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Viagem Aventura de Moto a Pompeia
Olá!
Resolvi partilhar convosco a Viagem Aventura de moto, até às míticas ruínas de POMPEIA em Itália, realizada em 2005 por 2 casais (eu , o meu marido e um casal amigo).
Chamo-lhe Viagem Aventura porque a realizamos no nosso Trike que foi produzido à mão, ou seja, sem as garantias de qualquer marca e o apoio de concessionários por todo o percurso.
Conseguimos a garantia da revista Motojornal que, publicaria uma reportagem sobre a nossa viagem e com esta garantia, conseguimos alguns patrocinadores. Assim sendo, apresento a reportagem que foi retirada na íntegra da Revista Motojornal n.º 927 de 7/Set/2005 e que foi escrita pelo colega de viagem e grande amigo Hélder.
O percurso da viagem foi de Palmela (Portugal) a Pompeia (Itália) com a duração de 21 dias seguidos. Os hoteis escolhidos foram quase todos de 2/3 estrelas e o custo total da viagem por casal rondou os 3.000€.
Bjs
Sílvia
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VIAGEM A POMPEIA
Para quem realmente gosta de viajar de moto, oportunidades como esta constroem-se, saboreiam-se, recordam-se individualmente e, tal como agora, partilham-se, pois é também neste espírito de comunhão que a comunidade dos motociclistas constrói a sua riqueza.
Após um documentário exibido na tv sobre a catástrofe natural que se abateu sobre Pompeia no ano 79 d.c., o qual captou de imediato a nossa atenção, ocorreu-nos fazer deste súbito interesse um pretexto para utilizar-mos as nossas motos – a Yamaha Wild Star XV1600 de 2001 e o trike com motor VolksWagen Beetle 1200 cc de 1978 – numa viagem até esse lendário e sinistro destino.
Como impõe o bom senso, tratámos de fazer uma revisão completa às motos antes da partida. Houve ainda oportunidade para instalar alguns acessórios, ora daqueles que são inquestionavelmente úteis, ora daqueles que servem simplesmente para conferir à nossa montada um look mais personalizado. Tudo ficou operacional. Traçámos o percurso com a ajuda do Microsoft AutoRoute, e programámos todas as paragens. Tínhamos especial interesse, para além do nosso destino final, por Barcelona, e por todo o sul de França, região que, a bem da verdade, confirmámos ser bastante aprazível. Como éramos quatro, e estávamos pouco dispostos a acampar ou a dormir ao relento, a primeira por comodismo, a segunda por firme determinação, tratámos de reservar alguns hotéis de baixo custo onde iríamos pernoitar, pagando em boa parte dos casos, antecipadamente. Contudo, não foi preciso que soassem as 16h30 do primeiro dia de viagem, quinta-feira, para constatarmos não ter sido esta, afinal, uma ideia tão brilhante quanto julgávamos...
O dia 26 de Maio foi o escolhido para a partida. Palmela o lugar. Batiam as 07h30 quando os motores se ligaram, ávidos que estavam pela aventura dos quilómetros. Nessa altura, nós sentíamos no sangue o significado do refrão: “I’m on the road again”.
Passávamos então por Almaraz, que dista uns 200 quilómetros de Madrid, equipados a preceito dos pés à cabeça – o que aliás se recomenda – sob a égide de uns severos quarenta e dois graus, quando o trike ficou subitamente sem luzes, começou a soluçar, disparou uns raters e, acto contínuo, desligou-se. Os sintomas pareciam indiciar que o rectificador de corrente acabava de entregar a alma ao criador, o que mais tarde se veio a confirmar. Ainda era o de origem. Como consequência da anomalia a bateria também já era. Caramba, tinha de ser logo agora – pensávamos nós! Por sorte havia sido rebocado para uma oficina de pessoas qualificadas e honestas, que não se pouparam a esforços, mesmo fora de horas, para identificar e resolver a avaria.
Agora reparem que, com um problema destes logo no primeiro dia, todo o plano da viagem parecia ter ficado irremediavelmente comprometido. Mais, o dinheiro que já tínhamos gasto podia muito bem estar perdido. Para além disso, já era sexta-feira, e nenhuma casa de peças e acessórios, num raio de 200 quilómetros, tinha o rectificador de que precisávamos. Assim sendo, o pior dos cenários obrigava-nos a passar o fim-de-semana inteiro em Almaraz para, na melhor das hipóteses, retomarmos a viagem na segunda-feira. Esta perspectiva não era nada animadora.
