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[Report] Salvador / Morro de São Paulo / Praia do Forte

Nin

Membro Conhecido
Este meu primeiro report refere-se à minha viagem à Bahia: Salvador/Morro de São Paulo/Praia do Forte e será dividido em 3 partes para se tornar menos cansativo. A viagem foi de 25/03 a 7/04, onze anos depois de lá ter estado pela primeira vez. Comprámos os voos na Tap e os alojamentos no Booking.

Salvador (parte I)

Éramos um grupo de oito pessoas e o nosso transporte “oficial” na cidade de Salvador durante os primeiros dois dias foi o Uber, exceto o transfer do aeroporto para o hotel que foi feito de táxi previamente reservado através do hotel. Ficámos hospedados no Hit Hotel na Barra. Simples, mas com uma ótima localização, num dos melhores bairros da cidade com uma vista privilegiada para a Praia do Porto da Barra de águas tranquilas.

Junto ao hotel há vários bares e restaurantes. Serviu perfeitamente!

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O Hit hotel é o azul e amarelo

Primeiro Dia: Pelourinho e Mercado Modelo

Pelourinho

Começámos a nossa visita a Salvador pelo Pelourinho que faz parte do Centro Histórico de Salvador. Não fizemos nenhum roteiro com guia e seguimos tudo por nossa conta.
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O nome de “Largo do Pelourinho” deve-se ao facto de existir exatamente ali uma coluna de pedra chamada “pelourinho” onde os escravos e criminosos eram castigados em público na época em que o o Brasil era colónia de Portugal.

É um local rico em história, arquitetura barroca e artesanato. O lugar é colorido e alegre. Há muitas igrejas, casas coloniais dos séc. XVII e XVIII, lojas, restaurantes e teatros e um vaivém de gente de Salvador, do Brasil e do mundo.

Este bairro, repleto de história e cultura, que se estende desde o Terreiro de Jesus até o Largo do Pelourinho, é cheio de vielas, ladeiras e ruas estreitas com calçada de paralelepípedos que desembocam na Praça do Pelourinho.

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Por ser um local aberto e espaçoso, vários artistas, brasileiros e internacionais (como foi o caso de Michael Jackson) escolhem o Largo do Pelourinho para fazerem seus shows ou gravarem videoclipes.
Como o Pelourinho foi cenário de vários episódios de romances de Jorge Amado é lá que se situa a Fundação Casa de Jorge Amado, um casarão azul que se destaca dos demais. Para manter viva a memória do escritor, a Fundação Casa de Jorge Amado conta com uma exposição permanente de documentos, fotografias, livros, e objetos pessoais.
Há 22 anos, Michael Jackson foi novidade no Pelourinho.

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Fundação Casa Jorge Amado ocupa o casarão que fica de frente para o Largo do Pelourinho. É uma instituição cultural com várias atividades e um núcleo de pesquisas, com documentação sobre o próprio escritor e outros da literatura baiana, aberta a visitas e dando destaque a cursos, seminários, oficinas, ciclos de conferências, palestras, lançamentos de livros, discos e exposições relacionados com temas literários, artísticos e das ciências humanas.

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Casa do Olodum É uma loja oficial que vende produtos licenciados do Olodum. No andar de cima tem um auditório que promove palestras direcionadas a cultura afro. Fica numa rua bem bonita e agradável do Pelourinho, tipicamente baiana, cheia de baianas vestidas a rigor e com várias lojinhas vendendo artesanato.
(Fundado em 1979 como opção de lazer para os moradores do Pelourinho, para além da vertente ligada à música africana, o Olodum tornou-se num movimento negro brasileiro, que combate a discriminação social, estimula a autoestima e o orgulho dos afro-brasileiros).

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Ruas do Pelourinho
Gostei de caminhar pelas ruas do Pelourinho e achei-as limpas e cuidadas, com seus casarões coloniais, na grande maioria bem conservados.

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Largo do Pelourinho

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Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos construída no século XVIII destaca-se ainda no Largo do Pelourinho.
Os escravos negros e alforriados eram devotos de Nossa Senhora do Rosário, e essa igreja foi contruída para que eles pudessem assistir à missa, pois não podiam frequentar a mesma igreja dos brancos.
Nos fundos da igreja existe um antigo cemitério de escravos. Preservando a sua história ligada aos negros, a liturgia dos cultos faz uso de músicas inspiradas nos terreiros de candomblé. Nas datas comemorativas de Santa Bárbara e Iansã a igreja é o ponto central dos festejos.

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Convento do Carmo


Foi um convento carmelita, um dos maiores e mais antigos da Ordem do Carmo. Começou a ser erguido em 1586 e serviu de abrigo para os baianos na guerra contra os holandeses, pois suas paredes são verdadeiras fortalezas.
Desde a década de 70, o Convento foi comprado por uma rede de hotéis de luxo, e é o primeiro hotel histórico de luxo do país.

