RDSC
Membro Ativo
AVISO: Este texto foi escrito com uma pitada muito ligeira de sarcasmo e ironia. Não levem por isso a mal.
Memories - boas ou más ficarão gravadas... pelo menos até aparecer o Alzheimer e nos esquecermos.
E as memórias destas férias ficarão certamente guardadas por algum tempo, tendo em conta os episódios caricatos que vivemos neste hotel em Varadero, Cuba.
Então comecemos, como habitualmente, pelo principio.
Chegada ao hotel mais tarde do que o previsto. Um ligeiro atraso no voo, levou-nos a chegar quase em simultâneo a Varadero que um voo do Canadá. Isso significou mais tempo no aeroporto à espera das malas, e alguma confusão na hora de levantá-las.
Depois duma batalha épica contra barreiras de pessoas transpiradas e desesperadas para tirar as malas do tapete, mais o calor abafado que se fazia sentir no aeroporto, mais o cansaço da viagem, lá cheguei ao autocarro que nos levaria ao hotel.
Aguardamos algum tempo até partir em direção aos hotéis onde íamos ficar. Mal nos informaram que iam passar por 3 hotéis, senti logo que a sorte estava do meu lado e que seríamos os primeiros. Passados cerca de 30 minutos chegamos ao primeiro hotel. Já me preparava para levantar quando vi que ainda não era o meu. Azar. Sou a seguir, tenho a certeza! Azar. É sempre assim, fomos os últimos...
Depois de pararmos no 2º hotel, e após saírem os turistas que ficariam neste, verifiquei que os restantes, constituíam um pequeno grupo. Estava à espera dum grupo maior neste hotel. Seria isso um bom sinal? Aguarde pelo desenrolar da história.
Chegando ao hotel para fazer o check-in, lá estavam os amigos do Canadá que acabaram por chegar depois de nós ao aeroporto, mas primeiro ao hotel. Calma, estás de férias. Isto agora também é uma questão de 10/15 minutos e já estamos despachados. E foi isso... quase que nem demos pelos cerca de 60 minutos que se passaram naquela fila.
Para trás, ficou um grupo de portugueses bloqueado no check-in, cuja reserva não aparecia no sistema do hotel.
Aguardamos alguns instantes pelo transporte até ao bloco onde ficaria o nosso quarto. Bloco 37. Pertinho da praia. E a cerca de 1km do lobby. Boa! Sem stress, pois havia carrinhos para nos transportar dum lado para o outro.
Quando chegamos ao bloco, o maletero ajuda-nos com as malas e vamos em direcção ao quarto. Cartão na ranhura. Porta abre. Ia ligar as luzes, e eis que nem foi preciso pois percebi logo que quarto está ocupado. Um género de festa privada. Um grupo de baratas a passear pelo quarto. Não consigo dizer exactamente quantas eram, pois fiquei mais impressionado com o porte atlético destas. Ou andavam num ginásio a injetar-se com suplementos ilegais, ou foram sujeitas a algum tipo de radiação e então começaram a crescer desenfreadamente. Daquele tamanho em Portugal já eram obrigadas a andar de coleira e açaime.
Viramos costas e decidimos mudar de quarto, já que este estava ocupado. Pormenor engraçado, era que o quarto ficava em piso térreo e a janela da varanda estava aberta. Se foi deixada aberta pelos funcionários, tratava-se dum convite claro para que entrasse no quarto todo o tipo de bicharada. Porém, não tenho a certeza que tenham sido eles a fazer isso. Dado o tamanho das baratas também é possível que tenham sido elas a abrir a porta sem grandes dificuldades.
Ora partimos nós em direção à receção. Ainda lá estava o grupo de portugueses a tentar resolver o seu problema e aparentemente sem grande evolução. A senhorita pergunta o que se passou e lá contei o encontro imediato que tive. Parece-me que ela não estava a entender o motivo. Provavelmente pensou, "lá vem estes esquisitos".
Lá acedeu ao nosso pedido e informou que só tinha suites disponíveis. Passaríamos a noite numa delas mas no dia seguinte teríamos de mudar. Ok. Não havia paciência para esperar ou discutir mais nada. Lá vamos de carrinho em direção ao bloco 34. Entrada na suite, novamente no piso 1. Abrir porta com cuidado e olhar para chão a ver se encontrávamos mais alguns amiguinhos. Nada de bicharada.
Depois lá nos apercebemos do tamanho do quarto. Era enorme. Quarto, sala, 2 wc's e 1 pequena banca. Depois de olharmos com mais atenção vimos 2 tv's (que não funcionavam) e a mobília algo desgastada. Algo como quem diz. Provavelmente andou pelo ar a quando da passagem do Irma, deu a volta à ilha e depois foi transportada por 2 baratas gigantes até ao quarto. Servia. Só queríamos dormir e esperar que no dia seguinte tudo fosse esquecido e resolvido.
