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[Report] Costa alentejana e Costa vicentina

Antonia.M.S.

Membro Conhecido
Nos últimos anos, e ainda que muito apreciadores de destinos de praia, temos dedicado as férias principais a outras viagens.

Mas não nos podemos queixar. Dispomos de um clima muito generoso e de uma costa tão extensa como admirável. Não terá porventura as temperaturas, ou as características de outras paragens, mas cada qual com a sua beleza e não podemos deixar de valorizar o que é nosso e está ali, ao nosso dispor.
Não raras vezes são o que consideramos coisas simples, pequenos pormenores, que nos proporcionam momentos únicos. Mesmo que replicados no tempo, ano após ano. No Alentejo o tempo corre devagar. O horizonte quase intangível da planície, dias longos e soalheiros e uma tranquilidade não raras vezes inquietante, consentem prazeres quotidianos, mas também rotinas que importa alterar.
Sol, mar, dias quentes, um chapéu, um livro, um jornal, algo que conforte o estômago, um local tranquilo, seguramente o suficiente para dias perfeitos.

O caminho do litoral alentejano faz-se assim, em verões de múltiplas viagens de ida e volta ou de fim de semana, entre o dourado da planície e o verde luxuriante dos pinhais e dos campos de arroz. Ninhos de cegonha distribuem-se ao longo da estrada, alternando entre postes de eletricidade e velhos eucaliptos. No final de cada viagem, aguarda-nos um mar calmo, quase privativo, que se confunde com o azul do céu, um areal branco e vasto, e do outro lado do rio, vigilante, a Serra.
No regresso, a paragem em Alcácer do Sal para jantar, ou apenas petiscar, é sempre um consolo antecipado.


Por entre falésias, extensos areais e brincadeiras de golfinhos.

A Costa Alentejana nasce aos pés da Arrábida, na Península de Tróia, do abraço cúmplice entre rio e oceano, numa estância balnear que já se quis proletária e agora se requer requintada e luxuosa, e onde uma paisagem cenográfica deixa descobrir brincadeiras de golfinhos.














Abrindo caminho percebem-se ruínas de impérios longínquos e espreita-nos, na próxima curva, a caprichosa Comporta, onde desfilam celebridades que contrastam com a beleza sublime dos campos de arroz, em horizontes a perder de vista.

 
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Antonia.M.S.

Membro Conhecido
Por perto, a Carrasqueira esconde segredos bem guardados: a aldeia do Possanco, petiscos locais inigualáveis, rica fauna e flora e, à conversa com o rio, um cais palafitico singular, a lembrar que nem só de prazeres vive o homem. Também de luta pela sobrevivência, de muitas horas de trabalho e dedicação às lides da pesca. Lá ao longe, na finitude do Sado, que ali corre largo e majestoso, avistam-se estaleiros que sublinham essa memória.




Carrasqueira – Cais Palafítico
















 
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Antonia.M.S.

Membro Conhecido
O mar, esse segue o seu caminho e estende-se por entre extensos pinhais, amplos arrozais, e até alegres vinhas, espreguiçando-se selvagem e livre mais abaixo, na Galé, numa moldura de falésias rubras a lembrar desertos esculpidos.

Lá atrás já ficaram lugares “bem frequentados” como o Pego ou o Carvalhal, Herdades que conhecem títulos de jornal, alojamentos de luxo “perdidos” nas dunas, e muitas estórias de vida por contar.








De areia grossa e mar inquieto, tendo integrado um fantástico parque de campismo, esta é uma das praias minhas preferidas. Porque apesar do parque, é muito tranquila e o enquadramento é simplesmente espetacular. Não acontece irmos muitas vezes porque acaba por ficar mais longe do que Tróia.


Há tanto que ver e fazer por estes lados. Praias selvagens entre arribas e falésias, extensos areais onde acontecem passeios a cavalo, aldeias pitorescas, boa gastronomia, uma serenidade e um conforto que não se explica.
A maravilhosa Costa alentejana esconde assim inúmeros segredos que apenas partilha com a irmã Vicentina, mais rebelde e agreste, não menos bela e acolhedora.