Por acaso o Sr. Júlio, o proprietário da oficina (Talleres y Grúas Almarauto, a propósito), lembrou-se que conhecia um electricista que trazia sempre consigo um rectificador de corrente antigo para testes. Experimentou-se a peça, e não é que o trike acordou para vida! Para nosso alívio, acabaram por vender o rectificador de corrente ao Hugo, tendo sido acordado entre eles um preço bastante justo. Quanto não vale nestes casos a compreensão e disponibilidade das pessoas…
Às 13h00 estávamos de novo na estrada, e com uma ânsia desenfreada de devorar quilómetros, tal não tinha sido o susto. Por isso, era forçoso que chegássemos a Barcelona nessa noite. Ou seja: tínhamos de percorrer 800 quilómetros num dia que já começava de tarde. Mas assim foi.
Porém, como um azar nunca vem só, a Wild Star fica sem luzes às 23h00 em plena auto-estrada A-2 (Saragoça - Barcelona), e para cúmulo, era uma noite sem luar. Não se via nada. Acho que nem os carros nos conseguiam ver, a mim e à Ana, ali parados na berma às apalpadelas à moto. Aliás, nem o Hugo e a Sílvia nos viram, pois só deram pela nossa falta uns 30 quilómetros mais à frente. Felizmente, e apesar da escuridão, lá consegui conduzir cautelosamente pela berma até à próxima saída, a cerca de uns 4 quilómetros de distância, e aí, com a luz das portagens, troquei rapidamente o fusível da iluminação geral, e seguimos viagem.
De resto, estes foram os únicos percalços técnicos que a jornada nos reservou. Daí em diante, tudo decorreu sem sobressaltos. Falhas, só mesmo os ataques de sono que me acometiam a seguir ao almoço, e que obrigavam o pessoal a parar para que eu pudesse olhar um pouco para dentro. Descobri que afinal sou capaz de dormir em qualquer sítio, como muito bem documentam as fotos…
A pressão dos pneus e o nível do óleo eram verificados todos os mil quilómetros, e se para a primeira era necessário proceder a ajustes, já para a segunda não foi necessária nenhuma reposição. É notável, sobretudo se tivermos em conta a provecta idade do motor que equipa o trike. Para tal contribuiu, também, a velocidade de cruzeiro adoptada: 100 km/h. Sendo que por vezes abrandávamos até aos 80 km/h, e noutras alturas, perdíamos a cabeça, e dávamos gás até aos 120 km/h. Tudo dependia da condição das estradas e, claro está, da nossa disposição. Já havíamos tido a nossa dose de pressa, agora só queríamos relaxar. Deste modo, os consumos verificados no trike cifraram-se algures entre os 8 e os 10 litros por cada 100 quilómetros. Na Wild Star a média ficou-se pelos 4,5 litros.
Olá!
Resolvi partilhar convosco a Viagem Aventura de moto, até às míticas ruínas de POMPEIA em Itália, realizada em 2005 por 2 casais (eu , o meu marido e um casal amigo).
Chamo-lhe Viagem Aventura porque a realizamos no nosso Trike que foi produzido à mão, ou seja, sem as garantias de qualquer marca e o apoio de concessionários por todo o percurso.
Conseguimos a garantia da revista Motojornal que, publicaria uma reportagem sobre a nossa viagem e com esta garantia, conseguimos alguns patrocinadores. Assim sendo, apresento a reportagem que foi retirada na íntegra da Revista Motojornal n.º 927 de 7/Set/2005 e que foi escrita pelo colega de viagem e grande amigo Hélder.
O percurso da viagem foi de Palmela (Portugal) a Pompeia (Itália) com a duração de 21 dias seguidos. Os hoteis escolhidos foram quase todos de 2/3 estrelas e o custo total da viagem por casal rondou os 3.000€.
Bjs
Sílvia
..............................................................................................................................
VIAGEM A POMPEIA
Para quem realmente gosta de viajar de moto, oportunidades como esta constroem-se, saboreiam-se, recordam-se individualmente e, tal como agora, partilham-se, pois é também neste espírito de comunhão que a comunidade dos motociclistas constrói a sua riqueza.
Após um documentário exibido na tv sobre a catástrofe natural que se abateu sobre Pompeia no ano 79 d.c., o qual captou de imediato a nossa atenção, ocorreu-nos fazer deste súbito interesse um pretexto para utilizar-mos as nossas motos – a Yamaha Wild Star XV1600 de 2001 e o trike com motor VolksWagen Beetle 1200 cc de 1978 – numa viagem até esse lendário e sinistro destino.
Como impõe o bom senso, tratámos de fazer uma revisão completa às motos antes da partida. Houve ainda oportunidade para instalar alguns acessórios, ora daqueles que são inquestionavelmente úteis, ora daqueles que servem simplesmente para conferir à nossa montada um look mais personalizado. Tudo ficou operacional. Traçámos o percurso com a ajuda do Microsoft AutoRoute, e programámos todas as paragens. Tínhamos especial interesse, para além do nosso destino final, por Barcelona, e por todo o sul de França, região que, a bem da verdade, confirmámos ser bastante aprazível. Como éramos quatro, e estávamos pouco dispostos a acampar ou a dormir ao relento, a primeira por comodismo, a segunda por firme determinação, tratámos de reservar alguns hotéis de baixo custo onde iríamos pernoitar, pagando em boa parte dos casos, antecipadamente. Contudo, não foi preciso que soassem as 16h30 do primeiro dia de viagem, quinta-feira, para constatarmos não ter sido esta, afinal, uma ideia tão brilhante quanto julgávamos...