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Igreja da Ordem Terceira do Carmo
A igreja, erguida em 1644 na Ladeira do Carmo pela irmandade que se instalou em 1636 no lugar, foi destruída por um incêndio no ano de 1788. No interior do templo, no Coro Alto, está o Órgão Cavaillé-Coll vindo de França e inaugurado no natal de 1889 (do mesmo organeiro que criou o da Catedral de Notre Dame).

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A Praça da Sé que fica próximo da Praça Tomé de Souza, onde fica o Elevador Lacerda e a Prefeitura de Salvador.

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Praça do Terreiro de Jesus

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Igreja de S. Francisco ao fundo
A Igreja e Convento de São Francisco são importantes edificações históricas da cidade de Salvador.
Localizadas no coração da cidade, estas estruturas foram erguidas entre os século XVII e XVIII e são consideradas uma das mais singulares e ricas expressões do Barroco brasileiro, apresentando, em especial a igreja, uma faustosa decoração interior.

Convento de São Francisco

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Convento da Ordem de São Francisco.JPG
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Entrada do convento decorada com painéis de azulejos portugueses.

Interior da igreja de São Francisco

A igreja tem fama internacional pela sua arquitetura e riqueza de seu interior e pelos detalhes da decoração em talha dourada (estilo barroco).

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Dizem que o altar da Igreja de São Francisco tem 800 quilos em ouro.

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Palácio Rio Branco antiga sede do governo da Bahia. Está situado em Salvador, na Praça Tomé de Sousa, onde também se encontram a Prefeitura da cidade, a câmara municipal e o Elevador Lacerda.
Hoje abriga a Fundação Pedro Calmon, a Fundação Cultural do Estado da Bahia e o "Memorial dos Governadores".
Este palácio foi bombardeado em janeiro de 1912, mas está totalmente reformado atualmente.
 

Nin

Membro Conhecido
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Monumento da Cruz Caída
Nos arredores da praça de Thomé de Souza fica o monumento da Cruz Caída, que marca o lugar onde esteve a antiga Catedral da Sé de Salvador. Incrível imaginar que a gigantesca e histórica igreja, que foi erguida entre 1612 e 1617, foi demolida no ano de 1933, junto a outos prédios históricos, para dar lugar aos carris para o elétrico no então novo projeto de revitalização da região!

Na Praça da Cruz caída está o "Museu das Baianas".

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Parámos na Praça Municipal, onde está a Prefeitura de Salvador, a Câmara Municipal e o Elevador Lacerda. É a partir desta praça que se tem uma das melhores vistas de Salvador, num cenário composto pelo elevador, o Mercado Municipal, o Forte de São Marcelo e a Baía de Todos os Santos. Um bom lugar para tirar fotos é no pátio abaixo da prefeitura. Descemos no Elevador Lacerda que faz a ligação entre a Cidade Alta e a Cidade Baixa de Salvador, por um preço irrisório, mas já não sei precisar quantos centavos.

Elevador Lacerda

Construído em 1873, na altura com o nome de Elevador Hidráulico da Conceição da Praia, o elevador é um dos pontos mais conhecidos de Salvador, que com seus 72 metros de altura liga a parte baixa à parte alta da cidade.

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Considerado o mais alto elevador urbano do mundo quando foi inaugurado, o Elevador Lacerda encanta os turistas e é usado como meio de transporte para a população até os dias de hoje.
Por dentro é um elevador normal, sem vista panorâmica, que faz o percurso entre as praças Cairu (cidade baixa) e Thomé de Souza (cidade alta) em aproximadamente 30 segundos.

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Vista de cima a Baía de Todos os Santos completa a paisagem com a Marina, o Forte e o Mercado Modelo

Mercado Modelo
Uma visita a Salvador, para quem gosta de bugigangas e artesanatos, não pode deixar de passar pelo Mercado Modelo, um típico centro de artesanato e cultura baiana, que fica cá em baixo, de frente ao elevador Lacerda. É o maior centro de artesanato, com mais de 120 lojas de souvenirs, rendas, artigos em couro delícias regionais.

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Mercado Modelo

Uma visita a Salvador, para quem gosta de bugigangas e artesanatos, não pode deixar de passar pelo Mercado Modelo, um típico centro de artesanato e cultura baiana, que fica cá em baixo, de frente ao elevador Lacerda. É o maior centro de artesanato, com mais de 120 lojas de souvenirs, rendas, artigos em couro delícias regionais.
O prédio, que já abrigou a alfândega, fica diante da marina de Salvador (de onde partem os barcos para Morro de São Paulo) e está aberto todos os dias da semana, mas aos domingos e feriados as atividades encerram as 14h e não as 19h como nos demais.
Regateie o preço de tudo o que for comprar, mas antes dê uma volta pelo mercado porque os mesmos artigos podem ter preços variados.

