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[Report] Japão 2023 - Parte 4 - Tóquio e região

David sf

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[Continuação deste post]

11 – Tóquio

Na última parte da minha viagem fiquei a dormir em Tóquio, durante 4 noites, aproveitando também para visitar a zona de Nikko e do Monte Fuji.

Tóquio é diferente de todo o restante Japão, e mais aproximado da ideia preconcebida que os europeus têm do Japão. Arranha-céus, electrónica, freaks, manga, magotes de pessoas, mas sempre dentro do modo de ser japonês que descrevi nas anteriores etapas do report.

De um modo geral, Tóquio não é bonito. Apesar de ter alguns templos e jardins, quem começou por Kyoto e passou, por exemplo, por Miyajima, vai achá-los relativamente banais. Aliás, com excepção do templo de Senso-Ji, quem esteve em Kyoto nem vale a pena visitar outros templos.

O que atrai em Tóquio, e torna a experiência de um visitante absolutamente única, são as “anormalidades” da cidade. O edifício antigo em madeira no meio de um quarteirão de arranha-céus. A limpeza da cidade a contrastar com as ruelas repletas de tascas de higiene algo duvidosa. Os japoneses certinhos de camisa branca a ir para o trabalho, mas que à noite se juntam nessas tascas a beber e a falar alto. As lojas de música pop com músicas pirosas e bandas de adolescentes. As cosplay. Os néon. As meninas, algumas aparentando uma idade bastante precoce a aliciar clientes para os maid-cafes, onde se comportam como escravas para os seus clientes.

Apanhei então o Shinkansen em Toyama bem cedo, cheguei a Tóquio por volta das 10:30, a paisagem nos últimos minutos da viagem muda radicalmente.



Fiquei num hotel próximo à estação de Ueno, mas ainda faltavam algumas horas para se poder fazer o check-in, e deixo então as malas num cofre na estação e vou explorar a cidade. Iria estar dois dias inteiros em Tóquio, mas este era o único em que teria o JR Pass em vigor, pelo que aproveito para visitar os lugares mais bem servidos pelas linhas da JR. A principal linha da cidade, é a linha Yanamote, uma linha circular que atravessa as áreas mais importantes.



Estava um calor abrasador, resolvi apostar por começar pelos espaços interiores, no edifício da prefeitura de Tóquio, onde é possível subir ao topo do arranha-céus e apreciar a vista da cidade, de forma gratuita. É também aqui que se situa o principal posto de turismo da cidade. Para meu agrado é possível fazer o quilómetro que separa o edifício da estação de Shinjuku debaixo da terra, não tendo que ficar debaixo do calor abrasador desta manhã.









Saio para o calor, uma fotografia do exterior do edifício.



O primeiro exemplo da selva de viadutos que caracterizam algumas partes da cidade.



A 1 km de distância, a pé, situa-se o templo Meiji, santuário Xintoísta, localizado no centro de uma grande área verde. É uma visita interessante para quem apenas visita Tóquio, mas não acrescenta muito a quem já visitou variados templos no resto do país.
















 

David sf

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À saída do templo, tempo para almoçar num restaurante "italiano", junto à estação de Harajuku. Deixo este bairro para visitar no último dia, em que já não estava previsto tanto calor, e vou a caminho do hotel para me refrescar um bocado.



Não sem antes sair na estação de Shibuya e passar pela sua famosa passadeira e ruas comerciais circundantes.













Uma grande quantidade de turistas fazia fila para se fotografar junto da estátua de Hachiko, o cão que religiosamente esperava o seu falecido dono nesta estação, à hora em que ele costumava chegar do trabalho.



Faço check-in no hotel, e fico com um quarto no 22º andar, com esta vista para a Torre de Tóquio.



À tarde, e já com um vento bem mais fresco, visito a ilha de Odaiba, uma zona mais moderna da cidade, bastante agradável. Para lá chegar apanho o monorail da linha Yurikamome.



Nesta ilha existe uma réplica mais pequena da Estátua da Liberdade.



E uma zona junto ao mar bastante agradável.











A uns metros de distâncias localiza-se a DiverCity de Tokyo, paraíso dos apreciadores de Manga, com a Estátua de Gundam à sua porta.


 

David sf

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O melhor momento desta visita a Odaiba estava reservado para o fim, com a visita à exposição ao TeamLab planets, uma exposição de arte imersiva futurista (tão imersiva que os visitantes andam com água pelos joelhos numa das salas), que merece totalmente a pena ser visitada, mesmo considerando o elevado valor do bilhete (aprox. 25€).















Volto para Ueno, onde janto numa das várias ruelas repletas de restaurantes nas imediações da estação.





