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BRUGES
Bem lá no Norte da Bélgica , na região da Flandres, ergue-se a pequena cidade de Bruges. Sim, pequena pois tem unicamente 117 mil habitantes espalhados pelo seu perímetro urbano.
O seu nome provém do norueguês antigo “ Bryggia “que significava “ pontes, molhes e cais “.
É também interessante destacar que na língua flamenga “ Brug “ significa Ponte, daí que Bruges ostenta o plural devido à quantidade de pontes existentes na cidade.
A sua zona histórica é desde o ano 2000 considerada Património da Humanidade pela UNESCO,devido à preservação das estruturas arquitectónicas medievais existentes na cidade.
Os diversos canais que atravessam a cidade fazem com que Bruges seja considerada por muitos como a “ Veneza do Norte “.
Este é para mim um report deveras especial pois Bruges sempre foi uma cidade que em nada me atraía, mesmo quando muitos amigos me diziam para visitar. Tenho de dar a mão á palmatória e afirmar que me enganei, e, aproveitar este report para prestar o justo tributo a uma cidade incrível de contrastes de gente muito afável e simpática.
Quem visita Bruges pela primeira vez sente uma estranha atracção pela cidade logo nos primeiros minutos de estadia. As suas estreitas e movimentadas ruas do centro, apinhadas de jovens que aproveitam o pouco Sol de Inverno, possuem uma estranha concentração de fantásticas e bem decoradas lojas onde impera e domina o sempre fascinante chocolate belga que se torna sem querermos um pecado para os olhos e uma perdição para o palato.
Chegámos a Bruges a meio de uma manhã fria mas ensolarada de um mês de Janeiro que dias antes tinha feito das suas pela Europa inteira cobrindo-a de um imaculado manto branco de neve. Pena que devido à chuva do dia anterior , a cidade já só nos brindava com pequenas zonas ainda raiadas de neve e que mostravam um pouco da beleza que a neve acrescenta a lugares que por si só são já fascinantes e de uma beleza única.
Muitos amigos nos tinham avisado, quase diria massacrado, para não me esquecer de alugar um barco ou de fazer o cruzeiro pelos canais de Bruges. Infelizmente por um lado, felizmente pelo outro, tivemos de aceitar a natureza e desistir de o fazer pois todos eles mostravam uma fantástica capa de gelo onde cisnes brancos e patos selvagens se divertiam a executar algo daquilo que poderíamos descrever de patinagem no gelo.
Aproveitámos também nós os raios de Sol que nessa manhã despontavam para passear pelo centro da cidade sentindo de quando em vez o cheiro inesquecível de uns fabulosos wafers de diversas coberturas e que são muito típicos por estes lados . As lojas de fina renda são também em grande quantidade pois este é um dos produtos típicos da Flandres e especialmente de Bruges . Além das lojas de chocolates de diversos sabores, todas as outras são as típicas redes de comercialização por nós já conhecidas em todos os shoppings nacionais que porventura possamos visitar.
Depois de uma paragem quase obrigatória numa das muitas roulottes onde se vendem as famosas “ frites “ ( batata frita em palitos frita 2 vezes ) cobertas por um saboroso molho de alho e que quase servem de refeição, decidimos visitar a Catedral de São Salvador.
A cidade de Bruges tem preservado de uma forma exemplar todos os edifícios de carácter medieval. Muitos dos edifícios actuais passaram por inúmeras mudanças e renovações em toda a sua história. Um dos melhores exemplos é a igreja principal da cidade, a Catedral de São Salvador. Esta igreja não foi construída para ser a catedral da cidade. Foi elevada a Catedral o apenas no século 19. No início São Salvador era apenas uma igreja paroquial. O principal edifício religioso na cidade era a igreja de St. Donatius que estava situada no coração de Bruges, em frente à Câmara Municipal. No final do século 18 a ocupação francesa obrigou o bispo a sair da cidade e demoliu a igreja de St. Donatius.
