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[Report] Picos da Europa 2019

TREPADOR

Membro Conhecido
Este destino já à muito que pairava no meu subconsciente, nunca sendo uma prioridade, era daqueles destinos que ano após ano ia ficando para uma futura oportunidade.

De longe a longe lá ouvia alguém a tecer comentário em relação às paisagens de tirar o fôlego, à gastronomia, às estradas cénicas, e a verdade é que a curiosidade vinha a aumentar de ano para ano.

Chegada a altura de marcar uma escapadinha, as alternativas iam sendo debatidas no seio familiar e o consenso tardava em aparecer.

O tempo foi passando e fui fazendo umas pesquisas do que haveria para ver e fazer nos Picos da Europa, e quanto mais lia, mais crescia a vontade de rumar a este destino.

Feita a proposta e depois de um árduo trabalho em convencer a restante equipa (mulher e filhos), começou a parte do planeamento.

Confesso que nunca imaginei que os Picos da Europa tivessem tanto para ver e fazer, pelo que quanto mais lia, mais a lista ia aumentando, sendo que os 4 dias disponíveis não dariam para muito.
Com muita pena minha, lá fui encurtando a lista, sendo que as prioridades seriam fazer uma parte da Rota de Cares e a Rota dos Lagos de Covadonga.

Para melhor enquadramento, o Parque Natural dos Picos de Europa são uma formação montanhosa na Cordilheira Cantábrica, no norte de Espanha e estende-se pelas Astúrias, Cantábria e Castela e Leão, destacando-se pela sua altitude, em muitos casos acima dos 2500 metros.

Feita a introdução, vamos ao que interessa...

A referida escapadinha teve lugar no presente mês de Abril, com saída da zona do Porto em direcção aos Picos da Europa.

Arrancámos por volta das 06H30 rumo a Chaves, fronteira por onde entrámos em Espanha.

Viagem tranquila e com a neve sempre como pano de fundo durante praticamente toda a viagem.














 
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TREPADOR

Membro Conhecido
1ºDia

POTES


Para o primeiro dia estava planeado visitar as grutas e minas de Cueva el Soplao, mas apercebi-me atempadamente e fecham às segundas, pelo que decidimos que não iríamos agendar nada, pois estas férias visavam descomprimir um pouco do reboliço do dia-a-dia e dos horários rígidos, apenas queríamos chegar ao destino sem hora marcada e aproveitar o que o destino tivesse para oferecer.

Entrámos nos Picos da Europa por Riaño e daí em direcção à aldeia de Potes, local onde iríamos pernoitar.


Potes é uma aldeia pitoresca muito acolhedora, localizada na Cantábria e rodeada por montanhas.

O encanto desta pequena povoação prende-se com o facto de aparentar ter parado no tempo, composta por edifícios antigos e ruas estreitas e empedradas, por onde só se consegue transitar a pé, com comércio tradicional, pequenos bares, esplanadas e restaurantes espalhados um pouco por todo o lado, de construção em pedra e madeira, quase que nos transportam para uma outra era, e nos faz imaginar como seria aquela pacata povoação à uns séculos atrás,











Em Potes podemos visitar a Torre de Orejón de la Lama, a igreja San Vicente ou a ponte de San Cayetano.









Chegámos a Potes por volta da hora do almoço, estacionámos no parque municipal no centro de Potes, onde existe um tenda gigante e os carros podem ficar abrigados, sem qualquer custo.

Ficamos alojados nos apartamentos El Nial de Potes, casa acolhedora, muito bem equipada e perto de tudo, aliás, onde quer que se fique, estamos sempre perto de tudo, pois a dimensão desta pequena povoação permite-nos circular a pé para qualquer local em poucos minutos.

Após nos instalar-mos e depois de termos almoçado, fomos deambular pela povoação, sentir o ambiente descontraído que se vive, conhecer os monumentos atrás referidos e para nossa surpresa, constatar que nesta zona de Espanha a simpatia do povo é uma constante e genuína, confesso que para mim foi uma surpresa, devido a experiências anteriores noutras zonas de Espanha.

Vêm-se muitas esplanadas com turistas de todos os cantos do mundo, no-entanto não se trata de um turismo massificado, pelo menos nesta altura do ano. São essencialmente amantes das caminhadas, o que se percebe pelas roupas que trajam e pelos muitos Jeeps que se vêm com matriculas dos mais diversos países da Europa.