Quando fomos a um dos wc, reparamos que havia umas goteiras a cair do teto. A água que estava a cair sobre toalhas brancas era ligeiramente acastanhada, provavelmente da ferrugem nos tubos. Deixa lá estar isso e vamos dormir. Prestes a entrar na cama começamos a perceber que a intensidade das goteiras estava a aumentar. Fomos verificar o que se passava.
E eis que ficamos um pouco confusos. Afinal estamos em Cuba ou nas Cataratas do Niágara? Água e mais água a cair pelo teto a escassos centímetros de 2 pontos de luz. A água começava a inundar o WC e, como estava cada vez mais próximo da luz e, não fazia parte dos meus planos morrer eletrocutado, lá arrumei tudo outra vez e parto em direcão à receção para trocar de quarto.
Chegados lá, vimos que o problema dos portugueses estava resolvido.
Então ali contei a história ao novo funcionário e comprovei com fotos e vídeos. Parecia não estar a entender, e talvez tenha pensado, "lá vêm estes esquisitos". Também reconheço que ainda bem que não foi em Portugal. Cá, este quarto que incluía uma bela cascata, pagaria mais de IMI.
Solução para nosso problema. Mudança para o bloco 35. Continuamos a ser colocados bem longe da receção talvez esperando que nos cansemos, ou que desfaleçamos a meio do caminho e dessa forma paremos de nos queixar.
Chegado ao quarto, bora lá verificar o check-list que entretanto criámos.
Baratas - Não.
Quedas de água - Não.
Limpeza - parece, não há certezas. Pelo sim pelo não vamos dormir vestidos e amanhã descobrimos.
De tão cansados que estávamos logo adormecemos.
Passadas algumas horas lá acordamos. Olhamos com mais atenção ao que nos rodeava. Quarto simples, que não primava pela limpeza. Lençóis que pareciam limpos. Até vermos alguns resíduos que se mexiam. Que estranho! Seria corrente de ar? Não! Estava tudo fechado e o ar condicionado desligado. Eram uns amigáveis bichinhos. Parecidos com pequenas formigas, que afinal estavam por todo o lado para onde olhávamos. Algumas... centenas a passear pela cama onde dormi, nada de mais. Às vezes pagamos para ver animais no zoo e para estar em contato com eles, ali tinha este serviço aparentemente incluído.
Decisão - mudar de hotel na hora. Chega! Tentar resolver o problema junto do nosso agente de viagens e aguardar pela vinda do representante do operador turístico. Entretanto, resolvemos ir até à praia a ver se apagávamos as Memories do que nos estava a acontecer. Praia muito boa.
Depois de relaxar alguns momentos resolvemos tomar o pequeno almoço.
Antes, vamos avisar um casal que viajou connosco, e que só tinha trocado de quarto 2 vezes. Há gente com sorte! E eis que afinal algumas das Memories se apagaram. Onde é que eles ficaram? Bloco 37? 34? 35? Foi no 34, quase de certeza. Já me recordo do quarto e tudo, afinal fui lá na noite anterior deixar umas coisas e despedir-me deles. Quarto 3422. Vamos lá bater à porta e avisar que vamos tomar o pequeno almoço.
Toc-toc. Não abrem. Devem estar a dormir. Mas eis que se ouve algum ruído e a porta começa a abrir. Vem um senhor em cuecas à porta, mas não era quem eu estava à espera. "Ai perdón." Ao que o senhor responde animadamente: "Umm ahhhh mmmmm ". Vai lá dormir que o teu mal é sono.
Mas era ali! O que aconteceu com o casal? Será que mudaram também de quarto? Tinham sido chacinados e seus órgãos já estariam num qualquer mercado a ser comercializados?! Vamos à receção ver o que se passa e perguntar qual o quarto. 3421! Mesmo ao lado. Arghh! Eu sabia que era 34 qualquer coisa. Vamos ao encontro deles, mas eles até nos aparecem pelo caminho, desgastados pela distância que nos separa.
Fomos tomar o pequeno almoço à zona do buffet principal (já que podíamos escolher o buffet próximo da praia).
Ali deparámo-nos com um calor enorme. Máquinas de café e sumos não funcionavam. Sumos naturais, como quem diz, semi-naturais, estavam quentes - ou então serviam sopa de fruta e eu é que estou a complicar. Zona dos queijos e fiambres a não inspirar grandes confianças.
