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[Report] Auschwitz- To remember - by JJPPMM

JJPPMM

Membro Conhecido
AUSCHWITZ -BIRKENAU
To remember



" THOSE WHO DO NOT REMEMBER THE PAST ARE CONDEMNED TO REPEAT IT "

George Santayana

Este não é simples reporte de uma viagem. Pode conter expressões , fotos e palavras que possam ferir pessoas mais sensíveis.
Se for o seu caso ,por favor não prossiga. Obrigado


Foi neste frio Inverno de 2017 que decidimos visitar Cracóvia, tendo como interesse principal a visita ao Campo de Concentração de Auschwitz - Birkenau.
Não foi a nossa primeira visita a um Campo, já tinhamos visitado DACHAU perto de Munique e Sachsenhausen perto de Berlim, sendo que estes dois foram Campos de Concentração e não Campos de Exterminio em massa como é o caso de Auschwitz - Birkenau.

Não deixei passar muito tempo entre a visita e a escrita deste report, pois acreditem que as emoções e sensações ainda estão demasiado frescas e vivas na minha memória.

COMO CHEGAR : Existem 3 possibilidades :
. De comboio desde Cracovia estação Central até á Estação de Oswiecim. Demora cerca de 2.20 hrs a viagem
. De Camioneta a partir da Estação Central de Camionagem. Barato. Demora cercade 1.40 hrs
. Com os Tours que são organizados por diversas companhias em Cracóvia. Mais caro ( bastante ) mas o mais cómodo.

COMO VISITAR :
A visita após as 10.00 hrs da manha é obrigatória que seja com um guia. Se optarem por fazer a viagem individualmente serão íncluidos á chegada num grupo de visitantes ao qual será atribuido um guia.

MAIS INFORMAÇÃO :

A entrada e saída do Campo era controlada na perfeição. A todo o momento os oficiais de serviço sabiam quem tinha saído e quem tinha entrado no Campo.
A entrada de viaturas era rigorosamente controlada para evitar a fuga de um ou mais prisioneiros. Mesmo a entrega de comida era controlada através da inserção nas sacas e nas barricas de espadas para garantir que o que lá dentro de encontrava era o que estava indicado nas guias de controlo e não qualquer outro tipo de artefactos que permitissem a posterior fuga de prisioneiros.



A casa dos oficiais das SS e do director do Campo encontrava-se situada numa posição estratégica, mesmo junto ao portão principal .
A torre de vigia que possuia permitia aos oficiais uma visão global das 2 ruas principais do campo, mas também do controlo de entradas e saídas .
No Inverno tinha a vantagem de estar protegida do frio intenso que se fazia sentir e assim permitir a presença constante de um oficial.



Já dentro do perímetro do campo, o primeiro edificio que se destaca pela quantidade de chaminés é a cozinha do Campo.
O primeiro pensamento vai para a possibilidade de ser a zona dos crematórios, mas não, trata-se da cozinha onde eram confecionadas as refeições para os soldados e oficiais do exercito alemão.
Os prisioneiros tinham direito a uma ração diária à base de pão e água e uma vez por mês, em filas intermináveis, tinham direito a menos de 1 kg de carne em salmoura .
A comida neste refeitório era preparada por mulheres prisioneiras que eram obrigadas a provar a comida que preparavam para garantir que não adicionavam nada que pudesse colocar em perigo os soldados alemães.



Um pouco mais à frente do lado esquerdo temos o primeiro contacto com os edificios que albergavam os presos.
Neste caso o bloco nr. 24 que não tem nenhuma exposição ou informação no seu interior.
Era um dos blocos mistos utilizados pelo exercito alemão para escritórios, arquivos e em alguns momentos para dispensa do refeitório.
Como todos os blocos são austeros e fabricados em tijolo (ladrilho) com a indicação do numero do bloco e uma lanterna com a mesma informação que permitia distingui-los durante a noite.