Foi bom descontrair numa esplanada a saborear um chocolate quente, e sentir a calma e sossego do local, sempre com as montanhas como pano de fundo. Ver os locais nos seus afazeres diários, as crianças no regresso da escola, a forma como todos se cumprimentam e param para dois dedos de conversa, ou seja, uma mistura e convivência pacifica entre turismo e os habitantes locais que fazem o seu dia a dia pacatamente.

Após efectuado o reconhecimento à zona histórica de Potes, ainda sobrou tempo para dar um salto a Fuente Dé, local já referenciado e que contava da nossa lista.

Mais uma doze generosa de curvas e contra curvas, sempre com a neve como companhia nas montanhas que são uma constante, para onde quer que se olhe. Em menos de 30 minutos chegámos ao teleférico de Fuente Dé.


Este teleférico é servido por uma cafetaria e está ladeado por dois hotéis, de resto nada mais há nas imediações.

Pode ser utilizado apenas pelo passeio e para ver as vistas do alto dos picos, ou como meio de transporte para dar inicio a um dos muitos trilhos que iniciam no topo da montanha, é uma vagem impropria para quem tem vertigens pois sobe cerca de 750 metros em cerca de 1500 metros de cabo, para terem uma noção, dificilmente se consegue avistar o ponto onde termina a viagem no topo da montanha.

Não fizemos a subida por falta de consenso, a altitude atingida impunha respeito...

Reconhecimento feito, regressamos a Potes e continuamos a explorar os cantos e recantos desta pacata e pitoresca localidade.

Vencidos pelo cansaço da viagem, voltamos para casa para relaxar um pouco e fazer horas para jantar, pois ao que parece ninguém serve jantares antes das 20H30...

No que toca a gastronomia, tenho que ressalvar a boa oferta nestas paragens, com o cozido montanhês, o cozido lebaniego, a favada (algo parecido com uma feijoada), os enchidos, a excelência da vitela, o cabrito e os queijos a fazerem as delicias de todos.

Com muita pena minha, a estadia em Potes foi muito breve, e após uma noite bem dormida, acordámos com o chilrear dos pássaros e com o som das águas do rio que passava mesmo ao lado da nossa casa.

Era hora de arrumar as malas e seguir para um dos principais objectivos desta viagem...
 
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TREPADOR

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2º Dia

Rota de Cares


Como referi anteriormente, chegava a hora de rumar a novas paragens, pelo que seguimos sem pressa nem hora definida ruma a Caim, local onde se inicia (ou termina) a Rota de Cares.

A Rota de Cares é um trilho muito conhecido e percorrido todos os anos por milhares de caminhantes, que liga as localidades de Cain do lado de Léon, a Poncebos, do lado das Astúrias.

A rota não apresenta qualquer dificuldade do ponto de vista técnico e tem uma distância de 12 kms para cada lado.

Optámos por fazer apenas alguns kms com inicio em Caim, pois em termos de paisagens é a zona mais atractiva, com regresso ao ponto de partida, uma vez que o mais novo tem apenas 8 anos.

A estrada que nos leva a Caim é de facto de uma beleza ímpar, e faz-nos sentir pequeninos, tal é a imponência das montanhas que nos ladeiam, enquanto vamos descendo por uma estrada estreita em direcção a Caim, local onde termina a estrada e se inicia a Rota de Cares.




Chegamos a esta pequena aldeia completamente maravilhados com a paisagem e com muitas fotos para mais tarde recordar.

A meteorologia que era uma das maiores preocupações, parecia estar do nosso lado, mas íamos preparados para o mau tempo, pois nesta zona o tempo muda muito rapidamente.

Após estacionar o carro entramos num dos muitos restaurantes que se encontram na única rua que existe, e pedimos o que eles chamam de menu do dia, ou seja, temos dois conjuntos de pratos de onde podemos escolher dois, um de cada conjunto, temos direito a bebida e sobremesa. O referido menu ronda os 13€, e dois menus foram mais que suficientes para dois adultos e duas crianças. Nota mais para a favada e para a qualidade das carnes.

Já íamos prevenidos para o facto de as condições meteorológicas mudarem muito rapidamente nesta zona de montanha, e apesar de chegarmos com bom tempo, a meio do almoço abateu-se um temporal que nos fez temer o pior, mas pouco depois o tempo abriu e seguimos em direcção ao fim da aldeia, local onde demos inicio à nossa caminhada. Convém irmos prevenidos para tudo, pois nesta zona não há rede de telemóvel, como tal calçado confortável, impermeáveis, kit de primeiros socorros, mantas térmicas, lanternas, agua e reforço alimentar, são imprescindíveis para fazer face a qualquer eventualidade.