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Dentro do mercado estão mais de duzentos comerciantes que vendem tapeçarias, rendas, objetos de decoração, pinturas e quinquilharias diversas.

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No andar superior estão restaurantes típicos

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Após a visita, e porque já estávamos muito cansados, o grupo dividiu-se: metade seguiu de uber para o hotel e os restantes quatro resolveram ir a pé para o Hit hotel, pela marginal da cidade.
Nem nos passava pela cabeça o que nos esperava!
 

Nin

Membro Conhecido
Mas continuando o report, nessa tarde, uma parte do grupo foi de uber para o hotel e eu, o meu irmão, cunhada e dois sobrinhos adolescentes resolvemos fazer o passeio a pé desde o Mercado Modelo até ao hotel que ficava na zona da praia da Barra. Seriam sensivelmente 7 km, e assim apreciaríamos mais alguns pontos turísticos de Salvador.

Seguindo pela orla marítima e já no final da marginal da cidade encontrámos o Solar de Unhão, conjunto arquitetónico do século XVII. Era um complexo com casa-grande, capela, senzala, armazéns e cais que tinha como função principal receber e exportar a produção açucareira e onde também se fazia o comércio de escravos. Sofreu várias reformas e ampliações até o século XX. Desde 1966 que se tornou a sede do Museu de Arte Moderna da Bahia. Hoje continua a ser um espaço cultural com uma esplanada muito convidativa e onde decorrem alguns eventos. O solar e o conjunto com capela estão classificados como património histórico.

Solar de Unhão

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Seguindo por um estreito caminho de cimento abaixo do viaduto da avenida e paralelo ao mesmo, encontramos de um lado, um dos mais belos visuais de Salvador, com a Ilha de Itaparica ancorada na Baía de Todos os Santos e do outro, o intenso movimento de veículos na Avenida Lafayete Coutinho, como podemos observar na foto e na qual também vemos o tal caminho de peões de que falarei logo abaixo.

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Início do caminho de peões

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Aqui vê-se bem o caminho que seguimos

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O que não sabíamos na altura era onde nos tínhamos metido: estávamos no meio da passarela do crack da favela da Gamboa! E quem ousasse passar por essa via de quase 1 Km de extensão, seria obrigado a se desviar de montes de sucata e de fezes e de dezenas de pessoas que estariam ali com um único objetivo: fumar crack.

Caminhando silenciosamente por onde a imundície imperava e o cheiro de urina era permanente, encontrámos homens e mulheres de feições desfiguradas, vestidos de farrapos, alguns a queimar a droga em cachimbos improvisados, o que nos começava a assustar. Havia quem percorresse como o olhar restos de pedra que ainda pudessem ser queimados. Lançavam-nos olhares desconfiados, mas não chegaram a ameaçar. Alguns faziam menção à venda de drogas, outros gesticulavam com a cabeça, medindo quem tinha coragem de passar por ali.
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Não encontrámos nenhuma pessoa com aspeto de morador da região nem nenhum turista. Ficámos com a certeza de que essas pessoas evitavam cruzá-la. Estávamos ali encurralados e não daria para voltar para trás, embora ainda tivesse cogitado essa hipótese, sem, no entanto, transmitir ao grupo.

A certa altura o caminho começou a subir, mas o cenário permanecia.

De repente, um vulto, parecendo cair do céu, surgiu à nossa frente puxando o fio dourado que a minha cunhada trazia ao pescoço, não obstante a resistência do meu irmão em defender a mulher. Nessa altura saltaram mais dois do muro do lado da favela e desta feita levaram o relógio do meu irmão e a sua mochila com alguns pertences. Instantaneamente, e como se tivéssemos combinado, saltámos o muro para a estrada e, sem medir o perigo, pois os carros continuavam subindo e descendo a avenida, demos as mãos e fazendo um cordão, atravessámo-la, dirigindo-nos a uma bomba de gasolina que ficava um pouco à frente. Felizmente ninguém atentou contra a nossa integridade física, mas o susto ficou. Dali telefonámos para alguém do nosso grupo que nos veio buscar.

No dia seguinte pudemos confirmar que aquela viela não tinha saída nem outro acesso à estrada e de qualquer forma teríamos de saltar o muro se quiséssemos sair dali.

Quem nos mandou meter no meio deles? Intrusos fomos nós, importunando-os com a nossa presença perante a pedra que é acesa, a fumaça inalada e os olhares que se perdem...
 

ploferreira

Administrador
Staff
Olá @Nin, que grande viagem e que bela aventura essa incursão pela favela da Gamboa! :oops:

Obrigado pela partilha, vai certamente inspirar e ajudar o planemaneto de quem tenha o Brasil na mira.

Continuação de boas viagens ;)
 
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Ricardo_7

Membro Conhecido
Olá :)

Obrigado pela partilha! Apesar de ser um destino que nada me diz, é sempre bom ver que cada vez mais é cobiçado para todo o tipo de férias ;)

Boas viagens!
 
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