E foi assim que nos dirigimos calmamente para o interior do Campo para cumprir um roteiro que está previamente estabelecido pois todos os grupos percorrem de uma forma espaçada o mesmo caminho.
Uma das características que se destacam nos primeiros metros percorridos é o SILÊNCIO quase absoluto que se vive no Campo.
Ouvem-se os passos de cada participante, as pessoas falam muito baixinho, ao longe consegue-se ouvir o guia a falar nos auscultadores do colega do lado.
A necessidade de ouvir é bastante maior que a necessidade de falar.



E foi neste silêncio que percorremos algumas ruas desertas imaginando ao mesmo tempo como seria as caminhadas dos prisioneiros judeus em Invernos similares a este que estamos que nos dirigimos ao Bloco nr 4 , primeiro bloco de visita do Campo e que está subordinado ao tema "EXTERMINIO".
A exposição está em 4 salas do R/C e em 2 salas do primeiro andar, sendo que em uma delas existe a proibição de fotografar.
Existe muita informação em imagens sobre as diversas cidades europeias de onde eram provenientes os primeiros prisioneiros do Campo.
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Fotografias raras de arquivos feitas pelos oficiais da SS no campo de Birkenau na Primavera de 1944 .
Durante este período os alemães deportaram para Auschwitz cerca de 430.000 judeus hungaros .
Nas fotos é possivel ver a chegada do transporte , a separação de familias e a formação de colunas para a selecção dos recém chegados feitas por oficiais das SS.

Esta é talvez uma das imagens mais fortes que se podem encontrar nas 4 salas do R/C .
Trata-se de uma urna com as cinzas dos prisioneiros . As cinzas foram recolhidas após o final da guerra nas proximidades dos crematórios de Birkenau.
Estima-se que mais de 90% das cinzas foram pulverizadas ou usadas como fertilizante em muitas plantações.

Mas é no primeiro andar do Bloco nr. 4 que estão talvez as imagens mais chocantes deste memorial.
As imagens acima mostram uma maquete de como funcionavam as câmaras de gás e o crematório.
Os membros das SS mantinham os prisioneiros judeus sem saberem o que lhes ia acontecer. Muitas vezes diziam que iam para o Campo mas que para isso seria necessário passarem pela desinfecção e tomarem um banho.
Os prisioneiros escolhidos para as câmaras de gás, homens, mulheres e crianças tinham de se despir antes de entrar na mesma. Estas acomodações estavam equipadas com chuveiros falsos e nos vestiários existiam bancos e cabides numerados com o objectivo de induzir os prisioneiros na convicção de que "após o banho" recolheriam as suas roupas e iriam para os barracões de alojamento.


Soldados das SS usando mascaras de gás abriam as latas de Ziklon B e despejavam os grãos saturados de cianeto de hidrogénio dentro da câmara de gás onde sob a influência da temperatura ocorria a libertação do gás causando o sufoco dos prisioneiros. A morte chegava entre 3 e 20 minutos .


No primeiro andar do bloco 4 encontra-se guardado numa vitrine uma quantidade enorme de latas vazias que continham Ziklon B.

A sala 5 situada no primeiro andar deste bloco é possivel ver uma das mais chocantes provas deste crime , cerca de 2 Toneladas de cabelos de mulheres bem como um tecido de crina feito de cabelos humanos.
As prisioneiras e prisioneiros de Auschwitz tinham o cabelo cortado . A partir de 1942 os nazis começaram a armazená-los como matéria prima industrial. Os cabelos das mulheres assasinadas nas câmaras de gás eram embalados em sacos e vendidos a empresas alemãs para o fabrico de tecidos em crina e feltro.
Este é um dos locais onde as fotos são PROIBIDAS , não só em respeito pelas vítimas mas também por imposição da Organização das Vitimas do Holocausto.
Infelizmente vi uma pessoa após a saída do guia a fazer uma foto de um lugar onde o respeito deveria ser lei.

Felizmente que embora estivesse muito frio ( - 13 ºC ) o Sol brilhava , não que a sua luz nos pudesse aquecer pois não era possivel , mas sim servia para ajudar a limpar um pouco a alma após a saída de cada um dos blocos.
A paisagem mantinha-se igual, blocos de tijolo vermelho, seguidos uns aos outros, davam uma sensação de monotonia e de calma.
O silêncio continuava a imperar e as ruas sem ninguém não ajudavam a quebrar essa monotonia que afecta a todos.