Não consigo optar entre a Costa Alentejana e a Costa Vicentina. Divido-me, contrariada. A natureza agreste, selvagem mas luxuriante da Costa Vicentina, é um convite irrecusável a longos passeios por trilhos mais ou menos atrevidos, desportos mais radicais ou simples dias de praia.

Para além dos dias de ida e volta até ao litoral, este ano descemos em julho até Sines, para o FMMundo, em agosto até à Zambujeira para o Festival do Sudoeste, e em meados de setembro, aproveitando o verão prolongado, até à região de Aljezur.
Em julho estivemos por Sines e Porto Covo, a viver o melhor festival do Alentejo e arredores, o FMM Sines,e quase não houve fotos. Aproveitámos sobretudo o festival e já por aqui há bons reports desta região.
Em agosto, ficámos no Parque de Campismo do Monte do Carvalhal da Rocha e entre ficar na praia ou apenas passear, estivemos em Odeceixe, na Zambujeira do Mar, na Praia do Carvalhal (a está próxima do Parque de Campismo do Monte do Carvalhal da Rocha), Vila Nova de Mil Fontes e na fantástica praia do Malhão.
Em setembro já não fizemos praia, mas passeámos por Aljezur, praia da Amoreira, Praia de Monte Clérigo, Vale de Homens e Arrifana.
Nem sei como, mas apaguei muitas das fotos que tirei de alguns lugares. Algumas que deixo serão por isso de outros anos e de outros fins de semana, mas o objetivo é mesmo mostrar um pouco destes maravilhosos lugares.


Zambujeira do Mar

Na Zambujeira estivemos por altura do MEO Sudoeste para ver um dos concertos por que suspirava há anos. Foi bonito viver um público tão heterogéneo. Gente madura, como nós e jovens, muitos jovens, com idade dos nossos filhos, a cantarem e dançarem as mesmas músicas. A música tem realmente uma magia inexplicável.

A Zambujeira estava, portanto, ao rubro por estes dias. De turistas, de todas as idades, mas não só.
Toda esta região conta agora com novos habitantes. Quem circula pela região de Odemira, Zambujeira do Mar, por quase todo o Sudoeste sobretudo junto ao mar, depara-se agora com uma população multicultural: romenos, moldavos, nepaleses, tailandeses, cambojanos, paquistaneses, indianos, etc.
A zona está repleta de estufas (flores, frutos vermelhos, etc) e o trabalho das mesmas é na sua grande maioria assegurado por imigrantes. Os asiáticos deslocam-se pela região sobretudo de bicicleta e vamo-los encontrando ao longo dos caminhos, sobretudo mais interiores.
Há uma grande polémica acerca das condições de trabalho destas pessoas. Quem tiver algum interesse pela questão encontra aqui um bom artigo: Frutos da circunstância

Enquanto isso toda a região, que é linda, vive muito de turismo, que é, todavia, um turismo bem diferente do que frequenta o vizinho Algarve.



Praia do Carvalhal –Zambujeira





Em frente ao Parque há uma herdade muito bonita com animais “exóticos”. Vimos gnus, búfalos, etc. Tirei algumas fotos, mas estão nas perdidas.

No caminho de campo entre a Praia do Carvalhal e a Zambujeira do Mar há outro parque também com animais. Vimos bastantes gazelas.




Parque de Campismo Monte do Carvalhal da Rocha

Monte Carvalhal da Rocha - Turismo - Parque de Campismo




 
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Antonia.M.S.

Membro Conhecido
Odeceixe
Odeceixe é o dois-em-um. Ou o três-em-um. Ou mais ainda. Passo a explicar: é mar e piscina, é espaço e luz. É Alentejo e é Algarve. É uma praia que, conforme as marés, é duas. Aliás, três. Confuso? Na verdade, é tudo muito simples... e maravilhoso.” Público, 12 de Junho de 2012
















Praia de Vale dos Homens






 

Antonia.M.S.

Membro Conhecido
Restaurante Museu da batata doce– Rogil
Fiquei desiludida com este restaurante. Era suposto haver alguma diversidade de pratos confecionados com batata doce, que eu adoro, no Museu da batata doce. Mas não, a batata é apenas servida a acompanhar carne ou peixe, frita ou cozida.
O espaço, esse é muito agradável.