Para onde olhávamos só víamos defeitos. A falta de talheres na mesa, era compensada pelos corvos ou aves semelhantes, que confortavelmente se instalavam nas mesas, e chateavam quem tentava tomar o pequeno almoço. Empregados em modo zombie tardavam a chegar com o café. Tudo isto servia para aumentar o nosso desejo de fugir dali. Só a deliciosa e refrescante manga atenuava a nossa dor.
Voltámos à praia, pois só por volta da hora do almoço é que nos íamos encontrar com o representante do operador.
Ainda passámos pelo quarto para tentar arranjar umas toalhas para a praia, já que o local onde o devíamos fazer ainda estava fechado. Procurámos uma camareira, e quando a encontrámos pregamos-lhe um susto de morte. Afinal ela não estava à espera de encontrar ninguém naquele bloco, já que aquele edifício deveria estar... fechado. Isso talvez explique a falta de limpeza e as formiguitas no local.
Avancemos e aproveitemos a praia, que era grande e sossegada. Aquela água era maravilhosa e servia para esquecer momentaneamente as más Memories que pairavam. Havias sombras e cadeiras em grande quantidade.
Lá chegou a hora de nos encontrar com a Nely. Muito prestativa e simpática. Já tinha recebido informação de Portugal de que havia problema connosco. Ouviu as nossas queixas e garantiu que ia falar com a gerência e resolver o nosso problema.
(Fica a nota muito positiva de que nesse dia, ela não quis vender as excursões. Voltaria no dia seguinte quando tudo estivesse resolvido. Nesse dia, a sua prioridade era resolver os problemas com os quartos... os nossos e dos restantes portugueses que tinham reclamações muito semelhantes!)
Pediu-nos para aguardar e não mudar de hotel. Devíamos voltar as 17h à receção pois teríamos o nosso problema resolvido.
Foi o que fizemos.
Ali, naquela hora, encontramos no balcão alguém que demonstrou preocupação genuína com o que se estava a passar. Parecia alguém com responsabilidades acrescidas, não sei se seria da gerência. Garantiu-nos que estava pessoalmente a tratar do nosso caso, que teríamos um quarto melhor, e que seríamos acompanhados por alguém do controlo de qualidade do hotel. Teríamos um quarto com todas as garantias de limpeza.
Chegámos ao quarto, bem próximo do lobby, num edifício que logo pelo exterior demonstrava estar em melhores condições. No quarto estava a camareira chefe, que pelo equipamento que tinha, percebemos que estávamos afinal num bloco destinado ao Diamond Club. E as condições do quarto demonstravam mesmo que eram destinadas a um público especifico. Nada a ver com os outros quartos por onde tínhamos passado. Apesar de modestos estavam limpos. E com direito aum luxo - frigorífico a funcionar contrariamente aos outros. Ficamos mais tranquilos e passadas quase 20h, as férias iriam começar. Estamos de regresso a Cuba, finalmente.
Fomos buscar as coisas aos quartos para nos instalarmos definitivamente.
Apanhámos boleia num dos carrinhos de transporte (eram bastantes e circulavam por todo o complexo), que levava um casal de espanhóis bem disposto, e que se preparava para bater o nosso recorde. Em 5 horas já iam no 4º quarto. E para onde iam eles? Exactamente para o edifício de onde estávamos a sair. Boa sorte muchachos!
As férias podiam começar.
É verdade que ainda assim ficamos com alguma impressão, mas caso tivéssemos entrado logo neste quarto certamente que veríamos tudo de forma bem mais positiva. Já tínhamos sido avisados do que poderíamos encontrar, e ainda assim insistimos neste hotel. Esta também seria a 3ª vez em Cuba pelo que estávamos preparados e mentalizados para algumas situações. Pese todas as limitações que muitos assinalam, o que pretendemos é limpeza, o que não estávamos a encontrar nos primeiros quartos.
De resto tudo se foi compondo. É claro que há muito para melhorar neste hotel que tem boas infraestruturas e condições para proporcionar boas férias aos hóspedes.
É realmente um complexo muito grande, mas existem os tais carrinhos de transporte que estão sempre a circular, e mesmo que se faça o percurso a pé existem atalhos para tornar a viagem mais rápida e algumas sombras a ajudar. Já de noite é complicado, pois em algumas zonas não há iluminação quase nenhuma. Apesar que nos últimos dias havia bastante movimento por parte de funcionários a colocar iluminação, pintar e fazer pequenas obras.
Este pormenor pode estar relacionado com uma possível mudança de gerência no hotel, que ao que parece aconteceu por esses dias. Chegamos inclusive a ver até alguns dos responsáveis com outras pessoas que tinham identificação do hotel Royalton Hicacos.
