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[Report] Cracóvia (Kraków) - um tesouro encantado

Cristina Sousa

Membro Conhecido

Cracóvia (Kraków) situa-se no sul da Polónia, nas margens do rio Vístula e é uma das mais antigas cidades polacas.
A sua população não chega a um milhão, mas é uma cidade cheia de jovens estudantes (em 2016 irá receber as Jornadas Mundiais da Juventude).
Reza a lenda que a cidade foi construída em cima de uma caverna de um dragão, que o mítico rei Krak (um sapateiro remendão que se tornou o 1º rei do país) matou! :(
Foi uma importante cidade mercantil do séc. XIII.
Essa traça medieval da cidade ainda está muito presente, pese embora a muita destruição por que já passou ao longo dos séculos.
Inclusive, Cracóvia já foi uma cidade Austríaca!
Foi capital do governo geral nazi durante a Segunda Guerra Mundial, e tem ainda duas grandes referências dessa época: a Fábrica de Schindler e a alguns quilómetros da cidade, o Campo de Concentração.
O centro histórico de Cracóvia foi considerado património mundial pela Unesco em 1978! :)
Cracóvia é essencialmente história, e quem não gostar de recordar "in loco" determinados episódios (tristes, diga-se) do passado recente, vai-se limitar a contemplar a agitação da cidade, dos turistas, dos seus habitantes e dos muitos estudantes que ali frequentam a universidade ou que vêm de cidades próximas passar fins de semana. Afinal restaurantes e bares não faltam por aquelas paragens. :D
Quem admirar arquitectura, quem quiser ver o que resta da história viva do século XX, tem de ir a Cracóvia, ver as igrejas, as praças, os museus, o castelo, e, sem qualquer hesitação, visitar aquele que foi o local do horror, o local onde, às mãos de um regime exterminador, morreram milhares e milhares de judeus.

Cracóvia estava na minha "lista" há já algum tempo, mas ainda não se tinha proporcionado. Foi desta! :)
Com este report pretendo dar a conhecer algumas das pérolas desta cidade (infelizmente nem todas as que pretendia, mas o tempo voa, e os sucessivos atrasos que aconteceram não proporcionaram uma visita completa). Todas as que não estão aqui contempladas ficarão para uma, quase certa, futura visita. Cracóvia ficou no meu coração. :rolleyes:

Este report tem ainda uma dedicatória especial: à Peixoto, à Lemos, à Lara, à Puri, ao Tiago, ao Munir, ao Manel e ao JP. Sem vocês esta viagem não seria a mesma coisa! ;) Um xi apertado para cada um. Grandes malucos que nós somos ...... :D


Algumas informações úteis :)

- Idioma - polaco e alemão (em todo o lado se fala inglês)

- Fuso horário - mais 1 h que Portugal (horário de verão)

- Documentação necessária - bilhete de identidade, cartão de cidadão ou passaporte (zona Schengen)

- Moeda - zloty (1 euro vale pouco mais de 4 zlotys)
- Existem caixas multibanco espalhadas pela cidade, assim como no aeroporto.
- Existem casas de cambio (Kantor) quer no aeroporto, quer na cidade onde o cambio é mais favorável (o melhor que vi foi a 4,23 zl).

- Aeroporto de Cracóvia
(quis o destino que o avião que fez a viagem Porto-Paris (escala) tivesse esta inscrição :) )

O aeroporto situa-se a cerca de 10/15km da cidade, e está actualmente em obras de remodelação/ampliação - o terminal 2 onde aterra a Ryanair e Easyjet foi inaugurado escassas duas semanas antes da viagem e ainda não se encontra concluído.

- Transportes na cidade- Cracóvia está bem servida de transportes.
Destaque para o eléctrico que cobre grande parte da cidade.
Destaque ainda para os "carrinhos de golfe", de 4 e 8 lugares, muito práticos e baratos, que se deslocam facilmente dentro da cidade, fugindo ao transito (por vezes caótico) da cidade velha.
Charmosas são também as charretes, com elegantes cavalos enfeitados, que dão um colorido às ruas e praças.

- Alimentação/Restauração: há de tudo e para todos os gostos, desde restaurantes mais chiques, às esplanadas nas ruas e praças (com os inevitáveis aquecedores), ao normal restaurante e às cadeias de fastfood.
Destaque também para os vendedores ambulantes, que vendem especialidades locais.
O obwarzanek é um pão em forma de anel, que é vendido nestes carros ambulantes por toda a cidade.
O que o torna tão especial e saboroso é ter uma massa fofa mas compacta, e uma cobertura com sal ou sementes de sésamo.