12 – Nikko

Este dia reservei-o para visitar Nikko, mas entre o hotel e a estação passo no Parque Ueno, onde existe um enorme lago de nenúfares e mais um templo.





Nikko localiza-se a cerca de 2 horas de viagem de Tóquio. Há uma alternativa fora do JR Pass de comboio directo, mas eu escolhi apanhar o Shinkansen até Utsunomyia e depois um regional até Nikko.

Chegando-se a Nikko, há que andar ainda uma distância considerável a pé até se chegar às principais atracções ou, em alternativa, apanhar um autocarro. Uma vez que queria também explorar a zona e não ficar apenas em Nikko, comprei um passe diário para todos os autocarros até Chuzenji, e aproveitei-o para ir diretamente até ao conjunto monumental, começando pelo templo Tayiu-in, um templo budista que serve também como Mausoléu do terceiro Shogun da Dinastia Tokugawa.













 

David sf

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Neste dia o tempo estava abafado, como sempre, mas bastante menos quente, o que tornava mais aprazível andar a pé. Foi deste modo que segui para o templo Xintoísta Futarasan Jinja, mais conhecido pela estátua do coelho dourado.



E a partir daí para o ex-libris de Nikko, o templo Xintoísta Tosho-gu.







É neste templo, nas antigas cavalariças, que estão desenhados os três macacos sábios, não ouvem, não veem, não falam.





Todo o templo é magnífico.

















Tal como acontece com os desenhos dos leões, os dos elefantes também foram feitos a partir de retratos falados, pelo que as suas formas são um pouco estranhas…



A descer já para o centro da localidade, um último templo, Sanbutsu-do.



 

David sf

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Já no centro de Nikko, junto à sua famosa ponte, apanho o autocarro a caminho do lago Chenzu, localizado a cerca de 10km de distância.





O lago Chenzu, apesar de ter recentemente recebido a delegação do G7, parece um pouco ao abandono, talvez já estivesse em fim de estação. Várias lojas e restaurantes fechados, espaços relativamente mal cuidados (para os standard japoneses) e pouca gente na rua.









Junto ao lago, é possível visitar a magnífica catarata Kegon, uma das vistas naturais mais espectaculares do país.











Almoço, já bastante tardiamente, junto à cascata.



E volto de autocarro até à estação de Nikko.



Apanho o regional de novo para Utsunomyia, onde apanho o meu último Shinkansen da viagem.



Janto de novo em Ueno, numa taberna numa ruela.





De noite, várias fotografias desde a janela do quarto, para a Torre de Tóquio com coloração variada.





 

David sf

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13 – "Monte Fuji"

É possível verificar se o Monte Fuji está tapado por nuvens, através de várias webcam existentes na internet. É algo que acontece em praticamente 75% dos dias do ano, frequência ainda maior durante os meses de verão. Desde que cheguei ao Japão que todos os dias ia ver essas webcam, e em todos os dias, o Monte Fuji estava tapado. Este dia não foi excepção. Estive na dúvida se iria gastar tempo e dinheiro para ir à zona do Monte Fuji para não o ver, mas encontrei algumas atracções turísticas na zona e resolvi arriscar.

A viagem até ao Monte Fuji não está toda incluída no JR Pass, é necessário pagar um suplemento. Em cerca de 1 hora chego de comboio rápido a Otsuki, onde é necessário trocar de comboio até Kawaguchiko, localidade situada no sopé do Fuji (este é o troço de pagamento adicional).



Chegado a Kawaguchiko compro um passe diário que permite circular em todos os autocarros da região e entrar sem pagar, ou pagando menos, em quase todas as atracções turísticas. Apanho o autocarro da linha verde, que rodeia os lagos da região até à gruta do vento.





A gruta do vento é uma formação vulcânica onde existe gelo todo o ano. O choque térmico é brutal, vem-se dos abafados 20 e poucos graus (o dia mais fresco de toda a viagem) até aos 3ºC, mas é uma visita interessante (embora curta, são cerca de 100m). Há troços em que a altura é pouco superior a 1m, há que ter cuidado com a cabeça.







Para além da gruta do vento, existem as grutas do gelo e dos morcegos nas proximidades, mas sendo todas semelhantes resolvo não visitar mais nenhuma. Não só as restantes têm uma altura ainda menor, como o frio no interior das mesmas faz com que não seja aprazível estar lá por muito tempo.

Todas estas grutas situam-se na floresta vulcânica Aokigahara, conhecido no mundo ocidental como a “floresta dos suicídios”, por ser um local escolhido por muitos japoneses para se suicidarem.











Apanho de novo o autocarro, agora até à aldeia típica de Iyashinosato. Menos espantosa que Shirakawa-go, mas mais sossegada, deu para passar uns minutos agradáveis.