Era notório o movimento de muitas chefias por todo lado, em especial pelos restaurantes. A partir do momento que estes começaram a circular, tudo começou a melhorar.
Resumindo há ainda aspetos a melhorar e coisas que não se podem admitir.
Por exemplo, não se compreende bebidas à temperatura ambiente no buffet, bem como a ausência de gelo para compensar.
Máquinas de granizados que muitas das vezes só serviam as bebidas frescas.
Ainda sobre a alimentação:
Snack-bar que funciona 24h, supostamente com muitas opções, mas que às 17h já só tem cachorros. O mesmo acontece com o snack-bar que serve almoços na zona da piscina mais animada, também com poucas opções, porque a maior parte das coisas acabam rapidamente.
Travessas de comida muito remexida e muita comida espalhada no chão - aqui culpa dos hóspedes.
Lentidão ou falta de prática de quem estava a preparar massas, pizzas, peixe e carne grelhada o que provocava filas muito longas.
Não havia muita variedade no buffet mas não se passa fome. Pelo menos arroz e frango não faltam em nenhuma das refeições. Já agora, um dos maiores mistérios nestas férias: o que aconteceu às batatas fritas? Nem vê-las.
Muitas das vezes faltava também as etiquetas com identificação dos pratos. Muitos acabavam por mexer e remexer a tentar adivinhar o que lá estava.
Nos primeiros dias no buffet as luzes começavam a desligar 1 hora antes do fim e a reposição deixava de ser feita. Quando começamos a ver chefias em ação não aconteceu mais.
Positivo:
Fruta (ai as deliciosas mangas em todas as refeições).
Marisco em abundância. Último dia com lagosta. Apesar de algum receio em comer, devido a alguns relatos de intoxicações, experimentamos e... não aconteceu nada, ainda cá estamos a contar a história.
Sobremesas variadas e deliciosas.
Nos primeiros dias os gelados desapareciam em pouco tempo, mas depois foi compensado com doses individuais de 500ml. Não faltou mais, até se desperdiçava. Muitos levavam carregamentos para os quartos. Não percebo como os mantinham comestíveis. Também podia ser para alimentar as baratas amestradas.
No último dia, que coincidiu com o dia de Cuba, houve almoço na praia com muita variedade e pratos com bom aspecto. Neste dia, houve também jantar especial, que pelos vistos é feito com alguma frequência, com muita mais variedade que nos outros dias, e tudo muito mais adornado.
Muito positivo também, foi a animação. A melhor das 3 vezes em Cuba. Animação de manhã na praia, e de tarde na praia + piscina. Por 2 vezes foi feita festa da espuma na praia.
Os animadores eram simpáticos e conseguiam mobilizar as pessoas.
De resto no hotel existem:
4 restaurantes temáticos (criolo + japonês + caribenho + italiano)
1 Buffet
1 restaurante na praia que serve pequeno-almoço e almoço
1 snack-bar 24h
1 snack-bar na piscina animada
1 bar aquático em cada uma das 2 piscinas
2 bares no lobby
1 bar na praia
1 bar onde transmitiam canais de desporto
1 bar no anfiteatro
Dispõe ainda de spa, ginásio, 2 balcões de cambio e as habituais lojas de utilidades / souvenirs.
No final de todos os episódios, as férias não foram estragadas. Acabámos por perder um dia, mas nada que nos impeça de voltar a Cuba, que cada vez amamos mais. Claro que podendo será noutro hotel, para não voltar a correr riscos. De preferência um que tenha batatas fritas. Porque raio não tinham batatas fritas...?
Ah, mais uma coisa. 2 noites seguidas em que entraram no quarto 2 lagartos. Nada de mais. Fomos desenvolvendo e afinando técnicas letais que incluíam copos, garrafas de água, toalhas, selfie-sticks, raquetes...
E finalmente, ficam ainda algumas Memories não muito agradáveis destas férias, que foi perder um cartão de memória Micro SD algures em Havana. Aos nossos estimados leitores, que passem por lá, se por acaso virem um cartão micro SD em qualquer ponto da cidade de Havana por favor entrem em contato comigo. Há recompensa generosa! No cartão estavam algumas dezenas de fotos dos primeiros dias de férias, incluindo algumas que tinham sido especialmente tiradas para este report.
Depois, no regresso a Lisboa, quando vou recolher o carro, o vidro da frente está partido e por fim, há ainda um novo desporto que inventei que consiste em deitar pinheiros abaixo através de manobras de marcha atrás com o carro. Deu empate. O pinheiro não caiu, e o carro não chegou a ficar completamente destruído. Teria sido pior se batesse contra uma daquelas baratas em Cuba.
