ Rocha Sagrada “ que está a entrada para subir a montanha “ Huayna Picchu “.
TEMPLO DAS TRÊS JANELAS
Este templo a leste da praça principal é conhecido pelas três janelas que adornam um terreno rectangular. A construção está integrada no Templo Principal e foi construído com enormes blocos de pedra talhados e encaixados na perfeição. As janelas representariam os três níveis em que os incas dividiam o mundo: HANAN PACHA - o céu (vida espiritual), KAY PACHA - a terra (vida mundana) e o UJU PACHA - o subterrâneo (vida interior).
PEDREIRA
Este complexo fica na parte alta numa área replecta de rochas graníticas de diversas formas e tamanhas parcialmente trabalhadas, pois Machu Picchu seguia em transformação e construção quando foi abandonada. Neste ponto a guia mostrou-nos as técnicas utilizadas para cortar, esculpir e polir as pedras sobrepostas sem uso de argamassa, uma marca registrada da engenhosa arquitetura inca.
ZONA INDUSTRIAL
Este setor foi aparentemente um lugar industrial, pois possuem dois morteiros circulares, ambos sobre o mesmo diâmetro e esculpidas em rochas no chão, de acordo com alguns historiadores eram morteiros usados para moer vários elementos, tecelagem ou olaria no setor industrial.
TEMPLO PRINCIPAL
Localizado ao norte da Praça Sagrada, este templo foi construído em forma de wayrana, isto é, retangular, mas só com três paredes de 11 metros de comprimento e 8 de largura. O templo possui sete nichos em parede central trapezoidal e cinco em cada parede lateral. Uma pedra esculpida serviu como altar sob a parede principal.
ACLLAHUASI
Acllahuasi é o conjunto residencial que abrigava as "acllas" ("escolhidas", em quéchua). As mulheres escolhidas pelo inca, também chamadas de Virgens do Sol desempenhavam atividades específicas para a nobreza, além disso, cuidavam das cerimônias sagradas e algumas eram sacrificadas. Neste conjunto existem dois utensílios de formato côncavo feitos em pedra no solo que serviam para a elaboração de alimentos.
INTIHUATANA
Intihuatana é o relógio solar ou “lugar onde se amarra o sol”, na língua quéchua. Está situado no ponto mais alto de Machu Picchu. A peça está alinhada com os pontos cardeais e era utilizada para registrar a passagem do tempo. Todos os dias centenas de turistas estendem as mãos por cima do monólito, que não pode ser tocado, para captar a suposta energia do monumento de pedra semelhante a um obelisco em miniatura.
HUAYNA PICCHU
Huayna Picchu ou Wayna Pikchu (em quíchua: “jovem montanha”) é uma montanha que forma parte oriental do maciço de Salcantay, em torno da qual o rio Urubamba segue o seu curso. É a montanha icônica das fotos de Machu Picchu. O pico de Huayna Picchu está situado a 2.720 metros acima do nível do mar.
Mas a “ Cidade Perdida “ vale não só pelas atracções que mencionei , mas vale essencialmente por pormenores que embora presentes não são muitas vezes considerados.
Trabalhadores metódicos , estudiosos dos céus e das estrelas tornaram-se numa civilização única e cativante. A qualidade e complexidade da sua construção está visível em muitos lugares da cidade como por exemplo num simples muro de pedra onde nem uma folha de papel cabe entre os seus blocos.
Mas não pensem que os visitantes serão os únicos a apreciar a beleza deste lugar. Em toda a extensão do sitio arqueológico é fácil dar de caras com estes doceis animais que por ali passeiam calma e tranquilamente. São já por ali conhecidos e não pagam entrada . Alguns deixam-se fotografar enquanto outros não nos dão muita importância e seguem com actividades bem mais interessantes que pousar para uma câmara fotográfica.
A visita faz-se num ritmo lento e constante pois embora altitude não seja grande o cansaço instala-se com facilidade nos visitantes pois é um constante sobe e desce de escadas, rampas e pedras.
Aos poucos a “ Cidade Perdida “ vai-se revelando aos seus visitantes . Muitas são as zonas em que as casas embora em ruínas deixam com clareza imaginar como eram no passado. Em muitas é inclusivamente possível ainda reconhecer divisões como os quartos e casas de banho onde já nesse tempo havia água corrente proveniente das fontes situadas no alto da cidade.