E a visita continuou , desta vez em direcção ao bloco 5
A este bloco é dado o nome de " PROVAS DOS CRIMES "
No final da guerra e em consequência da aproximação do Exercito Vermelho a Auschwitz , os nazis tentaram apagar os vestígios das suas actividades esvaziando apressadamente os armazéns de objectos roubados aos judeus.
Neste bloco encontra-se uma pequena quantidade desses pertences que os alemães não tiveram tempo de destruir. São objectos de uso diário que foram trazidos pelos prisioneiros condenados ao exterminio e que provam que não estavam conscientes daquilo que os esperava após a sua chegada ao Campo.
Objectos de uso diário , canecas , fogoes , cafeteiras de café entre outros
Sapatos de homens , mulher e criança com as marcas do duro caminho feito até Auschwitz

Malas com os nomes dos proprietários que esperavam recolhe-las brevemente

Muitas vezes na passagem entre um bloco e outro existe a estranha sensação de que tal como os prisioneiros também os visitantes se sentem observados.
De quando em vez são colocados nestas torres de observação alguns voluntários a quem lhes são vestidos trajes militares dos soldados nazis , para que os visitantes possam ter essa sensação de "ser controlado".



No caso desta foto não aconteceu já que a Torre está vazia, mas numa anterior foi perfeitamente visivel por momentos a "passeata" .
Tal como no tempo da WWII estes soldados aparecem e desaparecem rápidamente Tal como os presos nunca saberemos se estão, ou se não estão.

E foi assim que chegámos ao Bloco 6
Neste bloco e através de 4 salas situadas todas no rés do chão mostra-se " A Vida do Prisioneiro "
São mostradas diversas fotos com a chegada dos prisioneiros ao campo. O processo de registo era sempre uma experiência traumática.
Os prisioneiros que geralmente não entendiam as ordens recebidas em alemão, eram vitimas de assédio e agressões por parte dos soldados das SS.



Estas são algumas das fotografias de prisioneiros do Campo de Auschwitz com a indicação do sobrenome, nome e data de nascimento, profissão, data de chegada ao campo e data da morte.
Todas as mulheres e homens que aparecem nestas fotos morreram no Campo.
Grande parte destas fotos foi destruída pelas tropas nazis antes do final da guerra.

 

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E a visita seguiu agora em direcção a Bloco 7
Este é um bloco totalmente destinado a mostrar as condições de vida e sanitárias dos presos de Auschwitz.





Nos primeiros meses da existência do Campo Auschwitz I, os prisioneiros passavam as noites no chão, apertados, sobre palha ou colchões.
Em nenhum dos campos que visitei antes tinha visto este tipo de instalações em blocos onde se aplicassem este sistema de descanso dos presos.



Gradualmente os colchoes de palha foram substituidos por beliches de 3 níveis.
Este sistema é o que se encontra com maior frequência nos outros campos , com a diferença de que estão situados em barracos e não em edificios de ladrilho, onde a protecção ao frio e á chuva é bastante maior. Foi para mim uma surpresa .





No Campo existia uma superlotação, teoricamente um bloco de 1 andar deveria ter no máximo 700 prisioneiros, mas este número foi sempre ultrapassado em muito.
A pouca quantidade de instalações sanitárias nos blocos em relação ao número de prisioneiros, fazia com que a possibilidade de utilização das mesmas fosse bastante limitada.
Mesmo assim o sistema de sanitas com autoclismo era uma inovação para a época. Em mais nenhum campo se viam este tipo de instalações para os prisioneiros.