Em 1834, após a independência da Bélgica, um novo bispo foi instalado em Bruges a igreja de São. Salvador foi promovida ao status de catedral. No entanto, o edifício em si era bastante pequeno e muito menos impressionante que a vizinha Igreja de Nossa Senhora. Assim, São Salvador teve que ser adaptado ao seu novo status e foi construída a torre actual , mais alta e mais impressionante
O vento frio que na altura se fazia sentir não nos tirou a vontade de continuar a percorrer as estreitas ruas de Bruges e foi com alguma rapidez que chegámos ao “ Markt “ a principal praça da cidade .
A localização central da Praça do Mercado ou “ Markt “, indica que este era o coração medieval da cidade. Pelo menos, o coração comercial medieval, porque o centro da administração da cidade era e é localizado numa praça próxima.
É um espaço aberto rodeado de casas do séc.XVII onde desde o séc. X se realiza o mercado.
No centro existe uma estátua de Pieter de Coninck e Jan Breidel membros de uma guilda que liderou uma rebelião contra os franceses em 1302.
O Tribunal Provincial é o melhor exemplo de como Bruges foi renovado em estilo neo-gótico durante a segunda metade do século 19. Após a destruição das salas de água em 1787 um novo complexo de casas foi ali construído em estilo classicista. Este estilo foi considerado muito moderno numa cidade que foi construída basicamente em estilo gótico. Em 1850, o governo da província comprou o complexo, ampliou-o e fez dele a sede das instituições provinciais. Os membros da Igreja Católica e dos partidos políticos tradicionalistas rejeitaram o edifício como "impróprio para os Bruges góticos". Em 1878, um incêndio destruiu a maior parte do edifício. Grupos dominantes da cidade obrigaram a sua reconstrução em estilo neo gótico. Actualmente no lado esquerdo do complexo é agora a casa do governador da província da Flandres Ocidental. O edifício de tijolo vermelho no lado direito é o Correios de Bruges.
Num dos lados desta fantástica praça ergue-se o “ BELFRY “, um campanário cuja torre octogonal se ergue a 83 m do solo. Construído entre os séc. XII e XV é o ex-libris mais famoso de Bruges pois é aqui que está guardada a carta da cidade que a recorda como centro internacional de comércio. No seu interior existe uma escada sinuosa que antes de conduzir ao cimo da torre passa pela sala onde os direitos e privilégios da cidade eram guardados.
Foi também utilizada como Torre de vigia e ainda hoje aí existem os diversos tipos de sinos que avisavam de perigos, do estado do tempo de comunicações importantes etc.
A uma curta distância do “ Markt “ encontra-se uma outra praça , talvez mais importante a que deram o nome de “ BURG “.
É uma praça empedrada e foi outrora o centro político e religioso de Bruges. É também o local do forte original á volta do qual cresceu toda a cidade.
Aqui podem-se encontrar alguns dos mais impressionantes edifícios cívicos da cidade como são a “Stadhuis “ ou Câmara Municipal e a “Proostdij “ ou Casa do Magistrado construída em 1662 em pedra cinzenta em estilo barroco.
A” Stadhuis” teve a sua fachada concluída em 1375 mas as estátuas que hoje alberga são de condes e condessas da Flandres. Estas estátuas foram acrescentadas por volta de 1960 de forma a substituir as originais que foram destruídas pelos franceses.
A passagem á zona mais bonita de Bruges , é feita através de um pequeno túnel com elegantes colunatas do séc. XVIII na Rua do Burro Cego . Nesta rua ainda hoje existe todas as manhãs um mercado de peixe ao ar livre .
