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[Report] De volta aos Picos da Europa

TREPADOR

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Após uma primeira visita aos Picos da Europa que teve lugar no inicio deste ano, decidimos regressar e dedicar mais 4 dias a explorar esta zona.

Deixo-vos aqui o report de mais uma escapadinha.

Quinta-feira

A referida escapadinha teve lugar o mês passado, com saída do Porto a uma quinta feira de madrugada em direção à localidade de Potes, pequena vila localizada na Cantábria com cerca de 1500 habitantes, muito pitoresca com as suas casas em pedra e pequenas ruas empedradas. Esta pequena localidade fica rodeada por montanhas e atravessado pelo rio Deva.

A caminho de Potes fizemos um desvio para visitar o complexo Cueva El Soplao.

Cueva El Soplao é um conjunto de minas e grutas naturais com cerca de 50 kms de túneis, onde podemos fazer visitas guiadas, sendo que existem 3 formas de o fazer, visita de comboio e a pé com guia, visita aventura e vista às minas, nós optamos pela primeira, a mais convencional.

Iniciamos a visita num pequeno comboio que entra nas minas, e dai seguimos a pé pelas grutas naturais. A visita é conduzida por um guia que nos vai dando diversas informações e respondendo às perguntas que lhe são colocadas. A grandiosidade e riqueza das galerias naturais valem bem a visita, podem consultar o site do complexo Cueva El Soplao para informações mais detalhadas. Não tenho fotos do interior, pois não é permitida a captação de imagens.



Feita a visita, rumamos a Potes para nos instalar-mos e nos preparar-mos para o que nos esperava no dia seguinte.
 

TREPADOR

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Sexta-feira

Para sexta feira estava planeada uma caminhada.

A principal atração dos Picos da Europa, são as míticas caminhadas com os seus PR´s e Gr´s que levam caminhantes de todo o mundo a deslocarem-se para esta zona, para porem as suas capacidades à prova.

Existem caminhadas para todas as idades e condição física, com a garantia de paisagens cénicas dignas de postais. No inicio deste ano optamos por fazer a rota de Cares (report aqui no portal), aquela que é a mais famosa rota dos Picos da Europa. Uma vez que os dois aventureiros mais novos mostraram estar à altura do desafio, decidimos subir a parada e desta vez fizemos a Rota da reconquista.



Esta rota caracteriza-se pela inclinação acentuada, serpenteando pelo meio da montanha por um pequeno caminho pedregoso, que se estende ao longo de 4,5 kms, com uma elevação de 655 metros, ligando Poncebos (povoação mais próxima) à aldeia de Bulnes, sendo que até à bem poucos anos, esta era única forma de aceder a esta aldeia isolada do resto do mundo, sem qualquer acesso que não fosse a pé. Presentemente existe um funicular que transporta pessoas e os bens necessários a quem ali habita.

Para aceder ao inicio da referida rota, temos que deixar o carro estacionado na beira da estrada.
Junto ao funicilar de Bulnes, cruzam-se duas pequenas estradas onde podemos deixar o carro, mas apesar de não existir qualquer povoação nas imediações, estacionar é tarefa complicada, pois aqui inicia-se também a mais concorrida Rota de Cares

Resolvido o problema era hora de deixarmos o alcatrão para trás e iniciar-mos a subida até à aldeia de Bulnes.

Rodeados por montanhas vertiginosas e com o rio Cares por companhia, que vai serpenteado por entre pedras e que aqui e ali nos surpreende com pequenas quedas de água, lá fizemos o caminho ao nosso ritmo, com algumas paragens para retemperar forças e repor energias com o que levávamos nas mochilas. A chuva lá nos foi brindando, ora com uma ligeira morrinha, ora de forma mais acentuada, mas nada que não estivesse previsto ou para que não estivéssemos preparados.

