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[Report]-Marrocos - fly & drive

Deni

Membro Conhecido
Marrocos... A grande vontade de viajar para este país já vinha de há muitos anos e foi aguçada depois de uma breve passagem de um dia por uma cidade do norte de Marrocos, Tetouan.
Aquela cultura tão diferente apesar da relativa proximidade geográfica era um dos factores do meu fascínio.
A escolha de Marrocos como próxima viagem foi então fácil... O difícil foi decidir para que zona de Marrocos ir... Tinha a certeza que queria conhecer os curtumes e tinturas das peles... Não queria deixar de lado a agitação dos souks e os regateios... Queria revisitar as medinas... E o deserto?... Tanta coisa que eu queria conhecer num só país...
Pois bem, a solução foi apanhar avião até este país e uma vez ai, alugar um carro e percorrer vários locais.
Assim, depois de pegar no mapa de Marrocos e assinalar os locais por onde queria mesmo passar, o roteiro final foi:

Chefchouen -> Fez -> Merzouga -> Ourzazate -> Marraquexe


com voo de ida até Tanger e de regresso a partir de Marraquexe.

Pois bem, Marrocos revelou-se um país surpreendente...
Em primeiro lugar, devido às diferentes paisagens que se vão encontrando de Norte a Sul do país. Normalmente quando pensamos em Marrocos, associamo-lo ao deserto. Sim, Marrocos tem deserto, mas não só. Há na verdade uma grande diversidade de paisagens. Desde planícies verdejantes a enormes cadeias montanhosas cobertas de neve... Sim neve :) e foi esta paisagem de neve que vi, quando ia a caminho do deserto.

Outro factor que me surpreendeu foi a comida. Esta era uma das minhas grandes preocupações. Desde a minha viagem a Tailândia, onde depois de 3 dias a comer de tudo, comecei a adoecer e os restantes dias foram passados a comer basicamente pizzas e massas. Não conseguia nem cheirar aquela comida... Os meus receios revelaram-se infundados. A comida Marroquina é óptima... o pão, os tagines, as tâmaras, a laranja com canela no final da refeição... Tudo! Fizeram-me ganhar uns quilinhos extras.
Por fim, e o que mais me surpreendeu nesta viagem foram mesmo os Marroquinos. Antes de qualquer viagem, faço sempre uma pesquisa sobre o país. Em vários sites e publicações sobre Marrocos era alertada para as artimanhas dos marroquinos, que indicariam caminhos errados, para que os turistas se percam, para depois os levarem ao local e cobrarem pelos "serviços prestados". Ou alertada para as abordagens mais "agressivas" na tentativa de vender os seus produtos nos mercados. Com tudo isto, acabei por ir com uma ideia pré-concebida que acabou por se revelar errada. É verdade que este povo muitas vezes quer se aproveitar dos turistas para sacar uns trocos? Sim, é verdade. Penso que até já é cultural... Mas se o viajante já for minimamente preparado, até pode usar isso para seu proveito e para contactar com a cultura deste país. Por exemplo, as medinas em Marrocos são caóticas. Muita gente, muitas ruas labirínticas e é muito difícil orientarmo-nos. Encontrar um determinado hotel por exemplo pode ser quase impossível. Foi o que aconteceu em Marraquexe.
Não conseguíamos encontrar a Riad que tínhamos reservado, e ao fim de umas quantas horas de viagem de carro, tudo o que não queríamos era perder tempo às voltas. Então um local acabou por oferecer os seus "serviços" e levou-nos até à porta da Riad por 20 dirham (que são menos de 2€). Penso que acabou por ser proveitoso para ambas as partes.
Outro exemplo da hospitalidade dos marroquinos que presenciei foi em Fez. Quando chegamos a nossa Riad fomos comunicados pelo nosso host que haveria uma festa nessa noite. Pois só estavam hospedados nessa Riad nós 4 mais um outro casal de alemães. E nessa noite apareceram 3 músicos que nos fizeram passar umas boas horas de animação, juntamente com alguns locais amigos do nosso host, acompanhadas de chá de menta, bolachinhas e a famosa xixa.
Fiquei convencida de que os marroquinos tem sempre uma porta aberta, de tão hospitaleiros que são.
Aqui fica um pouco do nosso roteiro durante 8 dias em Março de 2016.
 

