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[Report] Penha Garcia, na Rota dos Fósseis

Antonia.M.S.

Membro Conhecido
Olá!
Talvez tenha visto mal, mas não encontrei por aqui nenhum report sobre este local fantástico, a aldeia de Penha Garcia, por isso aqui fica o meu relato de uma recente visita.
Muito menos conhecida e visitada que a vizinha Monsanto (que talvez a ofusque um pouco), mas na verdade não menos encantadora.
Há muito que a queria conhecer e desta é que foi. Juntámos dois dias de férias ao passado fim de semana prolongado, e fomos ver as cores de outono da nossa serra mais alta e arredores.

Na Serra, já com muita neve no topo, pouco passeámos, os últimos dias foram de chuva e vento. Dividimos os alojamentos ente o fantástico Hotel Casa das Penhas Douradas na serra, e o Hotel Alambique de Ouro no Fundão, também encantador. Nas Penhas Douradas aproveitámos mais as mordomias do hotel, já que o tempo não convidava a sair. Em todo o caso deu para perceber como está divina a paisagem da serra. Deixou-me dividida, sem saber se é mais bonita pintada de branco, ou em tons de ouro e uma mescla extraordinária de verdes e castanhos.





Começámos o passeio pela bela cidade de Castelo Branco onde passamos o primeiro dia. Seguiu-se Monsanto e Idanha-a-Nova, que já conhecíamos, e finalmente Penha Garcia, com o tempo ainda muito razoável.

Na Rota dos Fósseis
Tinha a certeza que me iria encantar por aquela aldeia da raia Beirã, quase com um pé em Espanha, que é como quem diz, lá para trás do sol posto. Não podia estar mais certa. O Parque Icnológico de Penha Garcia é um lugar impressionante, onde as memórias e as origens se perdem no tempo.

Ao longe, ainda na estrada, avistamos os penhascos onde se ergue o castelo, protector e convidativo. Abaixo dele, em escadinha, o casario branco.


A entrada na aldeia é surreal, perturbadora, até. De ambos os lados do alcatrão se erguem monumentos à coragem e à valentia, a secular e a contemporânea.

Junto ao parque de estacionamento, de um lado o castelo, e do outro, um monumento à liberdade e aos capitães de abril.
Cravos e um tanque/carro de combate. O primeiro pensamento é “ um tanque aqui, como e porquê ???” Causa impacto.
O carro de combate terá chegado a Penha Garcia já há alguns anos, após o 25 de abril, e por solicitação da Junta de Freguesia local, numa época em que era comum as Forças Armadas cederem veículos militares abatidos para “adorno” de localidades portuguesas. Uma vez que este modelo de carro de combate foi usado na Revolução dos Cravos, o "tanque" ficou, desde essa altura, em exposição no então Largo 25 de Abril, hoje Largo do Chão da Igreja. Esclarecido o assunto, seguimos.


Do alto da Penha, empoleirado na rocha, o castelo domina a aldeia e abre horizontes, numa paisagem deslumbrante por todo o vale. Ao longe a imponência de Monsanto, a aldeia vizinha, destaca-se.

É no Largo do Chão da Igreja que tem início o PR3 – Rota dos Fósseis. Um percurso pedestre de grau fácil, curto, muito bonito e criado em 2003 pela autarquia de Idanha-a-Nova.

A vista do topo do castelo de Penha Garcia, na direção da aldeia, com o sol já em descida e Monsanto em pano de fundo, compensa qualquer esforço na subida e é um regalo para os olhos.




Mas, se girarmos o corpo no sentido contrário, o cenário com que nos deparamos é incrível. Recuamos aos primórdios da vida, a muitos milhões de anos atrás.



As marcas encontradas nas escarpas de Penha Garcia, abrigadas no que é hoje o Parque Icnológico de Penha Garcia, um importantíssimo achado geológico, são vestígios da Era Primária (ou Paleozóica) e datam de há quase 500 milhões de anos. Os fósseis são a jóia da coroa do Geoparque Naturtejo, o primeiro geoparque português inserido na rede da UNESCO que se estende por seis concelhos da Beira Interior (Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Nisa, Oleiros, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão).

Iniciámos a subida até ao castelo apreciando becos e ruelas, e as lindas casas protegidas pela muralha. Já no alto, depois da igreja e antes de subirmos ao Castelo, propriamente dito, uma visão extraordinária sobre as escarpas de quartzitos, os fósseis, e um vale profundo.








Lá em baixo meia dúzia de casas de pedras, quase todas moinhos de água e que mais parecem casinhas de brincar. Ao lado e a destoar da paisagem o paredão de uma barragem. Mas é ela que determina o caudal do Rio Ponsul, que passa frente às casas, ou aos moinhos.

 
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Antonia.M.S.

Membro Conhecido
Não há, ou eu não conheço, outra paisagem assim em todo o país. Nesta região, há 500 milhões de anos atrás, era oceano (parece incrível) e as rochas denotam as marcas dessa era. São compostas de iconofósseis (que as pessoas da aldeia interpretam como cobras desenhadas nas rochas), organismos invertebrados.




A descida desde o castelo até ao fundo das escarpas é um belo percurso. Também se faz escalada por ali.

Cá em baixo o guarda do museu pergunta-nos se comprámos o "passaporte". Queria mostrar-nos as casas, os moinhos, o museu. Também queria conversar. Uma das casas (todas pertenceram a moleiros), é hoje o museu dos Fósseis e faz parte da Rota. Não, não tínhamos passaporte. Desconhecíamos a existência de tal. Parece que tem o custo de 10€ e dá para visitar várias atracções turísticas de cinco aldeias da região. Mas soube-nos muito bem estar uns minutos à conversa com ele. A ouvir as suas histórias e a sua opinião sobre "passaportes" e decisões superiores com pouco sucesso.








Percorremos o vale, passando pela praia fluvial (não havia cascata), passámos pela outra ponta da aldeia, onde olhares curiosos nos miravam, e voltámos ao ponto de partida.







A aldeia, para além dos moinhos, dos fosseis e do castelo, conta ainda com a Igreja Matriz, um pelourinho, uma bela fonte, e o núcleo museológico de São Pedro de Alcântara. E toda ela é um postal ilustrado. De uma beleza inimaginável.
 

PauloNev

Moderador Honorário
Staff
Muito obrigado pela partilha.
Um local bastante interessante, e que desconhecia por completo.
Belas fotografias.
Boas viagens ;)
 
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