Mesmo em pleno inverno e neste caso bastante rigoroso, recordo que uns dias antes desta visita a Europa estava coberta em um manto enorme de neve, muitos são os turistas que espalhados pela cidade mostram através do sorriso o quanto admiram esta pequena cidade. Fácil é entender que vêm de lugares diferentes, uns reconhecemos pela linguagem, espanhóis, italianos, ingleses, alguns alemães e quase nenhum português. Outros são mais difíceis de descobrir, seguramente de países do norte da Europa e os outros , sim esses outros que obrigatoriamente sempre nos cruzamos com ele, muitas vezes ao ponto de ficarmos na dúvida se estaremos nesse lugar ou em qualquer uma cidade da Ásia, sim porque afinal de olhos em bico podem ser de muitos lugares. Mas embora de olhos em bico estão sempre disponíveis para devolver um sorriso ou uma vénia em reconhecimento de qualquer simples ajuda. Educações……
Afinal passear em Bruges é muito fácil, não só porque tudo é plano , pelo que o esforço é menor, mas também porque o centro histórico é bastante compacto e rapidamente se passa de uma zona a outra.
É a partir da zona do mercado de peixe que o visitante começa a ter os primeiros contactos visuais com os fantásticos canais de Bruges.
Ao contrário de Veneza, os canais de Bruges são mais largos e as casas que os cercam são todas elas medievais.
É em passo lento que vamos percorrendo as bermas dos canais. As paragens são constantes pois a cada metro algo de interesse desperta o nosso olhar. Os ramos de árvores que caem sobre o canal , os diversos ancoradouros que no verão certamente fervilham de barcos para percorrer os canais , os patos que alegremente patinam sobre a superfície gelada ou mesmo os pequenos peixes laranjas que indiferentes ás temperaturas passeiam pelas águas geladas, todos são motivos para desviar a nossa atenção e aguçar o nosso apetite para a mudança constante da própria paisagem urbana.
O sol que toda a manhã brilhou foi aos poucos escondendo-se por detrás das nuvens e o frio, o vento e uma claridade incomodativa fizeram o seu aparecimento na cidade.
Indiferentes a tudo isto continuámos a nossa visita e tranquilamente fomos caminhando para uma zona lindíssima chamada “ Minnewater “.
O “Minnewater” é um enorme lago canalizado inserido num parque do mesmo nome.
Este parque é uma das principais atracções da cidade e devido ao ambiente idílico e romântico deram-lhe o nome de “ Lago do Amor “ pois a palavra “ Minne” em holandês significa Amor.
Foi aqui que o Rio Reie entrou na cidade e foi a partir daqui que os canais foram construídos de forma a levar a água até ao centro.
O Lago é um reservatório de água que permite através de comportas, manter a águas dos canais a um nível constante.
Um dos símbolos da cidade de Bruges é o cisne e existe uma lenda fantástica sobre estes ternurentos animais.
Conta a lenda que em 1488 o povo de Bruges, por maioria de votos mandou executar um dos seus administradores da cidade pertencente à corte de Maximiliano da Áustria, marido e sucessor de duquesa Maria de Borgonha.
Este administrador chamava-se "Pieter Lanchals", um nome que significa "pescoço comprido" e pertencia a uma família muito conhecida que tinha no seu brasão de armas a imagem de um cisne branco.
Diz a lenda que Maximilian da Austria puniu Bruges obrigando-os a manter os cisnes nos seus lagos e canais até á eternidade.
Acreditando ou não acho que o Minnewater merece estas lendas e principalmente a permanência dos cisnes pois conferem uma atracção ainda maior a uma zona que por si só já é bela.
Logo atrás do Minnewater existe uma área de nome “ Beguinage “ ou em português “ Beguinaria “.
Uma Beguinaria é um agrupamento de pequenas construções, usadas pelas Beguinas, que são beatas da Igreja Católica Romana e normalmente compreende um quarteirão cercado por pequenas habitações e geralmente é envolto por um muro e isolado da cidade por um ou dois portões. As beguinas pobres e idosas ficam alojadas aqui e cuidadas por benfeitores.