Deni

Membro Conhecido
Chefchaouen



Depois de uma viagem de cerca de 3 horas de carro desde o aeroporto de Tanger, a primeira paragem em Marrocos, foi Chefchaouen. Este trajecto é feito praticamente quase todo por estradas nacionais e a partir de um determinado momento a estrada é estreita, com muitas curvas e apanham-se muitos camiões. Tudo isto, acrescentando a ansiedade de começar a explorar esta cidade, tornam a chegada demorada.

Chefchaouen é uma pequena cidade muito diferente das caóticas cidades que iria encontrar ao longo desta viagem por Marrocos. Situa-se no norte do país, a cerca de 115 kms de Tanger.

Esta cidade localiza-se nas montanhas do Rif, o que lhe confere uma atmosfera misteriosa... Mas o principal motivo de interesse desta cidade é o facto de os seus edifícios e casas serem quase todos em azul.


Pois o mágico nesta pequena cidade é mesmo explorar as ruas estreitas sem carros, os becos, as escadinhas que sobem e descem, as peculiares portas das casas e tudo... azul! Da vontade de parar em cada esquina e não cessar de tirar fotos... É uma cidade extremamente fotogénica.





É engraçado que ao contrário de Chefchouen, os seus habitantes não gostam de tirar fotos. Por várias vezes, enquanto estávamos a tirar fotografias às ruas de Chefchaouen, passavam locais que começavam a esbracejar, dizendo que não queriam que tirássemos fotos deles. Li posteriormente que a razão pela qual eles não querem tirar fotos é porque consideram o corpo sagrado, logo será improprio reproduzi-lo numa fotografia…



É aqui dentro da Medina de Chefchaouen que podemos encontrar a única mesquita em todo o país, cujo minarete tem uma forma octogonal. Esta Mesquita é um local de culto apenas para muçulmanos e está vedada portanto para todos os que não o são, como é comum nestas mesquitas.


Por falar em Mesquitas, na noite em que passamos em Chefchaouen, às 5h da manhã, começaram a soar uns cânticos nos altifalantes da mesquita mesmo ao lado do nosso hotel (uma das muitas, pois em cada bairro da Medina existem 4 mesquitas). Durante 15 minutos ouviu-se por toda a Medina estas orações em forma de cânticos. Foi uma experiência engraçada uma vez que foi apenas uma noite. Se tivesse ficado mais tempo, com certeza que não iria achar tanta piada. Serviu para ambientar na primeira noite em Marrocos.

No centro da Medina existe o kasbah, uma fortificação que envolve um jardim e um pequeno museu etnográfico. Vale a pena pagar os 10 dirahm de entrada principalmente para se subir a torre de onde se tem uma óptima vista da cidade e seus limites.




Continuando o passeio pela Medina existem outras zonas de bastante interesse como a praça central da Medina onde se encontram lojinhas, várias explanadas de restaurantes e cafés onde se pode beber o famoso chá de menta e também os famosos terraços, cuja experiência só tive depois em Fez e Marraquexe.


O sítio das lavadeiras já nos limites da Medina, é também muito giro. Existe um pequeno riacho que corre por baixo de uma pequena ponte construída por prisioneiros portugueses...


O hotel que escolhemos para ficar foi o Hotel Molino, que fica mesmo dentro da Medina. Adorei o hotel, apesar de simples, tem uma decoração linda, típica de Chefchaouen, além de ter uma óptima localização. É um 3B: bom, bonito e barato ;)

Os funcionários foram muito atenciosos é assim que chegamos mostraram-nos os quartos disponíveis para que pudéssemos escolher qual preferíamos. Escolhi o que ficava no último andar com a porta para o terraço e vista para a mesquita que está no alto do monte.

Este é um dos passeios que quem visita Chefchaouen costuma fazer: a subida até a Mesquita que está no cimo de um monte construída por espanhóis. Mais uma vez, esta mesquita não está aberta a visitas mas dizem que tem uma vista linda de toda a cidade de Chefchaouen. Infelizmente não tive tempo de fazer este passeio. Vai ter de ficar para uma próxima visita a Chefchaouen...








 

Deni

Membro Conhecido
Fez



Fez não podia faltar no nosso roteiro em Marrocos. Esta cidade imperial estava nos meus planos há imenso tempo, essencialmente pelos seus famosos curtumes.

Fez possui a mais antiga medina de todo o mundo árabe e é simplesmente ENORME. Possui cerca 9400 ruelas, com as suas mesquitas, madraças e palácios. É sem dúvida, um ponto de passagem obrigatório em Marrocos.