O dia 26 de Maio foi o escolhido para a partida. Palmela o lugar. Batiam as 07h30 quando os motores se ligaram, ávidos que estavam pela aventura dos quilómetros. Nessa altura, nós sentíamos no sangue o significado do refrão: “I’m on the road again”.
Passávamos então por Almaraz, que dista uns 200 quilómetros de Madrid, equipados a preceito dos pés à cabeça – o que aliás se recomenda – sob a égide de uns severos quarenta e dois graus, quando o trike ficou subitamente sem luzes, começou a soluçar, disparou uns raters e, acto contínuo, desligou-se. Os sintomas pareciam indiciar que o rectificador de corrente acabava de entregar a alma ao criador, o que mais tarde se veio a confirmar. Ainda era o de origem. Como consequência da anomalia a bateria também já era. Caramba, tinha de ser logo agora – pensávamos nós! Por sorte havia sido rebocado para uma oficina de pessoas qualificadas e honestas, que não se pouparam a esforços, mesmo fora de horas, para identificar e resolver a avaria.
Agora reparem que, com um problema destes logo no primeiro dia, todo o plano da viagem parecia ter ficado irremediavelmente comprometido. Mais, o dinheiro que já tínhamos gasto podia muito bem estar perdido. Para além disso, já era sexta-feira, e nenhuma casa de peças e acessórios, num raio de 200 quilómetros, tinha o rectificador de que precisávamos. Assim sendo, o pior dos cenários obrigava-nos a passar o fim-de-semana inteiro em Almaraz para, na melhor das hipóteses, retomarmos a viagem na segunda-feira. Esta perspectiva não era nada animadora.
Por acaso o Sr. Júlio, o proprietário da oficina (Talleres y Grúas Almarauto, a propósito), lembrou-se que conhecia um electricista que trazia sempre consigo um rectificador de corrente antigo para testes. Experimentou-se a peça, e não é que o trike acordou para vida! Para nosso alívio, acabaram por vender o rectificador de corrente ao Hugo, tendo sido acordado entre eles um preço bastante justo. Quanto não vale nestes casos a compreensão e disponibilidade das pessoas…
Às 13h00 estávamos de novo na estrada, e com uma ânsia desenfreada de devorar quilómetros, tal não tinha sido o susto. Por isso, era forçoso que chegássemos a Barcelona nessa noite. Ou seja: tínhamos de percorrer 800 quilómetros num dia que já começava de tarde. Mas assim foi.
Porém, como um azar nunca vem só, a Wild Star fica sem luzes às 23h00 em plena auto-estrada A-2 (Saragoça - Barcelona), e para cúmulo, era uma noite sem luar. Não se via nada. Acho que nem os carros nos conseguiam ver, a mim e à Ana, ali parados na berma às apalpadelas à moto. Aliás, nem o Hugo e a Sílvia nos viram, pois só deram pela nossa falta uns 30 quilómetros mais à frente. Felizmente, e apesar da escuridão, lá consegui conduzir cautelosamente pela berma até à próxima saída, a cerca de uns 4 quilómetros de distância, e aí, com a luz das portagens, troquei rapidamente o fusível da iluminação geral, e seguimos viagem.
De resto, estes foram os únicos percalços técnicos que a jornada nos reservou. Daí em diante, tudo decorreu sem sobressaltos. Falhas, só mesmo os ataques de sono que me acometiam a seguir ao almoço, e que obrigavam o pessoal a parar para que eu pudesse olhar um pouco para dentro. Descobri que afinal sou capaz de dormir em qualquer sítio, como muito bem documentam as fotos…
A pressão dos pneus e o nível do óleo eram verificados todos os mil quilómetros, e se para a primeira era necessário proceder a ajustes, já para a segunda não foi necessária nenhuma reposição. É notável, sobretudo se tivermos em conta a provecta idade do motor que equipa o trike. Para tal contribuiu, também, a velocidade de cruzeiro adoptada: 100 km/h. Sendo que por vezes abrandávamos até aos 80 km/h, e noutras alturas, perdíamos a cabeça, e dávamos gás até aos 120 km/h. Tudo dependia da condição das estradas e, claro está, da nossa disposição. Já havíamos tido a nossa dose de pressa, agora só queríamos relaxar. Deste modo, os consumos verificados no trike cifraram-se algures entre os 8 e os 10 litros por cada 100 quilómetros. Na Wild Star a média ficou-se pelos 4,5 litros.