As beguinas eram um movimento de mulheres religiosas. O seu sucesso, de acordo com o historiador Henri Pirenne, foi devido ao excesso de mulheres que sofriam com a violência, guerras, operações militares e para-militares, que tomaram as vidas de muitos homens. Um grande número de mulheres não tinha opção a não ser unirem-se à colectividade segura e ao auxílio dos ricos benfeitores.
Esta é uma daquelas áreas típicas em Bruges, onde se pode encontrar mais paz e tranquilidade do que nas ruas, às vezes ocupadas e superlotadas do centro da cidade. Esta Beguinaria é um grupo de casas ao redor de um pequeno jardim coberto de árvores de álamo de grande porte. Foi aqui que, durante os últimos sete séculos viveram as beguinas de Bruges.
A Beguinaria de Bruges foi fundada em 1245 pela condessa da Flandres, Margaretha de Constantinopla, filha do Conde Baldwin, que conquistou Constantinopla durante as cruzadas. Em 1299, Filipe, o Belo da França, colocou a Beguinaria sob sua própria regra, retirando-o assim da influência dos magistrados.
O portão de entrada tem a data de 1776 mas algumas casas são, no entanto, muito mais velhas do que isso. A maioria data do século 17 e 18. Algumas casas foram construídas no século 19, em estilo neo-gótico.
A casa maior e mais impressionante situa-se no canto esquerdo por trás do jardim. Foi aqui que o “grande-dame” 'viveu. A igreja original do século 13 foi destruída por um incêndio em 1584, reconstruida em 1609 e mais tarde novamente renovada em estilo barroco tardio.
Em 1937 a Beguinaria foi convertida num mosteiro de irmãs beneditinas e que ainda hoje aqui vivem.
Muitos são os sinais a pedir “ Silêncio “. Este silêncio quase obrigatório é só de quando em vez quebrado pelo canto dos cisnes que se encontram no Lago do outro lado dos muros ou mesmo pelo chilrear de um dos muitos corvos que por ali se encontram. Um lugar onde o manto verde da relva , as frondosas árvores e o branco imaculado das árvores convidam á reflexão , ao descanso e á alimentação da alma. Para quem lá for ….. simplesmente IMPERDÍVEL.
E como o dia já ia longo , fomos caminhando em direcção ao centro passando por ruas estreitas onde casas de habitação se pegam umas ás outras. As suas formas são muito idênticas mas a sua decoração é bastante diversificada e atractiva.
Os adereços que colocam na beira das janelas vão desde a gatos de porcelana , anões, caveiras, cristais e até pássaros em pequenas gaiolas.
Por uma questão de sensatez não tirei fotos pois como é sabido os belgas quase não utilizam cortinas pois o pouco sol existente é para ser aproveitado na totalidade.
As ruas depois do sol desaparecer voltam a ganhar ainda mais movimento com as compras de ultima hora. A retirada para os pubs da moda ou para pequenos cafés aquecidos é quase que obrigação local.
O que se mantém na praça são os coches onde os cocheiros cobertos de fortes casacos para atenuar o frio e o vento que se vai sentindo , vão esperando os clientes para lhes mostrar uma cidade diferente onde a luz ténue dos canais e a fina capa de humidade no chão criam um espelho único e inconfundível. Afinal uma Bruges bem diferente do que existe de dia.
E porque o tripé tinha ficado em Bruxelas , aproveitei ainda o lusco fusco para umas fotos quase nocturnas de baixa qualidade.
E porque ainda tínhamos uma viagem de volta a Bruxelas para fazer, ficámos um pouco mais pela praça , apreciando o vai e vem de gente com pressa, vendo as luzes que a enfeitam começarem a acender e especialmente a guardar na memória e na alma as sensações, as emoções e a alegria sentida nesta visita a uma cidade que embora não muito conhecida é na realidade uma das mais bonitas e simpáticas da Europa.
Aproveitem e visitem BRUGES.
Gostava de dedicar este Report a dois amigos bem conhecidos do PV
Á Cid porque sempre teve interesse em ir a Bruges , Cid aproveita o balanço e vai até lá.