Comida propriamente dita :D, destaque para o pierogi (pierozki) , um prato típico polaco, tipo pastel cozido, uma massa com recheio de batata e carne, um pouco ao género dos raviolis. Provado e aprovado!

- Alojamento: mais uma vez a variedade é imensa. Tendo em conta que a visita implicava apenas 2 noites em Cracóvia, a escolha recaiu sobre um hotel/apartamento, a cerca de 40 metros da Praça do Mercado. Mais central é impossível. Dali pode-se ir a pé para a maioria dos locais turísticos visitáveis. Era limpo, com cafeteira eléctrica no quarto para quem quer bebida quente logo pela manhã, e já com bastante aquecimento (apesar de ser Outubro, os dias já eram frios e a temperatura baixa).

- Os transfers previamente contratados funcionaram na perfeição, pontuais e eficientes. Ambas as carrinhas eram modernas e confortáveis. Na ida o voo atrasou quase 3 horas, a viagem até à cidade foi feita em plena hora de ponta, com o transito todo parado nos acessos à autoestrada, mas o motorista cuidou de seguir por um caminho alternativo de modo a que a chegada ao hotel fosse a mais rápida possível.

- A excursão também contratada antecipadamente junto do hotel foi de dia inteiro, feita em dois minibus de cerca de 20 lugares: de manhã Campo de Concentração de Auschwitz/Bikernau e de tarde Minas de Sal de Wieliczka.
Pick up no hotel, guia em inglês durante a visita ao campo, regresso à cidade, mudança de bus, e visita com guia em castelhano às minas.
 
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Cristina Sousa

Membro Conhecido
O que fazer/ver em Cracóvia :)

O Centro histórico da cidade velha (Stare Miasto) não é muito grande, mas tem imenso o que ver.
Aliás, Cracóvia é uma espécie de livro de história a céu aberto, onde se descobrem tesouros a cada esquina!
(localiza-se dentro do perímetro oval delimitado pelos espaços verdes que se vêm na foto, e que termina junto ao rio Vístula, na zona do castelo)

;) A Praça do Mercado (Rynek Glówny)

É a maior praça medieval da Europa e é um regalo para a vista.
Ladeada a toda a volta por edifícios do mesmo estilo arquitectónico, onde funcionam restaurantes, bares, cafés e até discotecas, tem no seu centro as

Galerias comerciais - Mercado dos tecidos - (Sukiennice)

É um edifício renascentista e um dos ícones mais conhecidos da cidade.
As suas fachadas são simétricas em relação aos eixos das entradas.
Foi construído em várias etapas. No piso térreo as galerias são neo-góticas com arcos e iconografia da capital.
Aí funcionam pequenas lojinhas com os mais variados artigos típicos da Polónia, bem assim todas as espécies de souvenirs.
Para além dos belos candeeiros, chamam a atenção as paredes e tectos pintados.

;) A Basílica de Santa Maria (Kosciól Mariacki)

É uma igreja com a fachada toda em tijolos e duas torres assimétricas.
Do alto a vista sobre a praça e restante cidade velha deve ser magnífica, mas não houve tempo para entrar e visitar.
Diz-se que a todas as horas um homem dá quatro voltas a uma das torres, enquanto soa a "Hejnal Mariacki", para recordar o primeiro trompetista que avistou os tártaros quando estavam prestes a atacar a cidade, no século XIII. Deu o alarme, mas foi atingido por uma flecha e morreu.

;) A Torre da Câmara Municipal (Wieza Ratuszowa)
Foi construída no final do século XIII, em pedra e tijolo. Com os seus 70 metros de altura, o último andar tem um deck de observação. Com muita pena, não houve tempo para subir e observar a cidade.... :(
A Câmara Municipal foi destruída pelos austríacos no século XIX, só tendo restado intacta a torre.

;) A Cabeça (Glowa)
É a estátua Eros Bendato, e talvez a mais fotografada da cidade.
É da autoria do artista polaco Igor Mitoraj e pesa duas toneladas.
 