Aqui ficam algumas fotos do caminho e das fantásticas paisagens:





















Uma das caraterísticas do clima nesta região, é que independentemente da altura do ano, assim que entramos na zona de montanha, o clima muda muito rapidamente, podendo as temperaturas baixar de forma abrupta e passar de um lindo dia de sol para nevoeiro serrado e chuva, pelo que convém estarmos preparados para todas as eventualidades. Aqui dependemos apenas de nós, não havendo atalhos, estradas, ou qualquer plano B. É costume afirmar-se que nos Picos podemos apanhar as 4 estações do ano numa só hora.

O caminho obrigou a algum esforço, principalmente dos mais novos que chegaram a Bulnes já cansados.
 
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TREPADOR

Membro Conhecido
À chegada o cenário é de cortar a respiração e transmite-nos de imediato uma paz e serenidade pouco usual. Esta aldeia perdida no tempo deixa-nos a pensar o que terá passado pela cabeça daqueles que edificaram as suas casas numa zona inóspita e quase inacessível.

Uma aldeia sem carros, sem qualquer ruído que não seja o das águas do rio Cares, que vai serpenteando por entre pedras e segue o seu caminho indiferente aos muitos obstáculos que se lhe vão deparando. Vemos ainda uma ou outra vaca que se passeia livremente pelas ruelas da aldeia.

















A meteorologia não convida a passeios no exterior, a única coisa que denuncia a existência de habitantes é o fumo que aqui e ali vai saindo das chaminés.

Uma vez que demorámos um pouco mais que o previsto a chegar a Bulnes, o plano de descer e almoçar em Arenas de Cabrales foi alterado, decidimos almoçar por ali num dos pequenos restaurantes ali existentes. Entramos e fomos recebidos com um sorriso e com uma certeza, temos de pedir uma fabada, um prato típico desta zona composto por feijão e enchidos, o ideal para retemperar forças, aquecer o corpo e a alma.



A satisfação e sentimento de dever cumprido ao chegarmos ao destino, sobrepunha-se ao cansaço e confesso que senti orgulho pelo desempenho dos jovens aventureiros, mas rapidamente comecei a sentir um outro sentimento a instalar-se… Ao ver o entra e sai de alguns caminhantes, percebia-se facilmente que não tinham feito apenas a nossa rota, pois Bulnes está no meio de várias rotas possíveis. Podemos iniciar a rota de Cares, seguir pela Rota da Reconquista e daí continuar a subir em direção ao emblemático Pico Urriellu, também conhecido por Naranjo de Bulnes com 2518 metros de altitude, o ponto mais alto dos Picos da Europa. Dai podemos retroceder ou continuar até Fuente Dé. Isto não é algo que se faça num só dia, obrigando a pernoitar em Bulnes, ou num abrigo existente numa zona da montanha.

O ser humano é insatisfeito por natureza e precisa de desafios… Ideias começam rapidamente a assombrar o nosso subconsciente e dou por mim a pensar, quem sabe um dia… Afinal de contas é assim que todas as viagens começam…

Após um almoço retemperador, e atendendo a que o piso empedrado estava escorregadio, achamos que descer seria tecnicamente mais difícil e arriscado que subir, como tal optámos por descer no funicular.

Regressamos a Potes para um merecido chocolate quente, numa pequena confeitaria no centro da Vila e que havíamos descoberto na nossa ultima visita.
 

TREPADOR

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Sábado

Sábado fomos presenteados por uma feira de gado que ocorre em Potes todos os anos, e que junta compradores e vendedores de gado desta região.
A tradição dita que seja feito um desfile pela rua principal, onde centenas de cabeças de gado desfilem sob o olhar atento dos muitos populares que ali ocorrem para presenciar este desfile digno de registo. Sem qualquer separação física ou barreiras de qualquer tipo, os populares alinham-se ao longo das ruas para verem o gado passar de forma surpreendentemente organizada.




Este evento é complementado por uma feira não muito diferente das que temos em Portugal, exceção feita às barracas de queijos e enchidos que marcam forte presença. Os produtores acorrem a este local em grande número, notando-se o orgulho com que exibem uma enorme quantidade de diferentes presuntos, salpicões, chouriços de todo o tipo e queijos para todos os gostos e feitios, com o famoso Cabrales como estrela principal. Não é fácil resistir...