Quando chegamos a Fez, dirigimo-nos para aquela que achávamos ser a entrada da Medina mais próxima da nossa Riad. Aí, mandaram-nos parar, para depois estacionarmos e entrarmos a pé. Explicamos que apenas queríamos perceber se estávamos próximos da nossa Riad. O senhor com quem falamos perguntou qual era o local e disse que conhecia, que o dono era seu amigo e que lhe ia ligar. Para nosso espanto, ele estava mesmo ali esperando por nós... inclusivamente até já nos tinha tentado ligar. O nosso host veio no nosso carro (ao que parece é algo normal e não há que ter receio) e levou-nos então a outra entrada onde estacionamos o carro e encaminhou-nos à nossa "nova morada" em Fez.

Vale muito a pena ficar numa Riad em Marrocos. Uma Riad é uma casa típica, onde existe um pátio central, em que algumas vezes é aberto, gerida em regra por uma família. É pois, mais pequeno que um hotel, com menos quartos, logo acaba por ter um atendimento mais personalizado. Normalmente tem um terraço com vista para a Medina, que neste caso, foi onde tomamos o nosso pequeno-almoço. É uma experiência autêntica ficar hospedado numa Riad.


Mais uma vez, assim que chegamos, foi-nos mostrada toda a Riad e foi dado a escolher o quarto que queríamos. Ofereceu-nos chá de menta e avisou-nos que haveria uma festa nessa noite.

Aproximava-se a hora de jantar e achamos que ia ser complicado para nós, orientar-nos no meio daquela imensidão. Pedimos então uma sugestão de um sítio para jantarmos ao dono da nossa Riad. Ele sugeriu-nos um restaurante e ainda ligou para nos virem buscar para que não nos perdêssemos. Comemos uma refeição típica marroquina de cuscuz, tagine com tâmaras e para finalizar uns doces típicos e também laranja com canela.

Regressamos à nossa Riad e acabamos a noite a dançar ao som de música marroquina que 3 músicos nos presentearam.



No dia seguinte tínhamos agendado com um guia local uma visita por Fez para conhecermos um pouco dos principais pontos de interesse e experienciar a vida da Medina.

Em qualquer zona na Medina, somos abordados por locais que nos querem apresentar a cidade a troco de um determinado valor que é sempre negociável (como tudo em Marrocos).

À hora marcada, lá estava o nosso guia para nos acompanhar e nos mostrar a sua cidade. Começou por nos levar a um espaço onde vários oleiros trabalhavam a argila e de onde surgiam peças únicas trabalhadas à mão. De pratos a jarras e potes, de mesas a enormes fontes, é incrível a habilidade com que trabalhavam sob condições tão duras.


Visitamos também um forneiro onde várias famílias levam o seu pão para cozer; uma cooperativa gerida apenas por mulheres onde se faziam vários produtos de beleza e higiene a partir do óleo de argão. Foi-nos mostrado o processo de extracção do óleo. Este é extraído manualmente, esmagando as sementes que são retiradas de uma árvore que cresce apenas numa zona desértica de Marrocos.


Um dos locais que mais gostamos, foi uma pequena loja de tecidos, onde vimos um jovem rapaz num tear, tecendo fios feitos de aloe vera formando tecidos. Aí vestiram-nos com as típicas vestes berberes e pudemos tirar fotos para recordação. É claro que toda esta experiência tem o propósito de mostrar os seus produtos para uma posterior venda, mas não nos sentimos pressionados a fazê-lo.



A experiência mais esperada era a visita aos curtumes. Aliás, Fez é muito conhecido em parte também pelos curtumes que são os mais afamados (mas não os únicos) em Marrocos. Infelizmente, a realidade não correspondeu às expectativas, pois estes estavam em manutenção e estava tudo limpinho sem as cores a que estamos habituados a ver nas fotos de Fez.


De qualquer forma, subimos ao terraço e vimos as "tanneries" como são chamadas em Marrocos. Foi-nos explicado o processo de tratamento das peles proveniente da cabra, vaca, ovelha e até camelo. Só depois do tratamento é feita a tintura das peles nas tanneries usando as várias cores resultantes de açafrão, indígo, etc... Tudo é feito manualmente, e mais uma vez em condições muito duras. No final, mais uma vez, somos acompanhados à loja para nos mostrarem os seus produtos. Há a possibilidade de se fazer por exemplo, casacos por medida ao gosto do cliente e fazem-no num período de 6 horas. Estes produtos, ao contrário do que se possa pensar e apesar de os valores serem negociáveis, não são nada baratos.