As montanhas que circundam a cidade são imponentes e austeras , permitindo apreciar imagens de rara beleza.
È ao caminhar por estreitas ruelas , por entre altos muros de pedras colossais , que nos damos conta da nossa insignificância quando comparada com a história deste e outros lugares.
São lugares que permitem que o nosso pensamento percorra séculos de história criando a ou as cenas que mais nos apetecem imaginar , são lugares que permitem o pensamento fugir ao quotidiano e imaginar ser um dos habitantes desta cidade mágica, são lugares de comunhão com um passado que embora desconhecido nos permite imaginar o inimaginável.
È fácil percorrer os caminhos de Machu Picchu , é reconfortante olhar ao nosso redor e ver as pedras que contam histórias , é fascinante sentir o cheiro da erva verde que cobre todo a cidade e é acolhedor ouvir os pássaros num chilrear constante na busca de comida que abunda a esta altitude.
Em cada curva ou em cada descida do percurso a paisagem e os motivos mudam pois o que não era visível num patamar superior agora revela-se aos olhos de cada um. Também as histórias de cada lugar vão mudando permitindo assim que cada personagem qua anteriormente possamos ter criado no nosso espírito possa também ela se renovar.
É o constante movimento dos visitantes , são as pedras que emitem uma energia especial , são os relatos de estudos astronómicos , são as virgens que imaginamos passear pela Praça Central, são os fascinantes picos das montanhas ao redor e é a imponente Wayna Picchu que ali permanece recordando a cada um de nós que está ali a guardar a “ Cidade “ , que faz com que o tempo passe demasiado depressa e que mesmo no primeiro segundo que passamos neste lugar comecemos logo a sentir “ SAUDADES”.
Foi quase no final de um trilho estreito, de onde se podia observar toda a cidade que a guia nos pediu que ficássemos por ali um pouco pois pretendia dizer-nos algumas palavras .
Este trilho conduz uns metros mais á frente à saída da cidade e era o ponto onde pela cultura inca todos os visitantes da cidade deveriam decidir o que fazer quanto ao seu futuro. A guia mencionou as suas perguntas
“ Se voltas à cidade , segue o teu caminho e não olhes para trás “
“ Se não voltas olha para ela uma última vez e parte em paz “
Pedimos uns minutos e ficámos por ali absorvendo aquela beleza única e inconfundível , ficámos por ali a imaginar o inimaginável , ficámos por ali a desejar que o nosso olhar pudesse guardar todas aquelas imagens , sons e cores . De repente , fomos como que acordados do nosso sonho por uma voz que nos dizia “ Está na hora de ir “. E a magia daqueles curtos minutos, esfumou-se num abrir e fechar de olhos. Tinhamos voltado à realidade
Olhámos todo o recinto por uma última vez , virámos as costas á cidade e agradecemos a DEUS a oportunidade que nos deu de um dia termos visitado “ A CIDADE INCA DE MACHU PICCHU “.
Ao passar a porta da cidade olhámos um para o outro e sorrimos com aquele sorriso único e fascinante de quem terminou de concretizar o sonho de uma vida …… o nosso “SONHO IMPOSSIVEL “ agora tornado realidade .
Fechámos a porta da cidade , mas abrimos a porta das lembranças , dos sentidos e da felicidade que só aqueles que visitam este lugar maravilhoso podem algum dia experimentar.
Para sempre ficará gravado na nossa memória esta imagem fascinante de uma cidade perdida no topo de uma montanha , onde um dia uma civilização teve a capacidade de ultrapassar todas as dificuldades e de também eles concretizarem o seu sonho de construírem a sua cidade.
E quando por volta das 16.30 hrs o comboio se colocou em marcha em direcção a Cusco ,para trás ficou um dia de emoções fortes , para trás ficou este lugar especial e mágico onde as pedras contam uma história , onde o tempo pára e onde a paisagem arrebata a visão e os sentimentos deixando na memória de cada um de nós uma marca para toda a vida.
Afinal a vida é feita de simples sonhos .
Acreditem que os sonhos impossíveis também se conquistam , nós conquistámos o nosso.
ATÉ SEMPRE ……….. MACCHU PICHU
Obrigado por terem chegado ao final
Abraço a todos
João Paulo
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