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Cristina Sousa

Membro Conhecido
;) Barbican
É uma torre defensiva que protegeu uma das portas da cidade.
Á data da sua construção, era o maior edifício do género e tinha por objectivo defender o portão de Florian dos ataques dos Otomanos.
Infelizmente, hoje em dia pouco resta da muralha de Cracóvia. Foi completamente destruída durante o domínio austríaco, com excepção de uma pequena parte próxima à Porta Floriansky.


;) Porta e Rua Floriansky
É a única porta da cidade onde ainda se pode ver um vestígio das antigas muralhas.
A cidade de Cracóvia chegou a ter 5 km de muralha que a rodeavam na idade média.
A rua que vai desta porta até à Praça do Mercado é a Rua Floriansky, talvez uma das ruas mais movimentadas do centro histórico e onde se localizam grande parte das lojas conhecidas, com várias marcas internacionais aí representadas.


;) Igreja de São Pedro e São Paulo (K. Sw. Piotra o Pawla)
Situada na Rua Grodzka, que vai da praça do Mercado até perto do Castelo, é uma igreja barroca do séc. XVII. Áliás, é o edifício barroco mais antigo da cidade.


;) Igreja de Santo André
É o exemplo de estilo românico em Cracóvia. Foi fundada no séc. XI e tem duas torres, com as cúpulas barrocas, tal como o seu interior.


;) Igreja de Santo Adalberto (K. Sw. Wojciecha)
É uma das mais antigas da cidade, data do séc. XI.
Situa-se num dos lados da Praça do Mercado e é ainda anterior à existência da praça.


;) Praça Szczepanski
Aqui localiza-se o Palácio das Belas Artes com a sua bela fonte


;) Várias ruas e igrejas da cidade velha
 
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Cristina Sousa

Membro Conhecido
Fora da Stare Miasto e após atravessar o Rio Vístula fica a

;) Praça da Concórdia ou dos Heróis do Gueto
A Praça da Concórdia foi cenário de execuções e foi o lugar para onde as autoridades alemãs levaram os judeus da cidade, para serem deportados. Muitos deles carregavam os seus pertences, incluindo móveis e cadeiras.
Inaugurada em Dezembro de 2005, a Praça dos Heróis do Gueto é hoje em dia um espaço concebido como um marco do ocorrido e relembra o extermínio de uma parte da população de Cracóvia.
É uma espécie de memorial, onde se presta tributo a todos os que perderam a vida, ao gueto judeu e aos judeus de Cracóvia.
Cada cadeira que hoje está espalhada na praça representa dez mil judeus assassinados durante o holocausto.
As cadeiras vazias em tamanho maior do que o normal, representam o gueto após a extinção, quando tudo ficou vazio e devastado, e não se via mais ninguém nas ruas, apenas móveis e outros pertences.


;) Fábrica de Schindler
A visita estava reservada para o final da tarde, e com guia em inglês.

Oskar Schindler foi um industrial alemão que terá salvo da morte cerca de 1200 judeus durante o Holocausto, empregando-os nas suas fábricas de esmaltes e munições.
Em 1939 Schindler obteve uma fábrica de utensílios de cozinha em Cracóvia, que empregava 1750 trabalhadores. Em 1944, no auge da fábrica, cerca de 1000 eram judeus.
As suas ligações aos serviços de informações da Alemanha nazi ajudaram-no a proteger os trabalhadores judeus da deportação certa e da morte nos campos de concentração.
Aqui foram feitas as filmagens de "A Lista de Schindler".
A fábrica de Cracóvia é actualmente um Museu, onde se encontra patente uma exposição permanente sobre a vida na cidade durante a ocupação nazi. Ali se conta também a biografia de Oskar Schindler e dos funcionários da sua fábrica.
A exposição começa na Cracóvia dos anos 30, num ateliê de fotografia.
Em 6 de Setembro de 1939 os soldados alemães invadiram Cracóvia, cuja história durante a Segunda Guerra é contada de forma cronológica.
Quase 200 cientistas da universidade da cidade foram presos pelos nazis em Novembro de 1939.
A exposição continua num bunker, no gueto dos judeus e na estação central da cidade, onde a população era deportada.
 
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Cristina Sousa

Membro Conhecido
A história de Oskar é contada no espaço onde funcionava o escritório da fábrica.
Ao lado, uma parede com o nome de todos os operários da fábrica.
Destaque ainda para o retrato da vida dos cidadãos polacos judeus - o gueto, os trabalhos forçados, e as deportações em massa para Auschwitz-Birkenau, portanto, a morte!