Mais tarde, acabaríamos por visitar outros curtumes mais pequenos, mas estes em funcionamento.


Fez é um labirinto, um pouco caótico para o visitante, mas não deixa de ser cativante acompanhar este caos.

De Fez, a viagem continuaria, desta vez até ao deserto e iria ser muito longa...
 

Deni

Membro Conhecido
Deserto – dunas Erg Chebbi



Um dos pontos altos da viagem, seria a ida até ao deserto. Aqui, uma das noites seria passada num acampamento berbere, em tendas "bivouac" mesmo no meio do Saara.

Depois de cerca de 7/8h desde Fez, este seria o maior trajecto que faríamos em toda a viagem por Marrocos. É um trajecto longo e cansativo, que vale no entanto pelas paisagens maravilhosas que proporciona ao viajante.


São muitos quilómetros em que cruzamos o Alto Atlas, a cadeia montanhosa mais alta deste país. Foi aqui que começamos a avistar ao longe "línguas" brancas nas bermas das estradas, no meio dos campos e cada vez mais frequentes, começamos finalmente a convencer-nos de que seria neve...

Indo a caminho do deserto, estamos à espera de encontrar uma paisagem de areia e calor, não majestosas montanhas cobertas de um manto branco e gelado.

A chegada ao hotel Auberge du Sud foi feita já à noite, não permitindo ver toda a envolvente onde este está situado. Depois desta primeira noite, quando o sol já brilhava, despertamos e fomos à janela do nosso quarto e avistamos a imensidão das dunas de areia onde o hotel está localizado.


Este dia seria dedicado essencialmente ao descanso. Aproveitar a piscina deste hotel, estava programado desde o dia em que o tinha visto em fotos. A piscina está rodeada de umas arcadas que servem de enquadramento às dunas cor-de-laranja. Uma paisagem de sonho!




Nessa tarde, preparamo-nos para ir passar a próxima noite nas tendas ao deserto. Fizemos uma pequena mala com os objectos essenciais que precisávamos para a noite, nomeadamente um agasalho, pois a temperatura desce bastante.

De jipe, fomos até ao local onde o nosso próximo transporte estava "estacionado". No meio do deserto, lá estava uma cáfila à nossa espera.



Cada um com o seu camelo, seguimos por cerca de 1 hora deserto adentro, contemplando aquela paisagem e o silêncio que o deserto proporciona. É incrível como o nosso guia se conseguia orientar no meio do deserto... Sem qualquer tipo de mapa ou GPS.



Chegamos ao nosso "oásis" mesmo a tempo de subir a uma duna para admirar o pôr-do-sol. Foi um dos momentos especiais da viagem.


Depois de descansarmos um pouco, era altura de jantar. O jantar é confeccionado ali mesmo, no meio do deserto e os poucos recursos não fizeram diferença no excelente sabor a que já estávamos habituados em Marrocos.

A seguir ao jantar houve uma pequena animação musical. Sabendo que éramos portugueses, até nos cantaram o "Malhão". Não nos aguentamos durante muito tempo, pois começava já a arrefecer. Em vez disso, aproveitamos para nos afastar um pouco das tendas onde ainda havia luz e fomos admirar o céu estrelado que tínhamos por cima de nós. Nunca tinha presenciado um céu tão estrelado como este e até estrelas cadentes pudemos ver.

Depois de uma noite bem passada, onde dormimos com 6 cobertores a tapar-nos, acordamos bem cedo, pois não queríamos perder a oportunidade de ver o nascer do sol. Mais uma vez, foi uma experiência especial.


Estes dias foram realmente especiais... uma experiência única, mas a viagem ainda iria continuar e mais experiências nos esperavam. Próxima paragem: Ait Ben Haddou!
 

Deni

Membro Conhecido
Ait Ben Haddou


Deixando para trás a imensidão do deserto, o cenário que vamos encontrando ao longo do caminho até Ouarzazate é muito diferente... Palmeirais elevam-se formando paisagens verdejantes em vales com pequenos cursos de água. É neste cenário que encontramos o Kasbah Ait Ben Haddou.



