Nuno Rodrigues
Membro
Após deixar o Egeu para trás, 2 horas separava-nos do Cairo.
À chegada, alguma dificuldade em passar pela imigração, o visto custa 25€ por pessoa, mas não aceitavam cartão ou o cartão dava inválido. Eu desesperava, os gajos piscavam o olho à minha namorada e eu já deitava fumo, começava bem. Enfim, melhor é levar dinheiro vivo para os vistos. Lá consegui levantar dinheiro e resolver a situação.
Para a primeira noite reservei no KMT hostel, por 40€ com pequeno almoço, bem no centro da cidade, a 5 minutos a pé da praça Tahir, onde está situado o Museu do Cairo.
Combinei com o dono do hostel o transfer por 18€, mais tarde percebi que de Uber não seria mais de 5€(100 Libras Egípcias).
Ao sair do terminal, começou o assédio. Dezenas de gajos a oferecer serviços, essencialmente de transporte, mas não só.
Estivemos cerca de 1 hora à espera do transfer com um calor infernal, logo às 8 da manhã. Fomos num carro a cair de podre, sujo como uma lixeira, percebemos depois que, é o normal por ali, sejam Ubers, sejam carros particulares, não existem mínimos de limpeza
Saindo do aeroporto, iniciámos a jornada pelo terceiro mundo, pessoas a atravessar autoestradas tranquilamente, como se nada fosse, motas com 3 pessoas às vezes com tachos de comida ao alto e grandes travessas de pão sobre as cabeças, carros e motas frequentemente em sentido contrário, autocarros que não param para entrada e saída de passageiros, as pessoas literalmente saltam em andamento para dentro e para fora dos autocarros, completamente bizarro. Já tinha sido confrontado com este cenário na República Dominicana, mas o Cairo está um nível acima.
Chagados ao hostel, numa rua típica do Cairo, um prédio a cair, a pingar água para a rua, pó por todos os lados, lixo pelo prédio acima, elevador medonho, eu olhava para a minha namorada e não sabia se havia rir ou fugir dali para fora.
A receção no terceiro andar, tranquilizou-nos um pouco, ambiente bem melhor. O dono afinal está a renovar o espaço aos poucos, e se calhar daqui a um tempo temos ali um hotel de luxo.
Depressa o meu receio desapareceu, respirei de alívio e fiquei decidido a passar ali a noite. Deixámos as malas e partimos para a aventura, afinal ainda era cedo e o quarto não estava pronto.
Já na rua, as coisas só pioraram, o assédio continuou e os olhares indiscretos para a minha namorada eram constantes.
Apanhámos facilmente um Uber, sujo e sem perceber inglês, mas que por cerca de 1€ nos levou ao mercado Khan El Khalili. O caminho alucinante era de cortar a respiração, a condução agressiva, o constante buzinão, a azáfama, degradação geral, era difícil manter a atenção no que quer que fosse, os risos davam lugar a estupefacção, que por sua vez davam lugar a risos novamente, foi como entrar noutra dimensão.
No mercado o assédio era desconcertante, difícil de ver o que quer que fosse, pois os vendedores não nos largavam, eram dos poucos turistas por ali, e queriam garantir que comprávamos algo. Passámos a maior parte do tempo a tirar fotos e a fazer vídeos daquele cenário bizarro. Comprámos algumas coisas de forma muito regateada e percebemos que era hora de almoço porque de repente um aglomerado de pessoas enchem a rua estreita do mercado em grande algazarra, enquanto 4 homens enchiam malgas com uma qualquer iguaria local, cada vez eram mais a tentar agarrar a malga quais crias a agarrar na teta. Apanhados no meio daquela confusão, decidimos que já chegava de tanta emoção e fomos à procura de algo para comer também. A escolha recaíu num KFC, junto ao Museu, foi o que nos pareceu mais seguro apesar de muito pouco saudável. De resto, quem vai para o Cairo pode esquecer a alimentação saudável, nunca ouviram falar disso.
Fomos confrontados com crianças a pedir para comer, a pedir a água que carregava comigo, fui acedendo aqui e ali, confesso que o choque foi grande e levou algum tempo até nos habituar-mos áquela realidade. No KFC, as mulheres olhavam com desdém para a minha namorada, talvez por não estar coberta até aos olhos, não sei, turistas foi coisa rara, por onde passámos, não resisti a pagar almoço a uma menina que me abordou dentro do KFC, a pedir comida. Um prato de arroz com frango custa 2€, paguei e pedi para deixarem a menina comer ali, algo que não agradou muito as funcionárias, mas não tiveram como recusar, o sorriso que aquela menina fez não teve preço.
No Cairo as pessoas respiram negócio, tudo é negócio e para tudo há intermediários, os adultos lá se vão safando aqui e ali, mas é triste perceber que as crianças são o elo mais fraco, algumas comem uma refeição por dia e essas são as sortudas.