No fim da exposição, o retrato dos judeus salvos por Schindler e um resumo, do bom e mau que se retira dos anos trágicos que se viveram em Cracóvia.
(as colunas - que rodam - representam o que de mau significaram os anos de guerra; nas paredes, fica o que de bom se retira de tempos de horror, a esperança, a sobrevivência, a amizade, a crença num futuro melhor)

Este museu é de visita obrigatória para quem quer compreender o que foi a Cracóvia dos anos 30/40, e reviver o que passaram os seus cidadãos nesses longos e tristes anos da Segunda Guerra Mundial.
 
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Cristina Sousa

Membro Conhecido
;) Minas de Sal de Wieliczka
As minas de sal, situadas na localidade de Wieliczka, a cerca de 15 km de Cracóvia, são uma pequena grande obra de arte. São, inclusive, património da Unesco desde 1978.
A visita foi com guia em castelhano, e na entrada fornecem auriculares.
Pequenos corredores escavados nas rochas chegam aos 135 metros de profundidade e correspondem apenas a 1/10 parte da mina! De facto, a mina tem 9 níveis e 327 metros de profundidade! E uma temperatura constante de 14º.
Durante a visita, com cerca de 2km, observa-se os diversos métodos de exploração e extracção de sal utilizados através dos tempos.
No seu interior existem dezenas de esculturas, baixos relevos, tudo parecendo básico e comum...
... Até se atingir a igreja de Saint Kinga, a 101 metros de profundidade, com enormes candeeiros, e altar e imagens todos feitos de sal, e que levou trinta anos para ser construída.

Reza a lenda que Kinga (Cunegunda em português), filha de um rei húngaro, foi prometida ao rei da Polónia. Ao receber do pai, como dote, muito ouro e pedras preciosas, recusou-as, dizendo que tinham origem nas lágrimas e no sangue do povo. Em vez de riquezas, pediu sal, um bem essencial. O pai ofereceu-lhe então uma mina de sal na Transilvânia. Kinga, em sinal de aceitação do presente, atirou o seu anel para dentro da mina. Mais tarde, já na Polónia, realizou uma viagem por Cracóvia e, chegando à zona de Wieliczka pediu aos seus súbditos que cavassem um buraco profundo. Para espanto de todos, o buraco continha sal em abundância. E continha também o anel que Kinga deixara na Transilvânia. A partir dessa altura, as minas passaram a ser exploradas e tornaram-se da maior importância na Europa.

As várias galerias sucedem-se até aos 135 metros...

Bem lá no fundo (assim como em vários outros patamares) existem pontos de venda de souvenirs, todos eles tendo como elemento base o sal.
No fim da visita, e já perto do elevador, a última capela.

As minas valem sobretudo pela Igreja de Saint Kinga! É espectacular o que os mineiros conseguiram construir a muitos metros abaixo do solo, a sua grandiosidade, o trabalho, os relevos, nenhuma fotografia faz justiça à imagem que permanece na memória de quem já a visitou. Ao pé dela, tudo o resto é banal e sem interesse!
 
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Cristina Sousa

Membro Conhecido
Para o fim deixei a parte mais "sentimental" da visita a Cracóvia, a mais "intensa", mas não menos necessária!

:( Auschwitz/Birkenau (Oswiecim)
Não há muitas palavras que possam exprimir sentimentos perante a grandiosidade dos locais que se pisam!
Por muito que tenhamos lido livros de história, visto documentários, digerido filmes, nada poderá ser comparável ao misticismo daquele local, à carga emocional que o mesmo coloca em cada mente, em cada espírito, em cada um de nós.
Considero que é um local obrigatório a visitar! Por todos e cada um de nós!
Um dia na vida temos de ir a Auschwitz, para pisar a terra onde ainda se enxergam cinzas, para ver o que resta das casas dos horrores, para sentir as memórias que se eternizam nos objectos, nas roupas, nos despojos, nas fotos que servem de certidão das atrocidades cometidas. Perante os nossos olhos só se vislumbra o "resto" de tudo!
É uma experiência comovedora, que fica para a vida e nos faz sentir pequeninos!
Entrar no museu de Auschwitz é voltar atrás na história e viver a vida daqueles que por lá passaram - infelizmente, a maior parte não regressou para contar na primeira pessoa o martírio de que padeceu.
Pisar a gravilha e as pedras de Birkenau é ver "in loco" onde tudo aconteceu; só resta pousar o olhar no horizonte, encarar o vento frio que enregela a alma, interiorizar e imaginar que jamais algo semelhante poderá ou deverá acontecer.
Será que não? o_O

A excursão partiu bem cedinho, num frio e inicialmente acinzentado sábado de Outubro.
O mini bus, com cerca de 18 pessoas, foi pontual e cerca de uma hora depois Auschwitz estava ali, à distancia de um olhar.