Kasbah são pequenas fortalezas que eram construídas em tijolos de adobe, uma mistura de argila, palha e estrume que depois são secos ao sol.

Ait Ben Haddou é considerado Património Mundial da Humanidade e é representativo da arquitectura do sul de Marrocos.

Entramos cedo no Kasbah... Poucos turistas se avistavam e as estreitas ruas estavam quase vazias. Sendo um local bastante turístico, aqui encontramos mais uma vez, muito comércio.


Existem pelo menos 2 entradas, sendo que numa delas, a mais central, nos pediam dinheiro para entrar. Como já tínhamos lido que a entrada era gratuita e que poderia acontecer este "embuste", demos a volta e entramos pela lateral, passando para isso por cima de uma ponte pedonal, ao invés de ir pela catita entrada onde se atravessa o riacho saltando de pedra em pedra ( ou de saca de areia em saca de areia colocadas estrategicamente para facilitar a passagem).


As estreitas ruas vão subindo até ao alto da colina cor de rosa. No ponto mais alto existe, o que dizem ser, um pequeno celeiro. Aqui neste monte tem-se uma vista deslumbrante de toda a cidadela.


Ao subir fomos abordados por uma habitante local que, com a porta de sua casa aberta, nos convidou para entrar. Recusamos à primeira, mas ela insistiu e nós entramos e demos uma vista de olhos na humilde habitação e nas humildes condições de vida destas pessoas... Subimos ao terraço e mais uma vez, que vista...





No final da visita pediu-nos umas moedas, mas nós desprevenidos, não demos grande coisa. Mais uma vez, este comportamento é algo comum em Marrocos e já tinha lido sobre ele, isto é, oferecem-nos algo, como o famoso chá de menta por exemplo, mas no final pedem-nos dinheiro pelo que foi oferecido.


Passamos por lá umas boas horas, apenas a deambular pelas pequenas ruas, a regatear umas lembranças, a tirar fotos para mais tarde recordar esta fortaleza que ficará sempre na nossa memória…




Estava na altura de seguir para a nossa última paragem... A ansiada cidade de Marrakech.
 

Deni

Membro Conhecido
Marrakech


Marrakech seria a última das nossas paragens por Marrocos.

Escolhemos ficar em Marrakech dentro das muralhas da cidade antiga, mais uma vez, numa Riad. A vantagem é que se fica no centro, perto de tudo, apesar de ser possível, não ficar numa zona muito barulhenta. Foi o que aconteceu... Escolhemos a Riad Mirage e revelou-se uma óptima escolha a todos os níveis: a localização, perto de tudo mas sem estar no meio da confusão; a simpatia e disponibilidade mais uma vez dos (poucos) funcionários; o maravilhoso pequeno-almoço confeccionado mesmo na sala ao lado e a decoração, que foi um dos motivos iniciais de ter escolhido este local. Aconselho vivamente esta Riad, com o seu típico terraço onde tínhamos uma pequena piscina e espreguiçadeiras para relaxar durante o dia ou até mesmo à noite. Deram-nos a chave da entrada da Riad e podíamos sair e entrar à hora que quiséssemos. No último dia, sairíamos muito cedo para o aeroporto (por volta das 6h30 da manhã) mas não nos deixaram sair sem tomar o delicioso pequeno-almoço, além de nos terem programado o transfer para o aeroporto.



O coração da medina de Marrakech é a sua praça Djeema el Fna. É o local onde tudo acontece, principalmente, à noite: desde músicos, a encantadores de serpentes (infelizmente não assisti a nenhum), senhoras que tatuam desenhos em henna, barraquinhas que vendem comidas e bebidas típicas, encontros para jogos, tudo numa caótica praça com uma mistura de cores, sabores e cheiros...


Foi aqui que viemos na nossa primeira noite em Marraquexe e onde aproveitamos para jantar. Nessa mesma noite fui abordada por uma senhora que com um ar adorável começou a falar comigo e sem que eu me apercebesse, me agarrou a mão e começou a tatuá-la com henna... Já tinha lido que é comum este tipo de acontecimentos em Marrocos, mas na altura nem me lembrei e apanhou-me desprevenida. Claro que no final (menos de 2 minutos depois) te pede muito dinheiro por aquilo que fez. Acabei por lhe dar um terço do que pediu inicialmente e fomos embora com mais uma história caricata para contar mais tarde.