Esta aldeia está muito marcada pelos deslizamentos de terra, tendo até um museu sobre o assunto.

 

David sf

Membro Conhecido
Enquanto espero pelo autocarro de volta para Kawaguchiko, volta a chuva que já não aparecia desde Miyajima.



Kawaguchiko é uma cidade tipicamente turística, com lojas de souvenirs e restaurantes, mas tal como no dia anterior em Chenzu, achei-a bastante fora de forma, pouco cuidada.









Tentei subir ao teleférico para ver as vistas possíveis, tendo em conta a nebulosidade, mas a fila era enorme e resolvi voltar a Tóquio. Resumidamente, a gruta é interessante, a aldeia é agradável, mas se o Monte Fuji não estiver destapado, creio que não vale a pena ir até esta região.





14 – Tokyo

Último dia em Tóquio, hoje sem JR Pass, pelo que carrego o Suica com o equivalente a 15€ e parto à aventura nos vários transportes públicos da cidade. O facto de ser sábado facilita-me bastante a tarefa.

O metropolitano é extremamente limpo e organizado. A informação partilhada no interior dos comboios é de um detalhe impressionante, incluindo até a planta da próxima estação.



Primeira paragem, na zona de Asakusa, no Templo budista Senso-Ji, o mais interessante da cidade.























 

David sf

Membro Conhecido
A zona circundante está repleta de lojas de souvenirs, primeira foto de quando cheguei e as lojas ainda estavam a abrir, as seguintes no meio da confusão dos turistas, quando estava a sair do recinto do templo.






A vista junto ao rio Sumida, entre a Skytree e o templo.



Não subo à Skytree, já tinha vistas suficientes entre o meu quarto de hotel e o edifício da prefeitura. Entro na loja dos estúdios Ghibli, situada junto à torre, até há pouco tempo nem sabia o que eram estes estúdios, mas por recomendação vi o filme do Tottoro e gostei muito…



Volto ao metro e visito o jardim do Palácio imperial. Tal como em Kyoto, achei o jardim pouco interessante, com bastante asfalto e pouco verde… A zona envolvente está repleta de edifícios altos, é a zona mais rica da cidade.


















De regresso ao metro, volto a Shibuya e à sua zona comercial.





 

David sf

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E termino em Harajuku, e a sua famosa rua comercial, onde aparecem algumas pessoas mais fora do normal (mas em muito pouca quantidade, pelo que ouvi e li pensei que fossem muitas mais).







Almoço num restaurante em Harajuku e apanho o metro para Rippongi, onde havia uma concentração de Doraemons e uma aranha igual à do Guggenheim em Bilbao.









Estava um pouco desiludido com a quantidade de “anormalidades” com que me tinha deparado neste dia. Mas a desilusão iria desaparecer quando cheguei a Akihabara. Este é o bairro das lojas de electrónica e dos néons, e isso é visível em poucos segundos, assim que se sai da estação.









Aqui vê-se muita gente “alternativa”, mas o mais chocante são a quantidade de meninas (ou jovens adultas vestidas como adolescentes ou até crianças) que enchiam as ruas a tentar aliciar clientes para os maid-cafés. Nestes estabelecimentos, estas mesmas meninas servem os seus clientes como se fossem suas escravas, prometendo várias actividades, desde massagens a limpezas de ouvidos.









Volto ao fim do dia a Ueno, para um último passeio nestas férias.

 

David sf

Membro Conhecido
15 –O dia mais longo

E o dia do regresso foi enorme. Levanto-me às 6 da manhã, com o Sol já alto no céu, tinha voo às 10 horas.



A viagem para Haneda demora cerca de 25 minutos, e no aeroporto chego a pensar que iria apanhar o B787 com livery do Star Wars, mas o avião sai da porta para o Hangar e é substituído por um B787 comum.







Pouco mais de uma hora depois da descolagem distribuem o almoço.



Enquanto passo das 17h30 de domingo para as 20h30 de sábado sobre o Estreito de Beiring, vou-me entretendo com um jogo do Mundial de futebol feminino em directo.



O ponto alto da viagem é o atravessamento da Gronelândia, entrada por Norte.







E saída pela costa oriental cerca de uma hora depois.













Já perto de Frankfurt, servem o jantar e hora e meia depois termina o maior voo da minha vida. 14 horas consecutivas. E 19 horas depois de acordar, são ainda 5 da tarde em Frankfurt…



Segue-se um desconfortável voo na TAP (fiz o check-in na ANA, não pude escolher o lugar, fui para as cadeiras verdes, onde os joelhos não cabem) e aterro em Lisboa por volta das 22 horas.

