Novidades

[Report] Fim de semana diferente (Serra da Freita)

TREPADOR

Membro Conhecido
Deixo aqui mais uma sugestão para um fim de semana diferente.

O objetivo deste fim de semana não passava pelo descanso, pelo menos físico, mas certamente que contribuiu para aliviar o stress do dia-a-dia, liberta a mente, e principalmente fortalecer os laços entre pais e filhos.

Então é assim…

Já à uns anos que tenho vindo a reservar um fim de semana exclusivamente para passar com a minha filha e praticar algumas atividades radicais.

Assim sendo, ao longo da semana fomos preparando as coisas para 3 dias de campismo na Serra da Freita. Chegada a sexta feira ao fim da tarde, é hora de carregar o carro. Comecei a ver todo o material que teria de transportar e dei comigo a pensar “parece que vou rumar às Caraíbas para uma semana de férias a 4”… Mas lá se conseguiu carregar tudo e toca a rumar à Serra da Freita, pois à chegada ainda teríamos de montar a tenda e convinha chegar ainda com luz, o que não aconteceu.

Preparativos concluídos, lá fomos nós ao encontro dos nossos parceiros de aventura, para rumarmos ao Parque de Campismo do Marujal, mesmo no cimo da Serra da Freita e a kms de qualquer sinal de civilização. Sem rede de telemóvel ou sinal de internet, aliás qualquer dispositivo eletrónico fica proibido neste fim de semana e televisão não existe no local.

O grupo era composto por 3 adultos e 3 crianças com idades entre os 10 e os 11 anos.

Chegados ao parque e montadas as tendas, toca a comer o farnel previamente preparado e pôr a conversa em dia, sem horários, compromissos ou telemóveis, o ambiente torna-se descontraído. Chegada a hora de dormir, toca a rumar às tendas e descansar para a aventura que nos espera no dia seguinte. Apesar de estarmos em Julho, no cimo da Serra, à noite o frio faz-se sentir bem mais que o esperado, pelo que se aconselha o uso de sacos cama de Inverno.

O despertar fez-se ao ritmo da natureza, ou seja, é o cantar das aves e o raiar do sol, que determina hora de levantar.

Após o pequeno almoço, toca a preparar o material, fatos de neoprene, capacetes, arneses, cordas e toca a rumar ao rio Frades para uma boa caminhada e canyoning. Para quem não sabe, o canyoning envolve a deslocação em cursos de água, seja dentro do rio ou nas suas margens, a pé ou a nadar, com recurso a técnicas de escalada e rapel.

Chegados ao local, pelo menos até onde nos é permitido chegar de carro, toca a equipar, colocar o material nas mochilas e dar início à caminhada de alguns kms até ao Rio.

A caminhada foi penosa, não só pela distância, declive e tipo de terreno, mas também devido ao calor provocado pelo fato e peso do material que cada um tem de transportar, mas as nossas pequenas heroínas estiveram mais uma vez à altura do desafio.

Este ano o percurso foi mais longo e bastante mais técnico, o que obrigou a um esforço suplementar, não só ao nível físico, como também mental, pois com o cansaço acumulado, lembrar de todas as regras de segurança e técnicas de descida, nem sempre é fácil, mas o desafio foi atingido e passaram com distinção. Confesso que as pequenas não param de nos surpreender pela forma como superaram as dificuldades e os medos que algumas descidas provocam, fruto da altura das cascatas. Fez-se de tudo um pouco, desde descidas em rapel suspenso ou em parede, aos saltos para a água, o que não faltaram foram oportunidades de superação e diversão.

As paisagens são de cortar a respiração, e só desta forma é que podemos aceder a estes cenários dignos de um postal, não só ao longo do rio, como também ao longo do percurso até e depois do rio.

Nas encostas da montanha podemos observar as entradas das minas de volfrâmio, que têm como curiosidade um episódio caricato datado do tempo da 2ª guerra mundial, onde as minas eram exploradas por Ingleses e Alemães em simultâneo, cada um em encostas opostas da mesma montanha.

No final e na base de uma montanha imponente, encontramos uma gruta bastante extensa que fura literalmente a montanha de um lado ao outro, escavada pelo homem. A temperatura no interior da mesma é bastante baixa, o que até soube bem, mas só é possível atravessar a mesma com lanternas, pelo que já íamos prevenidos.

Para o trajeto convém levar reforço alimentar apropriado e muita água.

Não tenho na minha posse os vídeos e fotos, mas podem dar uma vista de olhos ao seguinte site http://www.vertentenorte.pt/index2.htm e explorar a galeria, para ficarem com uma ideia do local.

É indispensável a presença de um guia credenciado e conhecedor do local para se poder visitar o rio, que no nosso caso faz parte integrante do grupo, acompanhado pela sua filha.

Terminado o desafio a que nos propusemos, regressamos ao parque de campismo para um merecido banho e jantar.

Ao terceiro dia tínhamos por objetivo ver o nascer do sol no cimo de um marco geodésico no topo de um monte que fica a alguns kms acima do parque de campismo, pelo que a alvorada foi às 5H30 (a coisa não foi fácil, pois as pequenas obrigaram-nos a jogar cartas até à 1H30 da manhã). Acordar penoso, pequeno almoço, mochilas às costas e toca a fazermo-nos às estrada. Ainda era de noite e o caminho ingreme e longo, mas mais uma vez a equipa esteve à altura do desafio e apesar do tempo estar encoberto pela neblina matinal, lá conseguimos ver o nascer do sol. Sentamo-nos junto ao marco geodésico e ficamos em silêncio durante alguns minutos a contemplar o belo cenário, invadidos por uma paz que raramente tenho a oportunidade de sentir, pois para quem vive numa cidade, poucos são os momentos que temos, em que não há nada para fazer, e em que podemos “ouvir o silêncio”.

Demos continuidade à nossa caminhada e fizemos o regresso ao parque com passagem por uma aldeia local, muito típica, onde predominam as construções de casas em pedra, muito comuns naquela região. Passamos pela famosa Frexa da Mizarela e seguimos pelo trilho que nos iria conduzir ao Parque de Campismo. À chegada ainda houve tempo para descansar um pouco, antes de começar a arrumar todo o material e rumar a casa, fisicamente cansados, mas realizados por termos conseguido cumprir tudo a que nos propusemos.

Acredito que as memorias destes pequenos momentos perdurem no tempo, e que aminha filha daqui a muitos anos possa recordar estas aventuras com saudosismo. Para já leva muitas histórias para contar, experiencias para partilhar e muitos conhecimentos que foi adquirindo ao longo destas experiencias.

Fica a sugestão para um fim de semana diferente.

Qualquer dúvida ou sugestão, disponham.
 

roller

Membro Conhecido
Ola TREPADOR,

Parabéns pelo report, tudo isso foi feito por alguma empresa de desportos radicais ou algo assim?

Que preços estamos a falar se não for indiscrição.

Obrigado ;)
 

TREPADOR

Membro Conhecido
Um dos participantes tem efectivamente uma empresa de desportos radicais que trabalha na zona de Arouca, mas esta actividade foi efectuada a titulo particular, ou seja, sem custos, uma vez que é meu familiar.
Podes ver o site da empresa em http://www.vertentenorte.pt/
 
Top