Nesse noite, depois de jantar, ainda deu tempo de dar uma volta até a koutoubia. Esta apenas pode ser visitada por fora por não muçulmanos e a sua torre de 69 metros é a mais alta da cidade e pode ser vista a vários km de distância.


Um dos locais interessantes para se visitar em Marrakech são os jardins Majorelle. Numa cidade onde o tom rosado das muralhas impera, poderá achar-se estranho a cor azul deste Jardim. Dizem que foi inspirado no azul do céu...


Este jardim é o único jardim botânico da cidade e é realmente giro mas pequeno, fazendo-se uma visita muito rápida para o valor que cobram de entrada, em minha opinião. De qualquer forma vale a pena visitá-lo pelo menos uma vez.

A entrega do carro que alugamos no início da semana em Tanger foi feita aqui relativamente perto dos jardins Majorelle no exterior da Medina e de seguida seguimos para o interior explorar um pouco destas ruelas e escolher um local para almoçar.

Boas memórias ficaram do local onde almoçamos, não tanto pelo pitéu mas mais pelo local em si: um terraço com vista para a Medina.


Um dos locais de Marrakech que fazia questão de visitar era a Medersa Ben Youssef. A Medersa é uma escola islâmica que chegou a funcionar com mais de 800 alunos. Hoje, funciona apenas como museu e a sua bonita arquitectura atrai muitos visitantes. O seu imponente pateo central cheio de arcos decorados por mármores, azulejos e painéis de madeira de cedro trabalhados à mão, contrasta no entanto com os aposentos dos alunos que mostravam condições muito básicas.



Marrakech teria muito mais para oferecer, como as visitas aos banhos públicos - hammans, os seus palácios, entre outras coisas, assim como o próprio país tem inúmeras atracções que em 8 dias foi impossível de visitar.


Todos estes motivos, e outros mais, fizeram-me ficar apaixonada por este país. Marrocos superou as expectativas e é um destino bastante em conta... Cada um de nós gastou 600€ durante esta semana, incluindo voos (200€/pessoa), hotéis (306€/2 pessoas), carro (250€ com seguro/4 pessoas), seguro de viagem (15€/pessoa) e extras (125€/pessoa, incluindo alimentação, entradas em monumentos, combustível, lembranças).


Foram 7 dias de muita animação, descobertas novas, muitos km percorridos (cerca de 1500 km), excitação por estar num país tão diferente... Esta viagem ficará sem dúvida, como uma das minhas viagens de eleição.


Marrocos é um país completo... e foi assim que Marrocos me deixou... de coração completo!

 

PauloNev

Moderador Honorário
Staff
Muito obrigado pela partilha.
Grande viagem que fez por Marrocos.
Belas fotos e dicas para próximos viajantes.
Um pais com muito mais para oferecer que deserto e as praias de Saidia.
Boas viagens ;)
 

Cristina Sousa

Membro Conhecido
Que delícia! :)
Que bom recordar Chefchaouen e Marraquexe! :)
Falta-me o resto, mas um dia destes vou lá.
Marrocos é um país belíssimo, o seu povo é encantador, simpático e afável.
Adorei as fotos do deserto, maravilhosas! Muitos parabéns @Deni!
Obrigada pela partilha, Marrocos tem uma parte substancial do meu coração! :)
 

PaulaCoelho

Membro Conhecido
Olá Deni ;)
O ano passado estive 15 dias em Marrocos e também visitei os mesmos locais.
É tal e qual como dizes, Marrocos deixa-nos de "coração completo".
Adorei o report e as fotos ;)
 

Ricardo_7

Membro Conhecido
Olá,
Obrigado pela fantástica partilha e por me fazeres recordar a minha grande aventura do ano passado! :)
Adorei Marrocos, foi das melhores experiências que já vivi!

PS: Aquele hotel no deserto é mesmo qualquer coisa :D

Boas viagens :)
 

susy4

Membro Conhecido
Report magnífico... grandes fotos :)
Grata por aguçar a vontade de viajar neste país de cheiros e cores tão bem retratado aqui.
 

Ricardo Rodrigues ZAP

Membro Conhecido
Este ano esteve quase, quase... tenho uma road-trip preparada ha 2 anos e tem sido sempre adiada, sendo que muitos dos locais que tenho marcados, são os mesmos com a diferença que eu tenciono dar uma volta completa por Marrocos.