 

Ricardo_7

Membro Conhecido
Olá! :)

Obrigado pela partilha da continuação desta fantástica aventura. Que viagem de sonho! Certamente irá ajudar muitos membros do Portal!

Boas viagens ;)
 

PaulaCoelho

Membro Conhecido
A tua viagem ao Japão foi sem dúvida uma viagem magnífica! :)

No meu roteiro não concretizado também tinha apontado o TeamLab Planets e já percebi que vale bem a pena.
Não tinha lido nada sobre a catarata Kegon perto de Nikko... boa dica!
Quanto a Tóquio, pelo que percebi dedicaste à cidade dois dias inteiros... foi suficiente ou facilmente ficarias mais um ou dois dias?

Obrigada por todos os relatos deste país espantoso 🤩
 

ploferreira

Administrador
Staff
Bem, que bela conclusão para esta viagem fantástica

Obrigado por este conjunto de reports, criaste aqui uma bela enciclopédia sobre o Japão.
Já estou curioso sobre a tua próxima viagem ;)
 

David sf

Membro Conhecido
Quanto a Tóquio, pelo que percebi dedicaste à cidade dois dias inteiros... foi suficiente ou facilmente ficarias mais um ou dois dias?
Para quem for apenas a Tóquio, dois dias é muito curto, no mínimo 4 dias são necessários. Eu abdiquei de muitos locais por serem redundantes face ao que já tinha visto no resto do país, e foram dois dias muito a correr, mesmo incluindo os dois fins de dia dos dias em que estive em Nikko e na zona do Fuji.
 

Rodrigo Ferreira

Membro Conhecido
Que report(s) fantásticos da tua visita ao Japão. Obrigado pelo detalhe!!

Ainda esta semana comentei cá em casa que tínhamos de ir ao Japão :D
 

PaulaCoelho

Membro Conhecido
Para quem for apenas a Tóquio, dois dias é muito curto, no mínimo 4 dias são necessários. Eu abdiquei de muitos locais por serem redundantes face ao que já tinha visto no resto do país, e foram dois dias muito a correr, mesmo incluindo os dois fins de dia dos dias em que estive em Nikko e na zona do Fuji.
Do que pesquisei há uns tempos, também fiquei com a sensação que dois dias seriam muito a correr para uma cidade com tantos bairros e locais para visitar... o que interessa é que foram bem aproveitados!
 

M@loveci

Membro Ativo
Li
15 –O dia mais longo

E o dia do regresso foi enorme. Levanto-me às 6 da manhã, com o Sol já alto no céu, tinha voo às 10 horas.



A viagem para Haneda demora cerca de 25 minutos, e no aeroporto chego a pensar que iria apanhar o B787 com livery do Star Wars, mas o avião sai da porta para o Hangar e é substituído por um B787 comum.







Pouco mais de uma hora depois da descolagem distribuem o almoço.



Enquanto passo das 17h30 de domingo para as 20h30 de sábado sobre o Estreito de Beiring, vou-me entretendo com um jogo do Mundial de futebol feminino em directo.



O ponto alto da viagem é o atravessamento da Gronelândia, entrada por Norte.







E saída pela costa oriental cerca de uma hora depois.













Já perto de Frankfurt, servem o jantar e hora e meia depois termina o maior voo da minha vida. 14 horas consecutivas. E 19 horas depois de acordar, são ainda 5 da tarde em Frankfurt…



Segue-se um desconfortável voo na TAP (fiz o check-in na ANA, não pude escolher o lugar, fui para as cadeiras verdes, onde os joelhos não cabem) e aterro em Lisboa por volta das 22 horas.

Li de "fio a pavio" esta aventura, que me vai ser bastante útil...dentro de umas semanas :)
Report fantástico com "pequenos detalhes" que mostram excelentes dicas.
PARABÉNS pela logística desta viagem!! 👏👏👏👏👏👏👏
 

journey

Membro Ativo
Muitos parabéns pelo report. Muito Obrigado!
P.S. Confesso que fui espreitar o flightradar para confirmar a rota do Tokyo-Frankfurt. Fiquei surpreendido com o sobrevoar a Gronelândia. Julgava eu que o Voo faria o trajeto oposto! :)
 

M@loveci

Membro Ativo
Muitos parabéns pelo report. Muito Obrigado!
P.S. Confesso que fui espreitar o flightradar para confirmar a rota do Tokyo-Frankfurt. Fiquei surpreendido com o sobrevoar a Gronelândia. Julgava eu que o Voo faria o trajeto oposto! :)
Foi exatamente e minha rota no mês passado, mas neste caso Tóquio/Paris e também por cima da Gronelândia onde tirei estas fotos 😃
Voo AF0147 da AirFrance
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