A ideia entretanto era ir ao Museu do Cairo, antes ainda passámos num bazar onde só se encontrava o dono, aproveitámos para comprar uns souvenirs a bom preço, acabámos a beber chá com ele enquanto trocávamos ideias sobre as nossas diferente culturas e hábitos.
No museu o cansaço já se fazia sentir, afinal pouco ou nada dormimos na noite anterior, o calor também fazia mossa e aquele momento relaxante da pausa para o chá começava a fazer efeito. Ainda assim pagámos 10€ cada para entrar no museu e ficámos maravilhados com o que vimos, das múmias aos sarcófago, as gravuras e hieróglifos, estátuas e outros artefactos, tornaram aquele momento mágico, transportando-nos para as aulas de história do secundário.
De regresso ao nosso hostel medonho, afinal não era mau de todo, até cadeiras da apple ele tinha, a vista era a possível, mas com o cansaço que eu tinha até no sarcófago dormia.
Dormimos a sesta quais Espanhóis, e reservámos a noite para jantar na Torre do Cairo, restaurante panorâmico e giratório no cimo da torre de 180 metros. Apanhámos novamente Uber à porta do hostel, cerca de 30 Libras Egípcias, o mesmo que dizer, 3€.
Entrada na torre custou 10€ cada, e foi necessário pagar consumo mínimo no restaurante no valor de 30€. Uma vez mais, turistas, nem vê-los por aquelas bandas. Subimos, sempre a sentirmo-nos observados, jantámos, diria que vale pela vista sobre o Nilo, que é fabulosa. Depois de jantar tivemos oportunidade de subir ao nível superior, para onde tínhamos pago o acesso de 10€ cada, 2,5€ para os locais. Ali aconteceu a coisa mais caricata, uns miúdos pediram para tirar uma foto comigo, não sei se por me confundirem com alguma estrela ou se por não ser muito frequente verem turistas por ali. Senti-me tão observado que a dada altura já me sentia incomodado, vida de figura pública é assim.
Dia 2 no Cairo começa com uma ida à Mesquita do Alabastro, a minha namorada enfeitou-se bem e eu também não estava nada mal, achámos que seria importante tapar tatuagens por respeito, mas lá percebemos que só é jmportante as mulheres cobrirem parcialmente o cabelo e entrar descalço no monumento. Ainda assim foi engraçado o vestuário a rigor. Nova coima de 10€ para entrar.
À chegada, alguma dificuldade em passar pela imigração, o visto custa 25€ por pessoa, mas não aceitavam cartão ou o cartão dava inválido. Eu desesperava, os gajos piscavam o olho à minha namorada e eu já deitava fumo, começava bem. Enfim, melhor é levar dinheiro vivo para os vistos. Lá consegui levantar dinheiro e resolver a situação.
Para a primeira noite reservei no KMT hostel, por 40€ com pequeno almoço, bem no centro da cidade, a 5 minutos a pé da praça Tahir, onde está situado o Museu do Cairo.
Combinei com o dono do hostel o transfer por 18€, mais tarde percebi que de Uber não seria mais de 5€(100 Libras Egípcias).
Ao sair do terminal, começou o assédio. Dezenas de gajos a oferecer serviços, essencialmente de transporte, mas não só.
Estivemos cerca de 1 hora à espera do transfer com um calor infernal, logo às 8 da manhã. Fomos num carro a cair de podre, sujo como uma lixeira, percebemos depois que, é o normal por ali, sejam Ubers, sejam carros particulares, não existem mínimos de limpeza
Saindo do aeroporto, iniciámos a jornada pelo terceiro mundo, pessoas a atravessar autoestradas tranquilamente, como se nada fosse, motas com 3 pessoas às vezes com tachos de comida ao alto e grandes travessas de pão sobre as cabeças, carros e motas frequentemente em sentido contrário, autocarros que não param para entrada e saída de passageiros, as pessoas literalmente saltam em andamento para dentro e para fora dos autocarros, completamente bizarro. Já tinha sido confrontado com este cenário na República Dominicana, mas o Cairo está um nível acima.
Chagados ao hostel, numa rua típica do Cairo, um prédio a cair, a pingar água para a rua, pó por todos os lados, lixo pelo prédio acima, elevador medonho, eu olhava para a minha namorada e não sabia se havia rir ou fugir dali para fora.

A receção no terceiro andar, tranquilizou-nos um pouco, ambiente bem melhor. O dono afinal está a renovar o espaço aos poucos, e se calhar daqui a um tempo temos ali um hotel de luxo.

Depressa o meu receio desapareceu, respirei de alívio e fiquei decidido a passar ali a noite. Deixámos as malas e partimos para a aventura, afinal ainda era cedo e o quarto não estava pronto.