Pelo caminho, já tinham sido dadas todas as indicações - nada de mochilas ou malas grandes, nada de comida, nada de tabaco. A entrada seria feita através de um detector de metais, tal como num qualquer aeroporto. Seriam fornecidos auriculares para melhor se entender a guia, a visita escolhida foi em inglês. Não havia bilhetes, apenas teríamos de manter um autocolante fornecido em local visível.

No trajecto ainda foi visionado um filme, que relata o percurso dos que foram "apanhados" na teia nazi. Era só o aperitivo para o que nos esperava ....
Ultima advertência - estamos num memorial, numa espécie de cemitério da humanidade, é um local que convida à reflexão e recolhimento.

:( O Museu de Auschwitz

Logo na entrada se vislumbra o ar austero e carregado do local. O arame farpado sempre presente, os tons castanhos das casas e a gravilha no chão auguram uma caminhada silenciosa, introspectiva.
À medida que se vão visitando os diferentes blocos, a percepcão do que se passou há décadas atrás vai sendo mais visível e mais perturbadora.
Para lá das janelas só se vislumbra a relva e as várias casas, tudo deserto, não se vêem pessoas.
Num dos blocos, uma maquete do local do horror
As figuras pequeninas, mas em grande quantidade, leva a imaginação a fantasiar o que pensaram, o que disseram, o que passou pela cabeça dos que por ali passaram.

Mas as imagens piores estavam para vir.
Os restos de tudo e de todos, não há palavras, não há escrita que possa mostrar o que os olhos vêem, tudo parece mentira: os restos de cabelos são uma imagem arrepiante, que congela até as mãos e nos impede, por pudor, de fotografar. :(
Temos de ser fortes e continuar, para ver o que restou para ser mostrado ao mundo
 
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Cristina Sousa

Membro Conhecido
As marcas são uma constante... :confused:
As marcas impregnadas na pele...
As marcas do terror nas caras de quem foi forçado a entrar...
(Em todas as fotos consta a data da entrada no campo, e a data da morte, para que os visitantes possam ver o tempo que estas pessoas conseguiram sobreviver - algumas escassos dias, outras meses, muito poucas mais de um ano)

Saindo dos blocos, continua a ver-se apenas os edifícios, como se de um lugar abandonado se tratasse...

Ao lado do bloco 11, o memorial.
Sem palavras, apenas a contemplação
E a homenagem

A sensação de isolamento, o desconforto, a imensidão é constante. O arame está presente ao longo de toda a área

A visita estava prestes a acabar, mas faltava ainda visitar os fornos :confused:

Não sobram palavras e a saída é já ali.
Há que apanhar novamente o bus e fazer cerca de 3km, para chegar ali ao lado, e ver o que resta de
 
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Cristina Sousa

Membro Conhecido
:( Birkenau
Aqui a visita é toda ela feita a céu aberto. A caminhada, de cerca de 2 km, é feita ao longo da linha férrea e por entre os escombros, pouco resta em pé do que foi este campo de concentração.

Ao fundo, o memorial, a singela homenagem a todos os milhares que perderam a vida.

Ainda se vêem cinzas, restos do que foram as casas que encobriam os massacres e quem olha não diz que já se passaram mais de 70 anos!
Parece que foi ontem....

Ao lado, o local de homenagem

No caminho de saída, tempo ainda para ver a imensidão do campo, e enormidade do desastre

A ultima parte da visita, as condições em que viviam e dormiam os deportados
Pequenos cubículos alojavam mais de uma dezena de pessoas, como se fosse possível entender que ali viviam pessoas...