A beleza do local é indescritível, e apesar de ter lido muito e visualizado montes de fotos, nada nos prepara para a beleza do local, e km após km, surge sempre algo de surpreendente, sejam pequenas grutas que atravessámos, uma queda de agua que aprece do nada, o serpentear do rio que nos ladeia durante todo o percurso, ou a beleza das montanhas que parecem nos querer engolir. Sentimos-nos mesmo pequeninos perante a imponência e beleza do local.












 

TREPADOR

Membro Conhecido




Depois de alguns kms, resolvemos retroceder (a rota completa terá que ficar para outra altura), e o mais surpreendente, é que o caminho de regresso apesar de ser o mesmo, apresenta-se como se fosse totalmente diferente, aparece sempre algo que não vimos do caminho de ida, ou mais um motivo para uma boa foto.

Chegados a Caim e já sob ameaça de nova chuvada, ainda tentamos dar um salto a uma esplanada dos enumeros restaurantes lá existentes, mas ao que parece a hora da sesta é quase religiosamente respeitada, pelo que só sobrava uma pequena mercearia que estava aberta. Permeamos os mais novos com um gelado, e seguimos viagem rumo a Cangas de Onis.

As paisagens ao longo do trajecto vão-se modificando, e de uma paisagem despida e coberta de neve, passamos rapidamente para uma estrada esculpidas nas rochas e atravessamos zonas de floresta, para logo a seguir voltar a subir rumo a mais um pico pintado de branco.
Na prática estávamos a atravessar esta cadeia montanhosa para extremos opostos, ou seja, de Léon para o Lado das Astúrias.


 
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TREPADOR

Membro Conhecido
3º Dia

Cangas de Onís


Cangas de Onís fica do lado aposto de Potes, já do lado das Astúrias, e é a maior povoação que vamos encontrar nos Picos da Europa, mas engane-se quem pensa que vai encontrar uma grande cidade, bem pelo contrário...

Ficámos alojados no Hotel "Los Lagos Nature", bem no centro de Cangas de Onís.

O hotel fica numa pequena praça, na principal rua de Cangas e serviu perfeitamente para aquilo que pretendíamos, apenas dormir. O quarto apesar de não ser muito grande, é confortável, e encontra-se dividido em dois, uma zona com cama de casal a outra com um beliche, com uma casa de banho a meio e ligados por um pequeno corredor.
Se em Potes fui surpreendido pela positiva com o alojamento, em Cangas apenas correspondeu às especulativas, com a agravante de o parque de estacionamento ser publico e pago em alguns períodos do dia, o valor é muito mais baixo que em Portugal, mas a preocupação de ter de lá ir colocar a moeda às 9 da manhã, não me agradou...


O alojamento não inclui pequeno almoço, este é pago à parte e a um preço exagerado, pelo que optamos por recorrer à vasta oferta que existe junto ao hotel.

Encontrámos um restaurante muito típico, a fazer lembrar um pub Irlandês, onde se comia muito bem e com funcionários muito atenciosos. Este foi o nosso local de eleição durante a nossa estadia em Cangas para todas as refeições, quanto ao pequeno almoço e lanche, recorremos a uma confeitaria logo ao lado, mais uma vez com bons preços, boa oferta e muita simpatia.

Após uma noite bem dormida, chegava a hora da segunda parte da nossa viagem, ou seja, visitar a basílica e santuário de Covadonga, e daí iniciar a subida para os Lagos de Covadonga (Lagos Enol, Ercina e Bricial).

Arrancámos em direcção a Covadonga com paragem na basílica, que mesmo antes de lá chegarmos, já vai marcando presença no cimo de uma montanha. A sua imponência é algo que não passa despercebida.

Visitámos a basílica e daí seguimos a pé para o santuário, que se encontra num espaço escavado na rocha e que alberga uma pequena capela com acesso por uma gruta, o que deu muito jeito, pois a chuva era uma constante. Este local de culto religioso, simboliza o inicio da reconquista cristã aos Mouros, na Península Ibérica.






 
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TREPADOR

Membro Conhecido
Após a visita, iniciamos a subida de carro em direcção aos Lagos, o nosso objectivo passava por fazer o trilho circular que liga os 3 lagos e que passa por uma mina abandonada.
As fotos não estão grande coisa, pois foram tiradas do interior do carro e debaixo de chuva.









O chuva, apesar de fraca teimava em não nos dar tréguas, pelo que optámos por fazer uma versão mais curta da caminhada inicialmente prevista, ou seja, arrancámos do parque de estacionamento junto ao lago Ercina e daí até às minas de Buferrada, um trajecto curto que deu para visitar as minas e regressar de novo pelo mesmo caminho.