São as Memories destas férias. Que venham as próximas, se possível um pouco melhor.
Ficam algumas fotos!
Memories - boas ou más ficarão gravadas... pelo menos até aparecer o Alzheimer e nos esquecermos.
E as memórias destas férias ficarão certamente guardadas por algum tempo, tendo em conta os episódios caricatos que vivemos neste hotel em Varadero, Cuba.
Então comecemos, como habitualmente, pelo principio.
Chegada ao hotel mais tarde do que o previsto. Um ligeiro atraso no voo, levou-nos a chegar quase em simultâneo a Varadero que um voo do Canadá. Isso significou mais tempo no aeroporto à espera das malas, e alguma confusão na hora de levantá-las.
Depois duma batalha épica contra barreiras de pessoas transpiradas e desesperadas para tirar as malas do tapete, mais o calor abafado que se fazia sentir no aeroporto, mais o cansaço da viagem, lá cheguei ao autocarro que nos levaria ao hotel.
Aguardamos algum tempo até partir em direção aos hotéis onde íamos ficar. Mal nos informaram que iam passar por 3 hotéis, senti logo que a sorte estava do meu lado e que seríamos os primeiros. Passados cerca de 30 minutos chegamos ao primeiro hotel. Já me preparava para levantar quando vi que ainda não era o meu. Azar. Sou a seguir, tenho a certeza! Azar. É sempre assim, fomos os últimos...
Depois de pararmos no 2º hotel, e após saírem os turistas que ficariam neste, verifiquei que os restantes, constituíam um pequeno grupo. Estava à espera dum grupo maior neste hotel. Seria isso um bom sinal? Aguarde pelo desenrolar da história.
Chegando ao hotel para fazer o check-in, lá estavam os amigos do Canadá que acabaram por chegar depois de nós ao aeroporto, mas primeiro ao hotel. Calma, estás de férias. Isto agora também é uma questão de 10/15 minutos e já estamos despachados. E foi isso... quase que nem demos pelos cerca de 60 minutos que se passaram naquela fila.
Para trás, ficou um grupo de portugueses bloqueado no check-in, cuja reserva não aparecia no sistema do hotel.
Aguardamos alguns instantes pelo transporte até ao bloco onde ficaria o nosso quarto. Bloco 37. Pertinho da praia. E a cerca de 1km do lobby. Boa! Sem stress, pois havia carrinhos para nos transportar dum lado para o outro.
Quando chegamos ao bloco, o maletero ajuda-nos com as malas e vamos em direcção ao quarto. Cartão na ranhura. Porta abre. Ia ligar as luzes, e eis que nem foi preciso pois percebi logo que quarto está ocupado. Um género de festa privada. Um grupo de baratas a passear pelo quarto. Não consigo dizer exactamente quantas eram, pois fiquei mais impressionado com o porte atlético destas. Ou andavam num ginásio a injetar-se com suplementos ilegais, ou foram sujeitas a algum tipo de radiação e então começaram a crescer desenfreadamente. Daquele tamanho em Portugal já eram obrigadas a andar de coleira e açaime.
Viramos costas e decidimos mudar de quarto, já que este estava ocupado. Pormenor engraçado, era que o quarto ficava em piso térreo e a janela da varanda estava aberta. Se foi deixada aberta pelos funcionários, tratava-se dum convite claro para que entrasse no quarto todo o tipo de bicharada. Porém, não tenho a certeza que tenham sido eles a fazer isso. Dado o tamanho das baratas também é possível que tenham sido elas a abrir a porta sem grandes dificuldades.
Ora partimos nós em direção à receção. Ainda lá estava o grupo de portugueses a tentar resolver o seu problema e aparentemente sem grande evolução. A senhorita pergunta o que se passou e lá contei o encontro imediato que tive. Parece-me que ela não estava a entender o motivo. Provavelmente pensou, "lá vem estes esquisitos".
Lá acedeu ao nosso pedido e informou que só tinha suites disponíveis. Passaríamos a noite numa delas mas no dia seguinte teríamos de mudar. Ok. Não havia paciência para esperar ou discutir mais nada. Lá vamos de carrinho em direção ao bloco 34. Entrada na suite, novamente no piso 1. Abrir porta com cuidado e olhar para chão a ver se encontrávamos mais alguns amiguinhos. Nada de bicharada.
Depois lá nos apercebemos do tamanho do quarto. Era enorme. Quarto, sala, 2 wc's e 1 pequena banca. Depois de olharmos com mais atenção vimos 2 tv's (que não funcionavam) e a mobília algo desgastada. Algo como quem diz. Provavelmente andou pelo ar a quando da passagem do Irma, deu a volta à ilha e depois foi transportada por 2 baratas gigantes até ao quarto. Servia. Só queríamos dormir e esperar que no dia seguinte tudo fosse esquecido e resolvido.