Já na rua, as coisas só pioraram, o assédio continuou e os olhares indiscretos para a minha namorada eram constantes.
Apanhámos facilmente um Uber, sujo e sem perceber inglês, mas que por cerca de 1€ nos levou ao mercado Khan El Khalili. O caminho alucinante era de cortar a respiração, a condução agressiva, o constante buzinão, a azáfama, degradação geral, era difícil manter a atenção no que quer que fosse, os risos davam lugar a estupefacção, que por sua vez davam lugar a risos novamente, foi como entrar noutra dimensão.
No mercado o assédio era desconcertante, difícil de ver o que quer que fosse, pois os vendedores não nos largavam, eram dos poucos turistas por ali, e queriam garantir que comprávamos algo. Passámos a maior parte do tempo a tirar fotos e a fazer vídeos daquele cenário bizarro. Comprámos algumas coisas de forma muito regateada e percebemos que era hora de almoço porque de repente um aglomerado de pessoas enchem a rua estreita do mercado em grande algazarra, enquanto 4 homens enchiam malgas com uma qualquer iguaria local, cada vez eram mais a tentar agarrar a malga quais crias a agarrar na teta. Apanhados no meio daquela confusão, decidimos que já chegava de tanta emoção e fomos à procura de algo para comer também. A escolha recaíu num KFC, junto ao Museu, foi o que nos pareceu mais seguro apesar de muito pouco saudável. De resto, quem vai para o Cairo pode esquecer a alimentação saudável, nunca ouviram falar disso.
Fomos confrontados com crianças a pedir para comer, a pedir a água que carregava comigo, fui acedendo aqui e ali, confesso que o choque foi grande e levou algum tempo até nos habituar-mos áquela realidade. No KFC, as mulheres olhavam com desdém para a minha namorada, talvez por não estar coberta até aos olhos, não sei, turistas foi coisa rara, por onde passámos, não resisti a pagar almoço a uma menina que me abordou dentro do KFC, a pedir comida. Um prato de arroz com frango custa 2€, paguei e pedi para deixarem a menina comer ali, algo que não agradou muito as funcionárias, mas não tiveram como recusar, o sorriso que aquela menina fez não teve preço.
No Cairo as pessoas respiram negócio, tudo é negócio e para tudo há intermediários, os adultos lá se vão safando aqui e ali, mas é triste perceber que as crianças são o elo mais fraco, algumas comem uma refeição por dia e essas são as sortudas.
A ideia entretanto era ir ao Museu do Cairo, antes ainda passámos num bazar onde só se encontrava o dono, aproveitámos para comprar uns souvenirs a bom preço, acabámos a beber chá com ele enquanto trocávamos ideias sobre as nossas diferente culturas e hábitos.
No museu o cansaço já se fazia sentir, afinal pouco ou nada dormimos na noite anterior, o calor também fazia mossa e aquele momento relaxante da pausa para o chá começava a fazer efeito. Ainda assim pagámos 10€ cada para entrar no museu e ficámos maravilhados com o que vimos, das múmias aos sarcófago, as gravuras e hieróglifos, estátuas e outros artefactos, tornaram aquele momento mágico, transportando-nos para as aulas de história do secundário.
De regresso ao nosso hostel medonho, afinal não era mau de todo, até cadeiras da apple ele tinha, a vista era a possível, mas com o cansaço que eu tinha até no sarcófago dormia.
Dormimos a sesta quais Espanhóis, e reservámos a noite para jantar na Torre do Cairo, restaurante panorâmico e giratório no cimo da torre de 180 metros. Apanhámos novamente Uber à porta do hostel, cerca de 30 Libras Egípcias, o mesmo que dizer, 3€.
Entrada na torre custou 10€ cada, e foi necessário pagar consumo mínimo no restaurante no valor de 30€. Uma vez mais, turistas, nem vê-los por aquelas bandas. Subimos, sempre a sentirmo-nos observados, jantámos, diria que vale pela vista sobre o Nilo, que é fabulosa. Depois de jantar tivemos oportunidade de subir ao nível superior, para onde tínhamos pago o acesso de 10€ cada, 2,5€ para os locais. Ali aconteceu a coisa mais caricata, uns miúdos pediram para tirar uma foto comigo, não sei se por me confundirem com alguma estrela ou se por não ser muito frequente verem turistas por ali. Senti-me tão observado que a dada altura já me sentia incomodado, vida de figura pública é assim.

Dia 2 no Cairo começa com uma ida à Mesquita do Alabastro, a minha namorada enfeitou-se bem e eu também não estava nada mal, achámos que seria importante tapar tatuagens por respeito, mas lá percebemos que só é jmportante as mulheres cobrirem parcialmente o cabelo e entrar descalço no monumento. Ainda assim foi engraçado o vestuário a rigor. Nova coima de 10€ para entrar.
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