Pelo que percebi foram em Março... como foi em termos de temperaturas? pois essa é uma das questões que tenho, já que Julho/Agosto acho muito pesado para andar a passear em cidades por causa do calor e Outubro/Março parecem-me bons meses mas não conheço ninguém que tenham feito road-trips por lá nessa época do ano.
Outra questão, que carro alugaram? Jipe? ou carro familiar? é que essa era uma duvida que tinha pois algumas estradas que marquei são capazes de ser "mazinhas" para um carro normal, voces não sei se andaram sempre em alcatrão ou não...

Quanto ao report, está excelente e vê-se que a viagem foi bem programada pois a escolha dos locais de dormida são do melhor.

Parabens
RR
 
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Deni

Membro Conhecido
Bom dia @Maravedi
O carro q alugamos foi um familiar. Calhou-nos um Dacia Logan. Qdo reservamos online pedimos a gasolina pois era mais barato mas qd la chegamos deram nos um a gasóleo :D
Tirando a parte do deserto em que tivemos de conduzir literalmente no meio do nada, andamos smpre por estradas e no geral as vias são boas. Ai o carro sofreu um pouco... e sinceramente ha muita gente que faz a road trip a partir de Portugal, mas pessoalmente nao sujeitava o meu carrito a essa experiencia ;)
Quanto as temperaturas, Marrocos tem uma grande amplitude térmica. Apanhamos noites com 3 graus (no norte do país, mesmo durante o dia estava bastante frio) e dias com 25 graus... A partir do deserto os dias estavam sempre amenos e até deu pra mergulhar na piscina do hotel. Andamos de manga curta mas a noite arrefecia bastante. Acredito que no Verão seja insuportável tanto nas cidades como no deserto... De resto, também tivemos sorte porque esteve sempre sol com exceção do primeiro dia em que choveu qdo estávamos a sair de Tanger.

@Maravedi por uma questão de tempo (so tínhamos 1 semana) não visitamos outras partes do país pois a ideia era ir mmo até á praia e depois subir para Casablanca... mas tivemos que optar. E acho que foi uma Boa opção. Mesmo assim se pudesse teria aproveitado mais tempo nalguns sitios... principalmente Chefchouen.
 
Última edição por um moderador:

Ricardo Rodrigues ZAP

Membro Conhecido
Pois, a minha ideia é uma road trip desde Portugal mas o meu carrito não passava de Ferry, pois quer por segurança quer por economia preferia alugar carro lá, já que fica mais barato alugar carro, que passar o nosso carro de ferry... o querer ir de carro desde Portugal é que fica mais barato que voos e assim posso trazer muitas coisas que tenciono trazer de lá para completar umas decorações cá em casa :D.

Dada a minha apetência por estradas "menos confortáveis mas com mais adrenalina" :D tenho algum receio que os carritos lá não se aguentem, sendo que, já algumas estradas nacionais são em terra batida, as secundárias nem quero imaginar, em especial junto ao Atlas.

Quanto às temperaturas conheço muita gente que vai de verão e ai acho que podemos perder o prazer da viagem com o excesso de calor. Outubro e Março parecem-me bons meses, dai ter feito as questões.

Obrigado pelas respostas
RR
 

CristinaBF

Membro Conhecido
Olá @Deni
Parabéns pelo exelente report e pela organização da viagem.
Sem dúvida que o portal ficou mais rico, é importante a partilha de experiências e conhecimentos ;) Obrigada pela partilha.
Belas fotos, gostei do que vi:)
Boas viagens:)
 

rmonteiro

Membro Conhecido
Excelente report !!
Uma bela aventura, com excelentes detalhes.
Tenho que fazer uma visita por esses lados.
Obrigado pela partilha ! ;)
 

Flecha

Membro Conhecido
fantástica partilha.
há combustível com fartura nesse trajecto?
onde entregaste o carro?
 

Deni

Membro Conhecido
Entreguei o carro em Marraquexe, fora da Medina. Existem muitos postos de abastecimento principalmente junto as cidades.
Obrigada pelo comentário :)
 

Cláudio Pereira

Membro Conhecido
Relatório esplendido ! Obrigado pelo tempo que gastaste com ele...estas coisas dão trabalho e prazer a fazê-lo :)
Estou a ver se convenço a minha mulher a ir a Marrocos...tenho muita curiosidade, pelas mesmas razões que tu.

Adiante...não consegui perceber em que mês foste. Só consegui ler que não foi no verão.
Outra questão, quanto pagavas por refeição ?
 
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