Boas,
venho aqui ressuscitar este tema já que o Verão do Algarve está ai à porta e vamos lá ver como correm as coisas este ano.
Pessoalmente, vou ao Algarve 1 ou mais vezes por ano desde 1990 sem nunca falhar um ano e por vezes vou 3 e 4 vezes no mesmo ano... Faço bem 600Km só por 2 dias lá. Confesso... Adoro o Algarve.
Face aos meus "pergaminhos" sinto-me com direito de dar a minha opinião, e aqui vai ela:
Quando comecei a ir para o Algarve (com meus pais e outros familiares) não se comia muito em restaurantes pois os escudos eram todos gastos na viagem e alojamento, mas ia-se a supermercados e obviamente que se ia ao a um bar comer uns "gelados gigantes" depois da janta. Em 2 ou 3 vezes lá se fazia uma refeição num restaurante. Dessa experiência nos anos 90, posso dizer que sempre fui/fomos excelentemente bem tratados e por vezes o ser "tuga" até trazia vantagens pois era-mos melhor servidos, os empregados falavam muito connosco, etc... Posso dizer que não compreendo quem diz que nesses anos os "tugas" eram mal recebidos no Algarve, pois a minha experiência foi exactamente o inverso.
Introduzo aqui o tema das gorjetas, pois podem dizer que esse é um factor de diferenciação entre turistas, mas adianto que os meus pais sempre tiveram uma atitude anti-gorjeta obrigatória da qual eu partilho, pois servir num restaurante é como qualquer outra profissão e ao pagar o jantar estou a pagar o serviço de atendimento. Não existe lógica de dar gorjeta só porque o empregado fez bem o seu trabalho. Já vi muitas pessoas serem extremamente bem recebidas no Continente, no Aki, no Pingo Doce ou noutro local qualquer e nem por isso as vejo a dar gorjetas a esses funcionários... simplesmente não compreendo a diferenciação, tal como não compreendo porque existem pessoas que vão ao café lá da aldeia onde são tratados como família e pagam 50 cêntimos pelo café e não dão gorjeta e depois nas férias, só porque estão de férias, pagam 1 € pelo café e ainda dão outro de gorjeta mesmo depois de terem sido ignorados durante 1 hora.... simplesmente não compreendo.
No entanto, posso dizer que também eu já dei gorjeta, mas apenas em casos em que eu considero que o preço pago não correspondeu à realidade, e já dei gorjeta em cafés, restaurante e até ao carpinteiro... se eu considero que o bem/serviço superou o preço não me custa dar gorjeta... agora gorjeta por obrigação NUNCA...
Voltando ao tema, depois da introdução do Euro, ai sim vi uma mudança drástica no Algarve. Milhares de portugueses que antes não podiam ir de férias passaram a conseguir o seu lugar ao sol e o Algarve foi literalmente invadido por "tugas". A partir desse momento vi sim grandes mudanças na forma como era recebido.
Pessoalmente sou uma pessoa extremamente calma e compreensiva, por isso não me faz confusão ser ignorado ou despachado num restaurante quando a casa está cheia, pois sei que apesar de não ser agradável, é difícil para os funcionários manterem um trabalho concentrado. O que me irrita é estar num restaurante de 60 mesas, onde só 2 estão ocupadas e ter de esperar mais de 1 hora para ter o 1º prato.
Mesmo apesar das diferenças de atenção ao cliente a que assisti, não posso dizer que tenha sido mal tratado, pois o que faço é ignorar determinadas atitudes, pois se estou de férias, quero é relaxar e não me preocupar com determinadas situações. Por exemplo, são frequentes os enganos "na conta" sempre para cima e o que faço é pedir para corrigir. Já tive situações em que o funcionário me confrontou mas a tal atitude de não me chatear sempre levou a melhor... entra por um ouvido e sai pelo outro... o que faço é nunca mais lá pôr os pés... O livro de reclamações é um direito, mas que confesso que no Algarve nunca utilizei, embora tenha utilizado noutras zonas do país.
Reafirmo que apesar de tudo, e agora que faço férias no Algarve quase sempre a comer fora, no geral tenho sido muito bem servido e tenho tido a sorte de um razoável atendimento, mas confesso que também se deve dever à minha atitude muito relaxada, pois já vi um funcionário estar a tratar-me como um amigo pessoal e na mesa ao lado estar quase a insultar as pessoas. No geral confesso que tenho assistido a um degradar de atendimento onde subscrevo que existe muita falta de formação na restauração Algarvia.
Agora quero contar um caso surreal que me ocorreu o ano passado a 1 de Agosto.
Ora bem, após um excelente jantar num restaurante da praia da oura (mesmo junto à praia), fui dar uma caminhada pelas ruas e acabei por entrar num bar sem consumo. Estive lá uns 5 minutos a dançar e acabei por pedir 2 cocktails (um para mim e outro para a minha namorada). Paguei e dancei mais uns 30 minutos... depois começaram com o Karaoke e fomos até ao bar ao lado tb de consumo livre. Como já estava "seco", fui para pedir outro cocktail mas a minha namorada disse para esperar mais 5 minutos pois estava a dar uma musica que adora e queria dançar primeiro... larguei o "menu" e lá começamos a dançar junto ao balcão. Ora, nem 2 minutos passaram até que o barman me puxa pela gola da camisa e me pergunta ao ouvido o que queremos beber... confesso que no momento nem liguei muito ao "puxão" mas o pior veio depois... perguntei à minha namorada se ela queria pedir já e ela disse "depois da musica"... assim que disse isso o barman, começa aos gritos a expulsar-nos do local e a dizer que aquilo era um local para beber não era para dançar... fomos literalmente empurrados até à rua pelo barman e pelos seguranças e nesse momento sim senti uma enorme raiva, pois nunca na minha vida tinha sido tratado tão abaixo de cão... senti uma enorme frustração por ser tão mal tratado no meu próprio pais e ainda para mais por não perceber bem o motivo. Ainda estive para chamar a PSP que costuma andar por lá a fazer rondas para me acompanhar no pedido do livro de reclamações, mas a minha namorada insistiu para seguir-mos pois estávamos a comemorar o aniversário de namoro e não queria acabar a noite na esquadra a prestar declarações... o que é certo é que esta situação estragou-nos completamente a noite, pois a revolta era gigantesca.
Ainda hoje não compreendo bem o que se passou, pois quando entrei no bar, entrei com um grupo de ingleses que também veio do bar ao lado e esses sim tinham motivos para expulsar pois traziam garrafas e copos na mão ainda do outro bar. Este foi um caso claro de discriminação e só não sei se foi por sermos "tugas" ou se foi pelo facto da minha namorada usar cuecas por baixo da saia.
Este caso fala por sí e penso que nem é preciso dizer mais nada.
Quanto ao Algarve, no próximo dia 22 lá vou eu, pois apesar destes incidentes e percalços o Algarve continua a ser um bom destino para uns dias. A minha maior revolta é mesmo para com as pessoas que vivem e trabalham numa zona que podia dar muito, muito mais, mas que preferem continuar a cuspir na mão que as alimenta.
Sinto que ainda tinha mais para dizer, mas isto já está grande como tudo... fica para a próxima
Cumps
RR