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[Report] Brasil, Ano da Graça de 2006

cafeina

Membro Novo
Brasil, Ano da Graça de 2006

BRASIL



Terra de índios, miscelânea de raças, de sangues, uma cultura imensa, feita de simpatia, doçura e inocência…
São ainda índios por lá. Na sua maneira de vida, nos seus costumes. Terra de contrastes, de miséria, de pobreza e de riqueza, abençoada pela fertilidade, pelo clima, mas socialmente dividida tão nitidamente no extremo de cada pólo: a pobreza extrema e a riqueza extrema.

Na minha passagem por estas terras, estive instalada numa pérola na Praia de Muro Alto, em Porto de Galinhas. O resort Nannai oferece o requinte da cultura brasileira misturada com a afabilidade e simpatia do seu povo. Cantos e recantos de espaços construídos de materiais naturais e abundantes localmente, que dão ao espaço uma paz luxuosa. Vista para o mar coroa o resort. Rodeado por praia de pouca areia e recifes que a protegem, o Nannai traz-me a sensação doce da verdadeira calma e do ‘dolce fare niente’.
O dia passa lânguido mas de certa forma apressado, entre o sol que nasce cedo, o calor húmido que se entranha na pele e a paz que nos invade o espírito.
A leitura, o ‘cochilar’ com vista para o mar, a belíssima piscina, mimos gastronómicos divinos e bungalow com piscina privativa descrevem os dias no Nannai.

Reservámos apenas um dia para conhecer Recife (recordo-me agora do nome da localidade onde estivemos… ‘Jaboatão dos Guararapes’… Quando o ouvi pela primeira vez pensei: ‘Jaboa… quê?!!’). De carro alugado branco e vidros escurecidos lá partimos para conhecer Recife, cidade a cerca de 100 km do resort. O plano de accção era conhecer Recife e Olinda, cidade património mundial. E claro, algumas compras! Mas o choque foi tremendo! Esperava pobreza, mas não miséria e riqueza extremas. Crianças de dois, três anos de chupeta na boca, sujíssimas, a pedir esmola nos semáforos; condomínios fechados com seguranças, carros blindados e sistemas complexos de vídeo vigilância; motéis pagos à hora; belas e vastas praias com coqueiros e águas convidativas num primeiro olhar, mas perigosas pelos tubarões que nadam nelas…
Olinda foi uma desilusão. O sentimento de insegurança foi tremendo e condenou uma visita mais profunda. No entanto, o que vi foi uma cidade repleta de verdadeiros ‘melgas’ que nos perseguem a cada passo que damos, edifícios coloniais descascados e deslavados, poucas e maltratadas zonas verdes e ruas sujas… Procurava artesanato, pequenos restaurantes típicos, música, o ‘forró’, mas encontrei uma pequena, desorganizada e insegura cidade à beira mar, que vive do comércio da cana de açúcar e da cachaça, tal como Recife.
Esperava algo que desse a Olinda o mérito de património mundial… Esperava cultura e misticismo. Mas em vez disso encontrei algumas das falhas do diamante que é o Brasil.

Conduzir no Brasil é complicado. Bom, não complicado, mas devemos circular com cuidados redobrados. A condição das estradas não é a melhor, lombas electrónicas, radares esquisitos e muitos camiões e carrinhas de mercadorias velhíssimos cruzam o seu caminho com o nosso.
Imprescindível: ar condicionado ou ventilação ligado e portas trancadas.
Lembrança curiosa e ambiental: os carros funcionam com dois tipos de combustível, gasolina comum e alcóol de cana (extraído da cana de açúcar).

Quanto a compras, para saciar a sede de lembranças dos locais que visitamos, foram todas feitas no shopping da cidade de Recife. Sinto que saí dos shopping’s de Lisboa para os shopping’s brasileiros. Não encontrei muitas lojas de artesanato (acho que procurava as imagens das cidades que as novelas nos ‘vendem’), no entanto gostei das que vi na zona comercial das partidas do aeroporto de Recife.

Da minha descoberta do Brasil fica a recordação de uma terra de índios ainda na fase da inocência, descobrindo como funcionar em sociedade. Oscilando sempre no extremo dos pólos, sem se conseguir equilibrar. Pobreza e riqueza e belíssima fauna e flora devassada pela grotesca mão do Homem.

Brasil, belíssimo diamante com falhas à superfície. A voltar, mas não tão cedo. Outros destinos antes me irão aguardar.
 

JoãoM

Membro
Tens razão Cafeina....

O Brasil é uma imensa terra, abençoada e condenada, como tu bem dizes, "pela grotesca mão do homem".
Voltar é uma surpresa, pela imensidão e variedade que encontramos.
Cabe lá a Europa toda e ainda sobra muito espaço.
Imaginemos como será a "Suiça" de lá... o Sul...

Decididamente, temos de ir ver... que te parece?

Beijos
 
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