Quando fomos a um dos wc, reparamos que havia umas goteiras a cair do teto. A água que estava a cair sobre toalhas brancas era ligeiramente acastanhada, provavelmente da ferrugem nos tubos. Deixa lá estar isso e vamos dormir. Prestes a entrar na cama começamos a perceber que a intensidade das goteiras estava a aumentar. Fomos verificar o que se passava.
E eis que ficamos um pouco confusos. Afinal estamos em Cuba ou nas Cataratas do Niágara? Água e mais água a cair pelo teto a escassos centímetros de 2 pontos de luz. A água começava a inundar o WC e, como estava cada vez mais próximo da luz e, não fazia parte dos meus planos morrer eletrocutado, lá arrumei tudo outra vez e parto em direcão à receção para trocar de quarto.
Chegados lá, vimos que o problema dos portugueses estava resolvido.
Então ali contei a história ao novo funcionário e comprovei com fotos e vídeos. Parecia não estar a entender, e talvez tenha pensado, "lá vêm estes esquisitos". Também reconheço que ainda bem que não foi em Portugal. Cá, este quarto que incluía uma bela cascata, pagaria mais de IMI.
Solução para nosso problema. Mudança para o bloco 35. Continuamos a ser colocados bem longe da receção talvez esperando que nos cansemos, ou que desfaleçamos a meio do caminho e dessa forma paremos de nos queixar.
Chegado ao quarto, bora lá verificar o check-list que entretanto criámos.
Baratas - Não.
Quedas de água - Não.
Limpeza - parece, não há certezas. Pelo sim pelo não vamos dormir vestidos e amanhã descobrimos.
De tão cansados que estávamos logo adormecemos.
Passadas algumas horas lá acordamos. Olhamos com mais atenção ao que nos rodeava. Quarto simples, que não primava pela limpeza. Lençóis que pareciam limpos. Até vermos alguns resíduos que se mexiam. Que estranho! Seria corrente de ar? Não! Estava tudo fechado e o ar condicionado desligado. Eram uns amigáveis bichinhos. Parecidos com pequenas formigas, que afinal estavam por todo o lado para onde olhávamos. Algumas... centenas a passear pela cama onde dormi, nada de mais. Às vezes pagamos para ver animais no zoo e para estar em contato com eles, ali tinha este serviço aparentemente incluído.
Decisão - mudar de hotel na hora. Chega! Tentar resolver o problema junto do nosso agente de viagens e aguardar pela vinda do representante do operador turístico. Entretanto, resolvemos ir até à praia a ver se apagávamos as Memories do que nos estava a acontecer. Praia muito boa.
Depois de relaxar alguns momentos resolvemos tomar o pequeno almoço.
Antes, vamos avisar um casal que viajou connosco, e que só tinha trocado de quarto 2 vezes. Há gente com sorte! E eis que afinal algumas das Memories se apagaram. Onde é que eles ficaram? Bloco 37? 34? 35? Foi no 34, quase de certeza. Já me recordo do quarto e tudo, afinal fui lá na noite anterior deixar umas coisas e despedir-me deles. Quarto 3422. Vamos lá bater à porta e avisar que vamos tomar o pequeno almoço.
Toc-toc. Não abrem. Devem estar a dormir. Mas eis que se ouve algum ruído e a porta começa a abrir. Vem um senhor em cuecas à porta, mas não era quem eu estava à espera. "Ai perdón." Ao que o senhor responde animadamente: "Umm ahhhh mmmmm ". Vai lá dormir que o teu mal é sono.
Mas era ali! O que aconteceu com o casal? Será que mudaram também de quarto? Tinham sido chacinados e seus órgãos já estariam num qualquer mercado a ser comercializados?! Vamos à receção ver o que se passa e perguntar qual o quarto. 3421! Mesmo ao lado. Arghh! Eu sabia que era 34 qualquer coisa. Vamos ao encontro deles, mas eles até nos aparecem pelo caminho, desgastados pela distância que nos separa.
Fomos tomar o pequeno almoço à zona do buffet principal (já que podíamos escolher o buffet próximo da praia).
Ali deparámo-nos com um calor enorme. Máquinas de café e sumos não funcionavam. Sumos naturais, como quem diz, semi-naturais, estavam quentes - ou então serviam sopa de fruta e eu é que estou a complicar. Zona dos queijos e fiambres a não inspirar grandes confianças.