Ao José Freitas pelas quantidades de estrelas que me dá no FB . Freitas aqui tens mais algumas que não estão lá .
Bem lá no Norte da Bélgica , na região da Flandres, ergue-se a pequena cidade de Bruges. Sim, pequena pois tem unicamente 117 mil habitantes espalhados pelo seu perímetro urbano.
O seu nome provém do norueguês antigo “ Bryggia “que significava “ pontes, molhes e cais “.
É também interessante destacar que na língua flamenga “ Brug “ significa Ponte, daí que Bruges ostenta o plural devido à quantidade de pontes existentes na cidade.
A sua zona histórica é desde o ano 2000 considerada Património da Humanidade pela UNESCO,devido à preservação das estruturas arquitectónicas medievais existentes na cidade.
Os diversos canais que atravessam a cidade fazem com que Bruges seja considerada por muitos como a “ Veneza do Norte “.
Este é para mim um report deveras especial pois Bruges sempre foi uma cidade que em nada me atraía, mesmo quando muitos amigos me diziam para visitar. Tenho de dar a mão á palmatória e afirmar que me enganei, e, aproveitar este report para prestar o justo tributo a uma cidade incrível de contrastes de gente muito afável e simpática.
Quem visita Bruges pela primeira vez sente uma estranha atracção pela cidade logo nos primeiros minutos de estadia. As suas estreitas e movimentadas ruas do centro, apinhadas de jovens que aproveitam o pouco Sol de Inverno, possuem uma estranha concentração de fantásticas e bem decoradas lojas onde impera e domina o sempre fascinante chocolate belga que se torna sem querermos um pecado para os olhos e uma perdição para o palato.
Chegámos a Bruges a meio de uma manhã fria mas ensolarada de um mês de Janeiro que dias antes tinha feito das suas pela Europa inteira cobrindo-a de um imaculado manto branco de neve. Pena que devido à chuva do dia anterior , a cidade já só nos brindava com pequenas zonas ainda raiadas de neve e que mostravam um pouco da beleza que a neve acrescenta a lugares que por si só são já fascinantes e de uma beleza única.
Muitos amigos nos tinham avisado, quase diria massacrado, para não me esquecer de alugar um barco ou de fazer o cruzeiro pelos canais de Bruges. Infelizmente por um lado, felizmente pelo outro, tivemos de aceitar a natureza e desistir de o fazer pois todos eles mostravam uma fantástica capa de gelo onde cisnes brancos e patos selvagens se divertiam a executar algo daquilo que poderíamos descrever de patinagem no gelo.
Aproveitámos também nós os raios de Sol que nessa manhã despontavam para passear pelo centro da cidade sentindo de quando em vez o cheiro inesquecível de uns fabulosos wafers de diversas coberturas e que são muito típicos por estes lados . As lojas de fina renda são também em grande quantidade pois este é um dos produtos típicos da Flandres e especialmente de Bruges . Além das lojas de chocolates de diversos sabores, todas as outras são as típicas redes de comercialização por nós já conhecidas em todos os shoppings nacionais que porventura possamos visitar.
Depois de uma paragem quase obrigatória numa das muitas roulottes onde se vendem as famosas “ frites “ ( batata frita em palitos frita 2 vezes ) cobertas por um saboroso molho de alho e que quase servem de refeição, decidimos visitar a Catedral de São Salvador.
A cidade de Bruges tem preservado de uma forma exemplar todos os edifícios de carácter medieval. Muitos dos edifícios actuais passaram por inúmeras mudanças e renovações em toda a sua história. Um dos melhores exemplos é a igreja principal da cidade, a Catedral de São Salvador. Esta igreja não foi construída para ser a catedral da cidade. Foi elevada a Catedral o apenas no século 19. No início São Salvador era apenas uma igreja paroquial. O principal edifício religioso na cidade era a igreja de St. Donatius que estava situada no coração de Bruges, em frente à Câmara Municipal. No final do século 18 a ocupação francesa obrigou o bispo a sair da cidade e demoliu a igreja de St. Donatius.
