Antonia.M.S.
Membro Conhecido
Road trip pelos Balcãs- 2019
PARTE I
Bósnia e Herzegovina, uma bela surpresa
Conhecida como uma região historicamente conturbada, território onde se fundem culturas e religiões e com uma natureza exuberante, os Balcãs de há muito se vinham afirmando como um destino de excelência e inadiável. Este ano, e depois de alguma hesitação, ganhou a aposta. De malas prontas e um enorme entusiasmo, partimos finalmente à descoberta da península Balcânica.
Composta por um conjunto de países (Albânia, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Grécia, Macedônia do Norte, Montenegro, Sérvia, o autoproclamado independente Kosovo, a porção da Turquia no continente europeu (a Trácia Oriental), bem como partes da Croácia, da Romênia e da Eslovênia), tem a identidade determinada pela sua história e posição geográfica. Na impossibilidade de visitarmos todos estes países, elegemos os que, por uma questão de proximidade entre si, nos pareciam mais apelativos: Croácia, Bósnia e Herzegovina e Montenegro.
Como a primeira parte das férias foi na Catalunha e a segunda em Londres, voámos de Barcelona para Split, na Croácia, pela Vueling, na ida, e de Pula, também na Croácia para Londres, pela Easyjet, no regresso.
Alugámos carro em Split e entregámos em Pula através da AutoEurope, com supercover, carta verde e taxa de sentido único (entrega em local diferente). A locadora local foi a Active.
O nosso roteiro
Etapa.1: Split – D8 – Kleck – Omis – Porto de Makarska - Neum
Etapa 2 : Neum – Ston – Neum – Pocitelj – Medjugorge – Kravice – Mostar
Etapa 3: Mostar – Blagaj – Ljubinje – Trebinje – Montenegro (Dobrota)
Etapa 4: Dobrota - Kotor – Tivat- Porto de Montenegro- Buvda – Stevi Stefan – Cetinge –Podgorica (apenas passagem) Monte Durmitor (Zabljak)
Etapa 5 - Monte Durmitor (Zabljak) – Pliva -Sarejevo
Etapa 6 – Sarajevo – Bihac – Croácia (Plitvice)
Etapa 7 – Plitvice – Senj– Novi Vinodolski – Bakar- Buzet - Pula
Decidido o destino, seguiu-se a reserva dos voos e a preparação da viagem. E a partir daqui começa o frenesim - definir o roteiro, onde ficar, o que ver, por onde ir... À medida que ia pesquisando mais informação mais entusiasmada ficava.
Tudo indicava que iria adorar cada um dos países e dos lugares, mas as expectativas mais altas centravam-se, sem dúvida, na Croácia e no Montenegro.
Por isso a Bósnia e Herzegovina foi sem dúvida a melhor das surpresas.
Emerge da dissolução da Jugoslávia, é uma república federal e tem Sarajevo como capital. Está limitada a norte e oeste pela Croácia, a leste e a sul pela Sérvia, e a sul pelo Montenegro. Dispõe de uma minúscula extensão de litoral (cerca de 24kms), a região de Neum, que corta o território croata em duas partes não contíguas no litoral Adriático. É composta por duas entidades politicamente autónomas, a Federação da Bósnia e Herzegovina (federação croato-bosníaca) e a República Sérvia (também conhecida como República Srpska, que não deve ser confundida com a Sérvia propriamente dita, e cuja sede é Banja Luka).
A república independente está dividida em duas regiões geográficas: a Bósnia, na parte setentrional, mais montanhosa e povoada por densas florestas, e a Herzegovina, na parte meridional, composta por montes rochosos tendo na agricultura a principal atividade económica.
O que visitámos
Sarajevo, a capital era incontornável, Mostar obrigatório, e juntámos mais 3 ou 4 lugares que se evidenciavam e nos pareciam enriquecer muito a viagem. Assim o nosso percurso na Bósnia e Herzegovina, que não foi seguido, mas por etapas (pelo meio andámos pela Croácia e Montenegro), foi o seguinte:
Neum - Pocitelj – Medjugorge – Kravice – Mostar - Blagaj – Ljubinje – Trebinje – Sarajevo.