Para onde olhávamos só víamos defeitos. A falta de talheres na mesa, era compensada pelos corvos ou aves semelhantes, que confortavelmente se instalavam nas mesas, e chateavam quem tentava tomar o pequeno almoço. Empregados em modo zombie tardavam a chegar com o café. Tudo isto servia para aumentar o nosso desejo de fugir dali. Só a deliciosa e refrescante manga atenuava a nossa dor.
Voltámos à praia, pois só por volta da hora do almoço é que nos íamos encontrar com o representante do operador.
Ainda passámos pelo quarto para tentar arranjar umas toalhas para a praia, já que o local onde o devíamos fazer ainda estava fechado. Procurámos uma camareira, e quando a encontrámos pregamos-lhe um susto de morte. Afinal ela não estava à espera de encontrar ninguém naquele bloco, já que aquele edifício deveria estar... fechado. Isso talvez explique a falta de limpeza e as formiguitas no local.
Avancemos e aproveitemos a praia, que era grande e sossegada. Aquela água era maravilhosa e servia para esquecer momentaneamente as más Memories que pairavam. Havias sombras e cadeiras em grande quantidade.
Lá chegou a hora de nos encontrar com a Nely. Muito prestativa e simpática. Já tinha recebido informação de Portugal de que havia problema connosco. Ouviu as nossas queixas e garantiu que ia falar com a gerência e resolver o nosso problema.
(Fica a nota muito positiva de que nesse dia, ela não quis vender as excursões. Voltaria no dia seguinte quando tudo estivesse resolvido. Nesse dia, a sua prioridade era resolver os problemas com os quartos... os nossos e dos restantes portugueses que tinham reclamações muito semelhantes!)
Pediu-nos para aguardar e não mudar de hotel. Devíamos voltar as 17h à receção pois teríamos o nosso problema resolvido.
Foi o que fizemos.
Ali, naquela hora, encontramos no balcão alguém que demonstrou preocupação genuína com o que se estava a passar. Parecia alguém com responsabilidades acrescidas, não sei se seria da gerência. Garantiu-nos que estava pessoalmente a tratar do nosso caso, que teríamos um quarto melhor, e que seríamos acompanhados por alguém do controlo de qualidade do hotel. Teríamos um quarto com todas as garantias de limpeza.
Chegámos ao quarto, bem próximo do lobby, num edifício que logo pelo exterior demonstrava estar em melhores condições. No quarto estava a camareira chefe, que pelo equipamento que tinha, percebemos que estávamos afinal num bloco destinado ao Diamond Club. E as condições do quarto demonstravam mesmo que eram destinadas a um público especifico. Nada a ver com os outros quartos por onde tínhamos passado. Apesar de modestos estavam limpos. E com direito aum luxo - frigorífico a funcionar contrariamente aos outros. Ficamos mais tranquilos e passadas quase 20h, as férias iriam começar. Estamos de regresso a Cuba, finalmente.
Fomos buscar as coisas aos quartos para nos instalarmos definitivamente.
Apanhámos boleia num dos carrinhos de transporte (eram bastantes e circulavam por todo o complexo), que levava um casal de espanhóis bem disposto, e que se preparava para bater o nosso recorde. Em 5 horas já iam no 4º quarto. E para onde iam eles? Exactamente para o edifício de onde estávamos a sair. Boa sorte muchachos!
As férias podiam começar.
É verdade que ainda assim ficamos com alguma impressão, mas caso tivéssemos entrado logo neste quarto certamente que veríamos tudo de forma bem mais positiva. Já tínhamos sido avisados do que poderíamos encontrar, e ainda assim insistimos neste hotel. Esta também seria a 3ª vez em Cuba pelo que estávamos preparados e mentalizados para algumas situações. Pese todas as limitações que muitos assinalam, o que pretendemos é limpeza, o que não estávamos a encontrar nos primeiros quartos.
De resto tudo se foi compondo. É claro que há muito para melhorar neste hotel que tem boas infraestruturas e condições para proporcionar boas férias aos hóspedes.
É realmente um complexo muito grande, mas existem os tais carrinhos de transporte que estão sempre a circular, e mesmo que se faça o percurso a pé existem atalhos para tornar a viagem mais rápida e algumas sombras a ajudar. Já de noite é complicado, pois em algumas zonas não há iluminação quase nenhuma. Apesar que nos últimos dias havia bastante movimento por parte de funcionários a colocar iluminação, pintar e fazer pequenas obras.
Este pormenor pode estar relacionado com uma possível mudança de gerência no hotel, que ao que parece aconteceu por esses dias. Chegamos inclusive a ver até alguns dos responsáveis com outras pessoas que tinham identificação do hotel Royalton Hicacos.
Era notório o movimento de muitas chefias por todo lado, em especial pelos restaurantes. A partir do momento que estes começaram a circular, tudo começou a melhorar.