Em 1834, após a independência da Bélgica, um novo bispo foi instalado em Bruges a igreja de São. Salvador foi promovida ao status de catedral. No entanto, o edifício em si era bastante pequeno e muito menos impressionante que a vizinha Igreja de Nossa Senhora. Assim, São Salvador teve que ser adaptado ao seu novo status e foi construída a torre actual , mais alta e mais impressionante
O vento frio que na altura se fazia sentir não nos tirou a vontade de continuar a percorrer as estreitas ruas de Bruges e foi com alguma rapidez que chegámos ao “ Markt “ a principal praça da cidade .
A localização central da Praça do Mercado ou “ Markt “, indica que este era o coração medieval da cidade. Pelo menos, o coração comercial medieval, porque o centro da administração da cidade era e é localizado numa praça próxima.
É um espaço aberto rodeado de casas do séc.XVII onde desde o séc. X se realiza o mercado.
No centro existe uma estátua de Pieter de Coninck e Jan Breidel membros de uma guilda que liderou uma rebelião contra os franceses em 1302.
O Tribunal Provincial é o melhor exemplo de como Bruges foi renovado em estilo neo-gótico durante a segunda metade do século 19. Após a destruição das salas de água em 1787 um novo complexo de casas foi ali construído em estilo classicista. Este estilo foi considerado muito moderno numa cidade que foi construída basicamente em estilo gótico. Em 1850, o governo da província comprou o complexo, ampliou-o e fez dele a sede das instituições provinciais. Os membros da Igreja Católica e dos partidos políticos tradicionalistas rejeitaram o edifício como "impróprio para os Bruges góticos". Em 1878, um incêndio destruiu a maior parte do edifício. Grupos dominantes da cidade obrigaram a sua reconstrução em estilo neo gótico. Actualmente no lado esquerdo do complexo é agora a casa do governador da província da Flandres Ocidental. O edifício de tijolo vermelho no lado direito é o Correios de Bruges.
Num dos lados desta fantástica praça ergue-se o “ BELFRY “, um campanário cuja torre octogonal se ergue a 83 m do solo. Construído entre os séc. XII e XV é o ex-libris mais famoso de Bruges pois é aqui que está guardada a carta da cidade que a recorda como centro internacional de comércio. No seu interior existe uma escada sinuosa que antes de conduzir ao cimo da torre passa pela sala onde os direitos e privilégios da cidade eram guardados.
Foi também utilizada como Torre de vigia e ainda hoje aí existem os diversos tipos de sinos que avisavam de perigos, do estado do tempo de comunicações importantes etc.
A uma curta distância do “ Markt “ encontra-se uma outra praça , talvez mais importante a que deram o nome de “ BURG “.
É uma praça empedrada e foi outrora o centro político e religioso de Bruges. É também o local do forte original á volta do qual cresceu toda a cidade.
Aqui podem-se encontrar alguns dos mais impressionantes edifícios cívicos da cidade como são a “Stadhuis “ ou Câmara Municipal e a “Proostdij “ ou Casa do Magistrado construída em 1662 em pedra cinzenta em estilo barroco.
A” Stadhuis” teve a sua fachada concluída em 1375 mas as estátuas que hoje alberga são de condes e condessas da Flandres. Estas estátuas foram acrescentadas por volta de 1960 de forma a substituir as originais que foram destruídas pelos franceses.
A passagem á zona mais bonita de Bruges , é feita através de um pequeno túnel com elegantes colunatas do séc. XVIII na Rua do Burro Cego . Nesta rua ainda hoje existe todas as manhãs um mercado de peixe ao ar livre .