A " traição " perante os seus companheiros não poderia ser considerada como tal, pois em condições como esta o que está em causa é a sobrevivência e não a lealdade. Qualquer um dos prisioneiros lutava pela sua sobrevivência diária ao tentar alimentar-se, ao tentar cumprir o seu trabalho sem ser penalizado, ao tentar não ser incomodado por um soldado nazi mal disposto, pelo que ser eleito "prisioneiro auxiliar" seria um passe e uma garantia para uns dias ou meses sem problemas.
Estes prisioneiros especiais tinham regalias que eram exclusiva dos soldados nazis, tal como uma camarata só para si, um jantar quente e uma muda de roupa diária nos dias de chuva ou de neve.
Para isso provavam aos oficias SS que eram merecedores dessa honra, mesmo que para isso fosse necessário castigar os seus.

Após abandonarmos as instalações do bloco anterior , a guia deteve-se em silêncio em frente do próximo bloco de visita, informando que a partir daqui todas as visitas que iriamos fazer teriam um peso emocional muito grande sobre cada um de nós. Iriamos entrar no rectangulo da morte , lugares onde se passaram as maiores atrocidades cometidas no Campo de Exterminio de Auschwitz I.

O BLOCO 10
O Bloco a que chamaram de " EXPERIÊNCIAS MÉDICAS "
Em Abril de 1943 foi instalado neste bloco uma clinica experimental liderada pelo ginecologista alemão Dr Karl Clauberg.
Para esta "clinica" foram trazidas centenas de judias nas quais ele realizava as suas experiências de esterilização,como uma das medidas de irradicação do povo judeu.
Nos documentos existentes no campo estas prisioneiras estavam indiciadas como "prisioneiras para objectivos experimentais" tal qual um rato de laboratório que se usa e se destrói.
Parte delas morreu durante as experiências a que foram sujeitas, outras foram assasinadas para a realização de autópsia . Aquelas que sobreviveram ficaram para sempre com danos permanentes .



As experiências médicas eram realizadas por recomendação das SS, de importantes farmacêuticas alemães e por algumas instituições de investigação.
Estas actividades abrangiam a esterilização em massa, testes de medicamentos, contaminação bacteriana, experiências em gemeos entre outras.
Muitas cirurgias eram feitas sem anestesia, sem nenhuma preocupação médica sobre as dores e sem nenhuma preocupação com o destino posterior de cada uma destas mulheres. Demasiado grotesco e selvagem para ser verdade.
E é por todos estes acontecimentos e episódios que por imposição dos familiares das vítimas que este bloco se ENCONTRA PARA SEMPRE ENCERRADO, não sendo possivel a visita sobre nenhum pretexto. No seu interior ainda existem alguns elementos destes crimes horrendos que foram aí mantidos para que num futuro se assim o acharem possam ser mostrados ao mundo .
Sem qualquer impacto visual, mas com uma carga emocional que qualquer um de vós conseguirá compreender.

Logo ao lado descortinamos o PÁTIO DO BLOCO 11
Outro dos lugares marcantes deste Campo e fotografado por muitos.


No lado direito da imagem podemos ver a porta lateral do bloco 11 (é o único bloco com porta lateral) porta pela qual eram trazidos os primeiros prisioneiros condenados á morte. Se repararem as janelas nas celas e nas salas do primeiro andar foram construidas de forma que os prisioneiros nelas detidos não pudessem observar as execuções .


Pelo mesmo motivo as janelas do Bloco 10, onde se encontravam as mulheres judias, localizado do outro lado do pátio foram tapadas por traves para impedir que as prisioneiras vissem o que se passava no pátio.
Neste local foram executados cerca de 5 mil pessoas, os chamados presos politicos, condenados á morte pelo Tribunal Especial Alemão assim como muitos prisioneiros provenientes do Bloco 11 (já falaremos).


Esta é a chamada " Parede da Morte " onde eram realizadas as execuções por fuzilamento.
Mais tarde , os alemães pararam com este sistema de exterminio pois os prisioneiros ao inicio eram mortos por tiro de pistola, mas era um processo demorado e falivel pois alguns não morriam ao primeiro disparo. Tentaram então fazer as execuções com tiros de carabina, bastante mais potente mas trouxe o problema do ruído que fazia e que destabilizava todo o campo pois os tiros eram ouvidos mas os prisioneiros desconheciam a sua causa.
Não é conhecido o numero de fuzilados que foram aqui executados pois muitos eram russos e polacos trazidos de fora do Campo para aqui serem abatidos.