Mesmo perto da saída, os banhos e as latrinas

A visita termina quase em silêncio!
Pouco há para dizer depois do que os olhos viram.
Cada um tira as suas próprias conclusões!
As imagens ficarão guardadas na memória para o resto da vida, tal como a memória de todos os que por ali passaram será sempre recordada pela humanidade.
Nunca haverá homenagem suficiente que faça justiça ao que ali se passou.
Resta a quem visita os campos dar a conhecer o que viu, o que sentiu. Foi o que tentei fazer nestas breves linhas.
Eu jamais esquecerei! o_O
 
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Cristina Sousa

Membro Conhecido
;) Em jeito de Conclusão:
Cracóvia merece ser visitada com tempo.
Tem imensa história, arte, locais emblemáticos para serem vistos e revistos.
Ficaram por ver: o Castelo de Wawel, o Covil do Dragão, a Catedral de Wawel, a Farmácia judaica, a zona junto ao rio Vístula, os jardins, o bairro judeu de Kazimierz, Skalka, e admirar a cidade velha do alto das torres. :)
Ficou ainda por provar a Zapiekanka, uma espécie de baguete/pizza tipicamente polaca. :D
Assim sendo, e porque Cracóvia é mesmo um tesouro, fica o enorme desejo de regressar e ver melhor a cidade em si.
Até breve Krakow :)
 
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PauloNev

Moderador Honorário
Staff
Obrigado pela partilha, mais um fantástico report cheio de belas fotografias.
Os campos de concentração deve ter sido uma experiencia bem "complicada", devemos nos sentir pequenos... perante todos os crimes que ali foram cometidos.
Continuação de boas viagens, e claro de grandes report's ;)
 
Olá
Um excelente report Cristina Sousa!!! Cracóvia é uma surpresa agradável , os campos de Concentração Auschwitz-bikernau são duríssimos. O teu report, ou os teus reports, são autênticos guias para mim ;)
 

Hugo Morais

Membro Conhecido
Olá @Cristina Sousa
Report muito bem detalhado,com muitas e boas Fotografias:)
Quanto a Auschwitz,acredito piamente que se deve sentir ARREPIOS ao visualizar-se InLoco os crimes ali cometidos :(,deve ter sido uma experiência "Brutal".....
Obrigado por mais esta excelente partilha;)
 

Flecha

Membro Conhecido
Muito bom.
3 perguntas apenas
Escala em Paris compensou?
Carrinhas de 20 lugares...vocês eram um grupo grande então. Foi por isso que contrataram?
Afinal quantos dias de ferias tens por ano??? LOOOL

Repito, muito bom, quero ir.
 

Cristina Sousa

Membro Conhecido
@paulonev @Hugo Morais :)
Obrigada!
A visita aos campos foi de facto intensa e arrepiante em certos momentos! Recomendo!

@Cristina Cruz ;)
Obrigada!
Mas a guia Peixoto que fez a viagem connosco sabia tanto ou mais do que eu! Sem ela isto não teria sido possível. Impecável! :D

@Flecha :)
Obrigada.
Não há voos directos para Cracóvia. A alternativa seria fazer Porto-Lisboa-Varsóvia e depois seguir de comboio ou autocarro. Preferimos assim. Até em termos de preço compensou.
Carrinhas de 20 lugares nas excursões porque não íamos apenas nós. A "Discover Poland" tinha outros turistas para além dos 9 do nosso grupo!
Só os transfers aeroporto-hotel-aeroporto é que foram privados.
Férias por ano - para mim, sábado e domingo não são nem nunca foram dias de trabalho. :D
Por isso, esta viagem "comeu" apenas um dia e pouco, de um dia útil de trabalho (saída 5ª feira às 18h e regresso no domingo pelas 22h). Como vês, sou até bastante poupada. ;)

@CristinaBF :)
Obrigada!
Eu gostei muito e recomendo!
 
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Raquel Campos

Membro Ativo
Belo report Cristina.
Que fotos lindas :) Dá vontade de ver mais e mais...
Contudo, as imagens de Auschwitz, chocam...:( é triste. Imagino que nunca mais se esqueça.
De resto, adorei :)
 

Jorge Gonçalves

Membro Conhecido
Excelente report @Cristina Sousa! Fizeste-me viajar no tempo e recordar a minha passagem por lá, já lá vão quase 20 anos!! Também adorei a cidade de Cracóvia e, claro, visitar Auschwitz é algo que fica para sempre gravado na memória!

Agora fiquei aqui a matutar na possibilidade de aproveitar uma escapadinha de 4 dias para lá voltar e matar saudades... é que a cara metade ainda não conhece. :) Tenho de fazer umas pesquisas de voos... ;)

Para além de tudo o que referiste sobre Cracóvia, acrescento que esta cidade é também famosa por ser a região de origem do Papa João Paulo II.
 
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