Resumindo há ainda aspetos a melhorar e coisas que não se podem admitir.
Por exemplo, não se compreende bebidas à temperatura ambiente no buffet, bem como a ausência de gelo para compensar.
Máquinas de granizados que muitas das vezes só serviam as bebidas frescas.
Ainda sobre a alimentação:
Snack-bar que funciona 24h, supostamente com muitas opções, mas que às 17h já só tem cachorros. O mesmo acontece com o snack-bar que serve almoços na zona da piscina mais animada, também com poucas opções, porque a maior parte das coisas acabam rapidamente.
Travessas de comida muito remexida e muita comida espalhada no chão - aqui culpa dos hóspedes.
Lentidão ou falta de prática de quem estava a preparar massas, pizzas, peixe e carne grelhada o que provocava filas muito longas.
Não havia muita variedade no buffet mas não se passa fome. Pelo menos arroz e frango não faltam em nenhuma das refeições. Já agora, um dos maiores mistérios nestas férias: o que aconteceu às batatas fritas? Nem vê-las.
Muitas das vezes faltava também as etiquetas com identificação dos pratos. Muitos acabavam por mexer e remexer a tentar adivinhar o que lá estava.
Nos primeiros dias no buffet as luzes começavam a desligar 1 hora antes do fim e a reposição deixava de ser feita. Quando começamos a ver chefias em ação não aconteceu mais.
Positivo:
Fruta (ai as deliciosas mangas em todas as refeições).
Marisco em abundância. Último dia com lagosta. Apesar de algum receio em comer, devido a alguns relatos de intoxicações, experimentamos e... não aconteceu nada, ainda cá estamos a contar a história.
Sobremesas variadas e deliciosas.
Nos primeiros dias os gelados desapareciam em pouco tempo, mas depois foi compensado com doses individuais de 500ml. Não faltou mais, até se desperdiçava. Muitos levavam carregamentos para os quartos. Não percebo como os mantinham comestíveis. Também podia ser para alimentar as baratas amestradas.
No último dia, que coincidiu com o dia de Cuba, houve almoço na praia com muita variedade e pratos com bom aspecto. Neste dia, houve também jantar especial, que pelos vistos é feito com alguma frequência, com muita mais variedade que nos outros dias, e tudo muito mais adornado.
Muito positivo também, foi a animação. A melhor das 3 vezes em Cuba. Animação de manhã na praia, e de tarde na praia + piscina. Por 2 vezes foi feita festa da espuma na praia.
Os animadores eram simpáticos e conseguiam mobilizar as pessoas.
De resto no hotel existem:
4 restaurantes temáticos (criolo + japonês + caribenho + italiano)
1 Buffet
1 restaurante na praia que serve pequeno-almoço e almoço
1 snack-bar 24h
1 snack-bar na piscina animada
1 bar aquático em cada uma das 2 piscinas
2 bares no lobby
1 bar na praia
1 bar onde transmitiam canais de desporto
1 bar no anfiteatro
Dispõe ainda de spa, ginásio, 2 balcões de cambio e as habituais lojas de utilidades / souvenirs.
No final de todos os episódios, as férias não foram estragadas. Acabámos por perder um dia, mas nada que nos impeça de voltar a Cuba, que cada vez amamos mais. Claro que podendo será noutro hotel, para não voltar a correr riscos. De preferência um que tenha batatas fritas. Porque raio não tinham batatas fritas...?
Ah, mais uma coisa. 2 noites seguidas em que entraram no quarto 2 lagartos. Nada de mais. Fomos desenvolvendo e afinando técnicas letais que incluíam copos, garrafas de água, toalhas, selfie-sticks, raquetes...
E finalmente, ficam ainda algumas Memories não muito agradáveis destas férias, que foi perder um cartão de memória Micro SD algures em Havana. Aos nossos estimados leitores, que passem por lá, se por acaso virem um cartão micro SD em qualquer ponto da cidade de Havana por favor entrem em contato comigo. Há recompensa generosa! No cartão estavam algumas dezenas de fotos dos primeiros dias de férias, incluindo algumas que tinham sido especialmente tiradas para este report.
Depois, no regresso a Lisboa, quando vou recolher o carro, o vidro da frente está partido e por fim, há ainda um novo desporto que inventei que consiste em deitar pinheiros abaixo através de manobras de marcha atrás com o carro. Deu empate. O pinheiro não caiu, e o carro não chegou a ficar completamente destruído. Teria sido pior se batesse contra uma daquelas baratas em Cuba.
São as Memories destas férias. Que venham as próximas, se possível um pouco melhor.
Ficam algumas fotos!
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