Praia da Amoreira

Um lugar especial. De uma beleza serena, mas inquietante. Era final do dia e o bar, junto à praia, estava repleto de pessoas, sentadas cá fora, na esplanada apesar do fresco. E só se ouvia o mar. Não se ouviam conversas. Os olhares perdiam-se na paisagem, absortos na magia do mar..

Aparentemente, pelo ar mais nórdico e até e pelas matriculas dos carros, diria que não havia um português. E nós, chegámos, ficámos um pouquinho, passeámos um pouco pela areia, tirámos as nossas fotos e seguimos. Pelo caminho perguntava-me: não saberemos nós tirar partido do que tão despretenciosamente nos é oferecido???












Monte Clérigo



 
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Antonia.M.S.

Membro Conhecido
Mas o mar da Costa Vicentina não é para brincadeiras. Para banhos, sem qualquer dúvida ganha pontos a Costa Alentejana. E a minha praia de coração é mesmo Tróia. De águas calmas e transparentes, tendo a serra como eterna companheira, é na verdade perfeita.

Não falo de Troia/Resort que agora se pretende para elites, nem da Troia do aldeamento Sol-Tróia (que nos fins de semana “esgota “, literalmente, a par da Comporta, Carvalhal, ou Pego, sendo preciso palmilhar um tanto na areia para conseguir um lugar tranquilo).

Falo da praia sensivelmente a meio destes dois lugares, a que durante anos tivemos acesso, deixando os carros no antigo parque de campismo e percorrendo um curto caminho, a corta mato, por entre o pinhal, que conduz a uma praia paradisíaca, quase deserta.


Algumas das fotos que aqui deixo são de julho ou agosto em dias de semana, outras são mesmo ao fim de semana.

Este ano foi-nos barrado o acesso. O lugar onde estacionávamos continua lá, mas com sinal de proibição para estacionar. Não se percebe se irá ter alguma intervenção futuramente porque é um espaço espetacular que há muitos anos não tem qualquer utilidade (a não ser servir de estacionamento, o que era de grande utilidade). Nada contra a expansão do turismo. Nada contra locais de qualidade acessíveis a quem pode deles usufruir. Tudo contra a limitarem, cada vez mais, o acesso dos cidadãos ao que é um bem comum. É na verdade o que está a acontecer na Península de Troia e não só, em toda esta linha da costa como tem vindo a ser noticiado na comunicação social. Desculpem o desabafo.














Algumas dicas para quem não é da região.

Em Alcácer do Sal há vários restaurantes de qualidade. Temos por hábito ir a um bem pequenino, de frente para o rio mas escondido numa pequena praça, “A Papinha” que tem todo o marisco de muito boa qualidade assim como os petiscos mais variados.
Para comer um bom arroz de marisco não há como o “Tobias” na praia do Carvalhal (antes do Pego). É sempre de ir cedo porque aos fins de semana enche com facilidade.
Alojamentos, há muita diversidade por toda a costa.Troia conta já alguns anos com um casino onde a animação não falta.
Devo dizer que este pequenissimo contributo não é sequer uma amostra do muito que esta região tem para oferecer.

Mas espero ter despertado um pouco de interesse aos/às que não conhecem. A Costa Alentejana e Vicentina são lindíssimas e esperam por vós.
 

susy4

Membro Conhecido
Fantástico report como já nos tão bem tem habituado :)
Amei cada detalhe, as fotos, o registo de emoções... impecável.
Muito grata por mais um report que vem mostrar que viajar não tem de ser fora de portas... como diz e tão bem, e demonstra neste report, temos um país cheio de encantos :)
 

rmonteiro

Membro Conhecido
Mais um grande cartaz do nosso Portugal !
Belo report com belas fotos e excelentes palavras a acompanhar !!;)
Muito obrigado pela partilha, gostei muito.:)
 

Cristina Sousa

Membro Conhecido
Um encanto, como se fosse um poema! :)
Da suave e inspirada descrição, que só consegue quem sabe apreciar o lado bom de cada pormenor ou detalhe, à beleza das fotos, inspiradoras para uns dias de relax, gostei de tudo!
Obrigada @Antonia.M.S. por mais este pedacinho de boas leituras. ;)
 
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