Mesmo em pleno inverno e neste caso bastante rigoroso, recordo que uns dias antes desta visita a Europa estava coberta em um manto enorme de neve, muitos são os turistas que espalhados pela cidade mostram através do sorriso o quanto admiram esta pequena cidade. Fácil é entender que vêm de lugares diferentes, uns reconhecemos pela linguagem, espanhóis, italianos, ingleses, alguns alemães e quase nenhum português. Outros são mais difíceis de descobrir, seguramente de países do norte da Europa e os outros , sim esses outros que obrigatoriamente sempre nos cruzamos com ele, muitas vezes ao ponto de ficarmos na dúvida se estaremos nesse lugar ou em qualquer uma cidade da Ásia, sim porque afinal de olhos em bico podem ser de muitos lugares. Mas embora de olhos em bico estão sempre disponíveis para devolver um sorriso ou uma vénia em reconhecimento de qualquer simples ajuda. Educações……
Afinal passear em Bruges é muito fácil, não só porque tudo é plano , pelo que o esforço é menor, mas também porque o centro histórico é bastante compacto e rapidamente se passa de uma zona a outra.
É a partir da zona do mercado de peixe que o visitante começa a ter os primeiros contactos visuais com os fantásticos canais de Bruges.
Ao contrário de Veneza, os canais de Bruges são mais largos e as casas que os cercam são todas elas medievais.
É em passo lento que vamos percorrendo as bermas dos canais. As paragens são constantes pois a cada metro algo de interesse desperta o nosso olhar. Os ramos de árvores que caem sobre o canal , os diversos ancoradouros que no verão certamente fervilham de barcos para percorrer os canais , os patos que alegremente patinam sobre a superfície gelada ou mesmo os pequenos peixes laranjas que indiferentes ás temperaturas passeiam pelas águas geladas, todos são motivos para desviar a nossa atenção e aguçar o nosso apetite para a mudança constante da própria paisagem urbana.
O sol que toda a manhã brilhou foi aos poucos escondendo-se por detrás das nuvens e o frio, o vento e uma claridade incomodativa fizeram o seu aparecimento na cidade.
Indiferentes a tudo isto continuámos a nossa visita e tranquilamente fomos caminhando para uma zona lindíssima chamada “ Minnewater “.
O “Minnewater” é um enorme lago canalizado inserido num parque do mesmo nome.
Este parque é uma das principais atracções da cidade e devido ao ambiente idílico e romântico deram-lhe o nome de “ Lago do Amor “ pois a palavra “ Minne” em holandês significa Amor.
Foi aqui que o Rio Reie entrou na cidade e foi a partir daqui que os canais foram construídos de forma a levar a água até ao centro.
O Lago é um reservatório de água que permite através de comportas, manter a águas dos canais a um nível constante.
Um dos símbolos da cidade de Bruges é o cisne e existe uma lenda fantástica sobre estes ternurentos animais.
Conta a lenda que em 1488 o povo de Bruges, por maioria de votos mandou executar um dos seus administradores da cidade pertencente à corte de Maximiliano da Áustria, marido e sucessor de duquesa Maria de Borgonha.
Este administrador chamava-se "Pieter Lanchals", um nome que significa "pescoço comprido" e pertencia a uma família muito conhecida que tinha no seu brasão de armas a imagem de um cisne branco.
Diz a lenda que Maximilian da Austria puniu Bruges obrigando-os a manter os cisnes nos seus lagos e canais até á eternidade.
Acreditando ou não acho que o Minnewater merece estas lendas e principalmente a permanência dos cisnes pois conferem uma atracção ainda maior a uma zona que por si só já é bela.
Logo atrás do Minnewater existe uma área de nome “ Beguinage “ ou em português “ Beguinaria “.
Uma Beguinaria é um agrupamento de pequenas construções, usadas pelas Beguinas, que são beatas da Igreja Católica Romana e normalmente compreende um quarteirão cercado por pequenas habitações e geralmente é envolto por um muro e isolado da cidade por um ou dois portões. As beguinas pobres e idosas ficam alojadas aqui e cuidadas por benfeitores.