Aproveitamos o resto do dia para visitar a aldeia de Mogrovejo, uma pequena aldeia próxima de Potes, com casa muito típicas, ruas empedradas e onde se encontra uma torre medieval data do Sec. XIII.
Após percorrermos a pequena aldeia de 44 habitantes, decidimos relaxar na esplanada do café da aldeia a contemplar a paisagem, com montanhas de um lado e bosques do outro.












Dali seguimos para Fuente Dé, local onde termina a estrada e de onde parte um teleférico em direção à montanha, subindo uns impressionantes 753 metros, até uma altitude de 1823 metros . Muitos aventureiros usam este meio de transporte para chegarem ao ponto onde se iniciam muitas das rotas de montanha possíveis nesta zona.

Faltavam ainda visitar alguns pontes de interesse, alguns deles a pé, mas ficamos-nos apenas por uma breve visita à igreja de St.ª Maria Lebenã e ao centro de interpretação dos Picos da Europa, aproveitando o resto do dia para deambular pela feira em Potes, pois no dia seguinte tínhamos a viagem de regresso a Portugal.





 
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TREPADOR

Membro Conhecido
Aqui deixo algumas fotos da pequena povoação que nos conquistou e nos fez regressar, a pequena vila de Potes:






















Boas viagens.
 
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TREPADOR

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Domingo

Com muita pena nossa, chegou o dia do regresso...

Ficam só alguns apontamentos quanto à viagem de regresso.

O trajeto Potes-Riaño por si só vale a viajem, tal é a beleza do cenário que nos vai acompanhando, seja pelo branco do topo das montanhas, seja pelas cores das árvores pintadas de amarelo e laranja nesta altura do ano.

O combustível é em média 30 cêntimos mais barato que em Portugal.

Desde que saímos de Potes, apenas apanhamos portagens ao entrar em Portugal.

Em jeito de balanço, os principais objetivos foram cumpridos no que toca a visitas.

Pudemos passar tempo de qualidade em família, descomprimir do stress do dia a dia, das filas de trânsito, dos horário rígidos e das obrigações profissionais.

Os mais novos puderam descobrir novos horizontes, constatar que com determinação tudo é possível, que não há limites para além dos que eles impõem a si próprios e que não há montanhas altas de mais e que não possam ser vencidas.

Espero que tenham gostado e que tenha aberto o apetite a alguns dos utilizadores do Portal.

Deixo apenas mais umas fotos soltas.

Boas viagens.


Entrada nos Picos da Europa por Riaño:

Fuente Dé
















 
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Mel C

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Obrigada por estar partilha, é uma viagem que há muito que quero fazer, realmente estas paisagens são espectaculares!
 

PaulaCoelho

Membro Conhecido
Adorei este take 2 dos Picos da Europa 🤩

Tal como o report anterior há-de ser muito útil pois quero mesmo que para o ano esta voltinha "não me escape"!
A aldeola de Mogrovejo é bem gira.
Obrigada :)
 

Antonia.M.S.

Membro Conhecido
Olá @TREPADOR
Adorei os Picos da Europa, que visitei há uns largos anos (fizemos base em Cangas de Onis), e ficou logo a promessa de voltar, porque é mesmo um pedaço maravilhoso do país vizinho. Ainda não cumpri ( há sempre novos lugares a descobrir) mas ver imagens tão bonitas como as que trazes reaviva muito esse desejo.
Obrigada pela bela partilha! Boas viagens 😉
 

TREPADOR

Membro Conhecido
Olá Antónia.
Obrigado pelo comentário.
Na nossa anterior visita também ficamos em Cangas de Oniz, é melhor forma de chegar aos Lagos e a Covadonga.
As diferentes zonas dos Picos têm diferentes encantos, diria que a a Zona da Cantábria é mais rústica, com um encanto muito próprio.
 
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