Por curiosidade, as coroas de flores que se podem ver tinham sido colocadas 2 dias antes da nossa chegada no dia em que se comemora o Holocausto.
Estiveram presentes cerca de 70 sobreviventes deste Campo e as coroas de flores são provenientes da CEE, do Governo Polaco e de Organizações Judaicas.
Um lugar de reflexão e recolhimento em memória de todos aqueles que aqui perderam a vida.

Embora bastante incomodados com todas as descrições que por muito que eu queira nunca conseguirei passar fielmente, fomos em direcção ao contíguo Bloco 11.
" A PRISÃO DO CAMPO "
Foi durante muito tempo a prisão do campo onde eram detidos prisioneiros politicos e delatores do regime .
A partir de 1943 foram aqui feitas as primeiras audiências do Tribunal Especial Alemão.
Mas o maior impacto surge no que chamam "o subterrâneo", ou seja a cave deste bloco.
Neste local é estritamente proibido recolher imagens em video ou foto.

Na cela numero 18 desta cave eram colocados os prisioneiros condenados a morrer à fome em repressália ao auxilio á fuga de companheiros.
Nesta cela faleceu o franciscano polaco Maksymilian Kolbe que voluntariamente substituiu um prisioneiro condenado a morrer desta forma.
A cela numero 20 era a Cela Escura com fluxo de ar e luz muito limitados.
Ao final do corredor estava a cela numero 22, a Cela de Parar em Pé , onde eram colocados em 1 m2 , entre 3 e 7 prisioneiros por 3 a 10 dias . Tinham de se manter em pé pois o espaço reduzido não permitia que nenhum se movimentasse.
No subterrâneo deste bloco , em Setembro de 1941 foi realizado o primeiro teste de exterminio em massa de seres humanos com o uso do gás Zyklon B. As SS mataram então desta forma cerca de 600 prisioneiros de guerra soviéticos e 250 prisioneiros polacos.
A TIME AND A PLACE TO REMEMBER

Já no exterior e tentando recuperar de emoções e sentimentos que nos tocam a alma e nos fazem sentir na pele a frieza , a crueldade e o desprezo pelo próximo, foi explicado pelo guia a dificuldade extrema que os prisioneiros tinham de escapar de Auschwitz.




As Torres de vigia onde oficiais das SS se encontravam permanentemente de espingarda em punho , potentes holofotes que faziam da noite dia e várias linhas electrificadas tornavam quase impossível a fuga de prisioneiros.
Mesmo assim foram muitos que o tentaram e não conseguiram.
Mesmo assim muitos foram aqueles que preferiram a morte rápida ao martírio diário da dor e do sofrimento.

E foi com o coração muito apertado e com a revolta na memória que fomos andando até á " FORCA COLECTIVA "


A pena de morte por enforcamento, com o objectivo de assustar os prisioneiros era executada durante as formaturas e as vitimas eram principalmente prisioneiros capturados durante fugas ou acusados de ajudarem outros fugitivos.
Em 1943 os alemães fizeram uma construção especial para que fosse possivel executar a pena em 12 pessoas ao mesmo tempo.

Mesmo em frente á Forca Colectiva encontra-se a " PRAÇA DA FORMATURA "


Era aqui que os prisioneiros tinham de ficar parados , em pé , pela manhã e á noite. Durante a formatura eram contados e o seu numero relacionado com a chegada de novos transportes.
Os prisioneiros eram reunidos nesta praça e também em frente ao blocos.
Muitas dessas formaturas que ás vezes duravam várias horas sob condições atmosféricas extremas, causavam muitas vitimas. Durante estas formaturas oficiais das SS seleccionavam os doentes e debilitados que eram enviados para as câmaras de gás.
 

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JJPPMM

Membro Conhecido
Seguimos por uma longa avenida em que a "paisagem" mudou comletamente.
Questionei a guia que me disse que iriamos entrar na parte do Campo que não foi reconstruida para fins museológicos.
Era fácil de agora entender como se processava a segurança dos blocos onde se encontravam os prisioneiros.