As beguinas eram um movimento de mulheres religiosas. O seu sucesso, de acordo com o historiador Henri Pirenne, foi devido ao excesso de mulheres que sofriam com a violência, guerras, operações militares e para-militares, que tomaram as vidas de muitos homens. Um grande número de mulheres não tinha opção a não ser unirem-se à colectividade segura e ao auxílio dos ricos benfeitores.
Esta é uma daquelas áreas típicas em Bruges, onde se pode encontrar mais paz e tranquilidade do que nas ruas, às vezes ocupadas e superlotadas do centro da cidade. Esta Beguinaria é um grupo de casas ao redor de um pequeno jardim coberto de árvores de álamo de grande porte. Foi aqui que, durante os últimos sete séculos viveram as beguinas de Bruges.
A Beguinaria de Bruges foi fundada em 1245 pela condessa da Flandres, Margaretha de Constantinopla, filha do Conde Baldwin, que conquistou Constantinopla durante as cruzadas. Em 1299, Filipe, o Belo da França, colocou a Beguinaria sob sua própria regra, retirando-o assim da influência dos magistrados.
O portão de entrada tem a data de 1776 mas algumas casas são, no entanto, muito mais velhas do que isso. A maioria data do século 17 e 18. Algumas casas foram construídas no século 19, em estilo neo-gótico.
A casa maior e mais impressionante situa-se no canto esquerdo por trás do jardim. Foi aqui que o “grande-dame” 'viveu. A igreja original do século 13 foi destruída por um incêndio em 1584, reconstruida em 1609 e mais tarde novamente renovada em estilo barroco tardio.
Em 1937 a Beguinaria foi convertida num mosteiro de irmãs beneditinas e que ainda hoje aqui vivem.
Muitos são os sinais a pedir “ Silêncio “. Este silêncio quase obrigatório é só de quando em vez quebrado pelo canto dos cisnes que se encontram no Lago do outro lado dos muros ou mesmo pelo chilrear de um dos muitos corvos que por ali se encontram. Um lugar onde o manto verde da relva , as frondosas árvores e o branco imaculado das árvores convidam á reflexão , ao descanso e á alimentação da alma. Para quem lá for ….. simplesmente IMPERDÍVEL.
E como o dia já ia longo , fomos caminhando em direcção ao centro passando por ruas estreitas onde casas de habitação se pegam umas ás outras. As suas formas são muito idênticas mas a sua decoração é bastante diversificada e atractiva.
Os adereços que colocam na beira das janelas vão desde a gatos de porcelana , anões, caveiras, cristais e até pássaros em pequenas gaiolas.
Por uma questão de sensatez não tirei fotos pois como é sabido os belgas quase não utilizam cortinas pois o pouco sol existente é para ser aproveitado na totalidade.
As ruas depois do sol desaparecer voltam a ganhar ainda mais movimento com as compras de ultima hora. A retirada para os pubs da moda ou para pequenos cafés aquecidos é quase que obrigação local.
O que se mantém na praça são os coches onde os cocheiros cobertos de fortes casacos para atenuar o frio e o vento que se vai sentindo , vão esperando os clientes para lhes mostrar uma cidade diferente onde a luz ténue dos canais e a fina capa de humidade no chão criam um espelho único e inconfundível. Afinal uma Bruges bem diferente do que existe de dia.
E porque o tripé tinha ficado em Bruxelas , aproveitei ainda o lusco fusco para umas fotos quase nocturnas de baixa qualidade.
E porque ainda tínhamos uma viagem de volta a Bruxelas para fazer, ficámos um pouco mais pela praça , apreciando o vai e vem de gente com pressa, vendo as luzes que a enfeitam começarem a acender e especialmente a guardar na memória e na alma as sensações, as emoções e a alegria sentida nesta visita a uma cidade que embora não muito conhecida é na realidade uma das mais bonitas e simpáticas da Europa.
Aproveitem e visitem BRUGES.
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