Sem querer intrometer-me na pequena querela que aqui se instalou, deixo alguns reparos em relação ao que interessa da mesma:
- Dizer que a alimentação na Tailândia é mais cara do que no Porto é no mínimo um abuso (para não usar outra palavra que possa ser mal interpretada). Em qualquer país do Sudeste Asiático é possível comer na rua por 2€ ou menos. Claro que isto varia de cidade para cidade e dentro de cada cidade, de sítio para sítio. Não é um país caro mas também não é tudo "dado", sendo que se procurarmos hotéis e restaurantes acima da média, temos preços a condizer (contrariamente a outros onde mesmo o "top" é bastante acessível);
- Não achei que a Tailândia fosse especialmente "suja" ("porca" é para parafusos e "porcos" são animais cuja carne os muçulmanos e judeus não comem), o Camboja é bem pior e mesmo sem nunca ter estado na Índia, Bangladesh ou mesmo China tenho a "vaga" ideia que são bem piores;
- Nós gostamos de estar na Tailândia e adoramos as praias onde estivemos. No entanto, algumas estão já estragadas pelo excesso de turismo (e aproveitamento descontrolado do mesmo) e o próprio país padece disso. De todos os países onde estive até hoje foi aquele em que mais senti que o turista é visto como uma "vaca" a ser mugida até ao máximo possível, então em Bangkok é impossível fazer praticamente o que quer que seja sem sermos "rafados". Na minha opinião, está longe de ser o "país dos mil sorrisos" e acho que o título (na região) deveria ser entregue ao Laos (que também é conhecido como tal) e onde - provavelmente devido ao facto de o turismo estar muito menos desenvolvido e explorado - as pessoas e os seus "sorrisos" são aparentemente mais genuínos;
- Sei que o McDonalds é usado como um indicador grosseiro do poder de compra de um país mas daí a usar o preço dos seus "hamburgers" como referência para a alimentação em geral vai um grande, e impreciso, salto;
- Comer na rua pode fazer confusão à primeira vista. Primeiro porque em alguns países as condições de higiene na rua não são as melhores, noutros porque pura e simplesmente há baratas a "voar" entre mesas (Olá Hanoi
). Nós inicialmente também "resistimos" um pouco à ideia, até termos uma interessante conversa com um casal já com alguma idade e várias viagens "no bolso" pelo Sudeste Asiático: na rua, os ingredientes são geralmente frescos e comprados no próprio dia. Se forem cozinhados na hora, à partida são do mais seguro que podemos comer. Pelo contrário, por aquelas bandas os frigoríficos são um utilitário relativamente recente e muitos dos funcionários que trabalham na hotelaria (entenda-se restaurantes e hotéis de gama média-alta) não os têm em sua casa. Por este motivo, não é infrequente que estes vejam o dito como um "armário mágico" que conserva a comida por uma eternidade, sendo então possível que lá guardem ingredientes bem depois de estes estarem próprios para consumo. De início esta conversa pareceu-nos completamente sem sentido mas com o passar do tempo por lá fomos entendendo o que estes queriam dizer, com uma ou outra "revolução" intestinal em restaurantes e hotéis de qualidade "superior" e nenhuma na rua ou em "tascas". Por fim - e isto é senso comum - convém ver quais as bancas/restaurantes que têm mais saída entre os locais. Se tiverem muito movimento certamente renovam o stock e a comida é bem confeccionada. Se estiverem às moscas - mesmo que tenham melhor aspecto (pelos nossos padrões) - é mais arriscado.
Voltando à comida na Tailândia (entusiasmei-me já me ia esquecendo que era por causa disto que começou o post...), é barata e é boa (nós geralmente comíamos em restaurantes "normais" e os preços por prato rondavam os 3 a 5 euros; na Khao San havia Pad Thai a pouco mais de um euro, com bom aspecto e com saída), não sendo a mais barata - e para mim - a melhor da região. Na Invicta também se come bem, já bem e barato hoje em dia há pouco onde e mesmo aí os preços não são minimamente comparáveis.
Abraço a todos e não se peguem que não vale mesmo a pena. "Experts" somos todos e não é ninguém, partilhamos a nossa experiência e o que nós vivemos, que representa uma ínfima parte do que por lá há.