Centenas de metros de fio eléctrico, construido em 2 linhas defensivas, mostravam aos mais afoitos a dificuldade que seria a fuga.
Os prisioneiros de Auschwitz eram mantidos confinados a pequenos espaços, eram torturados fisica e psicológicamente , eram testados os limites do ser humano, todo em nome de um homem que nada mais buscava que a exterminação gratuita de um povo que nada fez para ter esta severa punição.

Um dos locais bem marcado, talvez em espirito de vingança, revolta ou fúria é o local onde se encontrava as antigas instalações da GESTAPO das quais só se conseguem ver as fundações, local onde os prisioneiros eram sujeitos a longos interrogatórios .


Foi neste local que em Abril de 1947 e após sentença do Superior Tribunal Polaco que ali foi executado por enforcamento o primeiro Comandante do Campo, o General Rudolf Hoss.

E quase tinham passado 3 horas, passam muito depressa, a assimilação da informação e a atenção é tão constante que não damos pelo tempo passar.

Acreditem que ao chegar a este ponto deste "testemunho" que já vai largo, pensei muitas vezes se deveria passar á visita final que fizémos no Campo de Exterminio de Auschwitz I , ou seja á Câmara de Gás e ao Crematório.
Muitos não irão gostar, outros dirão que se devia respeito e mesmo outros concordarão comigo.
Acreditem que vou fazer aquilo que a minha consciencia me diz para fazer. Não quero deixar de mostrar a todos aqueles que nunca terão a possibilidade de visitar Auschwitz, o local em que milhares de seres humanos inocentes, à mercê de uma nação comandada por um louco, sofreram a morte por asfixia só pelo simples motivo de serem JUDEUS.

As descrições que ali são feitas pelo guia são demasiado pesadas, fortes e emotivas para que eu as possa repetir na exactidão. São momentos que jamais esquecerei. São momentos tristes, impactantes e traumáticos que revelam o quanto um ser humano pode ser cruel com outros da sua especie.
São momentos vividos sob um imaginar constante do sofrimento e do pânico daqueles que infelizmente um dia foram para ali enviados.
Deixo-vos com duas imagens deste lugar tenebroso que marca mesmo o mais forte e corajoso.
Deixo-vos com duas imagens que muito nos podem ajudar num futuro que queremos livres de guerras e exterminios.




Auschwitz foi para mim um lugar de reviver uma história da humanidade muito recente.
Auschwitz foi para mim uma lição de amor de um povo que pediu ajuda mas não foi ajudado.
Auschwitz foi para mim um lugar de paz , a Paz que hoje todos podemos viver mas que a outros lhes foi retirado.
Auschwitz foi aquele lugar que me fez chorar.

Para si que aqui chegou , muito obrigado pelo tempo que lhe tomei.

Abraço a todos
João Paulo
 

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Tinker Bell

Membro Conhecido
Obrigada pela partilha. Tanta gente fala disto e assim já da para ter ideia de como é uma visita a Auschwitz, sem meter lá os pés.
Ainda não sei definir como me sinto em relação a este turismo negro... Só sei que eu não visitaria campos de concentração.
Cumprimentos!
 
Sem dúvida um sítio que queria conhecer um dia... pela história e por tudo o que daí advém!
E um report emotivo, muito! Algo tão recente e que marcou profundamente a nossa história... obrigada pela partilha1
 
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Bee

Membro Conhecido
Visitei em tempos a Sinagoga em Castelo de Vide que foi transformada em museu e que tinha numa sala uma pequena exposição sobre o Holocausto. Saí de lá a chorar! Era apenas uma sala, apenas algumas fotos, apenas algumas imagens em vídeo! Não! Eram imagens de pessoas como eu, eram imagens de gente que merecia ser tratada como gente. Foi duro... e era apenas uma sala!
Apenas a ideia de visitar um campo de concentração causa-me arrepios! Não sei se conseguiria! Mas acho que o deveria fazer!
Por vezes um choque de realidade ajuda a colocar as coisas na perspectiva correta.
No fundo é 100% como o @Paulo Leite disse:
Sempre que vejo reports/fotos sobre Auschwitz, todos os meu problemas deixam de fazer sentido...
Obrigado por esta tão tocante partilha.
 