Cumprido o objectivo, pelo menos em parte, regressamos a Cangas de Onis, passamos o resto do dia a visitar a pacata cidade, jantámos e voltámos para o hotel, pois no dia seguinte, com muita pena nossa, tinamos a viagem de regresso a Portugal.

Em jeito de balanço, esta foi uma viajem que soube a pouco, muito pouco, que superou as nossas expectativas,que fez crescer o gosto pelas caminhadas do membro mais novo da família e o contacto com a natureza.
O bichinho ficou e a vontade de regressar é grande, pelo que não foi um adeus, mais sim um até breve.

O report já vai longo, espero que tenham gostado, e para finalizar deixo mais umas fotos deste destino pouco divulgado por aqui no Portal.
Espero que tenham gostado.
 
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Mel C

Membro Conhecido
Nem de propósito, ainda há bocado ao almoço estava eu a comentar com um colega que queria ir aos Picos da Europa, e agora temos este excelente report :D Muito obrigada pela partilha, adorei ver estas paisagens!
 

Dfer

Membro Ativo
Picos da Europa é um destino que queria visitar há muito e depois de lá ir, a vontade era regressar.
Seja para uma visita culturas, actividades ao ar livre ou simplesmente para relaxar no meio da natureza, é um lugar fantástico.
Obrigado pela partilha!
 

TREPADOR

Membro Conhecido
Motivos para regressar não faltam, aquele cantinho de Espanha é uma caixa de surpresas.
Espero regressar, o difícil é escolher e ter de deixar de fora alguns recantos fantásticos para uma próxima...
 

Antonia.M.S.

Membro Conhecido
Olá! Que bela partilha!!

Adorei os Picos da Europa, o seu report trouxe-me memórias muito boas, voltava já outra vez 😃;)
Também fiquei nesse Hotel em Cangas.

Concordo com as suas impressões, paisagens deslumbrantes, boa gastronomia, uma caixinha de surpresas como diz...

Achei muito bonito estar num miradouro onde por detrás tinha a montanha, cheia de neve, e pela frente, ao longe, o mar...muito giro!!

Optámos por fazer algumas refeições em povoações junto ao mar, petiscar frutos do mar e beber as famosas sidras. Ficámos encantados com o ritual, o escancear, uma técnica particular que requer muita habilidade e precisão, não sei se viu. Consiste em servir a bebida da garrafa para o copo a uma altura considerável. Muito giro também!

Obrigada pela partilha. O PV tem isto, revela-nos novos e belos lugares, mas também permite reviver bons momentos! 😃
Continuação de boas viagens!
 

PaulaCoelho

Membro Conhecido
Adorei o report e as fotos :)

Este destino também anda na minha mira há imenso tempo... tenho de o passar para a "lista" das prioridades!
Uma questão: em termos de segurança parece pacífico fazer a caminhada da Ruta de Cares sozinha ou é melhor com companhia? Apanha-se muita gente a caminhar por lá?
 

TREPADOR

Membro Conhecido
Obrigada.
Como referi, a Rota de Cares não apresenta qualquer dificuldade técnica ou de orientação.
Apesar de a ter feito em época baixa, cruzei-me com várias pessoas ao longo do caminho.
Pelo que me aparcebi, há alturas do ano em que é muito concorrida.
 

PaulaCoelho

Membro Conhecido
Obrigada pela resposta. A minha questão não se prendia tanto à dificuldade técnica ou de orientação mas mais ao facto de parecer seguro ir sozinha ou não.
Às vezes consigo uns dias seguidos de folga e dá para passear de carro por Portugal ou Espanha mas tenho visitado cidades/aldeias... andar sozinha nas montanhas ainda não me aventurei! Mas se há alturas em que é muito concorrida (provavelmente primavera-verão) não deve haver problema ;)
 

TREPADOR

Membro Conhecido
Quando iniciei a pesquisa para esta escapadinha, apercebi-me que a Rota de Cares é muito procurada e popular, não só em Espanha mas um pouco por toda a Europa.
Das muitas possibilidades de caminhadas que existem nos Picos, e são mesmo muitas, esta é a mais procurada (e percebe-se porquê), pelo que o difícil será não te cruzares com várias pessoas ao longo do trajecto, seja a caminhar ou a correr.
A titulo de curiosidade, cruzei-me com vários casais que faziam a caminhada, dois pequenos grupos de ingleses, um corredor solitário e um grupo de 3 corredores.
Gostei do espírito, pois todos sorriem e cumprimentam-se quando se cruzam.
Boa sorte com o roteiro, qualquer coisa dispõem.
 
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