PatriciAbrantes
Membro Conhecido
Sabiam que a cratera de Ngorongoro é muitas vezes apontada como o berço da humanidade?
Foi entre as fronteiras da actual Tanzânia que se encontraram vestígios dos primeiros seres humanos. Talvez por isso, quando pomos os pés neste país de terra vermelha, cor de sangue, algo de ancestral no invade por completo e as lágrimas caem como chuva na terra já molhada.
Para nós Tanzânia é sinónimo de culturas cativantes e vida selvagem…. Culpa de muitos domingos a ver BBC em família.
A nossa passagem por este Pais foi rápida, mas intensa. (Não deu para ir a Ngorongoro)
Chegados a Dar Es Salam, e nos 30 minutos em estradas tipicamente irregulares, que servem para constatar o nosso imaginário de falta de infraestruturas em África, logo antevimos como havia sido boa a aposta em uma Guesthouse longe da cidade. Tudo aqui era livre, puro e seguro. Bem diferente dos relatos que tínhamos de Dar Es Salam. Aqui nós, Mzungus, éramos bem-vindos.
Passámos a tarde a deambular pelas redondezas da Guesthouse a interagir, sem chinelos, com as crianças que brincavam com sorrisos rasgados no rosto, acenavam enérgica e calorosamente, espreitavam curiosas, atreviam-se a lançar umas frases em inglês e até mesmo a pedir para tirar fotografias.
Por aqui jantámos e cedo nos acostámos pois às 40:30 da manhã tínhamos de voar para as Seychelles
Há muita coisa escrita sobre as Seychelles, todas em superlativos e com os adjectivos mais belos contidos no dicionário. A curiosidade, conjugada com a oportunidade, de ir espreitar estas ilhas e ver se eram realmente tão estonteantemente belas, saídas de um conto de fadas tropical, era enorme.
Vamos lá àquela parte de apresentação. As Seychelles são um puzzle de 115 ilhas, umas coralinas, outras graníticas.
Plantado no coração do oceano Índico, este é um País de praias que parecem pedaços do paraíso desenhados pelas mãos dos melhores artistas. Um País de um mar que espelha vários azuis e verdes e de uma natureza verdejante e exótica. Este pequeno (o mais pequeno do continente africano) é líder mundial em turismo sustentável, com a maior percentagem de terra sob protecção natural, ou seja, quase 50% do território encontra-se protegido. <3
Chegámos ao aeroporto, a fila para o visto era exasperante enquanto olhávamos, a sufocar de calor, para o "parque de estacionamento luxuoso" composto por 3 aviões: Emirates, Qatar e Ethiad.
Após o obter visto, tudo começou a ganhar encanto e cor novamente e facilmente apanhámos, sem regateios, um táxi para a Residence Charlette ao preço que nos tinham informado (caro, aviso, muito caros os táxis nas Seychelles)
A primeira tarde e noite foi passada em Mahe, onde vimos o pôr de sol cor de rosa que é uma das imagens de marca das Seychelles. Este nosso, foi decorado com um pequeno arco-íris.
Chegada a hora de jantar pusemos pé na estrada escura e em 10 minutos estávamos no restaurante aconselhado pelo rastafári que gere a Residence Charlette (onde nos hospedámos). E que bom conselho…. Um peixe gigante com molho crioulo, temperado com música ao vivo saborosa para os ouvidos, que ainda nos faz salivar já à distância dos dias que escrevemos estas linhas.
Mas Mahe é muito grande e com uma balburdia de carros que não era o que procurávamos para descansar de um intenso 2019.
A opção da Ilha para ficar recaiu sobre La Digue, descrita como “a ilha das boas energias, onde o stress não entra”. Com uma área de apenas 10 quilómetros quadrados, facilmente se chega a todo o lado a pé ou de bicicleta. Há poucos carros e apenas uma bomba de combustível, que se encontra perto do jetty. Por isso, o ar é puro, as paisagens são absolutamente arrebatadoras e o ambiente é de paz. A nossa escolha recaiu em pedalar muito
A viagem de barco de Mahe para La Digue (assim como a de regresso) é operada pela Cat Cocos, sempre com paragem em Praslin. (preços e horários no site:Welcome - Cat Cocos )
Pouco passava das 8 da manhã e fomos tão calorosamente acolhidos pelos adoráveis Charles e Doris na soberba Buisson Guesthouse (Buisson Guesthouse La Digue - Home)
As refeições, essas, fomos buscar aos take-away espalhados pela ilha, 2/3 minutos de casa de bicicleta, e comíamos aconchegados pelos maravilhosos jardins desta hospitaleira Guesthouse. Isto permitiu sair de La Digue com um bom conhecimento acerca da gastronomia local e modo de vida dos habitantes deste paraíso.
(Obrigada à dupla do Viajar entre Viagens por esta dica fantástica que torna as Seychelles um destino exequível e muito menos monótono do que nos all inclusive cheios de emigrantes cujos rostos de saudade de casa nos entristecem o coração)
Os dias em La Digue foram passados com um casal de amigos de infância. E este era sem dúvida o ponto alto da viagem e o ingrediente secreto que fez desta receita um dos melhores menus de viagens de sempre
As gargalhadas, descobertas, as pedaladas, peripécias e conversas tornaram tudo ainda mais divinal e incrível.
Há momentos em que toda a beleza que vimos nas Seychelles parece ainda surreal, como se estivéssemos estado num outro mundo. Uma sensação de universo paralelo. As Seychelles são celestiais. Sem exagero.
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