PauloNev

Moderador Honorário
Staff
Muito obrigado pela partilha.
Um local onde foram cometidas as maiores atrocidades, mas que merece sem dúvida uma visita, mais que não seja para reflectir sobre a vida.
Um local que quero conhecer.
Boas viagens ;)
 

Cristina Sousa

Membro Conhecido
Olá @JJPPMM
Obrigada pela partilha.
Estive nesse local há cerca de 2 anos e revivi no teu report todos os sentimentos que tive na altura.
Acho que só estando no local se pode entender esta tua e outras descrições.
Visto assim com neve, parece ainda mais sinistro! :(
Só uma perguntinha, depois foste a Birkenau?
 

susy4

Membro Conhecido
Não conheço e sinto que me vou " passar" se algum dia for visitar....o conhecer a história dos livros e de filmes não é nada comparado com o ver ao vivo e a cores estes locais sinistros ...
grata pela partilha
grata pelo demonstrar destes sentimentos
grata pela coragem de visitar e de nos transportar até lá com este report ( nem tudo é praias de areia branca e de mar azul turquesa)
Realmente, e como alguém dizia, isto põe muita coisa em perspectiva.... os problemas deixam de fazer sentido!
Abraço apertado
 

ruisertorio

Membro Ativo
Muito obrigado pelo Report... como tu dizes e bem, é difícil não ficar emocionado/perturbado apenas com a descrição que nos fazes... imagino como será ao vivo...
Gostaria muito de visitar este campo, mesmo sabendo que não será uma coisa "fácil" de se ver...
Mais uma vez muito obrigado pelo excelente report... não consigo dizer grande coisa.......
 

JJPPMM

Membro Conhecido
Olá @JJPPMM
Obrigada pela partilha.
Estive nesse local há cerca de 2 anos e revivi no teu report todos os sentimentos que tive na altura.
Acho que só estando no local se pode entender esta tua e outras descrições.
Visto assim com neve, parece ainda mais sinistro! :(
Só uma perguntinha, depois foste a Birkenau?
Olá Cristina
Sim. De seguida fui a Birkenau.
Vem já a seguir o report.
Decidi dividir porque ficaria muito grande o report dos dois.
Além do mais a história é um pouco diferente e achei que ficava melhor.

Obrigado a todos pelos comentarios

Joao Paulo
 

PaulaCoelho

Membro Conhecido
Olá João ;)

Muito obrigada por esta partilha cheia de história e emoção.
É um local que também pretendo conhecer quando for à Polónia.
 

ploferreira

Administrador
Staff
Olá,

Li o teu report atentamente. Duas vezes.

O relato é pesado, mas acredito que não é nada comparado com as emoções geradas pela visita e será certamente uma infima parte do terror vivido por milhões nesse local.

Ainda assim é um sitio que pretendo visitar, porque sem dúvida que conhecer e recordar Auschwitz é essencial para que as suas vitimas não sejam esquecidas e garantir que a história não se repita.

Fico à espera da segunda parte. Obrigado por este Report.
 
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tig21

Membro Ativo
Excelente report,
Obrigado pelo relembrar, é realmente um sitio carregado de sentimentos, aconselho vivamente a visita.
 
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basapistas

Membro Conhecido
Realmente um local que adoraria visitar! Já há anos falo disso...!!
A Ryanair vai começar a voar desde o Porto para Cracóvia... e vou ter que aproveitar!
Obrigado pela partilha!
 
O melhor report que já li. Obrigado pela partilha. Dura realidade mas a não esquecer.
Como disse alguém por aqui: "Quando chegares não te esqueças de onde partiste"
Que esta parte da história sirva para nos lembrar sempre que chegámos a um "HOJE" porque também este passado existiu.
A visitar na proxima primavera sem falta, com os voos da Ryanair.
 
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