Neum
A única cidade costeira da Bósnia e Herzegovina. São 24,5 quilómetros de litoral constituindo o único acesso ao mar do país, no mar Adriático. É sede do município com o mesmo nome e fica no Cantão de Herzegovina-Neretva.
Foi aqui que ficámos na primeira noite da nossa viagem num alojamento local. Simples, barato e com todo o conforto necessário a uma noite.
A cidade, não sendo espetacular, tem umas vistas lindas de alguns pontos (do nosso alojamento por exemplo), tem bastante comércio, alguns hotéis, alojamentos locais e restaurantes. Foi onde pagámos uma das refeições mais caras e com menos qualidade da viagem. Valeu-nos a vista e o pôr-do-sol no Adriático. Absolutamente magnífico.
Alojamento: Apartments MAMPAS
Pocitelj
Património da Humanidade e localizada no município de Čapljina, no cantão Herzegovina-Neretva, Pocitelj fica a acerca de 40 km de Mostar. É uma linda vila histórica do século XIV, fortificada e construída sobre uma colina. Um museu ao ar livre. As construções remontam ao período medieval e otomano.
Percorrer a vila, onde não faltam monumentos (uma Mesquita, uma torre e uma fortaleza), encantadoras lojas de artesanato e cafés, e subir ao topo da fortaleza, sempre com o rio Neretva em pano de fundo, é um passeio belíssimo.
Adorámos conhecer Pocitelj, onde os vendedores de rua “ofereciam”, por 1€ (ainda que não seja a moeda local), um belo copo de apetitosa fruta fresca e uma grande variedade de frutos secos.
Medjugorje
De Pocitelj pretendíamos seguir em direção às cascatas de Kravice, e bastava-nos voltar para trás, em direção a Čapljina. As cascatas ficariam a cerca de 30 kms.
Mas não percebemos que voltando atrás faríamos menos kms e decidimos seguir em frente na direção de Mostar, e virar à esquerda um pouco à frente, em direção a Medjugorge, que acabámos por visitar.
Esta vila, situada no Sul da Bósnia e Herzegovina, já perto da fronteira com a Croácia, ficou famosa nos últimos anos devido às supostas aparições da Virgem Maria, mais conhecida por Nossa Senhora de Međugorje ou Rainha da Paz.
As ditas aparições são alvo de controvérsia mesmo no seio da Igreja Católica, e curiosa é a opinião do Papa Francisco divulgada em alguns órgãos de comunicação social numa referência às alegadas aparições mensais de Maria em Medjugorje: “a mãe de Jesus não é chefe de correios, que todos os dias manda uma mensagem à hora certa”.
Contudo, estima-se que dois milhões de pessoas viajem anualmente até Međugorje, em busca do conforto espiritual e das graças de Nossa Senhora. A vila, não tendo em termos religiosos e de instalações a dimensão de Fátima, é um verdadeiro local de culto, com todas as variáveis que lhe são inerentes, incluindo a comercial. Está repleta de locais de venda de artigos religiosos.
Peculiar e impressionante é também o espaço das confissões. No largo, ao ar livre, estão distribuídos sacerdotes, sentados em bancos, a confessar os fiéis, que formam longas filas. Estão ali representadas muitas línguas (em frente de cada padre uma placa com a língua em que comunica) mas não encontrei a nossa. Como estamos na rua há barulhos e distrações. A impressão que me transmitiu é também de um espaço mais “comercial” do que espiritual. Os sacerdotes parecem estar a vender o perdão como quem vende castanhas em dias de inverno.
De Medjugorje lá seguimos então para o principal motivo do nosso desvio ao trajeto de Mostar: as cascatas de Kravice.
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